Donde vem a palavra Vedānta?
Como funciona o Vedānta? Veja a clara explanação de Swāmi Dayānanda nesta interessante palestra concedida num satsaṅga no Āśram de Rishikesh, em 21 de março de 2007.
॥ हरिः ॐ ॥
O termo Vedānta deriva da raiz vid, que significa ‘conhecimento’. Desse dhatu, dessa raiz verbal, derivam igualmente muitas outras palavras: Veda, vidvān, vidyā e outras.
Os Vedas não podem objetificar Ātma, o Ser, pelo fato deles serem compostos de palavras. O que acontece é o oposto: as palavras do Veda é que são objetificadas por Ātma, pelo Ser.
Nenhum meio de conhecimento pode objetificar Ātma. Nenhuma experiência especial dará a revelação de Ātma, pois Ātma é e Ātma está em todas as experiências.
Por isso, é inútil buscar alguma experiência mística, transcendental ou misteriosa, que iria acontecer em algum lugar especial.
As palavras revelam as coisas
A luz revela o livro. As palavras do livro são reveladas para os olhos. Os olhos as revelam para a mente. Que luz você precisa para ver a luz? Precisa mesmo de alguma luz?
Você não usa uma lanterna para iluminar o sol. O sol brilha com luz própria, é auto-efulgente. Você não precisa de luz para ver a luz. A luz revela a si mesma. Ātma é a luz da consciência.
Como funciona o Vedānta? Ātma é autorrevelado
Ātma, auto-revelado, pode ser confundido com qualquer outra coisa se tentarmos objetificá-lo. Portanto, sem o meio de conhecimento adequado, você comete erros e mais erros.
É aí que a ajuda do Veda é providencial para corrigir esse erro gnoseológico. E as palavras, somente elas, irão assim revelando o conhecimento de Ātma. O Vedānta é um pramāṇa, um meio de conhecimento para o Ser.
Este é um exemplo clássico que o sábio Sanatkumara usa no Mahabhārata: ele evoca a imagem da lua, no primeiro dia após a lua nova.
Nesse dia, a lua forma um arco muito ténue no céu, quase imperceptível. Se você quiser mostrar essa lua para alguém, é preciso usar um determinado método.
Esse método é apontar para o céu onde a lua está, usando alguma referência indireta, já que seu dedo não consegue ser tão preciso.
Assim, você usa como referência por exemplo, um galho de uma árvore que esteja apontando para a lua, e você pede para essa pessoa olhar para a árvore.
Depois, você pede para olhar para aquele galho específico. E, finalmente, olhar para o céu no prolongamento desse galho, para ver a lua.
Ātma é o conhecedor
A lua é Ātma, a árvore e o galho são as palavras vaidikas, que apontam para a lua. As palavras do Veda são lakṣaṇam, indicadores que apontam para atma. Os ramos da árvore são úteis para apontar para a lua.
As palavras dos Vedas são importantes para apontar para atma. Elas são o pramāṇa, são o meio de conhecimento adequado para se conhecer o Ātma.
Você conhece satyam como algo que existe no tempo. ‘Você viu é? ”É o que?’ ‘Você reconheceu o conhecimento?’ ‘Que conhecimento? O conhecimento do que?’ É, é satyam.
‘Você vê o ilimitado?’ ‘Que ilimitado?’ Ātma não pode ser reduzido em palavras.
Palavras podem apontar para ele, mas nunca conseguirão descrevé-lo, assim como o ramo da árvore pode apontar para a lua, sem ser ela.
Sendo as palavras indicadores, elas não têm significado se não apontarem para algo. Isso deve ficar muito claro para nós.
Tudo o que pode ser conhecido pelos meios de conhecimento convencionais é anitya, não eterno. A causa da criação inteira é Brahman. Você é Brahman, tudo o que você vê não está separado de Ātma.
Enquanto que quem vê é Ātma, aquilo que é visto não é Ātma, embora Ātma esteja naquilo que está sendo visto. O ramo da árvore é útil para apontar para a lua, mas seria estupidez confundí-lo com ela.
É assim que se ensina o Vedānta. Nenhuma outra forma de conhecimento usa tal método.
Sobre a importância do mestre
Se você quiser reconhecer um verdadeiro brāhmaṇa, precisa prestar atenção em certos sinais.
Aquele que é capaz de ensinar corretamente a visão dos Vedas, como a pessoa que aponta para a lua usando a ajuda do ramo da árvore, é o verdadeiro brahmana.
Apontar para a lua usando o ramo somente funciona se você já sabe onde ela está. Sem saber apriori onde a lua está, os galhos da árvore são inúteis para apontar para ela.
Essa é a limitação de usar apenas as escrituras, sem a ajuda de um mestre versado nelas para compreendé-las.
Todos os Vedas compartilham uma visão e são capazes de revelar o conhecimento quando corretamente usados.
A pessoa de visão clara sabe como usar as escrituras para apontar para o conhecimento sobre atma. Esse é o brāhmaṇa, de fato.
Assim como o ramo da árvore, o Veda é o meio de conhecimento, mas ele não revela nada por si mesmo. É precisa a ajuda de um professor competente para nos guiar nesse processo.
॥ हरिः ॐ ॥
Como funciona o Vedānta? Satsaṅga concedido por Pūjya Svāmijī no Āśram de Rishikesh, em 21 de março de 2007. Transcrito e traduzido por Pedro Kupfer.
॥ हरिः ॐ ॥
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Conheça mais sobre Swāmi Dayānanda aqui
॥ हरिः ॐ ॥
Swāmi Dayānanda Saraswatī (1930-2015) ensinou a sabedoria tradicional do Vedanta por cinco décadas, na Índia e em todo o mundo. Seu sucesso como professor é evidente no sucesso dos seus alunos: mais de 100 deles são agora Swāmis, altamente respeitados como estudiosos e professores.
Dentro da comunidade hindu, ele trabalhou para criar harmonia, fundando o Hindu Dharma Acharya Sabha, onde chefes de diferentes seitas podem se reunir para aprender uns com os outros.
Na comunidade religiosa maior, ele também fez grandes progressos em direção à cooperação, convocando o primeiro Congresso Mundial para a Preservação da Diversidade Religiosa.
No entanto, o trabalho de Swāmi Dayānanda não se limitou à comunidade religiosa. Ele é o fundador e um membro executivo ativo do All India Movement (AIM) for Seva.
Desde 2000, a AIM vem trazendo assistência médica, educação, alimentação e infraestrutura para as pessoas que vivem nas áreas mais remotas da Índia.
Havendo crescido em uma pequena vila rural, ele próprio entendeu os desafios particulares de acessar a ajuda enfrentada por pessoas de fora das cidades. Hoje, o AIM for Seva estima ter ajudado mais de dois milhões de pessoas necessitadas em todo o território indiano.
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