Uma amiga contou-me que abandonou a prática de Yoga que acontece no seu condomínio, pois logo que chegava em casa aquele estado de harmonia e equilíbrio colhido durante a prática ia-se embora com facilidade. Contou-me que outras alunas que em sua companhia praticavam também abandonaram a prática pelo mesmo motivo.
O dia-a-dia da dona de casa acumula camadas e camadas de tarefas que, quer queira-se ou não, dão causa a uma grande sobrecarga. Para piorar a situação, esse peso é ainda combinado muitas vezes com a necessidade de trabalhar fora. Levar os filhos à escola, à aula de inglês ou à natação, jungido aos conflitos familiares que inesperada mas inevitavelmente surgem, acontece com todos e em todos os lares. Porém, chegar a ponto de abandonar a prática de Yoga por causa destes reveses passageiros ou porque o ambiente doméstico parece piorar quando se retorna ao lar após a prática, é um ponto a se analisar.
A função da prática do Yoga jamais é trazer discórdia e desunião entre os humanos e à família, muito pelo contrário; mas, sim tornar os seres mais próximos, conscientes de seus atos e libertos de qualquer condicionamento que possa propagar qualquer tipo de desconforto e desunião. Se por algum motivo, a praticante sente que o ambiente no lar piorou, isso pode significar em verdade que o tema da prática foi mal conduzido.
Talvez fosse o caso de, antes de se decidir por abandonar a prática conversar primeiramente com seus familiares e depois com o professor para expor o que a pessoa sente e o que ocorre quando para casa retornam após a aula, pois assim, os familiares poderiam de um modo sensato procurar compreender a situação.
Por sua vez, o professor de Yoga poderia também de um modo sensato, quem sabe em uma reunião aparte, procurar identificar os anseios e as preocupações de suas alunas, para depois talvez modificar a prática com o objetivo de conduzi-la numa linha mais restaurativa ou relaxante.
É um fato que muita gente se beneficia imensamente das práticas, em todos os locais e situações. Minha amiga ainda me disse que gostaria de praticar em casa, sem a companhia de um professor e outras praticantes. Isso, no entanto, é bem sensato, desde que primeiro aprenda de uma forma condizente como praticar corretamente asanas e pranayamas, para depois relaxar, concentrar-se e ainda saber como aplicar as técnicas necessárias para percorrer o caminho certo em direção à meditação, não dispensando, na medida do possível, a possibilidade de se dedicar à leitura de bons livros voltados à filosofia e à prática. Mesmo assim, uma reciclagem de tempo em tempo é recomendada.
Além disso, não parece ser um motivo razoável e justificável a qualquer praticante abandonar a prática do Yoga só porque aquela vizinha mais extrovertida e “formadora de opinião” no prédio parou de praticar. Pois, mesmo que a praticante pense que só saberá praticar se tiver a companhia das amigas, isto, na verdade, somente estará revelando como está o grau de apego e dependência que nutre pelas pessoas e as coisas efêmeras da vida, não precisando, de modo algum se tornar uma “Maria que vai com as outras”.
Ter seu momento de introspecção através da prática saudável do Yoga somente trará, em longo prazo, grandes frutos àqueles que se dedicam, independendo de qualquer padrão limitador que tenha como intuito desviar os que percorrem o caminho da prática. Harih Om!
Humberto é professor de Yoga em Campinas.
Mantém o excelente blog Yoga em Voga.
Efeitos colaterias… jah que….. da limpeza ….a indiferença de se misturar ao demais…que nao praticam… eh natural… depois que se aprende a tomar agua pura…. como conseguir ingerir agua lamacenta… mas o mundo ordinario…eh um lamaçal… entao…. ou se muda o ambiente… ou muda de ambiente…. para poder assim lograr os objetivos elevados do yoga… agora… o foco que eh a nossa evoluçao… e evoluçao…eh adaptaçao… assim como podemos manter um estado puro interno…se o exterior e tao turbulento e puluido… neste caso… psiquicamente precisa-se criar resistencia… fortalescimento…. para manter-se no estado do Ser.
Om Shanti!
Olá Humberto!
Vou ser bem sincera sobre o que acho das pessoas que desistem pelo motivo que for… Muitas vezes nao é culpa do professor, na minha aula de Yoga mesmo, minha professora é ótima, explicando, incentivando os alunos, fazendo o possível para que todos se sintam bem, e principalmente, entendam os princípios do yoga.
Mas… acho que pessoas que desistem simplesmente não estão preparadas para vivenciar o auto-conhecimento que o yoga proporciona. Acham que é apenas pelo físico, não se concentram nos pranayamas, nem na meditação porque nao conseguem olhar para dentro. São as pessoas que têm dificuldade em fechar os olhos nos ásanas, em se recolher para dentro, em ouvir o coração. Acho que o professor tem sim que insistir, mas a vontade tem que vir do praticante…
Eu, por exemplo, estou afastada das minhas aulas de yoga por dois meses, pois estou com tendinite no joelho e faço só alongamentos agora. Mas não vejo a hora de voltar a praticar pq realmente faz bem e faz falta! Om Shanti Om, e que não desistemos nunca de melhorar nessa vida!
Oi Humberto,
Como uma principiante na prática de Yoga, sinto-me acolhida neste ambiente (yoga.pro), aonde não apenas os sucessos, mas as desventuras em direção ao autoconhecimento são expostos. Eu consigo compreender as dificuldades de SENTIR ou seria LEVAR o bem estar vivido no mat para a conturbada vida cotidiana. Às vezes percebo que aonde mais vivo situações de tensão, mais dificuldade sinto em vivenciar o yoga. Que bom perceber que esta dificuldade não é apenas minha e principalmente que com determinação e adequada orientação e estímulo posso avançar.
Namastê!
Andrea.
Humberto,
Muito bom o seu artigo. Na minha humilde e irrelevante opinião, acho que isso se dá por alguns motivos que patânjali chama de “antarayas”, ou obstaculos limitadores (Yogasutra, I; 30). Mas algum dos principais motivos é o fato de que os professores NEM SEQUER COMENTAM a coisa mais importante no Yoga, que é o foco no Atman (leia-se o “seu EU”, ou mehor ainda: “você”) Toda pratica do yoga disponibiliza formas para o recolhimento dos meios de expressão da mente, para que o “observador” (drastr) situe-se em sua Natureza Original (swarupa), caso contrario, o observador identifica-se com o observado. Como nos mostra claramente e genialmente o senhor Vyasa, yoga = samadhi, logo: PRATICA DE YOGA = PRATICA DE SAMADHI. Tudo bem, vamos imaginar um leigo recem-adentrado no yoga que ainda nem consegue praticar a tecnica chamada “samadhi”. Eu também tenho alunos assim, mas que sabem o que lhes espera, por constante martelação do conhecimento, explicado de diversos angulos e pontos de vista diferente. Um discurso que parece novo, mas é repetitivo. E isso ainda seria bom se fossem so os leigos que não soubessem disso. As pessoas só não se interessam pela filosofia, poruqe os professores não mostram sua importancia. As pessoas so abandonam a pratica, por envolverem-se nas coisas do “corpo-mente”. E a função do real autoconhecimento é justamente des-identificar a pessoa disso. Cabe ao professor, mesmo que não tenha conhecimento teórico para detalhar verbalmente este processo, ou então vivencia pratica para responder questoes e orientar nos detalhes, focar esta pratica de “observação/concetração no EU”. É simples, é so ler os shastras: Veja um excelente Yogasutra gratuito aqui http://www.yogaforum.org/index.asp?lang=por&page;=dw Eu me disponibilizo, para na medida do possivel, responder a perguntar pelo e-mail ou msn. Abraço http://www.shivarajayoga.blogspot.com