Māyā
Chamam-te ilusão
os que não têm olhos de ver.
Aos olhos cegos
a cegueira aumenta.
Não se iludem contigo
os videntes.
Vêem-te a aparência que és,
mas também Aquilo que aparentas.
Māyā,
véu que vela Deus
a olhos impuros.
Māyā,
véu que O des-vela
aos olhos de pureza.
Para aqueles,
multiplicidade e variedade de seres.
Para estes,
a Unidade do Ser.
Aqueles,
no concreto retidos.
Estes,
no abstrato libertos,
por trás, além.
Aqueles,
no tempo enredados.
Estes,
no Eterno abismados.
Aqueles,
no finito presos.
Estes,
no Infinito perdidos.
Aqueles,
de sombras cativos.
Estes,
do Real comensais.
Aqueles,
em miragens detidos.
Estes,
imunes às seduções.
Procuro ver-te,
nuvem bondosa,
sem a qual
me queimaria os olhos
o ofuscante esplendor de Deus.
Ocultação
Māyā:
perene parábola do Eterno,
tecida de tempo;
esconderijo do Infinito,
na ilusão do espaço;
disfarce do Inominável
de muitos nomes;
veste do Informe
de multifária aparência…
Māyā:
poder de criar,
criadora de fantasia,
biombo fascinante,
engano, encanto…
Ao que tem,
dar-se-lhe-á;
ao que não tem,
até o quase nada que tem
lhe será tirado.
A vitória é daquele que,
intimorato, prudente,
sereno, equânime,
abnegado, persistente,
discernindo,
refletindo,
meditando,
perquirindo,
mata a ilusão,
rompe o encanto,
destroça o engano,
com a espada do Saber.
O véu
Há a Vida.
Há um véu,
o véu que vela a Vida.
Quem só vê o véu, não vê a Vida.
Quem consegue des-velar a Vida
já não vê o véu,
e vê que ele é a própria Vida.
॥ हरिः ॐ ॥
Extraído do livro Canção Universal.
Digitado por Cristiano Bezerra.
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॥ हरिः ॐ ॥
Calendario de verso indiano Wagner Xavier