Recebi recentemente uma interessante mensagem de um praticante fazendo, em nome do Yoga tântrico, uma série da categóricas afirmações sobre o grande sábio Patañjali e a sua obra, o Yogasūtra. Dentre outras coisas, afirmava o colega que essa obra, seminal na tradição do Yoga, não menciona prāṇa, cakras, nāḍīs nem kuṇḍalinī.
Todos os praticantes nos deparamos, cedo ou tarde, com a definição clássica que o sábio Patañjali dá sobre os ásanas no Yoga Sutra: 'ásana é a postura, firme e confortável
O samādhi um estado-conhecimento, não uma experiência. Não há, portanto, lembranças a ser carregadas desde essa absorção, de volta para as demais experiências.
O que são os siddhis, exatamente? Segundo é narrado em textos clássicos como o Yogasūtra, como resultado das primeiras formas do samādhi, o praticante adquire algumas habilidades, chamadas siddhis ou "perfeições".
A palavra que abre o Yogas?tra, atha, significa “agora”. Pode parecer estranho começar um texto deste porte por um advérbio tão lacônico, mas o que se percebe claramente aqui é que o Yogas?tra não é um livro para iniciantes. Alguma coisa foi ensinada previamente, e “agora”, começa o ensinamento do Yoga.
O sábio Patañjali nos ensina que o natural (svarūpa) do ser humano é o próprio Yoga. A palavra svarūpa, que significa “sua própria forma”, define o reconhecimento de si mesmo como alguém livre de limitações. Lembremos que Yoga não é um estado de consciência mas uma atitude.
Este texto tem como propósito trazer uma reflexão sobre a maneira em que os yogisolhamos para o nosso texto seminal, o Yoga Sutra. Levando em conta que nosso ponto de partida é reconsiderar a definição de Yoga neste importante śāstra, devemos, desde já, adiantar que o assunto pode suscitar uma polêmica, já que questiona alguns dogmas sustentados por uma expressiva parcela da nação yogika.
A mente fica como um cristal transparente: Uma vez que a mente esteja razoavelmente clara e estabilizada (1.33-1.39), o processo profundo do Yoga pode ter início. Eventualmente, a mente fica como um cristal transparente (1.41), sendo uma ferramenta purificada para as explorações mais refinadas dos níveis denso e sutil. Tal mente pode explorar toda uma gama de objetos, desde os menores até os maiores (1.40).
Preparação para práticas sutis: É necessário estabilizar e clarear a mente antes de sermos capazes de experimentar as meditações sutis ou o samadhi. O treinamento especializado de um atleta olímpico é baseado em uma fundação sólida de preparação física. De modo similar, é necessário o treino generalizado em concentração correta para avançar nas práticas.
Obstáculos são esperados: Existe um número previsível de obstáculos que surgem na jornada interior, acompanhados de várias conseqüências. Embora estes obstáculos possam ser desafios, saber que são algo natural fornece alguma tranqüilidade, pois são uma parte previsível do processo. Saber disto pode ajudar a manter a fé e a convicção, apresentados em sutras anteriores como sendo essenciais.
O Om é um caminho direto: A vibração desse som, acompanhado de um profundo sentimento para com o significado do que ele representa traz a realização do Eu individual e a remoção dos obstáculos que normalmente impedem esta realização. De certa forma, esta prática é como um atalho pelo qual podemos ir diretamente para o coração do processo.
Escolha seu nível de prática: Nos sutras 1:21 e 22 são descritos nove níveis de prática e compromisso, e três subdivisões para a prática intensa. Devemos escolher um dentre esses níveis de prática e compromisso. Todos podem progredir e ter a experiência direta. É muito útil se conseguirmos nos localizar nas nossas práticas pessoais, pois grande liberdade pode vir ao saber onde estamos.
Estágios: Fundamentado na prática (abhyasa) e no não-apego (vairagya) (1.12-1.16), o meditador se move sistematicamente para o seu próprio interior, através dos quatro níveis, ou estágios, de concentração em um objeto (1.17) e depois avança para o estágio de concentração sem objeto (1.18).
Dois princípios Centrais: Prática (abhyasa, 1.13) e não-apego (vairagya, 1.15) são os dois princípios centrais sobres os quais o sistema inteiro do Yoga se apoia (1.12). É pela prática e cultivo destes dois princípios que as demais práticas do Yoga são desenvolvidas e pela qual a maestria sobre o campo da mente acontece (1.2), o que possibilita a realização do verdadeiro Eu (1.3).
A jóia da meditação profunda vem pela descoloração dos obstáculos que cobrem o Eu verdadeiro. Embora o Yoga tenha sido definido nos primeiros sutras, o objetivo do Yoga, a Auto-realização, inicia nesta seção. Ao aprender como explorar, como se tornar uma testemunha dos cinco tipos de pensamentos e como enfraquecer a intensidade da cor através dos vários processos da meditação do Yoga, o véu sobre a Verdade gradualmente será removido e iremos conhecer o verdadeiro Eu.
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