Santosha é um termo sânscrito composto por dois elementos: saṁ, que significa inteiro, totalmente ou por completo, e toṣa, que quer dizer aceitação, contentamento ou satisfação.
Portanto, santosha significa “totalmente contente”, ou contentamento absoluto. Podemos, no entanto, traduzir esta palavra como satisfação constante, ou estar confortável dentro da própria pele.
Ainda, podemos traduzir santoṣa como aceitar alegremente as próprias circunstâncias, independentemente de quais elas forem.
Há outros sinônimos em sânscrito, derivados desse mesmo dhatu, dessa mesma raiz verbal tuṣṭ, como parituṣṭa, santuṣṭa ou tuṣayati, que têm o mesmo sentido. Esses termos são encontrados em diversos textos clássicos e medievais da Índia.
Santoṣa é, assim, a compreensão de si mesmo como calma, uma atitude de contentamento e aceitação de si mesmo. Isso implica aceitar igualmente as situações que atravessamos a cada momento, sem perder a calma nem a alegria de viver.
O primeiro livro do Yogavasiṣṭa, por sua vez, faz uma linda menção a esta atitude:
“Há quatro soldados que guardam o caminho para a liberdade.
Eles são calma, discernimento, contentamento e boas companhias.
Se você conseguir fazer amizade com um deles, os demais serão
facilmente [atraídos]. Aquele irá apresentar você aos outros três”.
Santosha cabal: Contentamento e Crescimento não são Inimigos
Cabe fazermos aqui uma pontualização: o contentamento não é inimigo do crescimento interior. Contentamento não é acomodação inerte, nem resignação nem preguiça. Contentamento não é conformismo.
É uma atitude proativa, na qual procuramos apreciar e desfrutar o meio copo cheio, ao invés de ficar nos queixando pela outra metade que está vazia. É mais a arte de adaptar-se calmamente àquilo que não podemos mudar, do que um gesto de conformismo amargo.
O segredo para contentamento está no desapego, na capacidade de ver e tomar as coisas como elas são, sem projetar nelas valores que não lhes sejam intrínsecos. Ao explicar o sūtra acima citado, Vyāsa, o comentarista do Yogasūtra, define este valor nos seguintes termos:
“Há uma mente alegre e satisfeita, independentemente das circunstâncias exteriores, independentemente de se a pessoa experiencia prazer ou dor, ganho ou perda, fama ou vilipêndio, vitória ou derrota, simpatia ou animosidade”.

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Pedro nasceu no Uruguai, 58 anos atrás. Conheceu o Yoga na adolescência e pratica desde então. Aprecia o o Yoga mais como uma visão do mundo que inclui um estilo de vida, do que uma simples prática. Escreveu e traduziu 10 livros sobre Yoga, além de editar as revistas Yoga Journal e Cadernos de Yoga e o site yoga.pro.br. Para continuar seu aprendizado, visita à Índia regularmente há mais de três décadas.
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