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O Caminho Espiritual não precisa ser árduo

Quando viajam para algum lugar, as pessoas apreciam diferentes coisas ao longo do caminho, sem perder de vista o destino final. Com relação ao auto-conhecimento, não é preciso ser diferente. A beleza dessa busca está não apenas no destino a ser alcançado, pois o caminho também é bonito

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Quando viajam para algum lugar, as pessoas apreciam diferentes coisas ao longo do caminho, sem perder de vista o destino final. Com relação ao auto-conhecimento, não é preciso ser diferente. A beleza dessa busca está não apenas no destino a ser alcançado, pois o caminho também é bonito.

É como dirigir pelas montanhas rochosas ou peregrinar no Himalaya. Há quatro centros de peregrinação no Himalaya ? Badrinath, Kedaranath, Gangotri e Yamunotri ? aos quais muitos devotos vão, sendo essa uma das ações que devem ser realizadas na vida de um hindu. Badrinath, para considerar uma delas, situa-se em um vale de grande beleza, mas o caminho para Badrinath é igualmente belo.


Templo Yogdhyan Badri, no caminho de Badrinath

Freqüentemente se diz que o caminho espiritual é extremamente árduo. Mas, se você realmente compreende o que ‘espiritual’ significa, você perceberá que não há nada árduo com relação a esse caminho. O que há de árduo em ouvir constantemente que você é ilimitado, ananda?

O caminho espiritual também tem sido comparado a uma navalha: ‘não pare; seja muito cuidadoso! Um passo em falso e a queda será grande. Quanto mais alto for, pior será a queda!’ Se você for até um pináculo e escorregar, dificilmente sobrará algum osso para contar a sua história. Assim como poderão ser feitos os ritos finais para você? Mas essa conversa baseia-se no pressuposto de que há algo a ser realizado. Na realidade, há apenas algo a ser compreendido.

Se o objetivo é ananda, completude, felicidade, como pode o caminho até lá ser desprazeroso? Até onde você entende, o caminho é ananda. O caminho é ananda e os dois lados são ananda. Não há nenhum momento sem graça, como na peregrinação a uma montanha. Enquanto anda pelas trilhas das encostas, cada uma das inúmeras curvas revela uma nova paisagem, um novo vale, um novo cenário.

Uma hora o Ganges estará viajando junto, ao seu lado; em outro momento, ele terá deixado você bem para trás. Mais à frente, você o encontrará de novo ao seu lado. Às vezes ele está lá embaixo. Às vezes está brincando. Às vezes está rugindo. As próprias montanhas apresentam novas visões: às vezes são carecas, às vezes verdes, às vezes vestem gorros brancos de neve.

Monte Nilakantha, no caminho de Badrinath

Do mesmo modo, o caminho para o auto-conhecimento não é árduo. O próprio caminho é prazeroso e o final é o próprio prazer. Ao contrário do que muitas vezes ouvimos, o caminho não é mais difícil no início e prazeroso só mais à frente ou prazeroso no começo e penoso depois.

Às vezes se diz que o caminho espiritual é amargo no começo e prazeroso depois, enquanto que o caminho material é prazeroso no começo e amargo mais à frente. Mas… será realmente esse o caso? Não será o caminho material sempre um problema, no começo, no meio e também mais adiante?

Traduzido pelo yogi Germano Glufke Reis da obra Bhagavadgita, Home study course, capítulo 4, pp. 54 ? 55.

Swāmi Dayānanda Saraswatī (1930-2015) ensinou a sabedoria tradicional do Vedanta por cinco décadas, na Índia e em todo o mundo. Seu sucesso como professor é evidente no sucesso dos seus alunos: mais de 100 deles são agora Swāmis, altamente respeitados como estudiosos e professores.

Dentro da comunidade hindu, ele trabalhou para criar harmonia, fundando o Hindu Dharma Acharya Sabha, onde chefes de diferentes seitas podem se reunir para aprender uns com os outros.

Na comunidade religiosa maior, ele também fez grandes progressos em direção à cooperação, convocando o primeiro Congresso Mundial para a Preservação da Diversidade Religiosa.

No entanto, o trabalho de Swāmi Dayānanda não se limitou à comunidade religiosa. Ele é o fundador e um membro executivo ativo do All India Movement (AIM) for Seva.

Desde 2000, a AIM vem trazendo assistência médica, educação, alimentação e infraestrutura para as pessoas que vivem nas áreas mais remotas da Índia.

Havendo crescido em uma pequena vila rural, ele próprio entendeu os desafios particulares de acessar a ajuda enfrentada por pessoas de fora das cidades. Hoje, o AIM for Seva estima ter ajudado mais de dois milhões de pessoas necessitadas em todo o território indiano.

aculturação

A Aculturação do Yoga

Pedro Kupfer em Conheça, Sociedade
  ·   12 minutos de leitura

3 respostas para “O Caminho Espiritual não precisa ser árduo”

  1. Gostei muito do artigo sobre o caminho. Concordo plenamente, porque, quando buscamos nosso ser essencial, tudo o que aparece tem a ver com o que estamos almejando. Mesmo que algo pareça triste ou difícil é porque nós o estamos vendo assim. Conhecer su aprópria grandeza como manifestação divina, como o próprio divino, só pode ser extremamente prazeroso do princípio ao fim. Parabéns pelo artigo e obrigada.
    Namaste!

  2. É lindo este artigo. Penso que se o foco estiver somente no objetivo final perderemos a alegria que o caminhar propicia e tambem a experiencia necessaria para atingir o objetivo. Penso tambem que se o foco estiver totalmente no objetivo, em algum momento poderemos perder a energia necessaria para seguir o caminho, porque nao sabemos quando atingiremos o objetivo, nesta vida ou em outras…

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