Pratique, Yoga na Vida

Os yogis não somos geladeiras!

Já ouvi várias vezes esta pergunta: 'é verdade que o praticante torna-se uma pessoa fria, indiferente às coisas do mundo ou aos problemas dos demais?'

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Já ouvi várias vezes esta pergunta: ‘é verdade que o praticante torna-se, ao entrar nestes estados, uma pessoa mais fria, indiferente às coisas do mundo, ao afeto ou aos problemas dos demais?’ A resposta é um categórico não!


É bom lembrarmos que o Yoga não suprime nem reprime percepções, pensamentos ou sentimentos. Através da ‘sattvificação’ do psiquismo, ou seja, tornando cada vez mais puros pensamentos e sentimentos, o yogi incorpora uma vida afetiva mais rica e profunda, na qual ele não sofre mais nem faz sofrer os demais com as aflições nascidas da ignorância existencial.

Nessa nova afetividade assim construída, ele integra todos os aspectos práticos em relação às pessoas e ao mundo ao invés de negá-los, uma vez que passa a perceber a totalidade das manifestações da natureza (Prakriti), bem como a si mesmo, como partes do mesmo corpo da Existência Única.

O cultivo de sentimentos como a alegria, a compaixão, a amizade e a neutralidade, propostos pelo sábio Patañjali nos Aforismos do Yoga, é uma parte indispensável da jornada do yogi em direção ao auto-conhecimento e ao aprofundamento nos níveis mais sutis da prática. Isso implica que atitudes indesejáveis como egoísmo, imaturidade, indiferença e frieza, já foram descartados ao longo do caminho.

Então, não há repressão nem negação, mas pacificação e reconciliação em relacão às próprias atitudes e karmas passados. Isso, por sua vez, produz um estado de cura das emoções, crescimento, transmutação do psiquismo e construção de um novo senso de ser, que torna o yogi um ritambhara, ‘aquele que leva a verdade em si mesmo’.

Ou seja, o discernimento que o yogi conquista acerca de si próprio e do mundo faz com que veja a sucessão de acontecimentos da sua vida em perfeita harmonia com o todo e com as leis naturais. Portanto, esses acontecimentos não lhe suscitam reações mecânicas, mas escolhas conscientes frente às diferentes situações da vida.

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Pedro nasceu no Uruguai, 58 anos atrás. Conheceu o Yoga na adolescência e pratica desde então. Aprecia o o Yoga mais como uma visão do mundo que inclui um estilo de vida, do que uma simples prática. Escreveu e traduziu 10 livros sobre Yoga, além de editar as revistas Yoga Journal e Cadernos de Yoga e o site yoga.pro.br. Para continuar seu aprendizado, visita à Índia regularmente há mais de três décadas.
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2 respostas para “Os yogis não somos geladeiras!”

  1. Olá Pedro! Fico muito grata por esta e tantas outras partilhas de conhecimentos e praticas que me permitem refletir e olhar para dentro de mim. Muito obrigada, Liliana Rodrigues (Portugal)

  2. Pedro 1º fiquei feliz em encontrá-lo, pois já pratiquei yoga c/vchá anos, c/certeza não irá se lembbrar de mim, afinal vc trata c/muitas pessoas, mas o que importa é que me lembro de ti e estou muito contente de matar a saudade , seu texto diz extamente aquilo que nos faz estar aqui presente vivenciando tudo com os pés no chão e o coração no céu ou vice e versa, vira e mexe nos pegamos sofrendo ou angustiados por algo, aí respiramos fundo e nos voltamos pra aquele lugar de serenidade e paz que é nosso anáhata, e é tão bommm. super bj pra vc e qdo eu for ai pra sua terra, irei procurá-lo

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