O Yoga é muito mais do que uma prática corporal, é um estilo de vida. E como um estilo de vida, abarca não apenas o âmbito individual, mas o coletivo. Um indivíduo que tenha um comprometimento com uma vida de Yoga tem influência nas pessoas ao seu redor e no ambiente em que está inserido. Vejamos então como a prática de Yoga está vinculada a uma atitude ecologicamente ética e a uma aproximação da natureza.
Ele propõe uma conduta ética que é balizada por valores que chamamos de yamas. Entre estes estão a não-violência e o desapego. Existem outros valores yogis, mas a incorporação de apenas esses dois no nosso dia-a-dia é em si uma postura revolucionária, de transformação ambiental e coletiva.
Compreender o que é desapego e incorporar esse valor nos mostra que podemos levar uma vida muito mais simples do que levamos. Ajuda-nos a ver os bens materiais de maneira mais objetiva, colocando o valor de uso acima do fetiche. E isso faz com que tenhamos a lucidez para consumirmos menos, o que significa poupar a natureza e poluir menos. Por sua vez, viver a não-violência é fundamental para que preservemos e tentemos evitar causar dano a qualquer tipo de manifestação de vida.
Como ferramenta de transformação, o Yoga nos oferece, também, uma ampla gama de práticas corporais. A partir da consciência do nosso corpo, da nossa respiração, do espaço que ocupamos no mundo, o Yoga ajuda a nos conectar com os ritmos e as forças da natureza. Além disso, por meio da meditação e do questionamento, o Yoga nos coloca numa postura de reflexão sobre qual é o nosso papel individual e social na vida. São muitos os relatos de praticantes de Yoga que mudaram completamente o seu estilo de vida, simplificando-o.
São frequentes os casos de pessoas que pararam de comer carne, outras que largaram seus trabalhos, pois descobriram que estes não faziam mais sentido em suas vidas (muitas vezes por serem trabalhos eticamente questionáveis) ou mesmo que saíram da cidade e foram morar junto à natureza. Há diversas histórias também de yogis que permaneceram nas cidades, mas engajaram-se em trabalhos sociais ou ambientais.
Em Curitiba, temos um grupo de yogis engajados na campanha a favor do uso da bicicleta e do movimento “Jardinagem Libertária”, em prol de uma ocupação mais humana dos espaços públicos urbanos. Estas são pessoas que fazem a diferença e não esperam pelo poder público para realizar as mudanças que o nosso planeta pede hoje. A transformação que precisamos realizar é muito mais urgente do que a aparelhagem estatal consegue efetivar. E é justamente nesse ponto que entra o Yoga, tocando as pessoas e mobilizando-as a mudar, a fazer diferente, a fazer mais consciente.
Hoje a causa ambiental está em cena. Empresas que poluem, exploram e degradam o meio ambiente apresentam uma imagem de responsabilidade social e ambiental. Outras tantas usam esse filão para vender mais dos seus produtos. O que é um paradoxo, pois quanto mais consumimos, mais degradamos. Ou seja, está na moda ser “ecológico” e nós sabemos exatamente o que fazer, coletivamente e individualmente, para minimizar os danos que estamos causando ao nosso planeta. Porém, parece haver um fosso enorme entre a teoria e a prática. Esquecemos que as grandes transformações são feitas a partir de pequenos atos cotidianos. E assim seguimos querendo mudar o mundo, com o discurso mudado, totalmente consciente, porém sem querer abrir mão de muitos dos nossos confortos.
Vejo o Yoga, nesse sentido, como um educador, um disciplinador. Um disciplinador do nosso corpo, ensinando-nos a nos alimentar melhor e a consumir alimentos de boa procedência (que agridam o mínimo o meio ambiente e que sejam saudáveis para o nosso corpo). Um disciplinador da nossa mente, refreando os nossos desejos, ensinando-nos que consumir não nos faz mais felizes, como nos insiste em inculcar as propagandas. Acredito, portanto, que o Yoga pode promover a ponte entre a teoria e a prática, justamente pela disciplina física, mental e emocional que promove.
Consciência e consumo, consumo consciente
Uma das razões do nosso planeta estar na situação de degradação atual é o nosso antropocentrismo, a nossa idéia equivocada de que somos o centro do Universo e de que podemos controlar a natureza. Achamos ser uma espécie superior às demais e olhamos a natureza como “recurso”, que está aí para nos servir e ser usado por nós para suprir os nossos desejos que, vale ressaltar, não são necessidades, são luxos. Por causa disso, os espaços naturais foram reduzidos. E antes o que nos englobava, florestas, vegetação natural, foi por nós englobado, cercado, demarcado, restringido.
A nossa ciência entende e manipula aspectos isolados da natureza. O todo, a compreensão global, o encadeamento de causas e consequências mais distantes e a longo prazo, nos é, na maior parte dos casos, desconhecida, ou no máximo especulada. Compreendendo isso, Goethe disse: “A natureza reservou para si tanta liberdade que não estamos em condições de competir com ela em toda a sua extensão ou de acossá-la com o nosso saber e nossa ciência”.
A visão de mundo yogi traz consigo essa consciência. Que é a consciência de unidade entre todas as manifestações de vida, entre nós e a natureza. E, a partir disso, não comer carne ou a atitude de não violência, não nasce de uma atitude de ativismo ambiental – apesar de hoje haver argumentos de preservação ambiental suficientes para pararmos de comer carne -, mas de uma atitude de reverência a todas as manifestações de vida, de respeito à natureza.
A maior parte da população mundial hoje mora em cidades e não produz o seu próprio alimento e os seus produtos de uso diário (casa, carro, móveis, eletrônicos, roupas). Os alimentos e os outros produtos chegam às nossas mãos prontos ou praticamente prontos. Até o que é “natural” chega até nós industrializado, como a água que bebemos. Assim, perdemos a consciência sobre todo o processo de produção do alimento e dos produtos. É isso que faz com que a criancinha que vive na cidade se sinta maravilhada ao descobrir que o ovo vem da galinha. Ou que faz com que ela ignore que a carne que ela come vem do mesmo bichinho que ela vê nos desenhos animados da televisão. Esses são exemplos grotescos, mas o fato é que hoje é difícil monitorar a forma como é produzido o que consumimos. Especialmente no nosso país, onde não podemos confiar nos órgãos públicos reguladores que deveriam garantir a qualidade (ética) do que é produzido. Cabe a nós pesquisar e procurar consumir produtos que causem menos impacto ao meio ambiente. Em relação aos alimentos, buscar os que sejam frescos, de preferência os não industrializados e de pequenos produtores locais, para podermos saber a origem do que nós consumimos.
O consumo consciente de produtos que usamos diariamente, desde roupas a celulares, exige muita atenção e disciplina diária para sabermos exatamente o que consumimos e porquê. É fundamental uma profunda reflexão sobre o que realmente necessitamos, o discernimento entre o que é superficial e o que é necessário. Precisamos ter claro o valor que os objetos realmente têm para nós. E nos darmos conta que a felicidade não pode ser adquirida, não pode ser consumida, ela não vem junto com os objetos que compramos. Ela já está em nós mesmos, obscurecida pela idéia de que precisamos de algo mais para ser feliz. A felicidade não está na satisfação dos desejos de consumo. A felicidade está no consumo dos desejos.
Como indivíduos, cidadãos e yogis temos esse comprometimento com a coletividade e com o meio ambiente. E se agirmos (consumirmos) conscientes e pensando não só em nós, mas no todo, já estamos fazendo muito. Consumir consciente é uma grande força de reivindicação que nós temos e o Yoga pode ser uma importante ferramenta que nos mantém alertas, despertos, com o pensamento voltado para nós e para o Todo.
Tales é antropólogo e professor de Yoga. Este é o site dele, com artigos e reflexões: www.vidadeyoga.com.br.
Conservação moral social
Conserva o jejum verbal inportante inclui Wagner xavier
Caros amigos !!!
Viver yoga e viver em paz com a natureza, eh consumir alimentos com sustentabilidade e conscencia, (isso eh importante< mas eh muito mais que isso). _ Eh sentir a energia da natureza das árvores entrar abençoada em seu corpo, a árvore que preservamos e conservamos para o bem da humanidade e e tratar bem os animais tanto de estimação como selvagens, como manter comunicação com os mesmos espiritualmente tambem sentindo a vibração positiva que os animais nos trazem, isso eh ser AMBIENTAL, e juntamente com ideias da filosofia yoga,k eh uma combinação maravilhosa. Gabi Jaia Jaia
Isto sim é polêmica, e das boas, sobre «ativismo yogi»:
«We\\\’ve also been seeing a trend around the political yoga discussion that makes some rather unfriendly assumptions about the supposed ubiquity and high position of politricks, as if politricks were somehow a universal given. We have two things to say about this:
«1) Any assumption that politricks and the overall political system is, at its best, a necessary evil, is unfortunate.
«2) Any assumption that yoga is by its nature political gives politricks an honor we\\\’re not willing to bestow. (…)
«Of course, there are some people who seem to have an honest belief that if government and politricks were to become infused with yoga that this would somehow purify the political system. SAY WHA?!»
http://thebabarazzi.com/2012/08/27/using-yoga-as-political-activism-super-lame-super-awesome-or-super-who-cares-cause-things-like-this-have-no-effect-anyway/
“O verdadeiro yogi não se torna vegetariano porque alguém mandou ou porque assim se faz à milênios,trata-se do corolário do processo de compreensão da realidade e do papel que o homem exerce no planeta.” Pedro Kupfer.
Os problemas psicológicos e ecológicos são um reflexo do outro, ou seja, um ser vivo que não se relaciona harmonicamente com o meio em que vive, na minha opinião, é um ser problemático.
Caro, Caetano.Os silvícolas não são vegetarianos , vivem harmoniosamente com o meio ambiente e não são seres problemáticos.Suponho que você seja vegetariano, vive em harmonia com a natureza e não é um ser problemático.Boa reflexão.
“Yoga é mais do que práticas corporais”.
A partir de um ponto de partida similar, Michael Gleghorn (doutorando em teologia Ph.D. na Dallas Theological Seminary) apresenta o seguinte texto; muito bem escrito, por sinal.
Sai do foco do seu artigo, Tales (aliás, muito bom); mas achei tão interessante o conteúdo, que creio valer a pena compartilhar aqui no yoga.pro.
No final, conclui: “In my opinion, then, Christians would be better off to never begin yoga practice.” (Michael Gleghorn) Yoga and Christianity: Are They Compatible? http://www.probe.org/site/c.fdKEIMNsEoG/b.4217629/k.15B5/Yoga_and_Christianity_Are_They_Compatible.htm
Pensei com os meus botões: será que a decantação dos asanas como principal componente do yoga, desde a sua chegada no ocidente, não se relacionaria tb a um certo processo de asepsia de possíveis conexões com o universo religioso/filosófico que o yoga representa e os “riscos” relacionados?
Um abraço e boa reflexão!
Germano.
Olá Germano,
valeu por compartilhar o artigo. Concordo contigo que parte da redução que foi feita ao Yoga de alguma maneira está relacionada a essa assepsia religiosa.
Mas existem outros tantos fatores também que colaboraram para isso. E olha o paradoxo.
Em muitos contextos, especialmente o filosófico no período romântico alemão, o conhecimento dos Vedas, e aí inclui o Yoga, foi usado para questionar os ditames da igreja e do estado.
Assim como fez também o filósofo Henry Thoreau, que questionou a igreja, o estado e o estilo de vida norte americano no século XIX, citando a Gita, os Vedas.
Abraço e tudo de bom!
Pedro,
a pergunta «o que é que eu deveria fazer nesta vida?» só faz sentido para o yogi se de fato se trata de um yogi, isto é, se ele conseguiu ver esta vida de um nível que transcende (e, portanto, abrange e inclui) esta vida.
Não faz sentido perguntar o que devemos fazer nesta vida se estamos atolados nela até o pescoço, se não experimentamos — através da prática do samadhi — observá-la silenciosamente, sem reagir.
Quando perguntei o que tinha a questão ambiental a ver com yoga, me referia à ordem fundamental dos fatores: primeiro moksha — e pouco importa o que vem depois.
***
Tales, Primeiro você diz:
«(…) e igualmente os Yoga Sutras, que deixam muito claro qual é a importância dos valores na vida do indivíduo e no caminho para moksha».
Em seguida você diz: «a proposta de enjagamento é uma belíssima consequencia do que o Yoga propõe».
Afinal, os valores (assim como o exercício dos valores, que leva ao engajamento) são a causa ou a conseqüência de moksha? Eles levam a moksha ou aparecem quando chegamos a moksha?
Christian,
não afirmei que os valores são causa de moksha. São um apoio para tal. E, sim, certos valores são consequência da compreensão. E isso se dá por razões que no momento estou com preguiça e sem tempo de argumentar por este meio.
Primeiro porque há uma vasta literatura que explica (e vejo que pela forma equivocadamente categórica com que fala em nome de textos importantes do Yoga, você não se expôs adequadamente a ela).
Exemplo: você diz que “desde Patañjali os yogins ensinam que o Yoga é você consigo mesmo – ainda que citem as coisas do mundo aqui e ali, geralmente como advertência, não como itens do sadhana” –
Exatamente no capítulo chamado Sadhana Pada, Patanjali fala dos valores, apresentando cada um deles, como também tem a preocupação de falar sobre o ganho relativo que se tem ao aplicar cada um desses valores. E isso aparece num momento importante do texto, que ele está justamente falando da prática.
Neste texto, que você cita equivocadamente, e noutros textos como a Gita, por exemplo, o papel dos valores fica muito claro.
Segundo porque acredito que estamos partindo de conceitos diferentes sobre o que é o objetivo final do Yoga, ou moksha. E isso fica evidente em outro comentário seu neste site que diz: “realizar o yoga para si é praticar samadhi”.
Discutir qual é o papel dos valores para o objetivo do final do Yoga partindo de conceitos diferentes sobre o que é o objetivo do Yoga fica difícil.
E terceiro porque percebo que os seus questionamentos não vem de um ponto de dúvida ou de debate genuíno como qualquer mumukshu, mas de vontade de polemizar.
Espero algum dia conversarmos sobre estes assuntos, daí você pode me explicar o que é praticar samadhi para a realização do yoga para si, e a partir disso conversamos sobre o papel dos valores dentro disso.
Acredito que será muito mais produtivo e nos tomará menos tempo em frente ao computador. Tudo de bom! Boas práticas, estudos e bons engajamentos.
Excelente texto. Essa questão do consumo desenfreado é realmente avassaladora. Ocorre que estamos inseridos numa sociedade, regida pela Lei de mercado, e sustentada pelo Comércio de Bens e Serviços.
Então, para sobrevivermos nela, temos que consumir. O problema surge quando a propaganda desperta o interesse nas pessoas, criando desejos desnecessários.
Por isso, não corcordo com a expressão do texto: “A felicidade está no consumo dos desejos.” Sabemos que tal consumo provoca uma alegria efêmera, tal qual a de uma criança que consegue ganhar um brinquedo dos pais, e logo esquece, desejando outro em seguida.
Eu diria que a felicidade está, conforme exposto no texto, em saber que não precisamos consumir desenfreadamente para satisfazer nossos desejos.
Até porque, muitos desses desejos não são nossos, mas foram criados pela mídia. E isso torna-se possível através das virtudes do yoga, dentre elas, as citadas no brilhante texto.
Parabéns mais uma vez.
Paulo.
Oi Paulo Sérgio,
quando disse no artigo: “A felicidade está no consumo dos desejos.” Quis dizer a felicidade não está no consumo a partir dos desejos, mas no “consumo dos desejos”, na descoberta de uma felicidade para além apenas da realização de desejos.
Exatamente o que você postou em seu comentário: “Eu diria que a felicidade está, conforme exposto no texto, em saber que não precisamos consumir desenfreadamente para satisfazer nossos desejos”. 🙂
Tudo de bom!
Caro Christian,
acredito que interpretou mal o artigo. O artigo não diz que o engajamento ambiental é condição sine quan non para moksha. Mas, sim, fala de uma atitude importante nos dias atuais e dos impactos, ambiental e social, da inclusão de alguns valores do Yoga na vida do indivíduo.
Mas vamos à relação entre os valores e o objetivo do Yoga. O Yoga fala clara e convictamente de valores e de sua importância. Estes são importantes, de acordo com a tradição védica, para que o indivíduo se reconheça integrado e em paz em relação ao meio que está inserido.
Para que descubra uma paz relativa para, através do conhecimento, reconhecer que a sua natureza é sat-cit-ananda. Afinal de contas vivemos em sociedade, em grupo. Onde vive esse indivíduo que busca si mesmo? Isolado do mundo e de todos? com quem ele se relaciona?
O ser humano é sempre um ser em relação. E nessas relações ele amadurece e tem a oportunidade de descobrir que a felicidade que busca está nele mesmo. A inserção dos valores na vida da pessoa torna-se importante também para ele perceber que há uma satisfação em contibuir, em colaborar.
E questionar: de onde vem essa satisfação que não se dá necessariamente com a aquisição de um bem? É a satisfação que vem dele mesmo, de sua natureza. Nesse sentido, os valores são importantes para ajudar a pessoa a reconhecer o que o ensinamento diz, são um apoio para a compreensão e ao mesmo tempo consequência da compreensão.
Sugiro a leitura de um artigo muito interessante do Swami Paramarthananda intitulado “The Whole of Human Relationships”.
Não li o livro que você citou. Mas sugiro que, além do livro de ouro do Yoga, busque a jóia que realmente são os shastras e vá direto às fontes que falam sobre Yoga e busque o estudo da Gita, que aborda de maneira brilhante esse tema, e igualmente os Yoga Sutras, que deixam muito claro qual é a importância dos valores na vida do indivíduo e no caminho para moksha.
Você diz: “toda e qualquer proposta de engajamento é o oposto do que o Yoga propõe”. Eu digo: “a proposta de enjagamento é uma belíssima consequencia do que o Yoga propõe”.
É obviamente bom e necessário cuidar do meio ambiente, tornar-se um consumidor consciente, manter-se informado sobre as coisas do mundo. Mas o que estas coisas têm a ver com a realização do yoga?
O prof. Carlos Eduardo responde: «O yoga não estabelece valores sociais, pois é um conjunto de orientações voltadas para o indivíduo em busca de si mesmo.» (Carlos Eduardo Gonçalves Barbosa, Livro de Ouro do Yoga, p. 264)
Se lembrarmos ainda que aquilo que não conduz o indivíduo a kaivalya inevitavelmente o afasta de kaivalya, perceberemos que toda e qualquer proposta de engajamento é o oposto do que o yoga propõe.
Caros Tales e Christian,
Namaste!
É completamente diferente se perguntar qual é o significado da vida? de o que é que eu deveria fazer nesta vida? A primeira questão é metafísica. A segunda, ética.
Esta segunda questão é vital para quem vive no que chamamos de mundo real. Assim, uma espiritualidade que não negue o corpo deve, necessariamente, incluir essa segunda pergunta, já que ela implica fazer coisas (ação = karma).
O ensinamento que Krishna dá ao príncipe Arjuna combina magistralmente ambas questões. A ética se fundamenta no fato de habitar uma pele humana, de estar manifestado como corpomente, dotado de livre arbítrio.
Uma ética corporificada inclui, necessariamente, uma atitude proativa em relação ao meio ambiente, por algo simples: você não pode ignorar o fato que o corpo existe no ambiente.
Assim, se agir é inevitável, se não podemos fugir aos karmas, escolhamos então aqueles que estão em harmonia com o dharma, o bem comum. Não vejo assim tanta complicação em aceitar isso, olhando desde aqui.
Deixemos a renúncia a estas questões e demais temas para os ascetas que renunciaram a todo o resto. Do meu lado, concordo com o autor do artigo e discordo totalmente do autor do livro citado pelo Christian.
Namaste!
Oi pessoal
Namaste.
Pelo que entendi de Moksa, por mais que seja este o objetivo do Yoga, não é algo que podemos encaixar nas relações de causa e efeito, através das quais estamos acostumados a ver e entender o mundo.
Não é algo que fazemos ou deixamos de fazer que nos levará a Moksa. Moksa é dar-se conta de que Eu sou Brahman e isto não é consequência de nenhuma ação.
E não é só porque as atitudes pró-ambientais, bem como o engajamento político ou ecológico não me levam a Moksa que vou desconsiderar tais ações como parte da vida de Yoga.
Até porque, como já foi descrito, os valores presentes no Yogasutra de Patanjali nos levam a esse tipo de comportamento; e ainda devemos nos lembrar de uma das muitas lições de Krsna a Arjuna que é o desapego em relação aos frutos das ações.
Sendo assim, entendo as atitudes descritas no texto como prática do nosso Dharma. É nossa missão pensarmos e agirmos em prol do bem comum e não pensando somente na minha evolução, na minha prática, no meu samadhi…
Boas práticas a todos!
Harih Om _/_