Para mim, é um prazer falar sobre essa técnica maravilhosa de massagem que é tão ligada ao Yoga e ao mesmo tempo tem uma imagem tão distorcida aqui no Brasil.
Thai vem de Thailand. Sim, a massagem tailandesa de verdade é bem parecida com uma aula de Yoga. Fica clara essa influência nas posições e movimentos de extensão.
Suas origens estão na Índia, assim como o Yoga, e também no Budismo, cuja filosofia permeia todo o trabalho de Thai. Nas raízes dessa massagem milenar vamos encontrar também influências da medicina ayurvêdica e chinesa.
Seu fundador foi um médico indiano contemporâneo de Buddha, Jivaka Kumar Bhaccha (na Tailândia, Dr. Shivago Komarpaj), que é mencionado nas antigas escrituras (Pali Canon) do Theravada Buddhism.
É conhecida como massagem antiga (e que cura), com o nome de Nuad Borarn. A palavra Borarn deriva do sânscrito Purána, que significa “antigo e sagrado”. Através dos anos, esse conhecimento foi transmitido oralmente (Parámpará), pois quando a Tailândia foi dominada pelos burmeses, em 1767, e a capital Ayutthia foi destruída, muitos textos antigos e sagrados (inclusive os de Nuad Borarn) foram perdidos. Em 1832, o rei Rama III tinha a melhor coleção de textos salvos, escritos em pedra, que foram colocados nas paredes do Templo Phra Chetuphon, mais conhecido como Wat Po, e lá estão até hoje gravadas 60 posições, 30 mostrando a frente do corpo e as demais mostrando as costas.
Estão ali também as linhas de energia (Sen, em Thai) e os pontos de terapia (onde se usa pressão) ao longo das linhas. Thai massagem não é baseada num sistema ocidental de anatomia. É baseada em energia, prána, que é o fundamento de todas as técnicas orientais de cura. No corpo humano, essa energia flui por uma rede de canais ou linhas Sen, nádís ou meridianos. A saúde é o equilíbrio e a harmonia dessas energias em nosso corpo.
Além disso, a saúde é vista como um estado de vitalidade, força e paz interior. Esse trabalho combina massagem nos pontos e linhas de energia, alongamento, torções e meditação. Assim como no Yoga, a Thai reconhece 72.000 canais de energia, ou nádís.
As mais importantes são: Sen Sumana (Sushumná), Sen Ittha (Idá) e Sen Pingkala (Pingalá). Todas as linhas são importantes, mas essas afetam mais diretamente todo o nosso sistema energético, e estão diretamente ligadas aos Chakras (centros vitais) mais importantes.
Thai massagem é um dos quatro ramos da medicina tailandesa. Os outros três são ligados à cura com ervas, dietas e práticas espirituais, como a meditação.
Profundamente ligada ao Budismo que florescia na época, a Thai é um caminho para se cultivar os quatro estados divinos dessa filosofia: Metta (bondade amorosa), Karuna (compaixão), Mudita (alegria contagiante) e Uppekha (eqüanimidade, imparcialidade, não agressão).
É assim que se trabalha quando se aplica uma Thai: em estado meditativo, fluindo como uma dança, com seu ritmo divino, aprofundando a conexão corpo, mente e espírito. Os efeitos são como no Yoga: aumento da energia vital, alívio das tensões, liberação da energia estagnada, aumento de flexibilidade nas articulações, alongamento dos músculos, relaxamento e sensação de paz e equilíbrio.
Chamo de Thai Yoga ® o trabalho que combina as duas coisas: práticas de Yoga e Thai massagem.
Há necessidade de se fazer pránáyáma todos os dias, por exemplo. Também alguns ásanas e bandhas. Meditação e mantras complementam e harmonizam seu sádhana. Tudo deve estar incorporado, digamos assim, a uma quase rotina… Sim, pois nada é simplesmente rotina. O sádhaka deve estar atento às mudanças que surgem no caminho natural e espontâneo da Shakti. O movimento da vida, a dança de Shiva manifestada. Assim, as práticas vão se alternando (Yoga-Thai-Yoga…) e se adaptando ao momento de cada aluno.
A Thai massagem também é conhecida como “Yoga do preguiçoso”, ou Yoga passivo, pois os resultados são muito semelhantes. Vale experimentar!
Visite o website da professora Tania Sturzenegger em www.yogamala.org/tania