Yoga não é Ginástica
Desde seu lançamento, em 1960, meu livro Autoperfeição com Hatha Yoga exibe, na página 26, o cabeçalho: “Hatha Yoga, uma ginástica…“.
Estaria eu me contradizendo? Se o leitor passar duas páginas vai ler outro cabeçalho: “…diferente da ginástica ocidental“.
Se alguém citar somente a página 26, pretendendo provar que eu afirmo ser o Haṭha Yoga uma ginástica, estará sofismando, pois quando se faz uma citação de um texto fora do contexto é por mero pretexto.
Das páginas 28 a 30 explico bem as diferenças que não permitem tornar o Haṭha Yoga como uma ginástica entre outras.
Ginástica não é Yoga
Ginástica é um exercício, uma atividade, uma praxis. Há ginástica para a memória, para a sobrevivência do cérebro, e outras… O Haṭha Yoga é um exercício, uma ginástica, uma atividade educativa, mas pouco ou quase nada tem a ver com o que se denomina “Educação Física” ou “Atividade Física”.
Por que “física”? Porque a ginástica física trabalha, com admirável eficiência, exclusivamente sobre o “físico”, isto é, o corpo, a matéria. O Haṭha Yoga, longe disso, aprimora a incrível vastidão que é cada ser humano. Educação Física é praxis. Haṭha Yoga é holopraxis. A diferença só pode ser medida em anos-luz.
Ver o ser humano apenas como seu subsistema mais denso (o corpo) equivale a ver o iceberg como uma simples pedra gelada que flutua, sem nada embaixo.
O Haṭha Yoga vê e cultiva o iceberg inteiro. Adianta lembrar que o maior potencial terapêutico não está no mais denso, mas no mais sutil, no nível das energias vitais, na afetividade, na mente, no Espírito, na Essência Única que todos somos. O Haṭha Yoga age sobre o corpo também, e com que eficácia!
Há uma ginástica ou cultura física que exercite a capacidade de compreender, de perdoar, de ajudar, de amar?
Orar, relaxar, meditar, visualizar, embevecer-se, cultuar uma visão libertadora… fazem parte da holopraxis que é o Haṭha Yoga. Tudo isso escapa a quem cuida somente do “físico”.
Todo o meu livro Autoperfeição com Haṭha Yoga se encarrega de afirmar e firmar que cultivar e cultuar o “físico” é recomendável, mas não é tudo. Aliás, é quase nada.
O ser humano é um imenso iceberg. Por que insistir em o ver apenas como um “físico”, isto é, como o tão pequeno pedaço visível do insondável megassistema?…
Por quê reduzir uma milenar holopraxis, uma magnânima benção divina para todos os homens, numa praxis somente “física”?!!!
॥ हरिः ॐ ॥
Digitado por Cristiano Bezerra.
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॥ हरिः ॐ ॥