Quando olhamos para nós mesmos ao espelho, ou para a pessoa ao nosso lado, podemos nos perguntar: Em meio a essa materialidade óbvia que vejo, que se movimenta, argumenta, gesticula, onde está o que o anima, a anima, a alma? Em meio a tanta diversidade de cor, língua, credo, onde está a essência, o que é comum a qualquer ser humano.
Da mesma maneira, podemos nos perguntar, em meio a toda essa diversidade de rótulos, onde está o Yoga? Onde está a essência dessa filosofia, desse modo de vida, dessa visão de mundo que se faz cada dia mais popular e, podemos dizer, em moda no ocidente?
Diz-se que os olhos são espelhos da alma. Ou seja, que neles a alma é refletida. Mas não apenas isso, os olhos refletem a alma, mas, como espelhos, eles refletem também a alma por trás dos olhos que estão à sua frente. Realmente quando olhamos nos olhos de outra pessoa, se estivermos de olhos realmente abertos, vemos muito mais do que a materialidade ali posta. Vemos tanto a profundidade do ser, o fundo do lago, como também vemo-nos refletido em sua superfície. É um jogo de espelhos postos um a frente do outro, no qual, se prestarmos refinada atenção, vemos o infinito. O infinito é a essência.
Com o Yoga não é diferente. Acredito que a sua essência está nos olhos de quem olha. Se ela está nos nossos olhos, a vemos em tudo, na diversidade, na aparente superficialidade. Se o Yoga não está nos nossos olhos, não conseguimos vê-lo em lugar algum, nem mesmo no seu berço, a Índia. Se está, conseguimos vê-lo, inclusive, em atitudes de pessoas que sequer o conhecem. Se o Yoga está nos meus olhos, no meu coração, na minha alma não há lugar onde não possa estar. Os rótulos, reduções, divisões são reflexos do contexto no qual o Yoga está se inserindo. Uma sociedade que divide, classifica, rotula, torna qualquer coisa mercadoria, não poderia fazer diferente com o Yoga.
O que faz ou não com que os diversos yogas sejam Yoga são os nossos olhos, a nossa atitude frente a eles. Acredito que existam práticas e professores que têm maior poder de fazer-nos abrir os olhos e outras de atrair e conservar muitos míopes. Mas quem realmente deseja e tem olhos para enxergar, em qualquer uma dessas práticas, terá a possibilidade de desenvolver novas formas de se ver, de ver o mundo e de se ver no mundo. E talvez ela descubra que dentro desse seu novo ponto de vista, aquela prática que lhe abriu os olhos para muitas coisas não faz mais sentido. Daí, ele procurará outra.
Medalhão da esencia e virtude
Tales, ler os textos/artigos escritos por você faz com que meus olhos olhem cada vez mais para dentro, do que para fora. Hari Om!
Obrigada.