Ao longo da vasta e variada espiritualidade hindu encontramos divindades, heroínas e heróis cujos aspectos ou atitudes revelam a transgeneridade e a não conformidade de gênero. É comum encontrar mudanças de gênero, encontros homoeróticos e personagens interssexuais não apenas no folclore regional, mas igualmente em escrituras sagradas como os Vedas, o Mahabhārata, o Rāmāyāṇa e as Purāṇas.
Selecionamos aqui quatro histórias que têm como protagonistas o príncipe Arjuna, o deus Kṛṣṇa e o guerreiro Śikhaṇḍī, e nos mostram que a variância de gênero parecia ser bastante frequente e socialmente aceite na Índia antiga.
Autoconhecimento ≠ mitologia
Porém, antes de entrar no tema propriamente dito, um breve esclarecimento: não devemos confundir Brahmavidyā com mitologia. Esse é um dos erros mais frequentes das pessoas que criticam ou rejeitam o tipo de interpretação dos arquétipos que o(a) leitor(a) encontrará neste artigo.
Brahmavidyā é o autoconhecimento, o objetivo fulcral do Yoga. Brahmavidyā é a visão libertadora que mostra que todos os seres somos intrinsecamente plenos. Essa plenitude, chamada pūrṇaḥ, apenas está aí para ser descoberta. Não precisamos fazer nada para reconhecer a plenitude essencial, afora remover erros e equívocos, crenças e condicionamentos.
Na cultura do Yoga, esse objetivo é acompanhado por narrações míticas que têm como propósito inspirar e orientar os praticantes, que podemos nos espelhar no exemplo dos ṛṣis (sábios) do passado, bem como no ciclo dos deuses e deusas, anjos e ninfas, reis e rainhas, yogis e yogiṇīs das Purāṇas. As Purāṇas são coleções de antigas histórias (o nome Purāṇa significa justamente “antigo”). Muitos dos mitos que você já conhece provêm dessa fonte.
Feito esse esclarecimento, você agora sabe que o que vai ler daqui em diante não está vinculado com o objetivo do Yoga propriamente dito, mas com diferentes arquétipos inspiradores que podem motivar e fortalecer o propósito de cada praticante.
Dentre os śāstras que mencionamos acima, o Mahabhārata é o mais fascinante desde os pontos de vista literário e histórico. Nesse épico, que consta de mais de 100.000 estrofes duplas, há muitas histórias dedicadas ao tema da fluidez de gênero. Começaremos pela mais conhecida, na qual o príncipe guerreiro Arjuna torna-se uma mulher.
1. Arjuna como Bṛhannalā
Você certamente conhece Arjuna, o heroico guerreiro protagonista do Mahabhārata. Ele recebe o Yoga diretamente de Śrī Kṛṣṇa, em meio ao campo de batalha de Kurukṣetra, no diálogo imortal da Bhagavadgītā.
O que muita gente não sabe é que Arjuna tem outra face igualmente heróica, como mulher transgênero. Conta o Virāta Pārva do Mahabhārata que o guerreiro viveu como Bṛhannalā, uma belíssima mulher transsexual durante o ano que passou na corte do rei Virāta.
Arjuna tornou-se mulher por conta da maldição da ninfa celestial Urvaṣī, que tentou sem sucesso seduzí-lo quando ele visitou Indraloka, o paraíso de Indra, que era seu pai. Como a ninfa pertenceu à dinastia Kuru, da qual o príncipe guerreiro descende, ele a viu como uma ancestral e considerou que uma relação desse tipo seria incestuosa.
A ninfa ficou absolutamente indignada com a rejeição de Arjuna e o amaldiçoa: a partir daquele dia, ele seria um ṣaṇḍha. A palavra ṣaṇḍha significa hermafrodita, ou pessoa do terceiro sexo ou da “terceira natureza”. Outro termo para referir-se à pessoas que não são homens nem mulheres mas apresentam características de ambos, é tritīya prakṛti, que significa justamente “terceira natureza” e também aparece no épico.
Vejamos a descrição da transformação física de Arjuna na narração original:
“Urvaṣī ficou lívida de cólera. Tremendo de raiva e franzindo as sobrancelhas, amaldiçoou Arjuna, dizendo, ‘Já que tu desprezas a mulher que vem à tua mansão por ordem de teu pai e por iniciativa própria, uma mulher, além do mais, perfurada pelas flechas de Kāma (o deus do amor), ó Pārṭha, irás passar o teu tempo entre as mulheres como um dançarino, destituído de masculinidade e desprezado como um eunuco.'”
Quando Vyāsa, o narrador do épico, usa a expressão “destituído de masculinidade”, isso significa que Arjuna perdeu mesmo a virilidade (e o próprio órgão sexual, ou a funcionalidade dele). Não quer dizer que ele é apenas um homem travestido de mulher.
Muitas narrativas abreviadas deixam de lado esse pormenor, e afirmam apenas que Arjuna vestiu roupas femininas e isso teria sido suficiente para esconder a sua condição de másculo guerreiro. No entanto, isso seria inverossímil, mesmo para os elásticos padrões da mitologia, dado o físico avantajado de Arjuna.
Não existe maldição grátis
Ora bem, uma maldição é sempre uma maldição, e o preço a pagar pela desfeita à ninfa é a perda da masculinidade, da qual Arjuna é tão orgulhoso e à qual é tão apegado. Se, como querem alguns narradores moralistas, a maldição fosse apenas viver vestido de mulher, não apareceriam tantas e tão claras referências ao terceiro gênero e à perda de masculinidade do nosso herói.
Cabe lembrar que Arjuna usa profusamente a sua virilidade e sexualidade ao longo da história. Ele casou quatro vezes diferentes ao longo da vida: com Draupadī, filha do rei Drupada e esposa que ele tem em comum com os seus quatro irmãos, com Subhadrā, meia-irmã de Kṛṣṇa, com Ulūpī, filha do rei dos nāgas, e com Citrāṅgadā, filha do rei de Maṇipura. Com cada uma delas teve um filho: Śrutakīrti, Abhimanyu, Irāvān e Babhruvāhana, respectivamente.
Quando percebe as mudanças fisiológicas resultantes da maldição, Arjuna, em pânico, busca a ajuda do seu pai, que intercede perante Urvaṣī. Ela se recusa a retirar a maldição, mas a reduz para um ano, não menos. Indra, o deus do raio, pai de Arjuna, afaga e acalma o seu filho com as seguintes palavras:
“A maldição que Urvaṣī colocou sobre ti será para teu benefício, ó filho, e te manterá em boa posição. Ó impecável, você terá a oportunidade de passar o décimo terceiro ano (do exílio), incógnito. É então que você viverá sob a maldição de Urvaṣī. E, tendo passado um ano como um dançarino desprovido de masculinidade, recuperarás teu poder ao término do prazo.”
E é assim que, como Arjuna, seus irmãos e esposa precisam esconder-se durante um ano no fim do período de exílio, ele assume a forma de Bṛhannalā durante esse período em que a família Pāṇḍava fica de incógnito na corte do rei Virāta.
É importante destacar que, neste episódio, Arjuna não usa roupas femininas e afina a voz para “parecer” uma mulher: ele torna-se de fato uma pessoa do terceiro sexo, e o seu corpo assume características combinadas do corpo feminino e do masculino.
Como Bṛhannalā, Arjuna ensinou canto, música e dança à princesa Uttarā. Também salvou a vida de Uttara, o filho do rei e, incógnito, ainda venceu os Kurus em batalha. Com isso, ganhou a gratidão do rei, que depois torna-se seu aliado na grande guerra.
Veja as palavras do próprio guerreiro no original, quando os irmãos planejam a maneira como viverão escondidos no último ano após o exílio na corte do rei Virāta:
“Ó senhor da Terra, eu me declararei como alguém do sexo neutro. Usando brincos brilhantes em minhas orelhas e pulseiras de concha em meus pulsos e fazendo uma trança cair de minha cabeça, eu devo, ó rei, aparecer como alguém do terceiro sexo, de nome Bṛhannalā. Vivendo como uma mulher, entreterei o rei e os cortesãos recitando histórias. Também instruirei as mulheres do palácio de Virāta em cantos e modos encantadores de dança e em instrumentos musicais de diversos tipos.”
“Alguém do terceiro sexo” é uma forma de referir-se a uma pessoa que não é homem nem mulher, mas integra elementos de ambos ao mesmo tempo. Andrógino, eunuco, hermafrodita ou transsexual são palavras que encaixam perfeitamente na tradução de tritīya prakṛti.
2. A vingança de Śikhaṇḍī
Outra história do Mahabhārata fala sobre o guerreiro Śikhaṇḍī. Ela nasce como menina, filha do rei Drupada, mas desde sempre sabe que é um homem. Já adulta, conta com a ajuda de Sthūṇākarṇa, um espírito da natureza (yakṣa), para mudar de gênero.
Com essa benção do yakṣa, Śikhaṇḍī entra no campo de batalha de Kurukṣetra e fere mortalmente Bhīṣma, o comandante do exército Kuru e tio-avô dos Paṇḍavas. Esse incidente é a virada na guerra que dá aos irmãos Paṇḍavas a vitória final.
Dessa forma, Śikhaṇḍī consuma a vingança que jurou obter de Bhīṣma na sua vida anterior como Ambā, a princesa de Kaśī sequestrada por Bhīṣma e forçada a casar com o rei Vicitravīrya, avô dos Paṇḍavas.
A princesa rejeita esse destino pois ama outro homem, mas também é rejeitada por ele. Passa o resto dos seus dias em peregrinação, planejando a sua vingança contra aquele que destruiu a sua vida. O tempo passa e Ambā reencarna como Śikhaṇḍī.
3. Arjuna como a gopī Arjuṇī
A Padma Purāṇa, no seu Patala Khaṇḍa, conta que Arjuna quis viver como uma gopīka. As gopīkas ou gopīs são pastoras consortes e devotas de Kṛṣṇa. Elas simbolizam o amor incondicional e a devoção e são consideradas extensões ou manifestações de Radhā, a principal consorte de Kṛṣṇa.
Arjuna faz uma pūjā e ora para a Deusa-Mãe Tripurasundarī. Recebe dela a instrução para mergulhar no lago Kūlakuṇḍā, na floresta de Vṛndāvana, e ressurge na forma de uma mulher muito jovem de beleza indescritível, chamada Arjuṇī.
Ao mesmo tempo, todas as lembranças do passado e a identidade masculina de Arjuna são apagadas de sua mente. Nesse momento, as gopīs encontram Arjuṇī. Quando lhe perguntam quem ela é, responde que não sabe, assim como ignora a razão pela qual está em Vṛndāvana. Tudo o que ela lembra é de ter vindo ao lago para tomar um banho.
A gopīs acolhem e levam Arjuṇī à presença de Radhā, com quem medita por um longo período sobre o mantra de Kṛṣṇa. Depois, as pastoras conduzem Arjuṇī a uma floresta secreta, onde se encontra com Kṛṣṇa.
Arjuṇī entende através dessa experiência, a felicidade que Kṛṣṇa é. Essa felicidade de Kṛṣṇa é um conhecimento negado aos próprios deuses, de acordo com a Padma Purāṇa.
A gopīka retorna da floresta abraçada com Kṛṣṇa. O deus pede a Śaradā Devī que leve Arjuṇī para o lago ocidental da floresta. Ela entra nas águas vivificantes e, quando emerge, o faz novamente com o corpo do guerreiro.
A simbologia desta transformação de Arjuna em Arjuṇī é uma maneira de olhar para o tema da rendição do ego, da necessidade de abrir mão do controle em prol da entrega devocional.
Arjuna, o príncipe guerreiro, pode ser o melhor amigo de Kṛṣṇa, mas não consegue entregar-se a Kṛṣṇa. Ele sempre será um indivíduo diferente e separado. As gopīs, por seu lado podem, sem esforço perder-se em Kṛṣṇa, totalmente vazias das coisas do ego e conhecer a felicidade da entrega incondicional.
A imagem de Arjuna como gopī nos leva naturalmente a pensar na própria fluidez de gênero de Kṛṣṇa, e nos jogos (līlā) do deus com Rādhārāṇī, a sua amada.
4. Kṛṣṇa como crossdresser
Kṛṣṇa é uma das divindades mais amadas do hinduísmo. Imagens e histórias dele são onipresentes no sul da Ásia. Como a oitava encarnação de Viṣṇu, ele é o próprio Ser Supremo que assume a forma humana para resgatar o dharma e salvar a humanidade da autodestruição.
Um crossdresser ou transformista é uma pessoa que veste roupas diferentes daquelas que a sociedade espera que vista, considerando o seu gênero. Esse parece ser o caso de Kṛṣṇa.
Quando ele morou em Vṛndavana, trocava suas roupas masculinas pelo sári da sua amada Rādhā. O deus revela as múltiplas formas da masculinidade, que não se limitam à heterossexualidade bidimensional visível no caso do rei guerreiro Rāma, por exemplo.
Conforme Rāma se consolida como ícone e símbolo da masculinidade patriarcal, Kṛṣṇa emerge como seu oposto: uma figura masculina, porém não apenas homem; com gênero, porém fluido; e que expressa uma sexualidade sem as limitações das normas culturais ou biológicas.
Um Iṣṭadevatā para cada pessoa
Iṣṭadevatā, significa literalmente divindade estimada ou preferida. Na espiritualidade hindu, tanto no aspecto religioso quanto no yogiko, cada pessoa é convidada para escolher uma forma divina que seja significativa para si. Essa escolha da deidade pessoal é especialmente importante nas vertentes devocionais e no Smarta Sampradaya, postulado por Ādi Śaṅkarācārya.
Śaṅkara propôs a chamada pañcāyatana pūjā, sistema de “adoração das cinco formas”, e invoca cinco devatās: Gaṇeśa, Viṣṇu, Śiva, Śakti e Sūrya. Cada praticante é convidado a escolher a forma divina que lhe for mais inspiradora.
Similarmente, no movimento Bhakti, de Yoga devocional, o conceito de iṣṭadevatā existe igualmente. Assim, os praticantes podem escolher por exemplo, um dos dez avatāras de Viṣṇu, em alguma das suas múltiplas manifestações: Rāma, Kṛṣṇa.
No culto Śakta vale o mesmo: o devoto pode escolher entre uma das múltiplas formas da Deusa, como Durgā, Kālī, Sarasvati, Lakṣmī, Lalitā Tripurasundarī, Annapūrṇa e outras.
Assim sendo, vemos na prática nas nossas visitas à Índia que as pessoas têm essa ampla liberdade de escolha: crianças, por exemplo, gostam muito de Gaṇeśa, Rāma e Hanumān. Mães se identificam com Yasodha, a mãe de Kṛṣṇa, ou com Pārvatī, mãe de Gaṇeśa e Kārttikeya. Também conhecemos mais que são devotas de Kṛṣṇa como bebê, nas formas de Damodhara ou Kanhaiya.
Estudantes preferem Sarasvati, a deusa da sabedoria, as artes e o conhecimento. Meditantes, naturalmente, irão preferir a identificação com o arquétipo de Śiva Mahādeva, que medita no alto do Himalaya. Devotos podem sentir-se atraídos pelas formas de Govinda, , pela de
Assim, o iṣṭadevatā vai mudando conforme a altura da vida em que a pessoa se encontra. Nessa esteira, cabe lembrar que Kālī, a Deusa, têm rasgos que a tornam o ícone ideal para as feministas, assim como Kṛṣṇa e Arjuna apresentam aqui aspectos que seriam atraentes para pessoas LGBT. Há na Índia outros iṣṭadevatās também, específicos para pessoas de gênero fluido, como a deusa Bahucāra Mātā ou Samba, filho de Kṛṣṇa.
Simbolismo dos mitos e arquétipos
Os mitos indianos têm vários níveis de interpretação e deles podem ser obtidos muitos significados diferentes. O Mahabhārata, o Rāmāyāṇa e todas as Purāṇas admitem várias leituras distintas, e de todas elas poderemos extrair valiosos ensinamentos.
Quando uma sociedade tem alguma intimidade com um dado arquétipo, naturalmente irá adaptá-lo aos diferentes usos que possam ser dados para ele. Isso aconteceu, historicamente, na troca contstante entre as espiritualidades e os avanços culturais e tecnológicos das diferentes civilizações.
Um exemplo que podemos dar a respeito, e que vem da própria Índia, é a “atualização” dos devas aos diferentes tempos ao longo da história. O papel que tinham Viṣṇu ou Rudra-Śiva no Ṛgveda e no alvorecer da cultura védica é bem diferente daquele que eles têm no período clássico, e ainda radicalmente diferente ao que ostentam nos dias atuais.
Se formos pensar nessa perspectiva tão dinâmica dos deuses e deusas, não faria sentido adoptar os arquétipos de Arjuna e/ou Kṛṣṇa como elementos de inspiração para pessoas não-binárias que enfrentam preconceito ou violência diariamente?
Se pensarmos nos diferentes usos que foram dados para a Bhagavadgītā veremos com clareza esse uso. A Bhagavadgītā é o que as pessoas vêm nela e o que as pessoas querem que seja. Para os nazistas nas décadas de 1930 e 1940, a Bhagavadgītā foi o texto que justificava moralmente o genocídio do povo judeu, dos romas (etnia cigana) e de qualquer pessoa com dificuldades físicas ou mentais.
Para o movimento Hare Kṛṣṇa a Bhagavadgītā é a prova que demonstra que Kṛṣṇa é a suprema personalidade de Deus. Para muitos hindus, a Bhagavadgītā é uma espécie de Novo Testamento. Para os estudantes de Vedānta a Bhagavadgītā é um mapa para o autoconhecimento.
E, distorções grosseiras e destrutivas à parte, como o uso da filosofia hindu por parte dos nazistas, o fato é que os mitos podem carregar-se de novos significados de acordo com as mudanças sociais, mesmo que algumas pessoas não gostem.
Evidentemente, as Purāṇas e o Mahabhārata não começam nem terminam na leitura social e política contemporâneas, mas também deveriam incluir essa leituras, pois é nesta sociedade que estamos vivendo.
Conclusão
Estes episódios pouco conhecidos das vidas de Arjuna e Kṛṣṇa mostram que a sociedade em que eles viveram era muito mais inclusiva e tolerante que a nossa. Essas histórias não ridicularizam nem condenam a não conformidade de gênero: muito pelo contrário.
É essa pluralidade de facetas de Kṛṣṇa e Arjuna, alavancada por estas referências literárias tão importantes, o que permite que a comunidade queer da Índia neutralize a narrativa imposta pelos nacionalistas hindus de que homossexuais e transgêneros são corrompidos pela influência ocidental.
A antiga sociedade indiana mostrava uma diversidade de gênero que ia muito além do binômio mulher-homem. Que possamos aprender com essa antiga sociedade. Que possamos desfrutar da magnífica diversidade da criação como ela é. Que desapareçam os estigmas sociais, as fobias, a violência e a intolerância.
Esclarecimento final
Nosso propósito com este post e outros de temática similar, é trazer o foco para as vozes marginalizadas de mulheres, pessoas de cor, pessoas LGBTQ+ e outros grupos vulneráveis que neste momento não apenas estão tendo tolhidos seus direitos de existir e viver felizes, mas igualmente têm sido alvos de assédio e agressões online por parte de membros da comunidade do Yoga que ostentam pontos de vista extremistas.
Que os intolerantes possam compreender que a espiritualidade do Yoga é para todos os seres humanos, independentemente de classe social, orientação sexual ou etnia. Somos todos Ātma, e todos merecemos existir. Todos os humanos merecemos consideração e respeito da parte dos nossos congêneres.
Enquanto isso não ficar claro, enquanto as atitudes não mudarem, o valor do Yoga que os privilegiados praticam ficará sempre manchado pelo egoísmo, a intolerância e a indiferença em relação à sociedade em que vivemos.
Uma espiritualidade marcada pelo egoísmo e o privilégio não tem valor algum: fica apenas no patético nível dos delírios de Savitri Devi e os místicos nazistas. Noutras palavras, como diz o ditado budista, “conhecimento sem compaixão vale menos que um monte de estrume”.
ॐ ॐ ॐ ॐ ॐ
Saiba mais sobre mitologia hindu aqui
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Tendo o Yoga como objetivo último a liberdade todo julgamento cai na limitação sócio cultural dos papéis a serem desempenhados, ignorando que Atma não se limita a gênero ou polaridades…Obrigada Pedro, por lançar luz sobre assunto tão cheio de tabus e amarras.
quanto mais estudo, mais me apaixono por esta filosofia!