Começando, Pratique

Reflexões sobre a popularização do Yoga

É impossível negar a influência que o Yoga tem hoje em dia sobre milhões de ocidentais. Estrelas de Hollywood, pop stars e atletas famosos estão voltando seus interesses para esta prática que surgiu em tempos neolíticos na Índia. Como sempre, a mídia vai atrás e se encarrega de espalhar, através dos seus arautos, a descoberta recente de um assunto velho como o próprio homem: a capacidade que ele tem de observar a si próprio e conhecer a sua verdadeira dimensão. E o Yoga é uma formidável ferramenta para fazer isso, e nos ensinar a arte de viver consciente e harmoniosamente.

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É impossível negar a influência que o Yoga tem hoje em dia sobre milhões de ocidentais. Estrelas de Hollywood, pop stars e atletas famosos estão voltando seus interesses para esta prática que surgiu em tempos neolíticos na Índia.

Como sempre, a mídia vai atrás e se encarrega de espalhar, através dos seus arautos, a descoberta recente de um assunto velho como o próprio homem: a capacidade que ele tem de observar a si próprio e conhecer a sua verdadeira dimensão. E o Yoga é uma formidável ferramenta para fazer isso, e nos ensinar a arte de viver consciente e harmoniosamente.

Ao tirar a prática de Yoga do seu contexto original, a Índia antiga, para adaptá-la ao gosto ocidental, se corre o perigo de acabar reduzindo a busca da própria essência a um artigo de consumo, um “produto”. Surgem assim adaptações, versões diluídas, para tornar o produto mais palatável e, conseqüentemente, mais vendável.

“Fast food” espiritual, poderíamos dizer. Assim, descarta-se a transcendência do ego para, paradoxalmente, transformar a meditação numa técnica de “crescimento pessoal”, que visa ao fortalecimento da individualidade.

O Yoga constatou que nós, indivíduos, esquecemos que a nossa verdadeira natureza é divinal. Vivemos identificados com as experiências e os mecanismos do nosso corpo e da nossa mente. A meditação nos ensina o caminho de volta a casa, de volta à essência, chamada Purusha. O verdadeiro conhecimento já está dentro de nós. É inútil procurá-lo fora.

A cenoura da iluminação continua enfeitiçando o ser humano, sempre como uma promessa futura. Chame-se samádhi, nirvana ou o que for, só muda o tamanho da vara. Alguns a prometem para daqui a pouco, outros para uma existência futura. Ninguém dá a cenoura já: o caminho leva tempo para ser percorrido.

Mas a verdade e o presente estão aqui: nem no passado nem no futuro. Para retornar ao estado da plenitude original é necessário aniquilar as marcas das experiências passadas e as projeções no futuro. Somente quando conseguirmos desintegrar essas projeções, poderemos finalmente alcançar a recompensa.

Entrar em estado de Yoga significa adquirir um grau de sabedoria que está além da razão e do pensamento, e que se vincula com o despertar da intuição. O método científico não consegue chegar a explicar as coisas da alma. Portanto, é melhor calar. Ou escutar o filósofo Wittgenstein: “sobre aquilo de que não é possível falar, vale mais calar“.

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Pedro nasceu no Uruguai, 58 anos atrás. Conheceu o Yoga na adolescência e pratica desde então. Aprecia o o Yoga mais como uma visão do mundo que inclui um estilo de vida, do que uma simples prática. Escreveu e traduziu 10 livros sobre Yoga, além de editar as revistas Yoga Journal e Cadernos de Yoga e o site yoga.pro.br. Para continuar seu aprendizado, visita à Índia regularmente há mais de três décadas.
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2 respostas para “Reflexões sobre a popularização do Yoga”

  1. Entrei para fazer uma pesquisa referente ao Yoga e abri neste achei muito importante as informações pois quem tem duvida não ficara, e como tenho uma estetica os meus cliente sempre falam de yoga que gostariam de praticar e como moro em Jandira gostaria de conhecer um professor(a) que pudesse dar aulas para minhas cliente pois muitas se interessam,queria saber se voce conhece algum professor nesta região por perto que se interesse em dar aulas.Agradeço se puder me ajude e tenha um bom dia.

    Cida

  2. Salve, Pedrão!

    Tô numa seqüência de 3 artigos desses que tem aqui sobre Yoga & Ocidente. Essa história de transformar a meditação numa técnica de “crescimento pessoal”, que visa ao fortalecimento da individualidade, me lembrou que recentemente ouvi a única pessoa que se diz realizado em Deus que conheço dizendo que tem recebido alguns mestres em técnicas de transcendência que atingem o satori com facilidade mas não conseguem se manter lá. Acho que seria pra isso que existe Yamas e Nyamas como estágios iniciais, lei do dharma e karma, né? Por exemplo, acho que Ishvara nos lembra sempre pra quem é nossa prática né? Maha vilha!

    Muito legais esses artigos que refletem sobre a receptividade do Yoga na cultura ocidental. É bom esse destaque de que, se o Yoga não for compreendido na sua essência, também pode ajudar a engessar ainda mais os já edificados egos ocidentais. Agora, vamos à prática!

    Sempre grato! Esse teu site é demais! Jaya!

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