Conheça, Sociedade

Nazistas Místicos

A Segunda Guerra Mundial ceifou a vida de aproximadamente 75 milhões de seres humanos. Muitos civis morreram por causa do genocídio deliberado, crimes de guerra, massacres em campos de concentração, bombardeios, doenças e fome.  Afora isso, para alimentar a máquina de guerra, o nazismo drenava constantemente os recursos dos territórios conquistados. O custo desse conflito, […]

· 10 minutos de leitura >
Nazistas místicos

A Segunda Guerra Mundial ceifou a vida de aproximadamente 75 milhões de seres humanos. Muitos civis morreram por causa do genocídio deliberado, crimes de guerra, massacres em campos de concentração, bombardeios, doenças e fome. 

Afora isso, para alimentar a máquina de guerra, o nazismo drenava constantemente os recursos dos territórios conquistados. O custo desse conflito, de cerca de um trilhão de dólares, não contabiliza o sofrimento das pessoas, a miséria, a privação, a deslocação dos povos e da vida económica, a destruição física, os traumas e as sequelas psicológicas que a ela provocou durante gerações.

Escrevo isso, não como uma abstração, não como informação na mente de alguém que leu um livro de história, mas desde a primeira pessoa, pois fui testemunha desses traumas horripilantes, muito presentes na minha família, nos meus avôs, no meu pai e nos demais sobreviventes que fugiram para o Uruguai: a fome, a miséria, a necessidade de matar e comer cachorros para não passar fome, as perseguições, as fugas constantes, a privação, a dor, as tatuagens para numerar os prisioneiros dentro dos campos de concentração, as câmaras de gás, as histórias horripilantes dos kapos sobre as pilhas de cadáveres arrancando dentes de ouro para fundir em barras e enviar para a Suíça, as luminárias feitas com as peles das vítimas do Holocausto, todas essas histórias fizeram parte da minha infância e todas essas histórias estão na minha memória hoje.

E, a pior de todas: o meu pai dizendo para nós, crianças, que, se o nazismo tivesse vencido a guerra, ou se o nazismo voltasse, os meus irmãos e eu seríamos exterminados também. Todas essas coisas moldaram, em parte, a pessoa que sou hoje, e a minha visão do mundo.

Esse é o motivo pelo qual a minha primeira reação quando percebo pessoas a distorcer as verdades históricas relativas ao nazismo, é querer explicar a gravidade desses fatos, para evitar que eles se repitam neste presente no qual as posturas políticas ficam cada vez mais polarizadas.

A razão da insensatez genocida? O desejo da ditadura nazista de impor a sua ideologia, expandir o “espaço vital” alemão ocupando os países vizinhos e aplicar a eugenia, ou seja, a “depuração” e “melhoria” da humanidade através do extermínio de indivíduos e povos considerados inferiores. 

Dissonância cognitiva

A dissonância cognitiva que estas atrocidades produziam precisava ser contrabalançada de alguma forma, pois os apoiadores dessa ditadura, as pessoas que seguiam cegamente Adolf Hitler, sabiam perfeitamente que o genocídio estava a acontecer, e viam diariamente o custo absurdo da guerra em todos os aspectos das suas próprias vidas.

Esclarecendo: dissonância cognitiva é um estado de tensão psicológica constante que ocorre quando uma pessoa possui crenças, valores ou atitudes conflitantes entre si, com o que ela vive, ou com suas próprias ações. Esse desconforto surge, por exemplo, quando agimos de forma contrária aos nossos valores ou justificamos escolhas que sabemos serem incoerentes com nossas crenças.

Para aliviar essa tensão, as pessoas tendem a fechar os olhos, modificando as crenças conflitantes, minimizando a importância dos conflitos ou buscando justificativas que sustentem o comportamento e anulem o pensamento conflitante.

Esse processo é muito frequente em seitas de Yoga, onde por exemplo os seguidores de um guru abusador inventam desculpas para justificar ou evitar admitir os abusos por ele cometidos. É igualmente visível em diversos aspectos da política extremista da atualidade.

Assim, para mostrar o seu “lado humano” e “compensar” o extermínio dos povos judeu, roma e sinti (da etnia cigana), dos homossexuais e de pessoas com limitações físicas ou cognitivas em seu afã de “depurar” a raça humana dos considerados impuros e não merecedores da vida, o nazismo defendeu o bem-estar e os direitos dos animais. Igualmente, promoveu leis de proteção ao meio ambiente que vigoram até os dias atuais na Alemanha. 

Psicopatas genocidas, mas espiritualizados

Além de apossar-se da mitologia nórdica, o nazismo também tentou apropriar-se da espiritualidade indiana, alegando que o berço da “raça superior” ariana seria os atuais territórios da Índia e o Tibete. Assim, criou-se uma mitologia bizarra na qual integravam-se as teorias conspiratórias da supremacia ariana com elementos da mitologia hindu e, evidentemente, do Yoga. 

Heinrich Himmler, líder da SS, tropa de elite do regime nazista, tinha a Bhagavadgītā como livro de cabeceira mas não entendeu nada do ensinamento de Kṛṣṇa: achava que a Gītā justificava a guerra e o extermínio dos “impuros”. E citava este śāstra para legitimizar as atrocidades cometidas pelos seus soldados, que não foram poucas. 

Para dar um pouco de contexto, a Bhagavadgītā é o mais importante śāstra do Yoga, cujos grandes temas são o Yoga da vida (Karmayoga), o autoconhecimento, a ética, o dharma, a lei do karma e os valores necessários para construir indivíduos livres e uma sociedade harmoniosa e tolerante, que é exatamente o oposto do regime de ódio e intolerância que o nazismo tentou impor ao mundo. 

Outra mística do regime foi a ítalo-grega Savitri Devi Mukherji, nascida Maximiani Julia Portas (1905–1982), a maior ideóloga do nazismo ocultista. Esta senhora aparentemente aprazível e espiritualizada dizia que Adolf Hitler era Kalki Avatāra, a décima e última encarnação de Viṣṇu, que se havia manifestado na terra para acabar com a era das trevas, kaliyuga

Savitri Devi era fascista, grande admiradora do Anjo Negro, e viveu por anos na Índia, onde casou com um brâmane. Esta sacerdotisa de Hitler pontificava que quem comesse animais deveria ser executado: era vegetariana, ecologista e furiosamente racista e antissemita. 

Ela era uma espécie de Olavo de Carvalho de sári, e é venerada até hoje como uma santa pelos neonazistas e a extrema direita. Suas cinzas descansam na sede do Partido Nazista Americano, em Arlington, Virginia, EUA. 

Cabe lembrar que o Führer também seguia a dieta vegetariana, e não suportava que fumassem à sua frente. Além das leis de preservação da natureza que mencionamos no início, ele promulgou igualmente as primeiras leis de proibição do tabaco em ambientes fechados. 

YouTube video

A suástica é um símbolo hindu, budista e jainista

O interesse dos alienados nazistas pela espiritualidade hindu e budista aparece claramente na apropriação da cruz suástica (svāstika) para identificar essa ideologia de ódio.

Svāstika (卐) significa “auspicioso” em sânscrito. A cruz gamada representa o sol e é o símbolo do hinduísmo, assim como o peixe é o símbolo do cristianismo ou a Estrela de David (✡︎) é o símbolo do judaísmo. 

Este poderoso símbolo foi usado por muitos povos da Eurásia, estando presente da mesma maneira em povos nativos da África e das Américas. 

Por causa da sua associação com o Holocausto, a suástica no Ocidente está firmemente vinculada ao nazismo, ao antissemitismo e à supremacia branca. Consequentemente, o seu uso com fins políticos, em alguns países, incluindo o Brasil e a Alemanha, é proibido por lei. 

Ainda assim, tanto no subcontinente indiano como no sudeste asiático, esta cruz continua simbolizando coisas boas, como o sol, a prosperidade, a espiritualidade e tudo aquilo que é auspicioso. 

Racismo científico, ontem e hoje

Hitler quis justificar a dominação nazista sobre a Europa baseando-se em certas teorias em voga na época que falavam sobre a suposta supremacia da “raça” ariana sobre os demais povos, tanto na Índia como no Oriente Médio. 

Para tanto, assumiu os preceitos da eugenia, da “higiene racial”  e do racismo científico, uma doutrina pseudocientífica que surgiu no século XIX para justificar a crença na superioridade de certas raças sobre outras.

O oficial da SS Ernst Schäfer liderou três expedições “científicas” ao Tibete na década de 1930, das quais voltou cheio de presentes para o titio Adolf. Nessas expedições, Schäfer e outros pseudo-cientistas mediram centenas de crânios humanos no subcontinente indiano (uma das práticas favoritas da eugenia), na tentativa de fundamentar e demonstrar a superioridade ariana sobre as demais “raças”. 

Tanto Schäfer quanto Hitler e o resto do alto comando nazista acreditavam que o povo alemão havia se enfraquecido e corrompido pela presença de judeus, ciganos, homossexuais e pessoas portadoras de qualquer tipo de limitação cognitiva ou física.

Portanto, a solução seria eliminar totalmente essas pessoas e, buscando alianças com os supostos ancestrais tibetanos dos arianos alemães que viveriam em Shambhala, dentro da Terra Oca, criar uma elite de eleitos que governasse a terra.

A mosca muda mas as fezes ideológicas permanecem, pois esse é exatamente o mesmo discurso que D. Trump assumiu como plataforma política para ser reeleito presidente dos EUA: os imigrantes “envenenam o sangue do povo” estadunidense e é necessário expulsá-los da pátria.

Hitler chamava os judeus de parasitas. Trump usa exatamente a mesma palavra para desqualificar e desumanizar as pessoas de cor, os afrodescendentes e os imigrantes, sejam da América do Sul, sejam de outros lugares.

Só há uma raça: a raça humana

Usamos o termo raça entre aspas, para destacar o fato que raça só existe uma: a raça humana e que, as diferenças entre os fenótipos individuais ou entre os povos são limitadas a etnias. 

Noutras palavras, as diferenças perceptíveis entre as pessoas como a cor da pele ou dos olhos não faz os humanos diferentes uns dos outros. Pessoas com diferentes características são idênticas em tudo, da mesma maneira que carros com motores idênticos têm a mesma performance e fazem as mesmas tarefas, apesar de que a cor da carroçaria possa variar de um para o outro.

Ensina a Enciclopédia Britânica:

“Os estudos genéticos no final do século XX refutaram a existência de raças biogeneticamente distintas, e os estudiosos argumentam agora que as “raças” são intervenções culturais que refletem atitudes e crenças específicas que foram impostas a diferentes populações na sequência das conquistas da Europa Ocidental a partir do século XV.”

Noutras palavras, não existem raças diversas. Só há uma raça, e essa raça é a raça humana. 

nazistas místicos

Shambhala e a Terra Oca

Baseando-se na menção que Heródoto, o grande geógrafo e historiador grego da antiguidade, fez de Hiperbórea, e achando que esse continente perdido seria o lar das cidades de Shambhala e Agartha das lendas tibetanas, Hitler e seus lunáticos correligionários organizaram expedições anuais até 1943 para encontrar esse suposto paraíso perdido e estabelecer alianças com os supostos ancestrais dos arianos para governar o planeta inteiro. 

O típico “take me to your leader” dos filmes B de ficção científica, mas levado a sério por extremistas violentos, com muitos recursos e tempo disponível. 

O objetivo dessas expedições era achar o caminho para aquela fortaleza celestial, que ficaria dentro da terra, que segundo a demencial teoria desses malucos seria oca, e cuja entrada estaria em algum lugar do planalto tibetano, no alto Himalaia. 

A teoria da Terra Oca data do século XVII mas ressurgiu com força no século XIX. O romance de Júlio Verne, Viagem ao Centro da Terra, publicado em 1864, faz referência a essa teoria. 

Obviamente, esse paraíso jamais foi encontrado: ele é o equivalente, na década de 1940, de Ratanabá, a “cidade perdida” amazônica que supostamente foi fundada milhões de anos antes da existência dos dinossauros (e da raça humana, diga-se de passagem) promovida pelos bizarros extremistas do Brasil. 

Perigos do misticismo nazista

O problema que surge quando malucos radicais dessa laia, armados e com poder político e econômico levam a sério pseudociências populares, não é muito diferente do outro grande problema criado por aqueles evangelizadores que pretendem converter à força povos que não pediram nem têm interesse nas ficções ou lendas defendidas por esses religiosos fundamentalistas.

É nesse crisol nefasto que se amalgamam o extremismo político, o sectarismo e as religiões cegas pelo poder, que hoje em dia tomam conta das estruturas de poder, destróem as democracias e eternizam as injustiças, a violência e a intolerância. 

Meus encontros com nazistas místicos no Brasil

Lembro que, quando abri uma escola de Yoga no início do século em Florianópolis, pendurei na porta um quadro de Gaṇeśa, o Deus-elefante. 

Um dia, um senhor com alguma idade chegou àquele espaço e disse: “Esse é o nosso símbolo”, apontando para a suástica que Gaṇeśa tinha na palma da mão. Demorei um minuto para dar-me conta que estava falando com um nazista, que não se referia à cruz gamada como símbolo hindu, mas como emblema nazista.

Noutra oportunidade, achei na casa do pai de uma ex-aluna de Curitiba uma edição de Os Protocolos dos Sábios de Sião, um libelo antissemita que defende a velha conspiração que diz que os judeus têm um plano secreto para dominar o mundo e destruir a civilização. Quando perguntei, horrorizado, o que ele estava fazendo com esse livro, o sujeito desconversou. 

Depois, unindo os pontos, percebi que essas mesmas pessoas só tinham amigas brancas, e desprezavam (sutilmente, nunca de maneira explícita, como fazem certos políticos brasileiros) quem tivesse pele escura. Nunca mais voltei naquele lugar. Nunca mais falei com aquelas pessoas. 

O detalhe: cidadãos desse tipo estão perdendo a vergonha e começando a sair das sombras com o ressurgimento dos populismos extremistas no mundo inteiro, animados pela perigosa impunidade que vigora nas redes sociais sob o pretexto da “liberdade de expressão” e pelo exemplo de celebridades racistas, homofóbicas, misóginas, apologistas da violência e ultraconservadoras como Elon Musk e outros da mesma laia. 

Também já recebi ameaças e insultos antissemitas neste website por parte de pessoas que conhecem (ou pressupõem) a minha ascendência judaica e consideram como verdadeiras essas teorias conspiratórias antissemitas. 

E o que você tem a ver com isso?

Se hoje em dia você achar um desmiolado desse naipe nas suas aulas de Vedānta ou práticas de Yoga, considere que eles estão entre nós há várias gerações, promovendo suas teorias conspiratórias, posturas anti-ciência, pseudoterapias, misoginia, fobias e ideologias odiosas.

A esses malucos, sejam místicos ou não, sejam praticantes de Yoga ou não, sejam estudantes de Vedānta ou não, cabe dirigir uma atitude equânime e, se houver ocasião, uma aula de história sem passar pano.

Também lembre que, se você não se sente confortável convivendo com pessoas desse tipo em escolas de Yoga ou lugares similares, ninguém pode obrigar você a forçar a barra em nome da espiritualidade ou do autoconhecimento. 

Para concluir, lembremos que a apologia do nazismo não é liberdade de expressão. Apologia do nazismo é crime. O mesmo vale para a homofobia e o racismo: são crimes. 

Parece ridículo ter que escrever sobre estes temas na atualidade, pois essas crenças já deveriam ter sido descartadas gerações atrás.

No entanto, em parte graças à facilidade com a qual as redes sociais divulgam teorias conspiratórias, racismo e ideologias extremistas, se faz necessário usar o nosso tempo para escrever sobre este assunto, pois a presença do extremismo e suas manifestações é uma realidade no mundo do Yoga e do Vedānta, infelizmente.

Obrigado por ler. Se quiser usar a seção de comentários para colocar o seu ponto de vista ou compartilhar suas experiências em relação a isto, fique por favor à vontade. Bem-haja. ॥ हरिः ॐ ॥

***

1) Se quiser conhecer outra história curiosa sobre a relação epistolar entre Hitler e Gandhi, leia este artigo: Gandhi, Hitler e a não-violência.

2) Se quiser saber mais sobre como os nazistas distorciam a Bhagavadgītā, leia isto:

The Nazi Kṣatriya Ethos: Hauer and Himmler

Bhagavad Gita and its impact on Nazis 

3) Se quiser saber mais sobre Savitri Devi:

Savitri Devi

Savitri Devi, Miguel Serrano and the global phenomenon of esoteric Hitlerism

Savitri Devi, a mística fascista que admirava Hitler e que está sendo ‘ressuscitada’ pela extrema direita

4) Se quiser saber mais sobre a conexão entre Shambhala e o nazismo, leia isto:

The Nazi Connection with Shambhala and Tibet

Himmler’s crusade: the Nazi expedition to find the origins of the Aryan race

1938–1939 German expedition to Tibet

5) Se quiser ficar por dentro da relação de Hitler com o vegetarianismo:

The remains of Adolf Hitler: A biomedical analysis and definitive identification

Adolf Hitler and vegetarianism

Adolf Hitler really is dead: scientific study debunks conspiracy theories that he escaped to South America

Restos mortais de Hitler confirmam que ele era vegetariano – e só tinha 4 dentes

The remains of Adolf Hitler: A biomedical analysis and definitive identification

#shambala #shambala #agartha #bhagavadgītā #ratanabá #nazismo #nazismoecrime #racismoecrime #homofobiaecrime #misticismo #ocultismo #conspiracoes #teoriasconspiratorias #judaismo #hinduismo #budismo #pedrokupfer #yogaprobr 

Website | + posts

Pedro nasceu no Uruguai, 58 anos atrás. Conheceu o Yoga na adolescência e pratica desde então. Aprecia o o Yoga mais como uma visão do mundo que inclui um estilo de vida, do que uma simples prática. Escreveu e traduziu 10 livros sobre Yoga, além de editar as revistas Yoga Journal e Cadernos de Yoga e o site yoga.pro.br. Para continuar seu aprendizado, visita à Índia regularmente há mais de três décadas.
Biografia completa | Artigos

kāma muta

Kāma Mūta: Somos Movidos pelo Amor

Pedro Kupfer em Conheça, Sociedade
  ·   3 minutos de leitura
serpente

O Simbolismo da Serpente no Yoga

Pedro Kupfer em Conheça, Dharma Hindu
  ·   2 minutos de leitura

Yoga: Proibido para Mulheres?

Pedro Kupfer em Conheça, Sociedade
  ·   7 minutos de leitura

11 respostas para “Nazistas Místicos”

  1. E assustador o quanto tem de pseudo nazi incubado, que pra passar pano pro nazismo ataca a “comunismo” como forma de tentar relativizar alguma coisa, ou gente que chama um lunático que acreditava em terra plana e que refrigerante de cola e feito com feto abortado sem formação acadêmica de “saudoso professor”, brasileiro e seres humanos realmente são criaturas estranhas mesmo. Ótimo texto. A verdade não pode ser relativizada. Parabéns

  2. Fantástico! Você é muito amoroso e compassivo, e que visão imparcial e inclusiva! Abençoada seja sua prática de yoga que te faz assim, tão sábio! Por favor, agora faça uma pesquisa semelhante sobre o bolchevismo, stalinismo, que tal?

    1. Eis a pesquisa sobre os místicos comunistas: o materialismo dialético (marxismo) nega a existência de Ātma. O Yoga foi proibido na extinta União Soviética.

      Praticantes de Yoga eram perseguidos, da mesma maneira que cristãos (a Bíblia era proibida), muçulmanos e praticantes de xamanismo.

      O ateísmo estatal proibia o misticismo, a espiritualidade e a religião, bem como ler os livros que você quisesse, dentre outras coisas. A URSS colapsou e morreu em 1991.

      The End.

      1. Bom resumo! Óbvio que poderia se estender em um texto muito mais detalhado, contudo não parece ser confortável escrever sobre o outro lado de uma mesma moeda, qdo você se identifica mais com esse lado…”Esclarecendo: dissonância cognitiva é um estado de tensão psicológica constante que ocorre quando uma pessoa possui crenças, valores ou atitudes conflitantes entre si, com o que ela vive, ou com suas próprias ações.”

        Eis a armadilha de se olhar somente para os extremos, ainda mais quando há traumas como o que vc relata ter sofrido.

        Sabia que tenho um amigo negro, gay, brasileiro, que saiu daqui há pouco mais de dez anos com uma mão na frente e outra atrás morar nos EUA com seu namorado que frita hamburguer em lanchonete de posto de gasolina: começou a trabalhar com o que dava; arrumou um emprego fixo de motorista de van; casou legalmente com o namorado; obteve seu green card; no governo trump obteve sua cidadania e hoje é super defensor e eleitor desse líder q vc associa ao nazismo? Você vai acusar esse meu amigo do que? Qualquer país deveria ter o direito de combater a imigração ilegal, independente de raça, cor, credo. Não é este o critério aplicado, e defender sua pátria não é nazismo. Você está plantando um sentimento muito ruim nas pessoas com esse seu extremismo, que talvez seja reflexo de seus traumas.

        E não, infelizmente o comunismo não morreu, como vc afirma…”Se hoje em dia você achar um desmiolado desse naipe nas suas aulas de Vedānta ou práticas de Yoga, considere que eles estão entre nós há várias gerações”…propagando seus ódios e rancores contra aqueles que se destacam, como Elon Musk; vendendo ilusões de igualdade concentrando todo poder a Estados tiranos; defendendo prisões/exílio e perseguições de inocentes (sem anistia) para cidadãos que ousam pensar o contrário; defendendo a “ciência” (rsrsrs) impondo obrigatoriedade de um experimento que serviu para deixar ainda mais milionários gigantes farmacêuticas e governantes corruptos…isso só pq o “outro lado” sugeriu que se tivesse precaução!! E a lista segue…

        O comunismo está muito vivo e sempre estará, pq as narrativas por ele propagadas enganam os incautos e ele é muito interessante para tiranos…Veja: temos no STF um ministro q se orgulho de se denominar comunista. Temos Coreia do Norte, Cuba, Venezuela e China com seu partido COMUNISTA chinês. “Ahhh mas a China abriu seu mercado, não é comunista…bom…verdade, mas a liberdade de seu povo é bastante relativa, como interessa ao governo tirano…comunista.

        Acredito que nossos traumas podem e devem ser trabalhados para que não nos induza em equívocos graves que façam de nós “más influências”.

        E sobre Olavo de Carvalho…nossa…se em vez de repetir aquilo que vc lê em chamadas de agências financiadas pelos que temem que suas palavras sejam compreendidas, seu ego te desse uma trégua e te permitisse ler uma obra dele…wow. Te viraria ao avesso. E não é q às vezes é no avesso que a gente se encontra!?

        Hari Om

        1. Em suma, Bianca, chama muito a atenção a quantidade de malabarismos retóricos que as pessoas espiritualizadas da direita fazem para defender o nazismo, como se não houvesse nada no meio entre nazismo e comunismo. Como se o centro fosse um lugar deserto e sem vida, quando a moderação, a empatia e o diálogo formam a grande solução para sair dessa polarização que só produz violência. Come on, try harder, mas sem defender o nazismo.

        2. >>>> “Óbvio que poderia se estender em um texto muito mais detalhado, contudo não parece ser confortável escrever sobre o outro lado de uma mesma moeda, qdo você se identifica mais com esse lado”

          O que lhe faz pensar que eu me “identifico mais com esse lado“, Bianca?

          Os meus bisavôs tiveram que fugir da Ucrânia na época da revolução comunista (1917), quando aconteceu o colapso do Império Russo. O meu tio-avô morreu com uma bala na cabeça por conta dos bolcheviques.

          A minha família era de mencheviques, i.e., moderados que acreditavam na evolução natural em direção a uma sociedade mais justa. Deu tudo errado para eles: tiveram que fugir do país, perderam tudo o que tinham e tiveram que começar de zero noutro lugar (como depois aconteceu com os meus avôs, que também tiveram que fugir da Europa com a expansão nazista).

          O que lhe faz pensar que eu sou ou possa defender um ponto de vista comunista sobre o mundo, a política, a economia ou a própria vida, sendo que o comunismo é a própria negação da espiritualidade do Yoga? Isso está escrito em algum lugar neste artigo ou é uma suposição da sua mente?

          Nem pelo lado do Yoga, nem pelo lado da história da minha família, houve em algum momento afinidade com o comunismo, nem da parte dos meus avôs, nem da dos meus pais, nem da minha.

          Porém, voltamos ao tema inicial da polarização política no Brasil: basta alguém apontar para as barbáries nazistas (ou para o terraplanismo do Olavito) para ser automaticamente classificado como comunista, como tenho a impressão de que está fazendo, da maneira mais errada, com a minha pessoa.

          ॥ हरिः ॐ ॥

      2. 1) Aponte, por gentileza, em qual parte da minha resposta defendi o nazismo.

        2)”O que lhe faz pensar que ‘me identifico mais com esse lado?'”, lhe pergunto eu. Possivelmente o fato de discordar de você?

        3)Ao sugerir, em seu texto, que conservadores como Trump, Musk, Olavo de Carvalho e seus apoiadores sejam nazistas você comete crime de injúria, desinforma, presta um desserviço aos seus seguidores. Comportamento típico de comunista, por isso minha suposição – segundo você, muito equivocada.

        4) Lamento profundamente pela trágica história de sua família e desejo que esse trauma de gerações seja superado por meio de práticas elevadas e bem intencionadas, atingindo-se a mais clara visão da verdade última, até que por fim todo registro de dor se dilua e desapareça para que se tenha paz e libertação.

  3. Estava indo bem até citar o saudoso professor e filósofo Olavo de Carvalho, de forma pejorativa. Lamentável.

    1. O terraplanista Olavo de Carvalho não era filósofo. Filósofos são pessoas que estudaram filosofia num curso universitário, coisa que esse negacionista da ciência nunca fez. É mais uma usurpação de uma pessoa que viveu a vida pretendendo saber e ensinar coisas que desconhecida, soltando grosserias e insultos aos quatro ventos. Você dá mesmo crédito a uma pessoa que achava que os africanos são inferiores e que a mudança climática é uma farsa criada por organizações internacionais para controlar o mundo, Paulo? Você concorda com isso?

  4. Que texto maravilhoso! Posicionamento crítico diante da realidade, respeito a espiritualidade e a diversidade de formas de vida na Terra. Precisamos encontrar modos mais amorosos de coexistir neste planeta e realmente creio que podemos encontrar na espiritualidade estruturada, na visão crítica no espaço que ocupamos no mundo e no discernimento sobre o impacto das nossas ações em todas as formas de vida um caminho para tal. Grata pela partilha da sua visão de mundo, cheia de referências e aberta ao diálogo. Parabéns Professor pela escrita leve, cativante e profunda.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *