Com a proximidade das eleições para a Presidência e outros cargos públicos de um país continental como o Brasil, a parábola da corda e da serpente, rajjusarpa, muito familiar para quem estuda Vedanta vem, de uma forma peculiar ilustrar a importância da escolha que os brasileiros faremos daqui a algumas semanas.
Sintetizo a parábola: um homem, andando numa trilha na penumbra do crepúsculo, encontra uma corda jogada em seu caminho. Por conta da pouca luz acha que o que vê à sua frente é uma perigosa serpente. Assustado e com medo do réptil, achando que pode ser atacado por ela, afasta-se amedrontado, correndo em pânico.
Depois, já mais calmo, o homem retorna ao local e, com o auxílio de uma tocha, constata que aquilo que parecia uma perigosa serpente, na realidade é uma inofensiva corda. Então, o medo e o nervosismo que haviam tomado conta dele caem por terra. Porém na peculiar situação que vivemos nestas eleições, a parábola é inversa: aquilo que a primeira vista nos parece ser uma inofensiva corda, pode se revelar uma perigosa serpente.
É natural no Brasil, que aqueles que pretendem concorrer a um cargo público, em especial ligado à política, na grande maioria das vezes, alimentam o precípuo desejo de, uma vez vencida a etapa das eleições e eleito(a), satisfazer seus próprios interesses, em primeiro lugar, com o conseqüente engrandecimento do ego e com isso deixando em último plano os interesses daqueles que lhes confiaram o voto.
Vemos na televisão e na mídia em geral, propagandas políticas de todas as linhas partidárias. Bem produzidas, inevitavelmente, mostrando ao público a imagem de uma bela, boa e inofensiva corda no que concerne aos quesitos personalidade, competência, realização e capacidade política de alguns candidatos.
Corda esta nada ameaçadora. No entanto, alguns, como a serpente, estão prestes, no momento mais que oportuno, darem o bote certeiro para enganarem suas vítimas e assim cumprirem suas verdadeiras intencões através do uso indevido da máquina pública, da corrupção, do desvio dos recursos públicos e do assalto ao erário, como temos tristemente testemunhado nas últimas décadas.
Refletindo assim sobre a esclarecedora mensagem desta parábola para que os atuais candidatos não nos frustrem e sobretudo, não nos enganem, devemos usar o bom-senso para dissipar as eventuais confusões advindas das falsas promessas eleitoreiras.
Uma vez dissipada a confusão de forma consciente, poderemos escolher aqueles que de verdade podem fazer o melhor para o país. Assim, o medo e o nervosismo que tomaram conta da mente daquele que viu a perigosa serpente desaparece e a mente saberá discernir o equivocado do real, não permitindo de modo algum que qualquer falsa sobreposição do aparente sobre o real obscureça o Ser.
Harih Om!
Humberto é professor de Yoga em Campinas.
Mantém o excelente blog Yoga em Voga.
Caro amigo,
Gosto muito dos seus textos, pela clareza e simplicidade…e neste em especial, “criei” involuntariamente uma visão… Diversas serpentes “tocando suas flautas de encantamento”, para uma platéia de “humanos” inertes…mais um efeito de maya?
Namastê…
Querido Humberto!
Muito boa reflexão.
E muito oportuno seu texto.
Beijos e saudades,
Tereza.
Para enriquecer um pouco mais, relato algo que aconteceu coivernosco, a minha shakti… Moramos numa ãrea tropical, cercada por ãrvores e um grande jardim onde deixamos a natureza ã vontade para crescer, cuidando claro, mas preservando arvores, criando nosso pequeno paraiso onde tambem dou aulas de yoga.
Um dia, ela, indo ate o tanque de lavar roupas, onde achava estar o cordao de uma roupa, se aproxima das torneiras, duas, uma ao lado da outra, avistando de longe seu cordao pendurado sobre as torneiras… chegando um pouco mais perto, nao tao perto para ser mordida, verifica que era uma cobra, e nao o cordao.
Cobra esta que nao estava pra brincadeira, pois avancava sobre nos, quando nos aproximamos para gentilmente lanca-la no terreno ao lado, onde tambem ha vegetacao, mas sem pessoas morando. Entao e isso, se nos aproximassemos mais de nossos candidatos, talvez seja perigoso, poderemos ser mordidos!
Quem sabe uma boa ideia lanca-los, estes politicos, no terreno ao lado, para longe de nossas torneiras abertas, por onde corre o dinheiro dos impostos, que deveriam ser usados para educacao, saude, estradas, seguranca, preservacao do meio-ambiente… enfim, tantas riquezas que fariam do Brasil um lugar invejavel de viver!!!
E claro, PRESERVE O VERDE… cobras, respeitemo-las, mas podemos joga-las para longe!
Namaste.
Caro amigo,
Pois é, sua reflexão é oportuna e vou incrementá-la fazendo a seguinte pergunta: Pq, qdo vamos procurar uma colocação em qq empresa pública ou privada, a primeira coisa q nos pedem é o currículo? E qto melhor esse currículo e nossa capacitação, esses serão os fatores determinantes para se conseguir a vaga pretendida.
Outra pergunta: Pq diabos o mesmo não ocorre qdo algum candidato a cargo eleitoral se prontifica a isso? Mais uma: q país é esse em vez de evoluir politicamente dá marcha ré? Ninguém responde… silêncio.
Abraço yóguico.
Caríssimo Humberto,
Fiquei muito impressionado com a singeleza e a profundidade das palavras desse parábola. Realmente, comumente nos enganamos; terminamos confundido as coisas.
Acho que é próprio da pseudo-realidade, que nem sempre é pseuda, pois é tomada como real, nos enganar.
É da natureza dos políticos politiqueiros, que são a maioria, praticar a mal-arte do engano, pois eles mesmos são e estão enganados e envenenados pela serpente-corda da qual são vítimas.
Abraço.