Conheça, Vedānta

Problemas psicológicos, problemas espirituais

Há temor legítimo, raiva legítima, tristeza legítima: "legítimos", porque a sociedade os aceita como tais. A psicologia moderna diz que a raiva é normal e que se deve ficar zangado quando uma situação em particular pede. Da mesma forma, existe um ciúme "normal" e uma tristeza "normal" e porque eles são "normais", não há nada de errado com eles. Estes, então, nós resolvemos espiritualmente.

· 2 minutos de leitura >

Pergunta: Swamiji, como é que podemos identificar a diferença entre um problema espiritual profundo e um problema psicológico?

Um exemplo de problema psicológico, diria, é achar que eu estou triste por nenhuma razão. Ou, de repente, eu acho que estou em pânico. Ou, se há algo um pouco estranho ou que me oprima, eu me sinto ameaçado. Talvez eu não possa estar no meio de multidões, então, fujo das pessoas. Ou talvez eu tenha medo de autoridade, que pode estar conectado a alguns problemas de infância ou a alguns problemas com meus pais. Estes são todos problemas psicológicos.

Um problema espiritual pode ser visto em alguém que tenha resolvido todos estes problemas psicológicos, na sua maior parte, mas que ainda esteja triste. Ele ou ela é considerado “normal”: pode interagir bem com as pessoas e assim por diante, mas está sujeito ao ioiô das próprias emoções: uma hora está no alto, outra hora está embaixo. Isto porque lá em baixo, há sempre uma auto-imagem que é tão boa em relação ao complexo corpo-mente-sentidos.

Como, então vamos resolver o problema? Há temor legítimo, raiva legítima, tristeza legítima: “legítimos”, porque a sociedade os aceita como tais. A psicologia moderna diz que a raiva é normal e que se deve ficar zangado quando uma situação em particular pede. Da mesma forma, existe um ciúme “normal” e uma tristeza “normal” e porque eles são “normais”, não há nada de errado com eles. Estes, então, nós resolvemos espiritualmente.

O Vedanta diz que não há motivo para aceitarmos a tristeza como algo “normal”. O uso da palavra “normal”, então, marca a diferença entre o problema psicológico e o problema espiritual. O Vedanta pode resolver um problema se a mente é mais ou menos normal. Mas, se a mente é anormal, o Vedanta não pode ajudar porque a pessoa não consegue lidar com o que interessa: não vai dar certo. Se, no entanto, a pessoa é incapaz de entender o que o Vedanta está dizendo, mas fica com ele e segue todas as atitudes e valores corretamente, então ele pode ajudar.

O Vedanta em si tem a sua própria abordagem para a ordem psicológica que inclui uma maneira de se relacionar com raga-dvesa, os gostos e aversões), oração, meditação e uma compreensão sobre os valores. Se alguém adota o Vedanta e segue os valores, ele pode ajudar. Considero que isso seja a melhor abordagem.

Por outro lado, o Vedanta não tem nenhuma resposta para a psicologia anormal. Não pode ajudar pessoas que padecem de esquizofrenia, por exemplo. O ensinamento só irá confundi-las, de fato, e portanto é prejudicial. E é por isso que, originalmente, na Índia, ainda hoje, há aqueles que não irão ensinar Vedanta para qualquer um. Somente quando o guru fica convencido de que a mente está preparada é que ele vai ensinar a pessoa.

Isto era uma prática comum, que ainda é usada hoje, tanto é que quando um homem com a mente despreparada veio até um professor em Rishikesh, no norte da Índia, o professor disse que iria enviá-lo a pé, para Rameswaram, que fica bem ao sul. Foi-lhe informado para ir e voltar sem dinheiro. “Depois disso é que vou lhe ensinar”, disse o professor. A ideia era que pelo tempo que ele levasse para voltar, ele ainda estaria normal, caso ele retornasse.

Do norte ao sul da Índia, há algumas milhares de milhas, o que leva cerca de cinco anos para um homem retornar. E qualquer coisa pode acontecer com ele no caminho, até o casamento. Isso também é “normal”, principalmente se ele não tiver muito desapego em relação ao mundo. Ou ele pode até se tornar tão anormal para acabar numa instituição psiquiátrica. Ou ainda, ele pode até tentar encontrar outro guru que o ensinará imediatamente. De qualquer forma, o professor que o enviou nesta jornada está satisfeito.

Oṁ tat sat.


Tradução de Humberto Meneghin: www.yogaemvoga.blogspot.com.

+ posts

Swāmi Dayānanda Saraswatī (1930-2015) ensinou a sabedoria tradicional do Vedanta por cinco décadas, na Índia e em todo o mundo. Seu sucesso como professor é evidente no sucesso dos seus alunos: mais de 100 deles são agora Swāmis, altamente respeitados como estudiosos e professores.

Dentro da comunidade hindu, ele trabalhou para criar harmonia, fundando o Hindu Dharma Acharya Sabha, onde chefes de diferentes seitas podem se reunir para aprender uns com os outros.

Na comunidade religiosa maior, ele também fez grandes progressos em direção à cooperação, convocando o primeiro Congresso Mundial para a Preservação da Diversidade Religiosa.

No entanto, o trabalho de Swāmi Dayānanda não se limitou à comunidade religiosa. Ele é o fundador e um membro executivo ativo do All India Movement (AIM) for Seva.

Desde 2000, a AIM vem trazendo assistência médica, educação, alimentação e infraestrutura para as pessoas que vivem nas áreas mais remotas da Índia.

Havendo crescido em uma pequena vila rural, ele próprio entendeu os desafios particulares de acessar a ajuda enfrentada por pessoas de fora das cidades. Hoje, o AIM for Seva estima ter ajudado mais de dois milhões de pessoas necessitadas em todo o território indiano.

subhashita

Subhāshitas, Palavras de Sabedoria

Pedro Kupfer em Conheça, Literatura
  ·   1 minutos de leitura

5 respostas para “Problemas psicológicos, problemas espirituais”

  1. A psicologia ao que parece observou e estudou,na boa intenção de estimular o auto conhecimento,o ser humano e suas motivações conscientes e inconscientes, seus conflitos, que são inúmeros em suas formas, estudou os porquês da ansiedade e todo o dinamismo da condição humana em um eu que carrega e se modula na herança de conceitos ligados a construção de sua individualidade, de seu entendimento da sociedade,e também na sua maneira de entender princípios como a vida, a natureza e deus.
    Esta é uma maneira resumida de mencionar o grande empenho de ilustres seres humanos que resultaram no acumulo de importantes conhecimentos que auxiliaram muitas pessoas principalmente aqui no ocidente.(também não possuo conhecimento suficiente para deixar uma imagem fiel e total desta grande ciência) Mas o yoga ,e a grande cura que reside no que nesta tradição se chama de conhecimento!
    Acredito existir uma proximidade entre as duas ciências, onde a psicologia explorou o dinamismo dos condicionamentos do ser humano,mas a fé na existência de sutilezas a serem conhecidas, o poder de explorar amplamente o reino da natureza,se tornar profundamente intuitivo,e cultivar uma atentividade sempre sólida e sempre fluida por sobre os próprios condicionamentos, pertencem ao yoga, que nos leva por fim a residir no ser pleno, e assumir responsabilidades conhecidas apenas pelos siddhas.

  2. Ola sou uma mae boa,gosto de conversa c\ meu filho e ele tem apenas 8 anos.e um menino maravilhoso a vezes teimoso,ele sabe que a vida que nos levamos nao aquela,que nos queremos,mas vamos levando com muita satisfaçao,mesmo sabendo que meu marido e usuario de drogas,ele e um homem trabalhador e ,e um pai alsente,ele e um homem que vai p\ trabalho e depois vai p\um barsinho, Mas eu e meu filho ficamos sempre junto,jogo futebol,c\meu filho,e saimos juntos,temos um dialogo,bom, meu filho fala p\mim mae por meu pai gosta tanto de beber,ai eu falo,filho e as conpanias os amiguinhos dele,. mas meu filho nao sabe que o pai dele e um drogado. eu logo vou separar de meu marido e meu filho sente isso e me apoia,pois nem o propio filho quer uma copania mas desejada e um pai de fazes…eu ensino o bom caminho p\ meu filho.pois tenho os melhores pai do mundo amo meus pais. quando meu filho joga futebol,c\os amigos ,os amiguinhos dele fala como vc aprendeu a jogar bola assim tao bem ele fala com minha mae ela,fala que eu sou fantatiscaç.e me sinto muito bem,pois tento uma mae pai,p\ meu filho pois.na real ele nao tem pai. eu sei que logo o pai ter uma overdose e vai…,mas eu entrgo nas maes de Deus,so Deus p\ dar força nesse caso.

  3. Li… reli e… meditei…
    Não é tarefa fácil lindar coma normalidade quando as coisas deixam de ser naturais.
    Agradeço a oportunidade e o aprendizado.
    Namastê

  4. NO YOGA A BASE É PENSARMOS O CONTRARIO DO QUE QUEREMOS, PARA DEPOIS ACONTECER O QUE QUEREMOS. ISSO NO ATO DO EXERCICIO.
    SALOMÃO SOUSA CARVALHO.
    YOGI HÁ 24 ANOS.

  5. Passo bastante tempo com meus filhos. Sempre almocei em casa com eles e me deito com eles. Mas o tempo passa do mesmo jeito e para todos. Posso dizer que acompanhei o crescimento deles, diferente de outros pais que saem cedo de casa e só voltam tarde da noite. C\\\’est La Vie .

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *