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Reformulando a mente

Controlar uma situação significa fazer com que as coisas sejam previsíveis e só assim, então, é que sentiremos que poderemos administrá-las. Se acharmos que não temos o controle, não poderemos agir e então entramos em pânico. Isto é um problema para muitas pessoas.

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Pergunta: Swamiji, quais são algumas maneiras de reformular uma mente que faz juízos [negativos] de valor e de crítica, uma mente à qual você tem se referido como a mente de um “revisor ortográfico”?

O problema aqui é que todo mundo quer agir numa situação já controlada. Nós queremos ter cada situação sob controle, para que seja mais fácil agirmos. Controlar uma situação significa fazer com que as coisas sejam previsíveis e só assim, então, é que sentiremos que poderemos administrá-las. Se acharmos que não temos o controle, não poderemos agir e então entramos em pânico. Isto é um problema para muitas pessoas.

Para essas pessoas, cada situação tem que ser editada e controlada, até mesmo o amor. E uma vez que o controle se foi, elas não podem mais administrar a situação. Quando seus planos não dão certo, entram em pânico porque não sabem como administrar a situação sem ter algum tipo de estrutura. Isto ocorre devido a um problema de infância e faz com que as pessoas lidem com todos de uma forma crítica.

Quando julgamos as pessoas é bem mais fácil lidar com elas, conforme diz o ditado: “Chame um homem de cachorro e então chute-o”, pois, nós administramos as situações a partir do ponto de vista daquele que julga.

Nós podemos sempre nos referir a um julgamento, mas se nós não julgarmos as pessoas, lidar com elas se torna muito difícil, porque continuamos expostos numa situação que nos faz sentir muito vulneráveis e, portanto, desconfortáveis.

Pelo fato de nós querermos sempre estarmos muito certos, nós julgamos as pessoas, categorizamos e rotulamos, pois assim fica mais fácil de lidar com elas.

Em situações do cotidiano, temos às vezes que fazer isso; mas fundamentalmente, se nós julgarmos as pessoassó negativamente e assim as rotularmos, temos um problema. Então, uma pessoa intrinsecamente crítica é aquela pessoa que não está muito certa sobre como lidar com as pessoas como são e acha isso muito difícil de fazê-lo.

Aqueles que são críticos, são também muito críticos sobre si mesmos e por isso julgam os outros e depois agem em conformidade. Eles costumam preencher suas próprias projeções e, em seguida, projetam as suas opiniões e os seus julgamentos sobre os outros.

As pessoas que julgam os outros estão sempre muito certas de que estão corretas, o que é um outro problema, pois não irão mais rever as suas opiniões. Então, elas se apaixonam por seus próprios julgamentos, por assim dizer e, portanto, não querem revê-los, pois somente dessa forma é que elas se sentem seguras.

Aqueles que revisam as suas decisões não são julgadoras/críticas, realmente falando. Em determinadas situações onde você tem que fazer algo, você age, mas você não julga a pessoa para sempre e isto significa que você está aberto. Para as pessoas que são julgadoras/críticas, esta abertura é a vulnerabilidade e então elas continuam julgando.

Criticar os outros é um problema causado por algum tipo de ciúme, algum tipo de intolerância e o problema todo é baseado em uma determinada maneira de olhar para si mesmo. Se eu sou muito inseguro comigo mesmo, então eu sempre procuro situações seguras lá fora, em algumas estruturas em que eu posso agir. Criticar os outros contribui, então, para elevar a baixa auto-estima.

Como eu faço para corrigir este problema ao olhar para a minha auto-estima? Por que eu tenho essa baixa auto-estima? O que é isso que eu não tenho? Assim, nós temos que realizar uma investigação sobre a auto-estima em si e ao invés de tentar melhorar a auto-estima, nós nos perguntamos: “O que é essa baixa auto-estima?”

Há certas coisas que, evidentemente, ajudarão a desenvolver a auto-estima, mas primeiro temos que questionar a baixa auto-estima, “o que é estima e em que base eu me estimo?” Após esta análise, a baixa auto-estima vai simplesmente cair.

Portanto, essa análise deve ser feita constantemente e nós também podemos começar a transmitir o benefício da dúvida para a outra pessoa e permitir que essa pessoa seja o que ele ou ela é. Uma pessoa é uma pessoa dinâmica e, portanto, pode sempre mudar. Além disso, nossa percepção pode estar errada o que, na maioria das vezes, é a nossa própria projeção.

Nós simplesmente projetamos e julgamos sob o nosso próprio ponto de vista, pois nós temos idéias definidas sobre o que é certo e errado e isso nós projetamos sobre as outras pessoas.

Se nós compreendermos essas coisas, temos uma certa base sobre como lidar com as pessoas como elas são. Sabemos que as pessoas não são sempre as mesmas, pois estão continuamente mudando e se nós estivermos prontos para surpresas, então nós não seremos surpreendidos e nem mesmo ficaremos desapontados.

A mente revisora é aquela que está sempre tentando encontrar algum defeito na outra pessoa e isto é o que se entende por crítica. Uma pessoa pode ter algumas virtudes, mas quem critica sempre tenta encontrar os seus defeitos. Na verdade, quem critica acha apenas os defeitos.

Para corrigir isso, deveríamos olhar apenas para as virtudes e então qualquer crítica que apareça é mais equilibrada. Destarte, não há qualquer necessidade que seja para criticar, pois a crítica nada mais é do que a intolerância decorrente de nossos próprios problemas.

Om tat sat!


Satsang com Swami Dayananda Saraswati realizado no Arsha Vidya Gurukulam em Saylorsburg, Pennsylvania, EEUU.

Traduzido por Humberto Meneghin: http://www.yogaemvoga.blogspot.com/.

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Swāmi Dayānanda Saraswatī (1930-2015) ensinou a sabedoria tradicional do Vedanta por cinco décadas, na Índia e em todo o mundo. Seu sucesso como professor é evidente no sucesso dos seus alunos: mais de 100 deles são agora Swāmis, altamente respeitados como estudiosos e professores.

Dentro da comunidade hindu, ele trabalhou para criar harmonia, fundando o Hindu Dharma Acharya Sabha, onde chefes de diferentes seitas podem se reunir para aprender uns com os outros.

Na comunidade religiosa maior, ele também fez grandes progressos em direção à cooperação, convocando o primeiro Congresso Mundial para a Preservação da Diversidade Religiosa.

No entanto, o trabalho de Swāmi Dayānanda não se limitou à comunidade religiosa. Ele é o fundador e um membro executivo ativo do All India Movement (AIM) for Seva.

Desde 2000, a AIM vem trazendo assistência médica, educação, alimentação e infraestrutura para as pessoas que vivem nas áreas mais remotas da Índia.

Havendo crescido em uma pequena vila rural, ele próprio entendeu os desafios particulares de acessar a ajuda enfrentada por pessoas de fora das cidades. Hoje, o AIM for Seva estima ter ajudado mais de dois milhões de pessoas necessitadas em todo o território indiano.

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2 respostas para “Reformulando a mente”

  1. Lí, gostei e concordei. Vivenciar isto é muito complicado, mas séria o ideal para cada indivíduo.

  2. Olá! li e reli esse texto inúmeras vezes, concordo sim que julgamos as pessoas pelo que Elas nos apresentam,
    como saber se estou sendo justa?
    No meu ponto de vista, as atitudes do indivíduo é que me diz sobre seu caráter, tento ser uma pessoa correta em todas as maneiras e nem sempre sou justa.
    Sou do ditado popular que diz ” Sou aquilo que como”.
    Obrigada pela reflexão!

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