Mantra, Pratique

Nada Yoga, a via do som divino

Esta breve exposição tem como propósito introduzir certas noções chaves sobre a prática do Nada Yoga, procurando ao mesmo tempo esclarecer a informação que recebemos através de fontes diluídas ou deturpadas

· 3 minutos de leitura >

Esta breve exposição tem como propósito introduzir certas noções chaves sobre a prática do Nada Yoga, procurando ao mesmo tempo esclarecer a informação que recebemos através de fontes diluídas ou deturpadas.

Eu gostaria de manifestar minha gratidão à inspiração espiritual de Sri Swami Sivanandaji Maharaj, grande Yogi contemporâneo, e seu discipulo Swami Vishnu Devanandaji Maharaj. Também quero agradecer a Sri Hanumanji, excelente músico e Nada Yogi, que me iniciou nesse caminho, guiando-me a uma melhor compreensão da natureza divina e sonora que anima todos os seres.

OM SRI KRIM PARASHAKTIE NAMAH
Gopala

Sarvachintam parityajye savadhanena chetasa
Nada eva-anusandheyo yoga-samrajyam-icchata
Para aquele que deseja atingir perfeição no Yoga, em Nada,
somente deve-se meditar (escutar de perto), tendo abandonado
todos os pensamentos e com uma mente calma.
(Shankaracharya, Yoga-taravali)

Nada é som, é a vontade de Brahman. Havia um Sat-Sankalpa. Uma vibração ou Spandana surgiu. Veio a vibração de OM. Isso é Nada. Nada é Shiva-Shakti. A união e relação mútua de Shiva com Shakti é Nada. Nada é ação. Nada significa som, que não é o som grosseiro captado pelo ouvido. Nada é o aspecto mais sutil de Shabda.Nada se desenvolve em Bindu. Nada é o primeiro estágio emanatório na produção do Mantra.O segundo se chama Bindu. Nada e Bindu existem em todos os Bija-Mantras. Nada é aquele aspecto da Shakti que evolui em Bindu.
(Swami Sivananda)

OM ou Pranava é considerado como o som primordial que está na origem do Universo. Também é chamado de Shabda Brahman, ou a forma sonora do conceito Vedântico do Absoluto. Dentro dos mantras, ele é que origina todos os outros, que são compostos das subseqüentes 50 sílabas do alfabeto sânscrito.

A prática desse OM , verbal ou mentalmente, assim como o ato de escutá-lo com atenção, faz automaticamente vibrar todos os centros energéticos do nosso corpo sutil (chakras), limpando as veias astrais (nádís) e preparando o despertar da energia latente (Kundaliní Shakti).

O processo do Sádhana (prática espiritual) dentro do Nada Yoga consiste em reconhecer e realizar essa vibração sonora tanto interior quanto exteriormente. Os sons podem ser classificados como Ahat (produzidos exteriormente) ou Anahat (internos), sendo que estes últimos só podem ser percebidos por yogis avançados. A prática de meditação em Nada no anáhata chakra leva o nome de Nadanusandhanam. Os pré-requisitos essenciais para esse tipo de prática são os mesmos que em qualquer outro ramo do Yoga (Ashtánga Yoga). Ética e moral são os primeiros. Da mesma maneira, é importante possuir domínio da prática de ásanas e pránáyámas (posturas físicas e respirações), pois estes ajudarão muito no processo de concentração interior e meditação. Pode-se fazer o japa (repetição) de So ham com a respiração, inspirando So e expirando Ham, que levará progressivamente à percepção dos sons sutis no Anáhata Chakra.

A música clássica indiana é uma das formas mais eficientes para o aspirante iniciar-se no Nada Yoga, devido a sua natureza essencialmente sáttwica (pura, elevada). Ela é constituída de uma linda variedade de Ragas ou modos melódicos específicos, que produzem efeitos poderosos, tanto no indivíduo como no meio etéreo (Ákásha) que o cerca. Grandes santos yogis da Índia eram capazes de operar feitos extraordinários através da manipulação correta das ondas sonoras. Sri Tansen conseguia fazer chover através do raga Megh. Da mesma maneira, ele acendia lâmpadas de óleo cantando o raga Deepak, tão forte é o poder do som.

Sri Tyagaraja, grande músico, compositor e santo do sul da Índia, dizia que a música não é um alimento destinado apenas aos sentidos, porém à alma. Ele chegou ao ponto de declarar que Moksha (liberação) é impossível para aquele que não possui música dentro de si! A música cativa a mente, elevando-a as sublimes alturas do esplendor divino. Ela causa Laya (dissolução) da mente em Brahman, o Absoluto.

A combinação de Ragas e Mantras é sem dúvida um meio maravilhoso de facilmente elevar o nível de consciência. Podemos tomar Moksha Mantras como OM NAMAH SHIVAYA ou OM NAMO NARAYANAYA, e cantá-los com uma melodia simples e agradável. Mesmo sem o conhecimento técnico musical ou da língua sânscrita, obteremos ótimos resultados se a motivação for pura e sincera. Como todo o conhecimento espiritual, é importante ter a referência de um Guru ou alguém que já traçou o caminho. Na falta da pessoa física deste, podemos então buscar inspiração através de livros. Nesse caso, recomendo Tantra, Nada e Kriya Yoga, de Swami Sivananda, Meditação e Mantras, de Swami Vishnu Devananda, Laya Yoga, de Shyam Sundar Goswami, Garland of letters de Arthur Avalon, assim como a Autobiografia, de Ravi Shankar, grande sitarista contemporâneo que descreve com muita profundidade vários aspectos do Nada Yoga.


Gopala também desenvolve um trabalho com música espiritual e kirtans, tendo gravado o CD Shabda Rasa – Mantras e Ragas Místicos da Índia. Gopala está disponível para workshops, shows e palestras sobre Yoga e música indiana.

Visite o site de Júlio Falavigna (Gopala) em www.yogasivananda.com.br/poa

+ posts
suryabhedana

Sūryabhedana: a Respiração Solar

Pedro Kupfer em Prāṇāyāma, Pratique
  ·   1 minutos de leitura

O que traz paz ao dia-a-dia?

Pedro Kupfer em Pratique, Yoga na Vida
  ·   2 minutos de leitura

Uma resposta para “Nada Yoga, a via do som divino”

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *