Nauli é o isolamento e ativação do músculo reto abdominal, que se faz pressionando os órgãos internos contra a espinha dorsal e elevando ao máximo o diafragma, ao mesmo tempo em que se imprime um movimento ondulante à musculatura do ventre.
Deve fazer-se sempre com os pulmões vazios. O termo significa “movimento do barco”, pois a ondulação do ventre lembra o movimento de um barco ao sabor das ondas. Nau quer dizer barco, em sânscrito, assim como em português.
Este ṣaṭkarma (exercício de purificação), é ótimo para aumentar o fogo digestivo, fortalecer e estabilizar a musculatura do abdômen e estimular o movimento peristáltico.
Igualmente aumenta a saúde e vitalidade dos órgãos internos e promove uma massagem estimulante nas glândulas do sistema endócrino vinculadas do tronco, como o timo, o pâncreas, as suprarrenais e as gônadas.
Caso você ainda não consiga fazer o isolamento da musculatura reta do abdômen, o que pode ser bastante desafiante para algumas pessoas, recomendamos como exercício preparatório o agnisāradhauti,
Agnisāra é o recolhimento do abdômen, pressionando os órgãos internos contra a espinha dorsal e elevando ao máximo o diafragma, que fica totalmente encolhido e elevado.
Fizemos um vídeo introdutório ao nauli com a descrição dessa alternativa, que você pode assistir aqui:

Durante o nauli, o abdômen apresenta uma aparência côncava, ficando totalmente recolhido contra a coluna e para cima, enquanto que o músculo reto abdominal permanece projetado para frente, deslocando-se sinuosamente.
Quando os músculos abominais giram da direita pa a esquerda, o exercício recebe o nome de dakṣiṇanauli. Ao girar em sentido oposto, chama-se vāmanauli. Ao isolar-se os músculos ao centro, temos o mādhyamanauli.
Como fazer o nauli?
Para fazer o nauli, acompanhe cuidadosamente estas instruções. Sentado ou em pé, apoie as palmas das mãos sobre a parte alta das coxas com os dedos voltados para dentro e flexione levemente os joelhos, inclinando-se um pouco à frente.
Inspire profundamente, expire todo o ar e contraia vigorosamente a parede abdominal para cima e para trás, forçando o músculo reto abdominal a projetar-se à frente. Transfira então o apoio do tronco para o braço direito, mantendo o abdômen contraído.
O reto tenderá a deslocar-se para esse lado. Em seguida mude o apoio, deslocando-o para a esquerda. Por fim, pressione firmemente ambos os lados, projetando o músculo para frente.
Treine bastante desta forma, até conseguir efetivamente isolá-lo. Depois passe à fase dinâmica: expire e contraia bem o abdômen, provocando um movimento ondulante e girando o reto para ambos os lados: primeiramente deslocando o reto para a direita, para o centro e para a esquerda, promovendo com isso uma intensa massagem nos órgãos internos.
Repita essa movimentação o número de vezes que conseguir, sempre mantendo os pulmões vazios. Precisando inspirar, cesse o exercício, descanse durante alguns fôlegos e reinicie-o, até completar um mínimo de cem contrações fortes e cadenciadas.
Logo faça o nauli no sentido oposto: para a esquerda, ao centro e para a direita, procedendo da mesma forma.
No início, 25 contrações a cada retenção é um número razoável. Porém, quando estiver devidamente treinado poderá ultrapassar facilmente as 500 contrações por sessão, fazendo, por exemplo, dez ciclos de 50 giros a cada retenção com os pulmões vazios.
Lembre, no entanto de fazer igual número de contrações em cada sentido, para trabalhar a musculatura de forma equilibrada.
Considere por favor que pessoas com cardiopatias e gestantes devem abster-se de praticar este exercício. Evite igualmente fazer o nauli se você sofreu uma cirurgia abdominal recente. Boas práticas.
॥ हरिः ॐ ॥
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॥ हरिः ॐ ॥
Pedro nasceu no Uruguai, 58 anos atrás. Conheceu o Yoga na adolescência e pratica desde então. Aprecia o o Yoga mais como uma visão do mundo que inclui um estilo de vida, do que uma simples prática. Escreveu e traduziu 10 livros sobre Yoga, além de editar as revistas Yoga Journal e Cadernos de Yoga e o site yoga.pro.br. Para continuar seu aprendizado, visita à Índia regularmente há mais de três décadas.
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