Se o caminhante tem as pernas frágeis para tão longo e duro caminho, deve fortalecê-las antes de começar a andar.
Quanto os Mestres aconselham: “pratiquem tapas”, estão querendo salvar os caminhantes de uma provável derrota.
Eles têm visto muitos, que partiram afoitos e foram batidos pelas árduas provas na estrada.
A estrada não é para os que cedem às fadigas, aos desconfortos, às ciladas, aos desafios, às barreiras…
A estrada não é para os indisciplinados, para os que amam o conforto, para os entregues aos prazeres sensuais, para dengosos e lânguidos, para mofinos e covardes…
Tapasya
O yogin, praticando tapas, queima, no fogo da austeridade, as sementes da impureza. E se defende de todos os cansaços, desânimos, preguiças, fossos e fossas.
Sem discernimento (viveka), a prática de tapas degenera em ascetismo masoquista, em mortificações e em auto-agressões que danificaram o corpo e a mente de tantos religiosos do passado.
Tapas é para dar ao corpo higidez, energia e resistência e para prolongar-lhe juventude e vida. Para isso é que o Hatha Yoga foi pelos mestres ensinado.
Haṭha Yoga é para aprimorar o corpo como um instrumento, mas os vaidosos usam-no com fins narcísicos. Tapas não é para maltratar o organismo. Não é para desenvolver faquirismo ou doenças mortais.
Entre o sibarita, distraído nos prazeres de cama e mesa, se corrompendo e diluindo as forças, e o asceta masoquista agredindo o corpo com autoflagelação, tapas é o ‘caminho do meio’, do equilíbrio e da dignificação.
Para o yogin, o ‘corpo é o templo do Espírito Santo’. Tapas conserta, aprimora e purifica o templo. É obrigação de todo devoto, seja qual for a religião.
Pobre do yogin que teme e detesta a dor. O ignorante não sabe que a dor leciona, retifica, desperta, desafia a crescer, fortalece e liberta.
Diante da dor, o yogin não tenta fugir nem se rebela. Tudo ele faz no sentido de evitá-la, e, atendendo às sábias leis da Natureza, procura minorá-la.
Efetivamente, os analgésicos reduzem ou disfarçam a dor superficial. Mas, e a dor existencial cósmica (dukha)?!… Que pode extingui-la senão a iluminação?!…
O asceta, praticando tapas, aceita a cruz, desde que seja inevitável. E, com a cruz, caminha. Sem protestar. Sem reclamar. Sem pretender escapar.
Um grande e invencível heroísmo é indispensável a todo discípulo de Cristo, seguidor de Buddha, devoto de Kṛṣṇa…
॥ हरिः ॐ ॥
Extraído do livro Yoga, Caminho para Deus.
Digitado por Cristiano Bezerra.
Leia aqui mais textos deste brilhante autor.
Visite aqui o site do Professor Hermógenes.
॥ हरिः ॐ ॥
Obrigada Cristiano Bezerra, seu ato de digitar aqui esse texto foi providencial.
Tapas, nesse escrito do Prof Hermógenes, era o farol que precisava ter comigo para seguir. Obrigada!
Por nada, querida Ananda! Fico muito feliz de saber que, depois de quase 19 anos que o digitei para este site, esse texto do Professor Hermógenes tenha sido tão importante e significativo pra você!
Encontrei em palavras incrívemente edificantes do grande professor Hermógenes aquilo que sinto em momentos difíceis. Namaste.
Estou me preparando para mais um consciente intensivo de práticas a partir de amanha. Entrei aqui atrás de combustível para Tapas. E nossa! Que presente! Um texto desses na voz de alguém que me faz acreditar na verdade. Senhor José Hermógenes …. muito grato … tocado especialmente pelo trecho …Efetivamente, os analgésicos reduzem ou disfarçam a dor superficial. Mas, e a dor existencial cósmica (dukha)?!… Quem pode extingui-la senão a iluminação?!…Oh santa, desafiante e esquecida meta! Namaste namaste ((((_/\_))))