Pratique, Yoga na Vida

A qualidade de vida e o paradoxo da cidade grande

As grandes cidades brasileiras impõem um modo de vida assustador, por todos conhecido: o medo à flor da pele, a barbárie nas ruas, a perda da tranquilidade nos espaços públicos, a insegurança e, conseqüentemente, a perda do sossego de todos. Como resolver o paradoxo boa educação e futuro para os filhos, versus viver no mundo real?

· 4 minutos de leitura >

Os pais de Madá renunciaram voluntariamente à vida de sedutores confortos que a cidade propõe, para viver mais perto da natureza, num bairro periférico de São Paulo. Uns meses atrás, a residência deles foi assaltada, com as crianças dentro. Naturalmente, Madá não quer voltar a dormir naquele quarto, nem naquela casa, nem visitar aquele bairro, nem voltar para aquela cidade, nem para aquele país. A família toda ficou alarmada com a brutalidade da situação e acabou por se mudar para uma pequena cidade medieval na Itália, onde estão muito felizes e tranquilos.

As grandes cidades brasileiras impõem um modo de vida assustador, por todos conhecido: o medo à flor da pele, a barbárie nas ruas, a perda da tranquilidade nos espaços públicos, a insegurança e, conseqüentemente, a perda do sossego de todos. Como resolver o paradoxo boa educação e futuro para os filhos, versus viver no mundo real?

Os pais precisam tomar a difícil decisão de definir onde vão criar seus filhos: se a opção for por um lugar próximo à natureza, mas ermo e inseguro, os pais certamente irão ouvir das famílias e amigos frases como “algo vai dar errado!”. Se, por outro lado, optarem por viver num condomínio de segurança máxima, poderão ficar com a sensação de estarem criando os filhos dentro de uma bolha, longe do contato com a realidade.

Diante disso, cabe então a pergunta: até onde é razoável insistir na solução de viver numa grande metrópole, ou perto dela? Que estamos buscando na cidade, além do conforto, o consumo e o status? Quando pensamos em viver numa cidade grande, necessariamente, devemos pensar também nos objetivos que nos levam para lá.

Pode acontecer, por outro lado, das pessoas terem nascido na cidade e depois ela ter sofrido esse processo de gigantismo. Em todo caso, a questão central permanece: meu amigo Ricardo nasceu no bairro de Itaim, em São Paulo, onde na época havia chácaras e grandes jardins. Hoje, esse bairro é conhecido pelos enormes prédios e infindáveis engarrafamentos.

Algumas pessoas das metrópoles sustentam o plano de se mudar para alguma praia do Rio Grande do Norte mas, por falta de coragem ou desapego para dar os passos necessários, esse plano não é colocado na prática. Outras consideram que não vale a pena mudar. Outras, que não é possível, já que não poderiam viver sem os confortos que a cidade oferece.

A vida é cheia de paradoxos, alguns muito interessantes e divertidos, e outros nem tanto assim. É possível criar filhos conscientes do seu papel no mundo numa cidade grande? O que vemos, em muitos casos é que as crianças ficam totalmente desconectadas da natureza, vivendo numa bolha asséptica e pasteurizada.

No dizer de um bom amigo, “empinando pipa no ventilador e jogando bolinha de gude no carpete”. Recentemente, uma professora de Yoga, nossa amiga, levou os netos para um sítio, para que eles tivessem a experiência de andar descalços por primeira vez. As crianças tinham perto dos dez anos de idade. Se elas crescerem brincando em playgrounds, isolados da rua, estarão de fato vivendo a vida real?

As nossas casas deveriam refletir o mundo que queremos, não o mundo que temos. O paradoxo de viver numa metrópole brasileira é que o mundo que queremos fica muito distante do mundo que temos. Mas, ao que parece, a mesma situação se estende às dunas do Ceará e às praias de Santa Catarina.

Um dos motivos pelos quais minha esposa e eu decidimos deixar Florianópolis, onde morávamos numa casa bem no meio do mato, foi justamente um assalto. Naquela oportunidade, chegamos na casa com os assaltantes dentro e posso dizer que não foi nada divertido. Nossa integridade física foi poupada, mas o medo naquela noite, dormindo com a casa aberta e arrombada e sem saber se os assaltantes voltariam, foi algo que ficará na memória.

Outros motivos que nos levaram a deixar Floripa, que, aliás, não é uma cidade grande, foram a deterioração da qualidade de vida, os engarrafamentos constantes e a dependência do carro. Hoje em dia, mesmo morando num lugar isolado, não temos carro, e estamos muito felizes com a nossa escolha.

Qual é a diferença entre ficar preso no trânsito na Avenida Paulista e ficar preso no trânsito numa estradinha da ilha? Nenhuma: você está preso do mesmo jeito. OK, ao invés de olhar para os prédios, você pode olhar para os morros ou a lagoa. Só isso. Então, existem outras possibilidades? É possível viver e trabalhar sem usar tanto o carro e respirando um ar mais decente?

Quase a totalidade das pessoas que conheço na ilha, amigos e ex-vizinhos, já foram assaltados ou tiveram suas casas arrombadas. É muito triste constatar isso. Sobre tudo, sabendo que, há 23 anos, quando me mudei para o Brasil, não precisava ter chave porta da minha casa porque era impensável o fato e alguém entrar na casa do outro para roubar ou coisa do gênero.

Algumas das questões que se colocam, quando chegamos neste ponto é definir se iremos escolher uma casa ou um apartamento, se ficaremos perto da cidade ou noutro lugar bem longe, se dependemos mesmo do trabalho na grande cidade para sobreviver e/ou se poderíamos prescindir da vida nela.

Esta situação não tem uma solução fácil nem a curto prazo. Devemos lembrar que a violência urbana não é desejável nem deveria ser considerada normal numa sociedade humana. A questão do futuro das nossas crianças é, creio, o ponto mais importante desta reflexão. De um lado, está a qualidade do ensino, já que as boas escolas estão, de modo geral, nas grandes cidades.

Do outro, a qualidade do ar que se respira e a liberdade de ir e vir sem medo de perder a vida. Cada um de nós deveria refletir sobre isso, dando prioridade àquilo que tem mais valor para si e para a sua própria família, e fazendo as ações que for preciso fazer para implementar na prática seu próprio plano.

Se optarmos pela vida na cidade grande, idealmente, não deveríamos deixar de ensinar às crianças a andarem descalças na lama, nem esquecer de levá-las para nadar no mar, ver um pôr-do-sol ou um arco-íris de vez em quando. Se optarmos por sair da cidade, não deveríamos esquecer de ensinar o necessário para que possam viver na cidade no futuro, se essa for a escolha delas. Namaste!

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Pedro nasceu no Uruguai, 58 anos atrás. Conheceu o Yoga na adolescência e pratica desde então. Aprecia o o Yoga mais como uma visão do mundo que inclui um estilo de vida, do que uma simples prática. Escreveu e traduziu 10 livros sobre Yoga, além de editar as revistas Yoga Journal e Cadernos de Yoga e o site yoga.pro.br. Para continuar seu aprendizado, visita à Índia regularmente há mais de três décadas.
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12 respostas para “A qualidade de vida e o paradoxo da cidade grande”

  1. Caro Pedro e interessados,
    Sigo a opinião de Shivaraja e acrescento dois pensamentos: Todo animal, inclusive nós os humanos, tem a capacidade de identificar situações de perigo. Ás vezes pelos sons, pela visão, e às vezes pela intuição. Para que isso aconteça, precisamos estar no eixo, ou termos consciência que estamos fora dele e procurarmos ajuda para nos centrar.
    Isso não depende de onde estamos… Seria precioso enxergarmos na situação de crise, uma oportunidade, e não fatalidade. Ao longo da história, a barbárie humana sempre existiu. Se hoje ela se apresenta através da violência urbana, talvez seja pelo modo de vida que temos e precisa ser repensado.
    Por exemplo: Carro/Computador/TV/Videoga = Imobilidade. Imobilidade gera imaturidade do sistema neuro-psico-motor. Consequencia: a sociabilização fica prejudicada, a injustiça social fica permitida –> essa é uma oportunidade de mudança! Uma sugestão: saírmos de nosso umbigo e começarmos a devolver o que o universo nos traz…

  2. Grande Pedro,
    Essa temática me fez lembrar de uma canção bem interessante do Raul Seixas, onde este aborda o caminho “normótico” no qual muitas pessoas optam para trilhar suas vidas. Não irei me estender nas minhas palavras e deixarei o Raul cantando… Quando você crescer “O que que você quer ser quando você crescer? Aguma coisa importante. Um cara muito brilhante. Quando você crescer Não adianta, perguntas não valem nada É sempre a mesma jogada Um emprego e uma namorada Quando você crescer E cada vez é mais difícil de vencer Pra quem nasceu pra perder Pra quem não é importante… É bem melhor Sonhar, do que conseguir Ficar em vez de partir Melhor uma esposa ao invés de uma amante Uma casinha, um carro à prestação Saber de cor a lição, Que no… Que no bar não se cospe no chão, nego Quando você crescer Alguns amigos da mesma repartição Durante o fim-de-semana Se vai mais tarde pra cama Quando você crescer E no subúrbio, com flores na sua janela Você sorri para ela E dando um beijo lhe diz: Felicidade é uma casa pequenina e amar uma menina E não ligar pro que se diz. Belo casal que paga as contas direito bem comportado no leito Mesmo que doa no peito Sim… Quando você crescer E o futebol te faz pensar que no jogo Você é muito importante Pois o gol é o seu grande instante Quando você crescer Um cafézinho mostrando o filho pra vó Sentindo o apoio dos pais Achando que não está, só Quando você crescer – Tudo igual. Vai ser exatamente o mesmo!”
    Paz a todos!
    Abraço!

  3. Alô Pedro!
    Pois é, a velha questão…que bom que li este texto hoje, pois acordei muito cedo e fui animada para a praia. Olha que sou pra lá de privilegiada por morar a uma quadra da linha do horizonte! Cheguei lá e o sol estava nascendo, na água, lindo demais!!!
    Só que, eu fiquei o tempo todo enquadrando o mar e o sol, o mar e o sol, ingnorando os prédios que estavam atrás de mim. Sim, ainda é um privilégio, mas o lixo…ah, era tanto, tanto, tanto lixo na areia que não consegui manter minha atenção naquela cena linda.
    Cena linda e corrompida. É que a cidade grande é muito cheia de serviços, diminuindo a idéia de responsabilidade das pessoas. Não custa nada levar sua garrafinha para a lixeira. Não custa nada reciclar sua garrafinha…não custa nada fazer o mínimo.
    A natureza que resta, quando resta, em uma cidade grande, é como uma pintura opaca. Sem vida, cheia de lixinhos, bitucas de cigarro e com um barulho constante de motor, coisa que me impede de ouvir o barulho do mar mesmo morando a uma quadra dele.
    E o que sinto é uma sede constante de um alimento vital que não está disponível. A cidade grande é desnutrida, anêmica e alienada. Ah, mas tem cultura, cinema, exposições, e incontáveis atrativos…claro, é preciso muita distração para fazer as pessoas se sentirem bem, minimamente bem. Só que comigo já não cola.
    Hoje tive vontade de eu mesma recolher o lixo da praia e bancar a doida, e se não fiz isso, foi porque eu também estou esperando que o lixeiro o faça. Pra mim Pedro, isso tudo é surreal, praticamente inacreditável. São Paulo então, daquele tamanhão todo…nem existe de verdade.
    Namastê!
    Manu.

  4. Harih Om, my friend!
    Aqui em casa vivemos esse dilema: somos atraídos a viver ao lado de uma reserva de mata atlântica no litoral norte da Bahia (90 km distantes de Salvador), a 9 km de uma dúzia de reefs “indonésicos”, cultivando uma vida simples e tranquila, mas com um pé atrás em relação à carência da qualidade de ensino e educação nas escolas da região para a nossa filha Jasmim.
    Antes da decisão é importante cultivarmos coragem, do latim, cuore + age, agir com o coração, que é como compreendo o Karma Yoga, agindo respeitando o dharma e entregando os resultados das nossas escolhas a Ishvara.
    Abração e boas ondas.
    Adrian.

  5. Pedrão,
    É uma questão muito complicada. Acho que uma das coisas que fazem pesar pode ser a questão da educação de nossos filhos. Com certeza queremos que eles cresçam e tenham as melhores oportunidades no futuro.
    Mas hoje em dia, este ritmo dos grandes centros também tira das crianças e jovens a oportunidade de curtirem esta fase. Nós tinhamos tempo de brincar, ir a praia, jogar bola, etc…
    Hoje as crianças estão sobrecarregadas de cursos de linguas, pré-vestibulares, computadores e desde cedo já recebem uma enorme carga de cobrança.
    Quem sabe se elas crescessem afastadas de tudo isso também não teriam sucesso? Não somente sucesso financeiro, mas como um ser humano realizado e feliz. Acho que não existe uma receita para esta questão. Mas vai do estilo de vida que cada um escolhe para si, inclusive suas crianças que depois poderão ter a liberdade de mudar de vida ou não. Lembro que quando cursava a faculdade, havia muita gente que vinha de pequenas cidades.
    No meu caso, eu não trocaria minha cidade grande (como você diz: “Rio de Janeura”) por nenhuma outra cidadezinha pacata. Aqui tenho tudo que gosto e criei meu estilo de vida.
    Tenho o meu trabalho, mas sobretudo posso fazer aquilo que mais gosto que é estar na praia surfando ou jogando meu futevolei.
    E isso não tem preço! E também acho que seria infeliz longe deste movimento que existe numa cidade deste porte. Problemas teremos em qualquer lugar.
    Como disse o Ricardo, até lá no paraíso que deve ser Pirenópolis, a violência chegou. Lembro até mesmo que uma das vezes que estávamos aí em Mariscal, ficamos à espreita de um tarado que assustava as mulheres na rua.
    Então no fim das contas, temos que colocar na balança os prós e contras de cada lugar e decidirmos se é isso mesmo que queremos.
    Cada lugar tem seu charme e seu problema. Até mesmo Yudhistira teve que encontrar Duryodhana no paraíso. Tá vendo? Nem mesmo lá, estamos livres de todo mal!! Hahaha!
    Grande abraço!!

  6. Pedrão,
    Achei muito oportuno o seu comentário. Muito legal mesmo. Realmente, até que ponto essas pessoas estão “vivendo”?
    Porém eu penso assim (penso assim de forma muito íntima, para mim e não tenho a pretensão desse pensar ser uma “fórmula”): meu interesse no yoga é todo este, fazer com que eu perambule pelas ruas de uma cidade grande (ok, Santos nem é grande….rsrsr) com a mesma mentalidade de estar num deserto.
    Por favor, compreendam, por isso quero dizer: “livre, fluido, no aqui-agora, sem tensões nem identificações”. Cheguei nesta conclusão na minha experiência como monge zen-budista.
    Onde você é colocado dentro de uma Sangha careca, que quase não fala, medita o dia inteiro e só abre a boca para recitar os Sutras e Gathas. Paraíso! Paraíso?
    Até que ponto isso esta criando um centro real de peramente consciencia do EU? Creioq eu um tempo é válido, talvez arriscaria a dizer: necessário até.
    Mas por quanto tempo você pode criar uma atmosfera onde todas as chuvas não sejam chuvas, todas as tempestades não sejam tempestades e o mundo seja um paraiso rodeado do flores e bambis?
    Bem, talvez seja interessante experienciar uns 10 dias de silêncio com os monges Theravada no RJ. É de graça. Ou não. Pensem.
    Abrações à todos!
    http://www.shivarajayoga.blogspot.com

  7. Pedro,
    Como anarquista, achei esse seu artigo o mais polêmico e espinhoso de todos.
    Mas como praticante de Yoga eu entendi o que você quis dizer e achei lindo. rs. Hari Om.

  8. Eu morei por 2 anos em Pirenópolis, uma linda cidadezinha historica, cercada de mais de 100 cachoeira. Essa linda cidade, tem 12.000 habitantes, não tem transito, não tem sinaleiro, não tem um único predio sequer, longe da poluição, a maioria das pessoas não tem carros, andamos pela cidade a pé.
    Mas este ano minha casa foi assaltada e me ensinou que não adianta buscar a paz e a tranquilidade em algum lugar, porque esse lugar não existe. o mundo é dual, e se é dual sempre vai ter os dois lados.
    Todo ganho envolve perda e toda perda envolve ganhos. Depois desse assalto, sai com medo e correndo de Pirenópolis e mudei para uma cidade grande para me sentir seguro em um pequeno apartamento. Odeio o transito, odeio sinaleiros, odeio andar de carro, mas neste apartamento durmo tranquilo, algo que não fazia mais depois daquele assalto.
    Passaram 6 meses e agora me sinto pronto para retornar a Pirenópolis, porque lá eu tenho mais tempo para dedicar aos estudos e junto a natureza eu acho mais facil me relacionar com Ishvara.
    Agora a segurança só vai existir quando conseguirmos entender que no universo existe uma ordem, uma força que tudo governa e que esta tudo dentro desta ordem.
    Não adianta mudar de lugar, cidade ou pais, porque o problema fundamental vai junto com você. esse problema é não reconhecer quem verdadeiramente voce é. Enquanto isso existir, o medo e a insegurança vão roubar nossa paz em qualquer lugar.
    Hari Om!
    Ricardo.

  9. Adorei o texto, pois sendo uma moradora da cidade de São Paulo e nascida no litoral paulista, penso constantemente em tais questões apontadas por ele. Hoje em dia após inúmeras reflexões, decidi manter uma vida, ainda que na cidade grande, de forma a não absorver tanto o lado ruim da cidade (pelo menos por enquanto).
    Optei por trabalhar perto de casa, pegar o carro o mínimo possível, e ir ao litoral todo fim de semana. Creio que tais medidas não diminuirão por completo minhas questões e dúvidas sobre onde devo me estabelecer, mas pelo menos me fazem respirar mais aliviada no fim do dia.
    A questão central, ou o dilema principal, se assim posso chamar, é como farei o dia que tiver filhos, e aí entro exatamente no assunto abordado pelo texto. Apesar de não ter vivido minha infância em São Paulo, creio que não deva ser muito agradável ser criança por aqui.
    E acredito que devemos continuar refletindo sobre o que oferecer às nossas crianças. Quanto a violência, acho lamentável a situação que nós brasileiros, independente do lugar onde residimos, nos encontramos… E continuo nessa reflexão, sem fim. Será?
    Marjorie.

  10. Excelente texto! É, realmente Floripa é uma metrópole com lazer. Lamentável o que ocorreu com você e sua esposa. Att.

  11. Pedro,
    muito oportuno, lúcido e colocado de maneira clara o paradoxo que nós, que ainda, por razões que a própria razão desconhece, continuamos a morar em cidades grandes. Concordo com vc: qual a diferença entre ficar para do no trânsito na Av. paulista ou em Florianópolis?
    Não vejo diferença alguma, a não ser o fato de que em Floripa, eu ficaria ainda mais ansiosa pensando na praia e nas ondas que estaria perdendo… Pelo menos, em São Paulo, ficar no trânsito está virando até “cultural”
    Daqui a pouco, vão criar campanhas, tipo: ” Venha experimentar o trânsito de São Paulo!!! Não existe sensação igual!! Passe umas horas parado na Vinte e Tres de Maio num tour genial… Aprenda inglês no engarrafamento da Paulista!!! Uhuuu!!!
    Aliás, este ultimo citado, já existe. Muita gente aproveita o trânsito para aprender línguas… O seu texto provoca uma série de questionamentos. Pra que morar num centro cultural como SP Se a pessoa não consome cultura? Ou se não vai a baladas?
    Pra que ter um carro enorme que ocupa muito mais espaço, polui mais, é mais caro e visado pelos assaltantes se não conseguimos passar dos 60Km por hora? Devo aceitar viver com pressa ou lutar para mudar isso antes que fique doente?
    O caso do curso de idiomas no trânsito é sintoma grave de uma epidemia que se espalha: a de se acostumar com pouco e pensar que a vida é apenas acordar pra trabalhar, fazer filhos e pagar contas… Precisamos ser a mudança que queremos ver no mundo, como bem disse Gandhi… Namaste!

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