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As perguntas do lago (um episódio do Mahabhárata)

Durante os doze anos que durou seu primeiro exílio, os cinco irmãos Pandavas e sua única esposa, Draupadi, foram peregrinando de lugar sagrado em lugar sagrado. Atravessando uma região baixa e pantanosa, os gêmeos Pandavas, Nakula e Sahadeva, chegaram a um pequeno lago, acossados pela sede. Quando iam beber, uma voz pediu que, antes, respondessem algumas perguntas.

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Durante os doze anos que durou seu primeiro exílio, os cinco irmãos Pandavas e sua única esposa, Draupadi, foram peregrinando de lugar sagrado em lugar sagrado.

Atravessando uma região baixa e pantanosa, os gêmeos Pandavas, Nakula e Sahadeva, chegaram a um pequeno lago, acossados pela sede. Quando iam beber, uma voz pediu que, antes, respondessem algumas perguntas.

Não resistindo à sede, insistiram em beber e ao fazê-lo, caíram mortos. Chegando Arjuna ao local, é atacado pela mesma estranha sede, ouve a voz mas não desiste de beber e também morre ao fazê-lo.

Depois chega Bhisma e acontece-lhe o mesmo. Finalmente, Yudishsthira descobriu seus quatro irmãos mortos e sentiu que “seu coração o abandonava.”

O lago reitera suas exigências e o maior dos Pandava faz um imenso esforço vencendo seu sede:

– Interroga-me – disse ao lago.

E o lago perguntou:

– O que é mas rápido que o vento?

– O pensamento.

– O que é o que pode cobrir a Terra toda?

– A escuridão

– Quem são mais numerosos, os vivos ou os mortos?

– Os vivos, porque os mortos já não são.

– Me dê um exemplo de espaço.

– Minhas duas mãos juntas.

– Um exemplo de pena.

– A ignorância.

– Um exemplo de veneno.

– O desejo.

– Um exemplo de derrota.

– A vitória.

– Qual é o animal mais astuto?

– Aquele que o homem ainda não conseguiu conhecer.

– O que surgiu primeiro: o dia ou a noite?

– O dia, mas somente precedeu a noite por um dia.

– Qual é a causa del mundo?

– O amor.

– Qual é o teu oposto?

– Eu mesmo.

– O que é a loucura?

– Um caminho esquecido.

– E a revolta? Porque se revoltam os homens?

– Para encontrar a beleza, seja na vida, seja na morte.

– O que é inevitável para todos nós?

Vyása conta que, antes de responder, Yudishsthira pensou talvez na longa sucessão de reencarnações, ao final de da qual se atinge a libertação. Por isso, respondeu:

– A felicidade.

– E qual é a grande maravilha?

– Cada dia a morte ataca ao redor nosso e vivemos como vivos eternos. Eis a grande maravilha.

Então, o lago disse a Yudishsthira:

– Que teus irmãos voltem à vida, pois eu sou Dharma, teu pai. Eu sou a retidão, a constância e a ordem do universo.

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Pedro Kupfer em Conheça, Sociedade
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