O ladrão que quis ser yogin
Uma vez, um ladrão quis aprender Yoga. Foi visitar um mestre e disse-lhe que queria praticar, mas que era ladrão, bêbado e mentiroso.
O mestre falou dos yamas e niyamas, e disse que, para começar, deveria escolher um yama ou um niyama e ater-se a ele.
O ladrão pensou: “a minha profissão é roubar. É o que sustenta a minha família, portanto, fora de questão seguir asteya.
“A bebida é a minha única fonte de prazer, e tampouco vou largá-la. Ou seja, que nem śaucan nem tapas.
“Mas, deixar de mentir não vai me custar tanto. Vou seguir satya.” E assim foi que ele decidiu falar somente a verdade.
Uma noite, o nosso ladrão foi roubar o palácio real. Eis que o rei estava passeando pelo jardim após um dia entediante, buscando algo que lhe tirasse o vazio existencial.
Os dois se encontraram e o rei pergunta: “quem é você?”. O ladrão disse a verdade: “sou um ladrão e vim roubar o tesouro real.”
O rei viu ali a possibilidade de viver a emoção e a aventura que estava procurando desde cedo, e então disse:
“eu também sou um ladrão. E sei onde se guarda a chave da sala do tesouro. Façamos juntos o trabalho e dividamos o lucro”.
O ladrão concordou.
Os dois aventureiros entram no palácio, chegam na sala e dividem o tesouro.
Porém, acham três enormes diamantes, que não podem ser divididos sem beneficiar um deles mais do que o outro.
O ladrão, apelando para aquela generosidade que ocasionalmente conseguem ter os da sua profissão, diz:
“fiquemos com um diamante cada, e deixemos o terceiro para o rei. Afinal, coitado, ele acabou de perder tudo.”
Ao separar-se no jardim, o rei pergunta ao ladrão onde ele mora, e fala da possibilidade de contatá-lo novamente para futuros “trabalhos”. O ladrão fala a verdade.
No dia seguinte, o rei vislumbra a possibilidade de testar seu primeiro ministro. Chama-o e diz: “ontem à noite tive um sonho estranho.
“Sonhei que o tesouro fora roubado. Vá à sala conferir, pois um pressentimento está oprimindo meu coração.”
O ministro entra na sala, vê o diamante que sobrou e pensa:
“o nosso rei perdeu absolutamente tudo. Este único diamante não fará nenhuma diferença”.
Esconde a pedra preciosa sob a túnica e volta à sala do trono, dizendo que, efetivamente, o tesouro inteiro foi roubado.
O rei manda prender o ladrão. Ao ser interrogado na frente do ministro, conta o acontecido: desde o encontro com o “colega” de profissão até o detalhe do diamante que eles deixaram na sala.
Desta forma, o rei descobre que o seu ministro não é de confiança, pois mente e rouba. Manda prendê-lo imediatamente.
E, em seu lugar, nomeia primeiro ministro seu novo amigo, o ladrão. Este, dada a sua nova ocupação, deixou de roubar.
E, como passou a ter outros prazeres, deixou igualmente de beber.
॥ हरिः ॐ ॥
॥ हरिः ॐ ॥
Pedro nasceu no Uruguai, 58 anos atrás. Conheceu o Yoga na adolescência e pratica desde então. Aprecia o o Yoga mais como uma visão do mundo que inclui um estilo de vida, do que uma simples prática. Escreveu e traduziu 10 livros sobre Yoga, além de editar as revistas Yoga Journal e Cadernos de Yoga e o site yoga.pro.br. Para continuar seu aprendizado, visita à Índia regularmente há mais de três décadas.
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Mudar um hábito isoladamente eh quase impossível, mas se VC se dedicar a essa mudança com sinceridade todos os outros hábitos serão transformados juntos.
Achei muito interessante e de certa forma gratificante, pois nos mostra que, apesar dos valores hoje em dia estarem mudados, vale a pena ser correto e honesto.
Que isso sirva de lição para nós.
Namaste
Amei a estória. Tem perfume de budismo, talvez apenas algo do espírito. “Danyavad”. Kadhija