Pratique, Yoga na Vida

Que o Conhecimento Engrandeça

Diferentes pessoas buscam o Hatha Yoga por razões diversas. Algumas querem um corpo mais sarado, outras querem melhorar o seu rendimento no esporte, umas tantas querem evitar as rugas, e muitas querem se conhecer melhor, querem buscar uma explicação para a vida e para o viver. Todos estão em busca da felicidade. E essa busca é genuína, pois a busca pela felicidade é uma necessidade humana.

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“Existem dois caminhos no horizonte do autoconhecimento,
um é movido pelo poder, o outro pela compaixão.
O primeiro é inebriante, o segundo divino”.
Tales Nunes.

Diferentes pessoas buscam o Hatha Yoga por razões diversas. Algumas querem um corpo mais sarado, outras querem melhorar o seu rendimento no esporte, umas tantas querem evitar as rugas, e muitas querem se conhecer melhor, querem buscar uma explicação para a vida e para o viver. Todos estão em busca da felicidade. E essa busca é genuína, pois a busca pela felicidade é uma necessidade humana.

O fato é que, independente das motivações, são tantos os benefícios do Hatha Yoga que a pessoa se perde nos ganhos que tem com a prática e se prende a eles. A pessoa ganha força física, disposição, vigor através da prática de Hatha Yoga. O ego infla, formando assim uma situação que pode ser diagnosticada como “Síndrome de Shiva”.

E finda que a motivação da pessoa para a prática é a manutenção desses ganhos, a manutenção do sentimento de que é superior aos demais, quando a prática deveria, de fato, ser um meio. Um meio para o autoconhecimento. Meio para que a pessoa desenvolva em si uma mente capacitada para ver a realidade última de si mesmo, que é livre de limitação e de carências. É isso o que nos mostra o Vedanta, como um meio de conhecimento.

Porém, assim como acontece no Hatha Yoga, das pessoas se prenderem nos efeitos colaterais da prática de ásanas, pranayamas etc, no Vedanta, o ganho é em outro nível, mas igualmente traz essa equivocação. O estudo de Vedanta desenvolve no estudante uma aguçada capacidade de argumentação, uma organização mental e a habilidade de focar por longo tempo em um tema estudado.

Esses ganhos podem fazer com que o estudante infle o ego, por achar que sabe mais do que os outros. Isso é muito comum de acontecer dentro das Universidades. Porém como em Vedanta o foco do estudo é o próprio indivíduo, a compreensão deveria trazer humildade e compaixão e não arrogância e desejo de ser maior do que os outros através do conhecimento.

Mas isso acontece. Eu chamo essa situação de “Síndrome de Brahman”. E o que podemos observar é que algumas pessoas estudam Vedanta para saber mais sobre si mesmas, enquanto outras estudam para saber mais do que os outros.

É curioso como a mente nos aprisiona. Ela faz uso do própria meio de libertação para reforçar os laços de aprisionamento. O conhecimento que deveria colocar o ego no lugar, pois esse é o seu papel, finda por exaltá-lo e inflá-lo. E o que deveria amenizar os gostos e aversões, acaba sendo usado como justificativa para eles.

O ensinamento serve como explicação até para fazer ações adharmicas. A falha não é do ensinamento. Este é completo e livre de dúvidas. A limitação está na pessoa, no fato de não compreender as suas próprias limitações e por causa disso não conseguir reconhecer e aceitar a limitação dos outros.

Que o conhecimento liberte, não aprisione. Que me engrandeça, sem diminuir os outros, mas para engrandecer os outros. Esse é o objetivo!

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3 respostas para “Que o Conhecimento Engrandeça”

  1. A Síndrome de Brahman que vc. se refere é de fato comum, da mesma maneira que o expert em asanas. comentando esses aspectos com um mestre de Dakshina tantra, ele me falou que talvez seja uma hiper energização do Ajna chakra no caso do Vedanta e do manipura no caso do Hatha yogue.Claro que existem outros aspectos a serem considerados, mas faz sentido.

  2. Cultivar a humildade torna-se, cada vez mais, urgente, amigo.
    Namaste!

    1. Não entendi o ‘cultivar a humildade’.Entendo que a compreensão favorecerá a humildade, mas tentar cultivar a humildade seria um exercício do orgulho (algo como ‘sou mais humilde que os outros’).Saudações,Jeferson

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