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Yoga e Biopoder: Liberdade ou Nacionalismo?

De todas as distopias possíveis relacionadas ao Yoga, a pior que imaginei uns tempos atrás era a da proibição. No entanto, o uso do Yoga como instrumento do biopoder consegue ser ainda mais destrutivo. Havendo passado a adolescência numa ditadura militar opressiva, o panorama mais cruel para mim seria ter que viver num lugar onde […]

· 4 minutos de leitura >
biopoder

De todas as distopias possíveis relacionadas ao Yoga, a pior que imaginei uns tempos atrás era a da proibição. No entanto, o uso do Yoga como instrumento do biopoder consegue ser ainda mais destrutivo.

Havendo passado a adolescência numa ditadura militar opressiva, o panorama mais cruel para mim seria ter que viver num lugar onde o Yoga fosse proibido, como aconteceu na defunta URSS ou acontece atualmente no Afeganistão e na Malásia.

Porém, nada tinha me preparado para o que estamos testemunhando nesse mesmo instante: pior do que proibir o Yoga é torná-lo obrigatório.

Através do Ministério do Yoga e o Ayurveda, o governo indiano introduziu uma modificação fundamental na maneira em que se pratica o Yoga naquele país: o fez mandatório.

Ninguém deveria ser obrigado a praticar. Isso é uma tremenda contradição em relação ao espírito do Yoga pois fere o seu propósito fundamental, que é a liberdade. Haja paradoxo.

Biopoder

A submissão dos corpos através do Yoga é algo muito inovador e recente no uso da medonha ferramenta que Michel Foucault chamou biopouvoir, ou biopoder.

Ele define o biopoder como “As numerosas e diversas técnicas para alcançar a subjugação dos corpos, o “controle das populações” e o “poder sobre a vida”. 

“Isso foi sem dúvida um elemento indispensável no desenvolvimento do capitalismo. Este último não teria sido possível sem a inserção controlada dos corpos nas maquinárias da produção e o ajuste dos fenômenos da população aos processos econômicos”.

O novo Ministério do Yoga e o Ayurveda da Índia exerce atualmente esse biopoder nas escolas, obrigando as crianças e jovens a praticar Yoga mesmo se eles não querem, não pediram e isso for ofensivo para as suas convicções religiosas. O Nepal também obriga as crianças nos colégios a praticar Yoga.

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Você não precisa falar hindi para entender:
apenas olhe para os rostos destas meninas.

Yoga como instrumento de submissão 

Assim, não é de se estranhar que, desde a declaração do Dia Internacional do Yoga pelas Nações Unidas em 2015, as minorias religiosas da Índia tenham passado a sentir-se ameaçadas pela perspectiva de ver-se obrigadas a fazer algo que é contrário às suas convicções. 

Abdul Rahim Qureshi, subsecretário do Conselho Panindiano de Direito Pessoal Muçulmano (All India Muslim Personal Law Board) disse que a decisão do estado de Rajasthan de tornar obrigatória a prática de āsanas e a saudação ao sol “É uma campanha para forçar rituais hindus sobre pessoas que não são hindus”.

O Yogi Adityanath, monje-governador do estado de Uttar Pradesh, disse que as minorias que se opõem ao Yoga deveriam “abandonar o país ou afogar-se no mar”.

O RSS (Rashtriya Swayamsevak Sangh) é uma organização paramilitar de extrema direita e braço ideológico do BJP. Esse partido já foi comparado com as Juventudes Hitlerianas. Lembre-se que Mathuram Godse, o assasino de Mahātma Gandhi, pertenceu ao RSS.

Cabe lembrar também que o atual primeiro ministro indiano também militou no RSS quando jovem.

Pois bem, esse movimento, mais conhecido pela violência explícita contra as minorias e pelos acampamentos de treinamento paramilitar, aprovou um projeto de lei para tornar o Yoga obrigatório nas escolas e universidades da Índia, que tramita atualmente no Congresso. 

O objetivo desses legisladores não é levar mokṣa ou autoconhecimento para o povo, mas submeter os corpos das minorias através do biopoder, com a desculpa de resgatar o glorioso passado espiritual da Índia.

Qualquer indiano de religião cristã, budista, judaica ou islâmica ficaria muito preocupado com essa perspectiva. Nenhum grupo merece nem quer ser manipulado por um estado intolerante. 

Ninguém precisa ser submetido a esse tipo de constrangimento. Muito menos em nome do dharma ou da espiritualidade. 

Yoga para que?

Você pode, se quiser, praticar Yoga para melhorar a sua saúde ou qualidade de vida. Você pode praticar Yoga para conhecer a si mesmo e buscar mokṣa.

Mas você não deveria ter que praticar Yoga para satisfazer às demandas de um grupo de extremistas dementes. 

Imagine se isso acontecesse no Brasil. Ou imagine se no Brasil um partido político impusesse uma prática religiosa sobre toda a população. O que você acha que iria acontecer?

Yoga fundamentalista não é Yoga

O Yoga não pode ser obrigatório. Principalmente quando você o despe da sua natureza real (que claramente transcende as religiões e os dogmas) e o apresenta apenas como uma herança exclusiva da espiritualidade hindu.

Para piorar as coisas ainda mais, o Ministério do Yoga não está promovendo o Yoga por causa do autoconhecimento nem da liberdade, seus objetivos primordiais, mas apenas como um conjunto de práticas nas quais se promove a competição para ver quem se contorce mais. 

Por exemplo, na celebração do último Dia Internacional do Yoga, no passado 21 de junho de 2020, a ênfase do Ministério não foi em levar o Yoga para quem precisa, mas em promover competições e campeonatos de āsana, distribuir milhares e milhares de dólares em prêmios.

Esse dinheiro foi para os blogs das pessoas que fizessem as posturas mais cabeludas. Acredito que esses recursos poderiam ter sido melhor empregados. Isto é Yoga para ricos. E a Índia não é um país rico.

Falsos gurus, biopoderosos

Outro desdobramento da aplicação do biopoder ao Yoga é o surgimento de uma nova geração de falsos gurus, aboletados nos mecanismos do poder, que ao invés de expor o autoconhecimento e mostrar o caminho para a liberdade fazem exatamente o contrário.

Essa nova leva de superstar-gurus é imensamente rica e poderosa, e igualmente altamente intolerante com aqueles que pensam/sentem diferente.

Honestamente, sinto medo quando vejo como apresentam o Yoga e a espiritualidade hindu de maneira tão falsa e distorcida. Isso é ser profundamente injusto com os ṛṣis de outrora.

E olhando para o futuro próximo: qual é a imagem do Yoga que esses líderes estão projetando no mundo inteiro? Será que pessoas de bom-senso irão ter algum interesse no Yoga quando ele é apresentado de forma tão sectária?

Fazendo o jogo dos intolerantes

O pior é que os descolados brancos do ocidente entram inocentemente no jogo e, ao acreditar que defendem algo louvável, apenas reforçam a tirania.

Por exemplo, o PETA, People for the Ethical Treatment of Animals (“Pessoas pelo Tratamento Ético dos Animais”), aplaudiu a decisão do governo indiano de proibir os abatedouros em algumas regiões da Índia. 

O problema é quando as pessoas vinculadas com esses abatedouros, que são na sua maioria dalits (descastados) ou muçulmanos são linchados por grupos paramilitares. 

Há inúmeras razões pelas quais os matadouros do planeta inteiro deveriam ser certamente fechados, mas não ao custo das vidas daqueles que trabalham lá. 

O mesmo vale para muitos professores de Yoga e Vedānta, tanto na Índia como no Brasil, que também entram no jogo perigoso de tentar justificar o injustificável em nome do dharma.

Conclusão

O ocidente não pode permitir-se entrar nesse jogo. Tampouco deveriam fazer isso as ONGs, nem os praticantes e professores de Yoga, Vedānta ou Tantra, nem os amantes da dança ou da música indianas.

É um fato que o mundo seria um lugar melhor se todos praticássemos Yoga e aplicássemos os seus valores no cotidiano. Mas isso não pode ser imposto à força. Enfiar o Yoga pela goela de quem não o deseja fere o princípio áureo da não-violência, ahiṁsā.

Os sincretismos religiosos visíveis para quem anda a pé pela Índia são muito mais policromos do que o RSS quer nos mostrar.

E acredite: a policromia espiritual da Índia real é muito mais bela, rica e interessante do que o mundo monocromático idealizado pelos intolerantes que promovem essa iniciativa.

Como praticantes penso que, no mínimo, precisamos dedicar um pensamento a este tema. Obrigado por nos acompanhar.

॥ हरिः ॐ ॥

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Pedro nasceu no Uruguai, 58 anos atrás. Conheceu o Yoga na adolescência e pratica desde então. Aprecia o o Yoga mais como uma visão do mundo que inclui um estilo de vida, do que uma simples prática. Escreveu e traduziu 10 livros sobre Yoga, além de editar as revistas Yoga Journal e Cadernos de Yoga e o site yoga.pro.br. Para continuar seu aprendizado, visita à Índia regularmente há mais de três décadas.
Biografia completa | Artigos

subhashita

Subhāshitas, Palavras de Sabedoria

Pedro Kupfer em Conheça, Literatura
  ·   1 minutos de leitura

14 respostas para “Yoga e Biopoder: Liberdade ou Nacionalismo?”

  1. Sem dúvida, a obrigação de qualquer coisa enquanto “matéria” ou “currículo” já
    faz parte do nosso sistema pedagógico desde o início do século 20,
    vide a “educação física” nas escolas primárias etc. Lembro ser obrigado
    a jogar futebol ou handebol sem opção paralela, quem dera houvesse yoga:)
    Acredito este ser um “mal” menor na gestão do PM Narendra Modi.
    O radicalismo do Hindutva, BJP a RSS por sua vez, vem a tona desde muitas
    décadas, inclusive com o apoio de instituições como Arsha Vidya Gurukulam do
    Swami Dayananda Saraswati. É a consequência de uma identidade Hindu sufocada
    há muitas décadas pela pauta liberal do Congress Party. Temos, portanto, um
    movimento nacionalista ancorado por tradições ancestrais que tanto prezamos.
    Infelizmente, a mescla de religião e política se faz presente mundo afora.
    A espiritualidade idônea permanece uma escolha individual.

  2. Hola Pedro!
    Respeto mucho tu trabajo, que es increíble, el site está lleno de buenos contenidos. En este artículo hay muchas cosas que no estoy de acuerdo. Me tomo la libertad de comentártelas, ya que creo que tus escritos influencian a mucha gente que te lee.
    He vivido en India durante unos 8 años en total, en el norte y en el Sur. Soy hinduista como tú y conocí a tu Guru ji, Swami Dayananda ji muy de cerca, hasta tuve el honor de cocinarle.
    Si no quieres no publiques mi comentario, mi deseo no es polemizar, sino únicamente comentarte algunas cosas que desde fuera de la India, fuera de la sociedad India, parecen ser ciertas. Desde mi visión como residente en el país, no lo son.
    Es cierto que el Yoga como práctica física es instaurado en la sociedad, pero esta medida no es para generar conversiones al hinduismo, ya que el hinduismo no es proselitista y difícilmente genera conversiones. Desde el punto de vista político, el BJP lo utiliza como una medida para proteger al hinduismo y para dar a conocer el Yoga a nivel internacional. También pretenden instaurar la salud en la población. Las prácticas que realizan no son prácticas religiosas, son una neo-gimnasia. No deberían hacerlo es cierto,las competiciones no tienen una razón de ser. Creo que esta es una distorción en si misma, pero no está relacionado con los ataques a las minorias. Popularizar el Yoga creo que es una herencia de los occidentales, que ha vuelto a la India.

    Narendra Modi es uno de los políticos menos corruptos que la India ha visto, humilde y sincero. Creo que hace mucho por la gente en general.
    Hay una política anti hindú muy muy fuerte. Esta política anti- hinduista está apoyada por grupos islámicos de países del Medio Oriente y por grupos católicos del Sur, que tienen mucho poder económico. Ambos están impulsando varias cosas:
    – Conversiones de hindúes a través de pagos a las personas, o incluso bajo amenazas;
    – Generar mala reputación de los hinduistas ante la comunidad internacional, cuando mencionan que los hindúes persiguen a las minorías;
    – Generar casos de corrupción falsos para desprestigiar a la comunidad hinduista;

    Si bien es cierto que las minorías siempre han sido objeto de persecución, hoy en día estas minorías, en la India, están muy favorecidas, en cuanto a plazas de universidades, puestos de trabajo en el gobierno, por ejemplo en el cuerpo de la policía. Sigue habiendo persecuciones, pero estas son de individuos aislados, problemáticos, fanáticos, que no representan el absoluto a los millones de hindúes de este país. Pero el énfasis mediático siempre va hacia estos individuos o grupos de individuos como representantes de toda una comunidad. Muchas veces estos individuos responden a provocaciones anteriores en su momento histórico presente o la injusticia histórica perpetuada por conflictos religiosos, presente en la memoria de sus ancestros. Esa no es la mentalidad yogi, el ser vengativo, pero no todos los hindúes son yogis.
    Las amenazas de estas minorías a los hindúes, en concreto de los musulmanes a los hindúes son gravísimas: “vamos a terminar de conquistar India”, no olvidemos que “hay que dar muerte a los infieles”, “muerte a todos los que no adoran a Allah”, entre otras amenazas directas en los medios de comunicación. El clima de instabilidad, sobretodo en Kerala es muy alto. El gobierno favorece enormemente a las mezquitas y a las iglesias y en cambio, los templos hindúes, los sacerdotes y sus familias no merecen apoyo, salvo que aporten dinero a las arcas del estado comunista. Hay constante peloteo de críticas interreligiosas y una convivencia difícil. Hace 80 años, los musulmanes generaron conversiones forzosas a través de asesinatos y violaciones en la zona de Mallapuram y los hindúes no lo han olvidado.
    Hablar del RSS como un grupo paramilitar, personalmente, creo que es erróneo. Es un grupo militante hinduista que ha tenido sus errores y sus aciertos, que fue prohibido durante la época colonial, y que tiene su razón de ser. El asesino de Gandhi era un individuo trastornado, no representa el RSS en absoluto.
    En confidencia, si no hay una mano fuerte que impida que el Islam y el catolicismo avance en la India, la India como la conocemos hoy, y como la hemos conocido hace 10 o 20 años no existirá.
    No olvidemos que la India, abrió la puerta a los primeros musulmanes, e incluso les ha permitido establecerse y construir sus templos. El Hinduismo siempre ha sido la religión de la pluralidad y de la aceptación. Los diferentes dioses y visiones religiosas son también el resultado de una amalgama de pensamientos, a veces divergentes, pero que básicamente, han convivido en paz.
    Pensar en una democracia tan extensa como la India bajo los mismos parámetros occidentales, es conflictivo. Aquí todo tiene otra lectura. Nadie entiende la libertad como nosotros, los occidentales. La democracia aquí, está lejos de poder ser instaurada de forma real.
    Gracias Pedro por tus aportaciones, me gusta mucho leerte.
    Un saludo

    1. ??????????????????
      Viva á Yoga ! Viva á Hatha Yoga, Bhakti Yoga, Jnana yoga, Raja Yoga, Kriya Yoga. From Brasil??????

  3. Agradeço ao Carlos Barbosa, ao André de Rose, ao Pedro Kupfer, ao João Carlos Gonçalves e a vários outros mentores que me ajudaram com seus conhecimentos. Lhes dou valor e sigo com respeito seus ensinamentos, pois, sinto em vocês uma força grande de simplicidade e verdade, que supera o próprio ego e ajuda a superar o meu e poder aprender a servir cada vez mais. Saudações.

  4. Olá Pedro.
    Parabéns pelo texto!
    Fico triste de como estão usando o Yoga como forma de opressão na Índia mas tenho impressão que isso já acontece a bastante tempo.
    Quanto aos gurus superstars e a competição de quem se contorce mais, tenho visto desde que comecei a praticar nos anos oitenta.
    Obrigada por escrever tudo isso de forma tão clara e concisa.
    Um abraço.

  5. Parabéns, Pedro.
    Excelente artigo!
    De fato, alguma coisa está errada quando uma imposição legislativa atropela, sem justificativa, os direitos fundamentais de uma parcela da população. Faço votos de que essa legislação não seja aprovada pelo parlamento indiano.
    Um abraço.

  6. Eu acho bem que o ioga pudesse ser uma disciplina como a ginástica nos liceus. O ioga é uma ginástica, não é uma religião. Não vejo como poderá fazer mal ter mais controle sobre si. Por outro lado não percebo e não esclarecem o que é o biopoder. Parece um statement religioso. Se tiver consistência parece uma má utilização duma técnica. a favor dum interesse particular. Mas isso depende das pessoas . Cabe a cada um escolher as companhias. O chato é que as crianças são muito influenciáveis e fácilmente manipuláveis. Isso é que é inadmissível.

    1. Olá José.

      Obrigado pela mensagem.

      A definição de biopoder aparece no texto, nas palavras do próprio Michel Foucault, que foi quem cunhou o neologismo biopouvoir, ou biopoder.

      Ele define o biopoder como “As numerosas e diversas técnicas para alcançar a subjugação dos corpos, o “controle das populações” e o “poder sobre a vida”.

      “Isso foi sem dúvida um elemento indispensável no desenvolvimento do capitalismo. Este último não teria sido possível sem a inserção controlada dos corpos nas maquinárias da produção e o ajuste dos fenômenos da população aos processos econômicos”.

  7. Primeiro gostaria de dizer que admiro muito seu trabalho e sua pessoa André, como pesquisador e professor, mas neste caso acho, com todo respeito, data vênia, como costuma se dizer no direito quando se discorda de uma colocação, a análise preliminar entendo meio exagerada e talvez anacrônica.

  8. Harih om my friends ! Legal essa relação do yoga com microfísica do poder de Foucault, e incrível como uma praxis desenhada para ser libertadora pode ser distorcida para gerar mais alienação, muito embora pelo teor do conteúdo possa ser um tiro no pé das agências de controle, vai que o povo realmente se conecta com o biopoder original e inverte o jogo? Como diz um amigo meu hunikuim, hoje em dia pode tudo, e as consequências disso a gente vê com o tempo. Abraço a vocês e vamos seguindo orando e vigiando, discretos e silenciosos, cultivando rebeldia e subversividade com amor e carinho.

    1. Isso! Pensei a mesma coisa!
      Mesmo que com a prática apenas da Hatha Yoga( yoga do físico), os estudantes vão sentir os deliciosos benefícios para saúde do corpo e sentirão mais serenidade, desenvolverão flexibilidade, equilíbrio e auto-confiança. Yoga é libertação, mesmo que tentem dizer o contrário! Só sabe quem pratica!????

  9. Pedro gostei muito do seu artigo. Lucido, claro e direto na jugular.

    Como diria Roland Barthes o “fascismo não é impedir de dizer, é obrigar a dizer”
    Aplicando-se ao yoga, podemos dizer que são tempos amplamente fascistas, esses que estamos vivendo.

    Também comento com frequência com meus amigos e alunos, sobre uma possível proibição à prática aqui no Brasil, acho uma possibilidade distante, mas bem plausível.
    Contudo eu acho que esta imposição do Mantri Modi, chegou atrasada quase 100 anos!
    Isso já foi tentado antes por Manikrao, Gandhi, Nehru, Kuvalayānanda e Aurobindu. Que procuraram levar adiante, um projeto nacionalista anticolonial, elaborado pelo Kuvalayānanda na década de 1920. Baseado num movimento análogo ao cristianismo muscular do Thomas Hughes e Theodore Roosevelt.

    Também não me surpreende que Modi esteja ligado ao RSS, uma vez que muitos Yoginas famosos também estavam ligados a movimentos revolucionários extremistas na década de 1930, como o Jugantar fundado pelo Aurobindu, com o intuito de produzir ataques a bomba e tentativas de assassinatos em série contra o Raj Britânico. E ele não foi o único…

    Levando em conta que os primeiros Yogis eram fisiculturistas e muito do Yoga moderno foi inventado (literalmente para inglês ver), para que hoje, possamos ter Yoginas e Yoginis discursando sobre “espiritualidade com o pé atras do pescoço”, eu digo apenas; que demorou a acontecer!

    Isso é uma lástima! Realmente não sei o que seria pior neste cenário apocalíptico que estamos vivendo, ver o Yoga sendo proibido ou compulsório…

    Acertou em cheio usando a ilustração do post com a imagem do Flautista de Hamelin feito pela artista Kate Greenaway, adoro a arte dela.

    Super abraço a você Pedro

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