Chama-se Bhakti Yoga a conquista do Reino através da adoração e do amor.
Bhakta é o devoto que, na adoração de uma imagem, de uma expressão sensível de Deus — Cristo, Buddha, Kṛṣṇa, Śiva, Gaṇeśa, Kālī, a Virgem… — se extasia.
O devoto goza a mais intensa felicidade quando abrasado no amor Divino.
É amando e adorando que se esquece do ego, se esquece de tudo, e exulta, bem-aventurado, consumido e arrebatado de gozo.
O Amor reduz a distância.
A adoração unifica o devoto com o objeto de sua devoção.
Humilde e amoroso, o bhakta vê Deus como Pai, Mãe, Amante, Filho, Amigo…
Quando ele ora, sua prece é declaração de amor.
Ele medita e, meditando, busca o Amado.
Só o bhakta sabe amar tudo e todos e, amando tudo e todos, ama o Todo.
Bhakti é amor irrestrito de doação total. Nada pede. Nada espera. Nada reclama. Não aspira reciprocidade nem mesmo o gozo intenso resultante do intenso amar.
Os Mestres alertam o bhakta quanto aos desvios e a que desequilíbrio a devoção pode levá-lo.
Se não houver viveka, isto é, discernimento, o bhakta corre o risco de resvalar para o fanatismo.
O fanático não admite outra expressão da Divindade que não seja aquela que ele adora. Devotos fanáticos têm ensangüentado campos de batalha em suspeitas ‘guerras santas’.
Enquanto o fanatismo cega, o discernimento ilumina.
Bhakti e bhakta
O Bhakti Yoga pode corromper-se por fazer beatos inoperantes e indiferentes aos dramas de seu mundo, total e egoisticamente entregues às delícias da adoração e ao fervor dos rituais.
Um verdadeiro bhakta torna o seu servir oração. Ama o Deus dos homens servindo aos homens de Deus, seus irmãos.
O bhakta ama todas as expressões da vida que o circunda, pois tudo que vive e a própria vida são Deus; mas onde mais O adora é no altar de seu limpo, bom e ardente coração devoto.
PRECE DO BHAKTA
Sou ovelha desgarrada. Vem, meu Pastor, achar-me.
Sou um filho retornando ao Lar. Concede-me a graça de receber-me, meu Pai.
Sou frágil criança perdida na multidão. Vem, Mãe Divina, apanhar-me.
Sou vazio. Vem, Plenitude, preencher-me.
Sou pobre. Vem, Riqueza Pura, enriquecer-me.
Sou peregrino buscando o perdido rumo, na treva e na distância. Vem, Luz, dar-me direção.
Andando estou há muitos milênios, trazendo em mim a ânsia por chegar. Mas as forças já não são tantas… Vem, Alento, reerguer-me.
Pai, Mãe, Amor, Alento e Luz, sinto Tua ausência. Teu silêncio dói. Tua distância angustia.
Concede-me Tua graça.
Desvela-Te.
Faze-Te presença a meus olhos, ainda na penumbra.
Faze-Te canção a meus ouvidos vazios.
Amor Divino, nutre meu coração necessitado.
Paz Infinita, afasta meus conflitos.
Sabedoria Absoluta, ilumina-me.
Água Viva, dessedenta-me.
Porta, abre-te.
Dolorida ausência, faze-te Presença.
Deus, liberta-me. Salva-me…
Deus, ensina-me a verdadeira devoção.
Mostra-Te a mim em tudo.
Aparece-me como o Todo.
Corrige meu humano amor ainda mesquinho, ainda apegado, ainda limitado, ainda míope…
Pai, Mãe, Amor… perdoa meu imperfeito amar.
Torna-me um bem-aventurado devoto.
॥ हरिः ॐ ॥
Digitado por Cristiano Bezerra.
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॥ हरिः ॐ ॥
Minha família faz parte de uma religião extremista. No processo de me libertar e me desintoxicar dela eu acabei aderindo ao ateismo. Na prática do Yoga, uma das minhas maiores dificuldades hoje é meu relacionar com o divino. Obrigado José pelo artigo. Espero um dia ter uma fe real e verdadeira. Desenvolver o amor verdadeiro pelo divino.
Que todas as pesoas possam se deliciar com o néctar do Senhor e aproveitar a substanciosa bondade por nós existirmos graça a misericórdia da Suprema Personalidade de Deus. Cantemos sempre em louvor a Ele.