A partir da descoberta da gestação, diferentes expectativas, medos, ansiedades e junto com isto, uma enorme felicidade! Uma enxurrada de sentimentos e acontecimentos, vindos todos juntos, se complementando, se contradizendo e coexistindo, gerando uma verdadeira tempestade emocional.
Neste campo, ambivalências podem estar presentes, desde a rejeição total do bebê e do parceiro até o amor mais sublime e maternal, sem a necessidade de uma coisa anular a outra.
A mente racional, no entanto, estabelecida num contexto sócio-cultural vai dar um jeito de encontrar uma lógica dentro do caos, vai fazer de tudo para se organizar e se adaptar diante da novidade.
Uma tempestade emocional e hormonal, somada a uma série de transformações exigem um cuidado todo especial que podem resultar num belíssimo processo de crescimento e transcendência pessoal.
Muitas mulheres mudam totalmente suas vidas a partir de uma gravidez. É comum buscarem por hábitos mais saudáveis, como uma alimentação mais selecionada, um sono de maior qualidade ou outras atividades que lhes tragam maior bem estar e conforto. Aqui, a prática de Yoga aparece como ideal, pois ela abrange diferentes dimensões que precisam ser igualmente bem nutridas neste momento.
A prática na gestação
Durante a gestação, a prática de Yoga trabalha e prepara o corpo físico, tranqüiliza e equilibra a mente, permitindo reflexão e liberação de certas questões emocionais, favorece o despertar para uma consciência crítica, responsável e não passiva diante daquilo que está socialmente estabelecido, e ainda, facilita o contato com o Ser espiritual, com o Ser Divino e Causal que lhes concedeu tudo isto.
Para além das mulheres que já praticavam Yoga antes da gestação e querem continuar praticando, muitas mulheres que procuram o Yoga na gestação jamais tiveram contato com ele.
Elas chegam para a prática com um desejo de ficarem mais calmas, querem trabalhar o corpo para o parto, aprender a respirar ou, simplesmente, desejam praticar uma atividade física segura e adaptada para sua condição. O Yoga dá conta disso tudo, mas não só.
Acreditar em si mesma, realizar ações conscientes, confiar no próprio corpo e, ao mesmo tempo, entregar-se à ordem natural do nascimento e da vida são preciosidades que a prática de Yoga pode oferecer à gestante e ao seu bebê por nascer.
Certa vez, uma grávida me disse que procurou o Yoga porque ouviu falar que ajudava a abrir o quadril para a passagem do bebê. Ok, ela não estava errada, durante o Yoga Gestante muitos movimentos trabalham diretamente sobre o quadril, para fortalecer, alongar, levar consciência e energia para a região…
Mas, na verdade, ela não tinha nem idéia do que era Yoga e tudo que a prática poderia lhe proporcionar. Chegou para a prática de Yoga achando que ia lá para “abrir o quadril” e acabou abrindo a possibilidade de olhar pra si mesma, refletir sobre sua condição e sua feminilidade, investigando e superando seus próprios limites.
Outra preciosidade do Yoga gestante é o encontro com outras mulheres na mesma condição. O grupo de gestantes cria uma afinidade importante e funciona como uma rede de apoio e troca capaz de fortalecer e acrescentar ainda mais às mulheres.
Elas trocam dicas, dividem experiências, contatos, desabafam e quase sempre permanecem um tempo depois da prática conversando sobre os bastidores da gravidez. Ficam ansiosas quando uma está para dar à luz, torcem e se preocupam umas com as outras e, por pura identificação, conseguem aprender e crescer muito umas com as outras.
A prática regular de Yoga na gestação funciona como uma preparação para o parto, em diferentes níveis, mas vai muito além disto pois permite que a mulher entre em contato com ela mesma e suas verdades.
O objetivo essencial do Yoga é o contato com o nosso Ser espiritual e divino e nada no Yoga é mais relevante que isto. Na gestação não é diferente, o Yoga estimula que as mulheres busquem o sagrado nelas, que reconheçam sua condição natural, mamífera e poderosa.
Oração, gratidão, cuidado e fé na sabedoria do corpo é um ensinamento que as grávidas poderão levar adiante, muito além do parto.
Na gestação, a mulher se permite um cuidado ainda maior com ela mesma e esta atenção especial pode levar ao verdadeiro sentido da expressão “dar à Luz”. Quer dizer, antes de dar à luz ao seu bebê, a mulher pode dar à luz primeiro a si mesma e fazer deste momento algo ainda mais especial.
Iniciar o Yoga na gestação é uma oportunidade excelente de ascender lugares escuros da própria consciência, despertar para uma realidade espiritual onipresente que é a vida, a natureza e seus ciclos. É uma oportunidade de se encontrar, vencer obstáculos e ser uma pessoa ainda melhor.
॥ हरिः ॐ ॥
Ana dá aula em Florianópolis desde 2004. É psicóloga e psicoterapeuta. Também trabalha como doula e coordena grupos de educação perinatal. Visite aqui o site dela.
Aninha, Parabéns!
O texto está lindo! Muito bem escrito e cheio de beleza.
Luz! Para ti e tuas gestantes!
Bjs com carinho.
Fefi.
Oi Ana, adorei o teu texto.
Vejo a importância da yoga exatamente como descreveste. Pratico yoga há 5 anos e agora estou conhecendo os limites da gestação na prática. Sinto-me muito bem quando realizo a prática e a tenho feito com frequencia. Gostaria de dicas de posturas para este período, pois tenho receio de exagerar.
Obrigada!
Ana querida!
Lindo texto!
Tenho certeza que a tua sabedoria irradia e inspira muitas grávidas no processo de dar a luz!
Com muito amor, da irmã,
Lari.
Ana, Namastê!!
Obrigada pelo material, q além de lindamente escrito se torna uma ferramenta para o clarear da prática de yoga no período da gestação. Fiz um curso de especialização de Yoga Pré-Natal e tive a oportunidade de descobrir a “existência das doulas” e conhecer uma!! Um trabalho tão maravilhoso mas que ainda é pouco conhecido pela sociedade.
Abraço fraterno!!
Obrigada Tatiane!
Concordo plenamente que este tema precisa ser difundido! A humanização do nascimento é uma causa muito nobre para a humanidade e o Yoga tem muito a acrescentar!
Abraço!