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A moeda e o escorpião: uma estória sobre o karma.

Dois jovens amigos empreendem uma jornada, andando de uma vila para outra. No caminho, passam à frente de um templo de Gaṇeśa. Um deles pára para fazer suas preces. O outro, descrente, segue andando, mais devagar. O jovem que ficou no templo o alcança um pouco mais adiante no caminho.

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Dois jovens amigos empreendem uma jornada, andando de uma vila para outra. No caminho, passam à frente de um templo de Gaṇeśa. Um deles pára para fazer suas preces. O outro, descrente, segue andando, mais devagar.

O jovem que ficou no templo o alcança um pouco mais adiante no caminho. Nessa hora, o outro encontra uma moeda de ouro. O devoto de Gaṇeśa é mordido, segundos depois, por um escorpião.

O descrente zomba dele dizendo: “Eu encontrei uma moeda de ouro pois segui meu caminho. Você, que parou para rezar, foi mordido pelo escorpião. Se não tivesse entrado naquele templo, não teria sido picado”.

Um pouco mais adiante no caminho, páram para receber tratamento na ermida de um sādhu. Esse sādhu não apenas trata do ferimento do garoto, mas também, sendo um jyotisha, um astrólogo, faz o horóscopo de ambos, pois o devoto lhe explica que, mais do que a picada do escorpião, o que o deixou ferido foi o comentário do seu amigo.

Feitos os cálculos astrológicos, o sādhu diz para aquele que achou a moeda: “Você comprou um bilhete de loteria semana passada, não foi?” O outro responde afirmativamente. “Então, por conta das suas ações demeritórias, ao invés de ganhar o prêmio, tudo o que você recebeu foi uma moeda”.

E, dirigindo-se ao outro garoto: “Era para você ter tido um acidente mortal, mas as suas orações no templo atenuarem esse karma e tudo o que você ganhou foi uma mordida dolorosa, mas inócua”. Misteriosos são os caminhos do karma.


Tradução de Pedro Kupfer.

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Swāmi Dayānanda Saraswatī (1930-2015) ensinou a sabedoria tradicional do Vedanta por cinco décadas, na Índia e em todo o mundo. Seu sucesso como professor é evidente no sucesso dos seus alunos: mais de 100 deles são agora Swāmis, altamente respeitados como estudiosos e professores.

Dentro da comunidade hindu, ele trabalhou para criar harmonia, fundando o Hindu Dharma Acharya Sabha, onde chefes de diferentes seitas podem se reunir para aprender uns com os outros.

Na comunidade religiosa maior, ele também fez grandes progressos em direção à cooperação, convocando o primeiro Congresso Mundial para a Preservação da Diversidade Religiosa.

No entanto, o trabalho de Swāmi Dayānanda não se limitou à comunidade religiosa. Ele é o fundador e um membro executivo ativo do All India Movement (AIM) for Seva.

Desde 2000, a AIM vem trazendo assistência médica, educação, alimentação e infraestrutura para as pessoas que vivem nas áreas mais remotas da Índia.

Havendo crescido em uma pequena vila rural, ele próprio entendeu os desafios particulares de acessar a ajuda enfrentada por pessoas de fora das cidades. Hoje, o AIM for Seva estima ter ajudado mais de dois milhões de pessoas necessitadas em todo o território indiano.

subhashita

Subhāshitas, Palavras de Sabedoria

Pedro Kupfer em Conheça, Literatura
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6 respostas para “A moeda e o escorpião: uma estória sobre o karma.”

  1. Mitologia simples de ler os contos , mas na vida real queremos paz e servir sim alguma divindade . Ganesha traz paz e plenitude, facilita abrir caminhos mas preces trazem muio mais devoção . Precisamos ter um tempo grande para que isso de desenvolva.
    namaste!

  2. O saber é simples – complicamos nós……..
    Vontade de um dia ouvir isto tudo de perto de pessoa tão especial como Swami Dayananda Saraswati. Conforto no coração.
    Namaste!

  3. Pedro, tu não sabe como são boas e aguardadas estas mensagens. Abençoado seja, e é. Grande abraço. Arlindo.

  4. Mais ou menos parecido com a história abaixo: Sorte ou Azar Era uma vez um menino pobre que morava na China e estava sentado na calçada do lado de fora da sua casa. O que ele mais desejava era ter um cavalo, mas não tinha dinheiro. Justamente nesta dia passou em sua rua uma cavalaria, que levava um potrinho incapaz de acompanhar o grupo. O dono da cavalaria, sabendo do desejo do menino, perguntou se ele queria o cavalinho. Exultante o menino aceitou. Um vizinho, tomando conhecimento do ocorrido, disse ao pai do garoto: “Seu filho é de sorte!” “Por quê?”, perguntou o pai. “Ora”, disse ele, “seu filho queria um cavalo, passa uma cavalaria e ele ganha um potrinho. Não é uma sorte?” “Pode ser sorte ou pode ser azar!”, comentou o pai. O menino cuidou do cavalo com todo zelo, mas um dia, já crescido, o animal fugiu. Desta vez, o vizinho diz: “Seu filho é azarento, hein? Ele ganha um potrinho, cuida dele até a fase adulta, e o potro foge!” “Pode ser sorte ou pode ser azar!”, repetiu o pai. O tempo passa e um dia o cavalo volta com uma manada selvagem. O menino, agora um rapaz, consegue cercá-los e fica com todos eles. Observa o vizinho: “Seu filho é de sorte! Ganha um potrinho, cria, ele foge e volta com um bando de cavalos selvagens.” “Pode ser sorte ou pode ser azar!”, responde novamente o pai. Mais tarde, o rapaz estava treinando um dos cavalos, quando cai e quebra a perna. Vem o vizinho: “Seu filho é de azar! o cavalo foge, volta com uma manada selvagem, o garoto vai treinar um deles e quebra a perna.” “Pode ser sorte ou pode ser azar!”, insiste o pai. Dias depois, o reino onde moravam declara guerra ao reino vizinho. Todos os jovens são convocados, menos o rapaz que estava com a perna quebrada. O vizinho: “Seu filho é de sorte…” Assim é na vida, tudo que acontece pode ser sorte ou azar. Depende do que vem depois. O que parece azar num momento, pode ser sorte no futuro. Do livro: O Sucesso não Ocorre por Acaso – Dr. Lair Ribeiro – Ed. Objetiva

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