Meditação, Pratique

Antar Mauna — Meditação no Silêncio Interior, Estágio III

Voluntariamente, você deixa surgir, observa e elimina pensamentos e impressões latentes. Isto desenvolve a capacidade de auto-análise.

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antar mauna

Tempo: 30 a 40 minutos
Nível: Intermediário

Sinopse: voluntariamente, você deixa surgir, observa e elimina pensamentos e impressões latentes. Isso desenvolve a capacidade de auto-análise.

Neste terceiro estágio do antar mauna você desenvolve a capacidade de auto-análise e aprende a sequenciar os pensamentos, para dar comando e direção à sua mente.

Após várias seqüências de pensamentos voluntários, intercala-se um período de observação da tela mental.

॥ हरिः ॐ ॥

Roteiro do terceiro estágio do antar mauna

Sente na sua posição preferida, mantendo as costas eretas. Inspire profundamente e vocalize o mantra Oṁ durante três  fôlegos: Oṁ, Oṁ, Oṁ.

A prática de antar mauna começa aqui. Consciência total no seu corpo físico. No seu corpo inteiro e na posição sentada. 

Tome consciência da sua espinha dorsal, que está perfeitamente ereta, sustentando o pescoço e a cabeça.

Tome consciência da posição equilibrada dos braços e pernas. Consciência total no seu corpo inteiro. Seu corpo inteiro, dos pés à cabeça.

Agora visualize o exterior do corpo. Como se você estivesse se vendo num espelho. Veja seu corpo na posição de meditação.

Pela frente. Pelo lado direito. Pelo lado esquerdo. Por trás. Por cima. E depois, de todos os lados ao mesmo tempo.

Esteja consciente do corpo. Atenção total no seu corpo inteiro. Seu corpo inteiro, como uma unidade.

Depois, imagine-se como se estivesse crescendo desde o chão. Como uma árvore. Suas pernas são as raízes da árvore. O resto do corpo é o tronco. Você está crescendo a partir do chão, fixando-se no chão. 

Absolutamente estável. Absolutamente imóvel. Como se fosse uma árvore enorme e forte. Perceba-se, vivencie-se crescendo a partir do chão.

Fixando-se no chão. Unindo-se com o chão. Você está absolutamente estável. Absolutamente imóvel.

Tome consciência das sensações físicas que o seu corpo experimenta. Consciência total em todas as sensações físicas.

Permita que estas sensações se transformem num foco para o seu pensamento. Atenção total. Concientize-se das partes do corpo, começando pela cabeça. 

Visualize a sua cabeça e mantenha consciência total nela. Faça o mesmo com o pescoço. Com o ombro esquerdo. Com o braço direito. Com o braço esquerdo.

Com a mão direita. Com a mão esquerda. Permaneça consciente das costas inteiras. Do peito. Do abdômen. 

Do glúteo direito. Do glúteo esquerdo. Mantenha-se consciente da perna direita. Da perna esquerda. Do pé direito. Do pé esquerdo.

E depois, do corpo inteiro. Permaneça consciente do corpo inteiro, de uma só vez. Intensifique a consciência do corpo.

Faça agora um saṅkalpa: tome a resolução de permanecer absolutamente estável e imóvel durante toda a prática.

Repita mentalmente: “durante toda a prática fico absolutamente estável, absolutamente imóvel. Absolutamente estável e imóvel.”.

Fique atento aos sinais de desconforto do corpo. Consciência total em todos os sinais de desconforto: dor, coceira, formigamento, necessidade de deglutir saliva, o que for.

E permaneça absolutamente firme e imóvel. Firme e imóvel, porém totalmente descontraído. Firme e imóvel, porém totalmente relaxado. 

Quando você se prepara para permanecer atento e evitar todo e qualquer movimento, o corpo permanece imóvel e rígido como uma estátua. E você percebe uma sensação de leveza e alívio. 

Se houver algum movimento inconsciente, tome consciência desse movimento. Torne-o consciente. Consciência total no corpo e na estabilidade.

Consciência total no corpo e na imobilidade. Seu corpo está totalmente estável e imóvel. Absolutamente firme e descontraído. Esta é a forma da sua consciência agora.

Você está preparado para manter esse estado. Sinta seu corpo ficando mais e mais firme. Tão firme que, depois de algum tempo, você não consegue mais se mexer.

Consciência total no corpo e na firmeza. Consciência total no corpo e no conforto dessa quietude.

Seu corpo está absolutamente firme, porém, perfeitamente descontraído e relaxado. Absolutamente imóvel. Observe-se, praticando antar mauna.

Ao manter a atenção centrada, você sente o seu corpo ficar cada vez mais leve, cada vez mais sutil. Tão leve e sutil, que a consciência do corpo, agora, desaparece.

A consciência do corpo desaparece. Este é o momento para trazer a sua atenção para o fluxo dos pensamentos. 

Fique ciente de cada pensamento. Pense no que você está pensando. Seja testemunha dos seus próprios pensamentos.

Observe o seu apego aos pensamentos, e como esse apego produz ainda mais pensamentos. Permita que a sua mente pense o que for; apenas observe-se. Seja testemunha.

Escolha agora um pensamento que se destaque dos demais. Observe-o. Fique consciente de todos os pensamentos que surgem a partir daquele.

Focalize a atenção nessa seqüência. Não permita que apareçam pensamentos alheios a ela. Mantenha a atenção nela. 

Perceba ao mesmo tempo que você é diferente daquilo que a mente pensa. Os pensamentos se sucedem numa sequência.

Você é a quietude que observa. Repare no espaço que existe entre você, como o observador, e aquilo que está a ser observado agora. 

Ao concluir a seqüência, escolha outro pensamento e permita que uma nova seqüência comece a partir daquele.

Escolha preferentemente pensamentos negativos, que estejam associados a alguma carga emocional.

Ao concluir essa seqüência, escolha outro pensamento e observe outra seqüência começando a partir dele. 

Escolha preferentemente pensamentos que estejam associados a alguma carga emocional. Observe-se.

Ao concluir essa seqüência, escolha outro pensamento e perceba como, naturalmente, outra seqüência de pensamentos começa a partir daquele. 

Porém, mantenha-se sempre distante desses conteúdos, sejam do tipo que for. Cultive o desapego em relação a qualquer pensamento ou emoção que possam surgir. 

Agora tome consciência de cidākaśa, a tela mental à frente dos seus olhos fechados. Este é o lugar onde acontecem as visões subconscientes.

Fique atento a quaisquer imagens mentais que possam manifestar-se. Seja testemunha.

Mesmo que não surja nenhuma visão, continue contemplando a sua tela mental.

Coloque a atenção no fluxo dos pensamentos. Pense no que você está pensando. Sinta o que você está sentindo.

Continue criando e descartando pensamentos. Dê preferência aos pensamentos negativos. Apenas observe-os. 

Observe como eles surgem espontaneamente. Detenha-se num pensamento que se destaque dos demais. Preste atenção aos pensamentos que surgem a partir daquele.

Ao concluir essa seqüência, escolha outro pensamento e observe outra seqüência começando. Mantenha-se sempre distante, sempre com o observador. 

Torne a contemplar o cidākaśa, o espaço vazio frente aos seus olhos fechados.

Cidākaśa é o espaço para a manifestação de todos os conteúdos da psiquê. Observe e seja testemunha das visões que possam manifestar-se. 

Coloque a consciência nos pensamentos que possam surgir em forma de imagens.

Continue observando como os pensamentos surgem e naturalmente desaparecem, sem identificar-se ou envolver-se com eles. 

Apenas observe-os. Veja como surgem uns dos outros. Agora escolha apenas um pensamento. Fique consciente de todos os pensamentos que surgem a partir daquele.

Focalize a atenção nessa seqüência. Não permita que apareçam pensamentos alheios a essa seqüência. Mantenha a consciência fixa nela.

Ao concluir a seqüência, escolha outro pensamento e permita que uma nova seqüência comece a partir dele.

Traga a sua consciência para o cidākaśa, a tela mental. Observe as visões que possam surgir, sem apegar-se a elas. 

Coloque a atenção no fluxo do pensamento. Escolha um pensamento. Fique ciente de todos os pensamentos que surgem a partir dele.

Focalize a atenção nessa seqüência. Depois, escolha outro pensamento e permita que uma nova seqüência comece a partir dele.

Agora tome consciência de cidākaśa, a tela mental à frente dos seus olhos fechados. Fique atento a quaisquer visões que possam surgir.

Observe-se observando a sua tela mental. Permaneça com a testemunha, a pessoa calma e pacífica que você essencialmente é.

Neste momento, comece a exteriorizar a atenção. Observe os sons à sua volta. Observe a sua respiração.

Fique atento ao momento presente, observe o seu coração, em paz. Observe a sua mente, em silêncio.

Tome consciência do efeito da prática, do āsana em que você está sentado, da sala.

Então, movimente-se devagar. Volte sem pressa nenhuma. Abra os olhos. A prática de antar mauna está completa. Oṁ śāntiḥ śāntiḥ śāntiḥ.

antar mauna

Como usar este roteiro do antar mauna?

O texto acima pode usar-se como modelo de elocução. Você estuda a técnica e grava a sua própria voz, lendo pausadamente (uma frase a cada quatro segundos, aproximadamente).

Outra opção é fazer pequenos grupos de meditação com seus amigos, onde cada um pode usar os textos como orientação para dar a prática para os outros.

Se você for professor de Yoga, poderá igualmente usar essa prática nas suas aulas, tomando o cuidado de escolher a técnica mais adequada para cada pessoa ou grupo.

॥ हरिः ॐ ॥

Pratique também o primeiro e o segundo
estágios do antar mauna  aquiaqui.

॥ हरिः ॐ ॥

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Pedro nasceu no Uruguai, 58 anos atrás. Conheceu o Yoga na adolescência e pratica desde então. Aprecia o o Yoga mais como uma visão do mundo que inclui um estilo de vida, do que uma simples prática. Escreveu e traduziu 10 livros sobre Yoga, além de editar as revistas Yoga Journal e Cadernos de Yoga e o site yoga.pro.br. Para continuar seu aprendizado, visita à Índia regularmente há mais de três décadas.
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5 respostas para “Antar Mauna — Meditação no Silêncio Interior, Estágio III”

  1. Já pratico meditação há dois anos e nunca havia entrado no profundo estado de meditação em que consegui seguindo essa prática do antar mouna aqui apresentado.

    Estou extasiada! Muito grata, pois esse site tem me ajudado enormemente.

    Abraços,
    Marta.

    1. olá Marta, Pedro…gostaria de saber qauntos mêses fico praticando cada estagio antes de passar para o proximo?obrigado

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