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Testemunhando seus Pensamentos em Práticas de Yoga

Testemunhar os pensamentos é o aspecto mais importante da prática de Yoga. Testemunhar o processo de pensamento significa ser capaz de observar o fluxo natural da mente

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Testemunhar o fluxo da mente: Testemunhar os pensamentos é o aspecto mais importante da prática de Yoga. Testemunhar o processo de pensamento significa ser capaz de observar o fluxo natural da mente, enquanto não se é perturbado ou distraído, o que gera um estado de mente tranqüilo que permite o aparecimento dos aspectos profundos da meditação e do samadhi, revelando aquele que está além, que é Yoga ou Unidade.

 

Testemunhe tudo!

É um processo simples:

Testemunhar = Observação + Desapego

Introdução

Simples e complexo: O processo de testemunhar os pensamentos e outros processos internos é elegantemente simples, uma vez que se entenda e pratique por um tempo. Antes disto pode parecer muito complicado. Ao escrever este artigo, a intenção foi a simplicidade, apesar do tamanho fazê-lo parecer complicado. Se tivermos em mente o paradoxo do simples que parece complexo, será muito mais fácil praticar a ação de testemunhar e, gentilmente, permitir que seja ampliada com o tempo. Muitos dos aspectos do ato de testemunhar descritos abaixo são no Yoga (Yoga Sutras) e Vedanta, embora sejam processos universais que também descritos em outros contextos.

 

Um processo simples: O ato de testemunhar inicia com um processo muito simples de 1) observar pensamentos individuais, 2) rotular estes pensamentos pela sua natureza e 3) abdicar de qualquer ligação com estes pensamentos, de modo a mergulhar fundo na consciência tranqüila e silenciosa que está além da mente e de seus processos de pensamentos.

 

1. Observe os pensamentos individuais.

2. Rotule os pensamentos pela sua natureza.

3. Abdique de qualquer ligação com estes pensamentos.

 

 

· Acalmando a mente: Esta prática é fácil de compreender e muito útil para acalmar a mente.

 

· É fácil: Rotular e observar pensamentos é fácil, desde que se pratique um pouco na vida diária e nas práticas individuais (Apenas parece ser difícil).

 

· Enfraquecendo padrões de hábitos: Esta prática gradualmente enfraquece os padrões de hábitos enraizados, que não são úteis para o crescimento do indivíduo e são obstáculos à realização espiritual.

 

· Aumenta a liberdade: Quanto mais se é testemunha dos próprios pensamentos, menos controle os pensamentos tem sobre o indivíduo, aumentando a liberdade de escolha.

 

· Preparação para a meditação avançada: Testemunhar prepara para a meditação avançada e para o samadhi.

 

· Pratique paciência: É uma boa idéia ser paciente consigo mesmo durante o aprendizado deste processo.

Também é útil investigar o Yoga Sutras de Patanjali, particularmente a primeira parte do capítulo 1, a primeira parte do capítulo 2 e os comentários sobre a ação de testemunhar.

Tanto na vida diária quanto na meditação: É importante perceber que é possível praticar a ação de testemunhar nas atividades da vida diária. Com certeza, deve ser feito nas práticas de meditação, mas pode-se realizar um grande progresso sem ter que dispor de um simples minuto extra para esta prática, enquanto se faz serviços para outras pessoas.

Testemunhar pensamentos NÃO significa supressão ou
repressão psicológica de pensamentos e emoções.

O Que Rotular e Testemunhar Significam?

Simples observação: Rotular pensamentos é o ato muito simples de observar a natureza dos processos de pensamento em dado momento. O princípio básico é tão simples que é fácil de cometer o erro de não praticar!

O que é útil e inútil: Um exemplo simples e óbvio ajudará a entender a importância desta prática. Se você tem um pensamento negativo sobre si mesmo ou outra pessoa, um pensamento que não é útil para seu crescimento, simplesmente perceba e note que ‘Isto Não é Útil’ dizendo silenciosamente estas palavras. Ou pode dizer internamente a simples frase – ‘Inútil’. Pensamentos negativos podem continuar a nos controlar somente quando não estamos cientes deles. Quando os percebemos e os rotulamos como pensamentos ‘Inúteis’, podemos lidar com eles de forma positiva e construtiva.

Veja os pensamentos honestamente: Isto não quer dizer ser pessimista sobre si mesmo, julgar-se precipitadamente ou classificar-se como negativo. Pelo contrário, é um processo de nomear honestamente os padrões de pensamentos pelo que eles são, um pensamento negativo. Tal observação não é um julgamento sumário de culpa, mas uma forma saudável de determinar uma situação, neste caso, que o pensamento é negativo.

Incentive os pensamentos positivos e úteis.

Não faça nada com os pensamentos negativos e inúteis.

Lembre-se do que é útil ou inútil: E sobre os pensamentos positivos? De maneira semelhante, quando aparecem pensamentos positivos e construtivos, que conduzem na direção do crescimento, das verdades espirituais e da iluminação, devemos lembrar que ‘Isto é Útil’ ou, simplesmente, ‘Útil’. Então podemos permitir que estes pensamentos úteis se transformem em ações.

 

Este processo de lembrar se torna não-verbal: Após algum tempo de prática, o processo de rotular naturalmente fica não-verbal. É muito útil dizer internamente as palavras de forma literal, quando os pensamentos são rotulados. Entretanto, a rotulação não-verbal vem automaticamente a medida que gradativamente nos tornamos uma testemunha do processo de pensamento. Na meditação, os pensamentos podem facilmente surgir e desaparecer, o que significa que a mente está desperta, alerta, clara, e não entorpecida, letárgica ou em transe.

 

Rotule e vá além dos pensamentos: A ciência do yoga descreve muitos aspectos do processo mental de modo que os estudantes de meditação do Yoga podem encontrar, lidar e eventualmente ir além de todo o processo de pensamento e alcançar a alegria no centro da consciência. Aprendemos a rotular os pensamentos e depois, gradualmente, aprendemos a ir além deles.

 

Partes do processo de testemunhar: O ato de testemunhar o processo de pensamento significa estar apto a 1-observar o fluxo natural da mente, 2-perceber a natureza dos padrões de pensamentos, 3-enquanto não se é distraído por este processo mental. Há uma fórmula simples para este processo:

 

Testemunhar = observar + desapegar

 

 

Enfraquecer os vínculos do samskaras: Quando é possível começar a testemunhar o processo de pensamento, a meditação pode ser usada como um meio para enfraquecer (Yoga Sutra 2.4) os vínculos das impressões profundas chamadas samskaras, a força impulsora das ações do karma, permitindo que os aspectos profundos da meditação fiquem acessíveis.

 

Treinar a própria mente: Há outro aspecto do processo de rotular e testemunhar os pensamentos, que é o processo de decidir e treinar a própria mente se um certo pensamento é Útil ou Inútil.

 

Por Que Devo Rotular Meus Pensamentos?

Rotular e testemunhar pensamentos é uma prática espiritual: Na ciência da meditação do Yoga, nos tornamos testemunhas do processo de pensamento e dos tipos variados de atividades internas. A ação de rotular e testemunhar os padrões de pensamentos conscientemente, é um aspecto extremamente útil da prática espiritual. Este auto-treinamento é uma preparação para ir além do processo mental e atingir o Eu, o Centro da Consciência.

A parede divisória entre onde nós estamos

e o Eu se chama mente

Primeira questão:

Estou disposto a explorar minha mente?

Encontre, explore, treine e transcenda a mente: Entre onde você está e a Auto-Realização está a mente. Para alcançar a experiência direta do Eu, o qual está além da mente, devemos encontrar e explorar a própria mente, de forma a transcendê-la. Até mesmo uma leitura apressada do Yoga Sutras revela que ele é um manual de instruções sobre como examinar e treinar a mente, de forma a ir além dela.

Aprenda a usar uma ferramenta simples: Quando aprendemos a andar de bicicleta ou dirigir um carro ou usar um computador, há um processo de aprendizado para usar estas ferramentas. Uma vez que se aprenda e se use a ferramenta por um tempo, o processo se torna muito simples. A auto-observação também é uma ferramenta muito simples, após ser usada por um tempo e adquirir algum entendimento. Pela identificação e rotulagem do processo de pensamento, podemos testemunhar o fluxo inteiro da mente.

Estou Preparado e Disposto à Explorar Meus Pensamentos?

 

Preparação é necessária: Patanjali descreve o processo de meditação do Yoga no Yoga Sutras e a primeira palavra que aparece é Atha que significa agora, então, por esta razão (sutra 1.1). É uma palavra específica para agora, que implica preparação prévia. Significa estar preparado para seguir o caminho de auto-exploração através da meditação do Yoga.

 

 

Está disposto a explorar seu interior?: A primeira questão sobre seu estado mental é perguntar a si mesmo se tem vontade de explorar seus próprios pensamentos e processos de pensamento. Não uma perfeita ou absoluta prontidão e força de vontade, mas uma atitude na qual há uma intenção sincera para olhar para dentro. O problema começa quando não queremos fazer isto, dizendo a nós mesmos que tal exploração interior não é necessária para a jornada espiritual. Esta é uma das principais razões porquê tantas pessoas praticam a assim chamada meditação por anos, décadas, e secretamente queixem-se de não obter progresso.

Seguindo os passos preliminares: Simplesmente devemos estar desejosos de encontrar e explorar a mente, para irmos além dela e alcançar a experiência direta do Eu. Se não estamos preparados para fazer isto, não estamos preparados de verdade para trilhar o caminho da meditação do Yoga. Quem não quer exatamente agora explorar seu interior e não esteja preparado para fazer estas práticas, pode descobrir que são mais úteis outros passos preliminares direcionados a meditação do Yoga. Eventualmente, tais práticas podem levar para os aspectos mais profundos da ciência do Yoga.

A mente está entre nossa realidade superficial

e a profunda Realidade interior.

É impossível escapar da mente: De qualquer forma, no fim das contas deve-se encarar o próprio processo de pensamento. Não há outro caminho, já que a mente permanece entre a realidade superficial e a profunda Realidade interior. Os métodos podem ter alguma diferença nos diferentes caminhos, mas é inevitável o encontro e a interação com o processo mental.

 

O desejo por verdade engole os outros desejos: Se o ‘Sim’ para a disposição de explorar os pensamentos e os processos de pensamento for até mesmo um pequeno ‘Sim’, então é possível alimentar uma pequena chama até que ela se transforme em uma floresta em chamas de desejo para conhecer o Eu. Este desejo tendo como único objetivo a Verdade, engole os desejos menores e abre as portas para a dádiva que gera orientação que vem de dentro.

Posso fazer!

Farei!

Tenho que fazer!

Desenvolvendo um desejo ardente, sankalpa shakti: O desejo ardente e convicto de conhecer, é chamado Sankalpa Shakti. Muitas pessoas dizem que desejam o despertar da Kundalini Shakti, a energia espiritual interior. Entretanto, a primeira forma de Shakti, energia, para desenvolver, é o Sankalpa, determinação. Significa desenvolver uma convicção profunda para conhecer a si mesmo em todos os níveis, para vir a conhecer o Eu no âmago. Significa ter uma atitude que – ‘Posso fazer! Farei! Tenho que fazer!’ (veja o Yoga Sutra 1.20 sobre empenho e compromisso).

Não Sou Meus Pensamentos

Quem sou, está além da mente: O fato de que ‘não sou meus pensamentos’ é um dos princípios mais fundamentais e importantes entre todos os princípios da ciência do Yoga. É assim que Patanjali introduz o Yoga nas quatro primeiras instruções do Yoga Sutras. Parafraseando, ele diz:

1- Agora, após todas as práticas e preparações na vida, inicia o estudo e prática do Yoga.

 

2- Yoga é o nirrudah (maestria, controle, regulação, transcendência, contenção) dos vários níveis de padrões de pensamentos na área da mente.

 

3- Então, com esta realização, se permanece ciente da verdadeira natureza como o Eu ou pura Consciência.

 

4- Em outros momentos, fora deste elevado e verdadeiro estado de atenção, se está enganosamente identificado com os vários níveis de padrões de pensamentos contidos no campo da mente.

Não é mera fé cega: Se somente acreditamos ou temos fé cega neste princípio, iremos perder a oportunidade da experiência direta desta realidade.

Quem sou?

Sou aquilo que resta após me

desprender de meus pensamentos.

Descubra por si mesmo: Na tradição oral da meditação do Yoga, diz-se que nunca se deve acreditar no que se lê ou se ouve, mas também não se deve rejeitar. De preferência, observe os princípios, reflita sobre eles, faça as práticas e descubra por si mesmo através da experiência direta, se são ou não verdade.

Repita a mesma descoberta: A maneira de realizar isto é explorar sistematicamente, um a um, todos os níveis do processo de pensamento. Será percebido sucessivamente que ‘Aquele que sou é diferente deste padrão de pensamento específico que estou testemunhando exatamente agora!’ Repetidamente, esta percepção virá, pela experiência direta, pensamento após pensamento, impressão após impressão.

 

Adquirindo sua própria verdade: Gradualmente virá a constatar pela sua própria opinião e observação e conclusão e experiência que ‘Eu não sou nenhum destes pensamentos!’, assumindo esta constatação como sua experiência e verdade próprios.

A experiência direta é o objetivo: Bom ou ruim, feliz ou triste, claro ou nebuloso, nenhum destes pensamentos é o que sou. Não é mais uma teoria de um livro, ou mera declaração de alguém, não importa quão importante seja esta pessoa. Este tipo de experiência direta é o objetivo ensinado pelos Yogis ancestrais, Sábios e Mestres do Himalaia. Acontece quando a prática da meditação, contemplação, prece e mantra convergem em uma experiência de testemunho puro.

A personalidade é uma manifestação perfeita: Mantendo esta percepção, veremos que os padrões de hábitos que definem nossa personalidade são expressões perfeitas desta pessoa individual. A beleza de nossa personalidade única é vista com mais clareza quando lembramos nosso Verdadeiro Ser, que está além, ainda que sempre presente (Yoga Sutra 1.3).

Testemunhar o Indriyas ou Dez Sentidos

Como um prédio com dez portas: O ser humano é como um prédio com dez portas. Cinco são de entrada e cinco de saída. Testemunhar os dez sentidos é uma parte importante da meditação, e também da meditação em ação.

Dez sentidos: Os dez indriyas ou sentidos ativos e cognitivos são:

· Karmendriyas: As cinco portas de saída são cinco meios de expressão, que são chamados sentidos ativos ou Karmendriyas (Karma significa ação, Indriyas são os meios ou sentidos).

· Jnanendriyas: As cinco portas de entrada são os cinco sentidos cognitivos, que são chamados Jnanendriyas (Jnana significa conhecer, Indriyas são os meios ou sentidos).

 

 

Em Qual dos Cinco Estados a Sua Mente Está Agora?

Do Yoga Sutra 1.1: O primeiro Sutra do Yoga Sutras diz: ‘Agora, após ter feito uma preparação prévia durante a vida e de outras práticas, o estudo e a prática do Yoga iniciam’ (atha yoga anushasanam). A palavra atha é usada com o sentido de ‘agora’ e implica em um processo de preparação, ou estágios, pelos quais alguém precisa passar antes de estar apto a praticar a meditação do Yoga no nível mais completo. O sábio Vyasa descreve cinco estados da mente, que vão de uma mente gravemente problemática a uma mente conduzida com maestria. É muito útil estar atento a estes estados, tanto no momento quanto no funcionamento geral do dia a dia. Isto revela qual a profundidade da prática que se está apto para praticar. Certas características da meditação do Yoga se aplicam a todo ser humano, sendo necessário identificar qual é a mais apropriada e efetiva para cada pessoa, em conseqüência de seu estado mental.

Dois estados mentais são desejáveis: Dentre os cinco estados da mente (abaixo) os dois últimos são desejáveis para as práticas profundas da meditação do yoga. A mente normalmente está em um dos três primeiros estados para a maioria das pessoas.

 

Estabilize a mente na concentração correta: Sabendo disto, podemos lidar com nossa mente para gradualmente estabilizá-la no quarto estado, o estado de concentração correta. Este estado da mente nos prepara para o quinto estado, onde existe a habilidade de conduzir a mente com maestria. Os dois primeiros estados também podem ser dominantes ou intensos o bastante para se manifestarem como o que os psicólogos chamam de doença mental.

 

Saber onde sua mente está agora lhe diz sobre

como se chega ao local para onde você está indo.

1- Kshipta / perturbado: A mente kshipta está perturbada, impaciente, preocupada, distraída. É o menos desejável dos estados da mente, no qual a mente é problemática. Pode estar gravemente perturbada, moderadamente perturbada ou suavemente perturbada. Pode estar angustiada, irritada ou caótica. Não é apenas a mente distraída (Vikshipta), pois possui a característica adicional de um envolvimento emocional mais negativo e intenso.

2- Mudha / entorpecida: A mente mudha está estupefata, entorpecida, pesada, esquecida. Com este estado de mente há menos processos de pensamentos. É um estado entorpecido ou sonolento, um pouco parecido com a depressão, mas não significa somente a depressão clínica. Entramos nesta disposição de mente pesada quando queremos ficar sem fazer nada, quando queremos ficar letárgicos ou viciar na televisão.

A mente Mudha não é muito diferente da mente Kshipta, perturbada, diferindo que a perturbação ativa diminuiu e a mente pode ser um pouco mais facilmente treinada a partir deste ponto. A mente pode ser gradualmente ensinada a ser um pouco estável em um sentido positivo, somente se distraindo ocasionalmente, que é o estado Vikshipta. Assim a mente pode progredir pelo treino para os estados Ekagra e Nirrudah.

3- Vikshipta / distraída: Uma mente vikshipta está distraída, ocasionalmente estável ou focada. Este é o estado de mente relatado com freqüência por estudantes de meditação quando estão totalmente despertos e alertas, mas não perceptivelmente perturbados, entorpecidos ou letárgicos. Neste estado de mente a atenção facilmente muda de foco. Esta é uma mente macaca ou barulhenta, que com freqüência perturba a meditação. A mente pode se concentrar por curtos períodos de tempo e então é distraída por uma atração ou aversão. Daí, a mente é trazida de volta, para novamente se distrair.

A mente Vikshipta pode se concentrar em um ou outro projeto na rotina diária, apesar de vaguear, ou desviar de curso devido a uma pessoa, influências externas ou uma memória que emerge. A mente Vikshipta é a posição que se deseja alcançar através das práticas de yoga básicas, para que se possa prosseguir para a concentração correta de Ekagra e a destreza que vem com o estado de Nirrudah.

4- Ekagra / concentração correta: A mente ekagra está concentrada corretamente, focada, centrada (Yoga Sutra 1.32). Quando a mente possui a habilidade de ter concentração correta, a prática real de meditação do Yoga inicia. Significa que é possível focar de perto as tarefas da vida diária, praticando karma yoga, o yoga da ação, por estar ciente do processo mental e conscientemente servir aos outros. Quando a mente está concentrada corretamente , as atividades internas e externas não são uma distração.

 

A capacidade de focar a atenção é uma habilidade

básica para a meditação e o samadhi.

A pessoa com uma mente concentrada corretamente continua com o assunto presente, imperturbável, não sendo afetada e envolvida por outros estímulos. É importante ressaltar que isto é pensado em um sentido positivo, e não negativo, como não se preocupar com as outras pessoas ou prioridades internas. A mente concentrada corretamente é totalmente presente no momento e capaz de ocupar-se de pessoas, pensamentos e emoções, de acordo com sua vontade.

A mente concentrada corretamente está apta a fazer as práticas de concentração e meditação, evoluindo progressivamente em direção ao samadhi. Esta habilidade em focar a atenção é uma capacidade básica que o estudante deseja desenvolver para a meditação e o samadhi.

 

5- Nirrudah / controle: A mente nirrudah é muito bem conduzida, controlada, regulada, contida (Yoga Sutra 1.2). É muito difícil entender o significado do estado de mente Nirrudah por sua descrição. O entendimento real deste estado de mente vem somente através de práticas de meditação e contemplação. Quando a palavra Nirrudah é traduzida como controlada, regulada ou contida, pode facilmente ser mal entendida como supressão de pensamentos e emoções.

Suprimir pensamentos e emoções não é saudável e não é o que Nirrudah significa. Pelo contrário, tem a ver com o processo natural quando a mente está concentrada corretamente e progressivamente se torna mais estável, enquanto a meditação se aprofunda. Não que os padrões de pensamentos não estejam presentes ou estejam suprimidos, mas a atenção está voltada para o interior ou para além do fluxo de impressões internas. Nesta profunda imobilidade, há um domínio, uma maestria sobre os processos da mente. Nirrudah significa esta maestria.

 

No segundo sutra do Yoga Sutras, o Yoga é definido como “Yogash Chitta Vritti Nirrudah,” que é, a grosso modo, traduzido como ‘Yoga é o controle (Nirrudah) dos padrões de pensamentos no campo mental’. Assim, o estado de mente Nirrudah é o objetivo e definição do Yoga. É a porta de entrada pela qual se vai além da mente.

 

O que fazer:

 

Esteja atendo ao seu estado mental: Esteja atendo ao seu estado mental em geral. Qual dos cinco estados da mente é o seu estado padrão na vida diária? O simples ato de identificar seu estado mental típico é muito útil para mover o estado da mente para mais próximo do caminho da meditação do Yoga.

Se a mente está kshipta ou mudha: Se a mente normalmente está nos dois primeiros estados (Kshipta ou Mudha), como usar o vasto conjunto de práticas do Yoga para levar a mente do estado de distração total (Vikshipta) para o estado de concentração correta(Ekagra)? Como usar outras práticas complementares ou terapias para ajudar neste processo?

 

Se a mente está Vikshipta: Se a mente normalmente está no estado distraído (Vikshipta), como usar as práticas de concentração para traze-la para o estado de concentração correta Ekagra?

 

Se a mente está Ekagra: Se há condições para treinar a mente para permanecer no estado de concentração correta (Ekagra), como intensificar as práticas para obter vislumbres do estado de domínio da mente denominado Nirrudah?

 

Qual das Três Qualidades é a Mais Dominante?

 

Três gunas ou qualidades: Uma entre três qualidades ou gunas da mente predomina. Estas três qualidades estão relacionadas à mente em geral, assim como a padrões de pensamentos específicos:

 

1-Tamas, estático, estável, inerte: Seus aspectos negativos incluem peso, vício, ignorância, estupidez, estagnação ou estupor. Seus aspectos positivos incluem estabilidade e confiança.

2-Rajas, ativo, agitado, móvel: Impelido em direção a atividade, que pode ser uma forma de energia negativa, que perturba e distrai, ou uma atividade positiva, que supera a inércia.

 

3- Sattvas, iluminado, luz, espiritual: Na medida que o véu dos outros dois estados são gradualmente removidos, aparecem a virtude, a compreensão superior, a ausência de desejos e o domínio.

Desenvolva uma mente Sáttvica ou iluminada,
enquanto permite que Tamas traga estabilidade
e que Rajas gere ações positivas.

O que fazer:

Desenvolva uma mente Sattvica: Queremos desenvolver um estado de mente Sattvico ou iluminado, ao invés de uma mente cheia de inércia ou atividades negativas. É dito que os três gunas são os blocos de construção do universo e ao mesmo tempo são qualidades nos níveis mais densos da realidade. Por exemplo, alguém pode se alimentar de mais comida Sattvica como auxílio para a meditação, ou criar um ambiente Sattvico. Aqui falamos em desenvolver padrões de pensamentos Sattvicos.

Observe qual dos três é predominante: Queremos simplesmente observar o estado da mente usando o senso comum. É muito fácil de entender. A mente e seus pensamentos podem estar cheios com peso (tamas), com atividades que distraem (rajas) ou pode estar cheios de iluminação ou leveza espiritual (sattvas).

· Se pesado ou inerte: Se a mente está pesada ou inerte, queremos trazer atividade, o que nos aproxima do estado mental iluminado e claro.

· Se hiperativo ou barulhento: Se a mente está muita ativa ou barulhenta, no sentido negativo, devemos permitir que esta agitação passe, para tornar possível a clareza e iluminação.

 

· Se clara ou iluminada: Se a mente está em um estado claro, iluminado ou Sattvico, devemos gentilmente manter este estado da mente.

Estimule pensamentos e emoções sattvicos: De qualquer forma, devemos estimular pensamentos e emoções que são de natureza Sattvica, espirituais, claros e iluminados. Para tanto, é útil rotular os pensamentos Tamasicos e Rajasicos para que possam ser transformados em pensamentos Sattvicos. Não é uma questão de reprimir os pensamentos Tamasicos ou Rajasicos, mas de positivamente enfatizar o pensamento Sattvico.

Por exemplo, se Tamas predomina, os pensamentos podem ser pesados ou negativos, entretanto, quando Sattvas predomina, Tamas provê estabilidade, o que é útil.

Se Rajas predomina, os pensamentos podem ser ansiosos ou acelerados. Entretanto, se Sattvas predomina, Rajas é a força que faz pensamentos úteis virarem ações positivas, enquanto Tamas tem um efeito estabilizante.

Não é bom ou ruim: Quando se avalia qual dos Gunas é o mais dominante em um pensamento ou processo de pensamento, pode parecer que Sattvas é ‘bom’ e que Tamas e Rajas são ‘ruins’. Não é o caso. O que é importante é o equilíbrio dos Gunas e qual deles predomina. Em oposição aos aspectos negativos, o aspecto positivo de Rajas é a força positiva que impulsiona para executar ações e Tamas é a força estabilizadora. Os dois são úteis.

Permita que sattvas predomine: Para meditar, Sattvas é o Guna que o estudante precisa que seja o dominante, permitindo que Rajas e Tamas tenham pouca influência.

Este Pensamento Específico É Colorido ou Sem Cor?

 

Klishta ou aklishta: Padrões de pensamentos são Klishta ou Aklishta.

 

· Klishta significa que não são neutros, mas coloridos ou aflitivos de alguma forma, tal como atração e aversão. Resultam em dor e sofrimento.

 

· Aklishta significa que não são coloridos, tal quando não são afligidos com atração ou aversão. Não resultam em dor e sofrimento.

Saber se um pensamento é colorido ou descolorido

traz liberdade de escolha para agir ou não.

Ver Yoga Sutra, 1-5 – 1.11 e 2.1 – 2.9.

A prática mais importante: Observar se os pensamentos são Klishta ou Aklishta é extremamente útil. É a prática básica de observar os processos de pensamento. É realizado quando se observa tanto pensamentos individuais quanto fluxos de pensamentos. Pode parecer que uma prática tão simples seja de pouca importância e mereça pouca atenção. Mas isto é um grande erro. Observar se os pensamentos são coloridos ou descoloridos é útil tanto na meditação quanto nas atividades da vida diária.

Klishta ou padrões de pensamentos coloridos:

· Com freqüência possuem uma qualidade perturbadora.

 

· Algumas vezes apenas distraem em vez de perturbar.

 

· Outras vezes podemos apreciar ou incentivar os padrões de pensamentos, embora sejam coloridos. Em outras palavras, gostamos de nossas atrações.

 

· De forma interessante, também nos agarramos às aversões. É como se quiséssemos mantê-las a nossa volta.

 

· Muitas das impressões mentais que parecem estar relacionadas a ‘Eu’ ou ‘Meu’ são coloridas, ou Klishta.

Aklishta ou padrões de pensamentos descoloridos:

· São neutros. Muitas das informações armazenadas em nossa mente são apenas dados que estão ali para serem usados no dia-a-dia. Aparelhos domésticos ou objetos de escritório são bons exemplos de objetos cujas impressões são naturalmente neutras.

 

· Em locais públicos vemos muitas pessoas que podemos já ter visto anteriormente, mas não lembramos. Com freqüência, estas são memórias Aklishta ou descoloridas.

 

· Algumas vezes temos padrões de pensamentos que eram coloridos anteriormente, mas perderam um pouco, muita ou toda a cor. Um bom exemplo são padrões de hábitos do passado que realmente abandonamos. As impressões do pensamento destes hábitos passados agora são principalmente neutros, se o hábito mudou de fato.

 

· São úteis na jornada espiritual.

 

O que fazer:

Observe o surgimento e desaparecimento dos pensamentos: Simplesmente observe os padrões de pensamentos individuais que naturalmente aparecem no fluxo da mente. Surgem e desaparecem em um processo que é natural. Simplesmente observe se um certo padrão de pensamento é Colorido ou Descolorido, Klishta ou Aklishta.

Pergunte a si mesmo literalmente:

‘Este pensamento é colorido ou descolorido?’

‘Este pensamento é klishta ou aklishta?’

Converse consigo mesmo: O modo de observar é perguntar a si mesmo com sua voz interior, ‘Este pensamento é colorido ou descolorido, klishta ou aklishta?’ A resposta virá de dentro.

Literalmente pergunte a si mesmo:

‘Colorido?’ ou ‘Descolorido?’

‘Klishta?’ ou ‘Aklishta?’

Verbalize as palavras: É necessário treinar a mente dizendo silenciosamente a palavra ou rótulo ‘Colorido’, ‘Descolorido’, ‘Klishta’, ‘Aklishta’, que segue com o processo de observação se o pensamento é Útil ou Inútil, descrito abaixo.

O processo deve ser algo assim:

1- Os pensamentos chegam.

2- Pergunte: ‘Este pensamento é colorido ou descolorido?’

3- A resposta vem: ‘Colorido!’

4- Pergunte: ‘Este pensamento é útil ou inútil?’

5- A resposta vem: ‘Inútil!’

6- Treine a mente: ‘Mente, este pensamento é inútil!’

7- Então é possível deixar desaparecer, explorar ou desenvolver o pensamento. O efeito é cumulativo, parecendo lento no início, mas se intensificando como tempo.

Com um pouco de prática, o processo se torna muito rápido, algo como:

1- O pensamento surge.

2- ‘…Colorido… Inútil…’

3- ‘Deixe ele desaparecer mente…’ (ou explore mais a fundo se decidir assim).

 

Ou

 

1- Os pensamentos chegam.

2- ‘…Colorido… Útil…’

3- ‘É uma boa idéia… eu deveria fazer isto…’

Ou

 

1- Os pensamentos chegam.

2- ‘…Descolorido…’ (ou somente um pouco colorido).

3- Naturalmente, o pensamento vai embora.

 

Intencionalmente, permita o surgimento de um pensamento: Pratique permitindo que um padrão de pensamento apareça intencionalmente de seu interior, observe e rotule. Faça várias vezes, permitindo que surjam diferentes tipos de padrões de pensamentos. Ficará fácil com a prática. Como resultado natural deste processo de observar e rotular, vai se tornando fácil ser uma testemunha neutra dos fluxos de padrões de pensamentos.

Examine pensamentos individuais: Quando podemos testemunhar com neutralidade o fluxo de pensamentos inteiro, então fica mais fácil examinar padrões de pensamentos individuais, de modo a facilitar o enfraquecimento de sua aderência, enfraquecendo os samskaras que geram karma. Também fica mas fácil começar a se mover para além da mente, em direção ao centro da consciência.

Permita que pensamentos coloridos se tornem descoloridos: Uma das mais importantes características da meditação do Yoga está associado com a transformação natural de pensamentos Coloridos, ou Klishta, em Descoloridos, ou Aklishta. O pensamento original permanece, mas gradualmente perde sua cor, que é principalmente atração e aversão, resultando que os pensamentos que antes eram problemáticos tornam-se simples memórias. É um método prático de como alcançar o verdadeiro significado do desapego (vairagya).

Este Pensamento Específico Pertence a Qual dos Cinco Tipos?

Perceba qual dos cinco tipos: Após observar se um padrão de pensamento é colorido ou descolorido (klishta ou aklishta), o próximo passo é perceber qual dos cinco tipos ele é. Não é necessário memorizar as palavras em Sânscrito, apesar disto dever acontecer naturalmente a medida que se pratica este aspecto do auto-conhecimento (Yoga Sutra 1.6).

1- Pramana / correto, real, certo, preciso, claro, válido: Experiência real, conhecimento certo ou correto, percepção exata, visão clara, oriundos de uma mente clara e limpa.

 

2- Viparyaya / incorreto, irreal, errado, impreciso, incompreendido, não claro: Experiência irreal, conhecimento errado ou incorreto, percepção inexata, pensamentos confusos, pensamento nebuloso.

 

3- Vikalpa / imaginário, idealizado, fantasia, ilusão, engano: oriunda da imaginação, imagens, fantasia, ilusão verbal, criação de fluxos de padrões de pensamentos, alucinação.

 

4- Nidra / sono, sonolência, vazio, foco no não existir: sono, o estado da mente onde a atenção está atraída para o ‘objeto’ vazio ou inércia associada com o sono. Esta é uma perspectiva diferente de Tamas, um dos três gunas mencionados anteriormente.

 

5- Smriti / memória, impressões armazenadas, recordação: proveniente da memória, o surgimento de informação do arquivo de impressões, o fluxo natural de dados no campo da mente.

Observe se as percepções são claras ou nebulosas,

se a mente está fantasiando ou caminhando para o sono,

ou se está tendo fluxos de meras memórias.

 

O Yoga trabalha com pramana / conhecimento correto: O Yoga realmente trabalha com o primeiro tipo de pensamento, o Pramana, ou visão correta. De certa forma, podemos ignorar os outros quatro. Entretanto, é útil conhece-los e observá-los, para que possamos intencionalmente concentrar o treinamento da mente para ver com clareza. O conhecimento correto é a chave para o progresso na jornada espiritual.

O que fazer:

Inicie com um único pensamento: Observe um pensamento individual e perceba de qual dos cinco tipos (acima) mais se aproxima.

· A parte mais importante deste processo é lembrar que queremos desenvolver o tipo de pensamento no qual vemos claramente, exatamente e corretamente (Pramana).

 

· O primeiro tipo de pensamento é aquele para o qual a meditação do Yoga é direcionado.

 

· A razão pela qual devemos observar os outros quatro tipos, é que com freqüência estamos confusos por causa deles, mas não sabemos.

 

· Tornando-nos ciente disto, instantaneamente começamos a ver com clareza, que é o primeiro tipo de pensamento (Pramana), justamente aquele que estamos tentando desenvolver.

Observe seus pensamentos, um por vez.

O que devemos perceber: A seguir estão alguns exemplos do que devemos perceber:

· Um único pensamento surge e a mente explode em uma fantasia sobre este único pensamento, criando um fluxo inteiro de pensamentos. Devemos simplesmente perceber que ‘A mente está começando a fantasiar’ (Vikalpa).

 

· Com o mesmo padrão de pensamento, podemos perceber que ‘Este pensamento surge da memória (Smriti). Devo agir de acordo com ele ou desconsiderá-lo?’

 

· Podemos estar ouvindo uma pessoa e, subitamente, talvez com uma sacudida, percebemos que tínhamos parado de ouvir. A mente pode ter sido levada na direção do vazio associado ao sono (nidra), apesar de não significar que tenhamos caído no sono. Devemos então lembrar a nos mesmos ‘Esteja acordada, mente! Esteja alerta!’

 

· Podemos estar trabalhando e perceber, em um sentido positivo, que por alguns minutos a mente estava totalmente presente, vendo claramente (Pramana) e que o padrão de pensamento estava correto ou preciso. Constatamos como isto é útil.

 

· Podemos estar vivendo algum processo de pensamento, pensando sobre alguma pessoa ou testemunhando pensamentos durante a meditação. Repentinamente, temos um lampejo de discernimento que diz que nossos pensamentos ou opiniões estavam erradas (Vikalpa), ou uma percepção incorreta (Vikalpa) é substituída por uma percepção mais correta (Pramana).

 

· Na meditação, podemos ter fluxos de pensamentos que vêm e vão, mas que não nos distraem. Percebemos que isto é o que se quer dizer, quando fluxos de pensamentos, ou memórias (Smriti), emergem e afundam no lago da mente, enquanto permanecemos desapegados. Podemos ver também como todo este processo se relaciona com chitta e as quatro funções da mente.

Um exemplo de tipos de cores: Determinar o tipo de pensamento (os cinco tipos acima) é o próximo passo, após rotular se o pensamento é Colorido ou Descolorido. Ao mesmo tempo, podemos observar, por exemplo:

1- ‘Estes pensamentos são realmente coloridos (klishta) com aversão (dvesha)’.

2- ‘Eles estão levando minha mente a fantasiar (Vikalpa)’.

3- ‘Mente, você precisa abandonar esta negatividade e focar no aqui e agora, no que realmente está acontecendo (Pramana)’.

Como Saber Qual dos Três Caminhos é o Correto?

Desenvolva a percepção correta: Na seção anterior, cinco tipos de pensamentos foram apresentados. Um deles é o conhecimento correto, informação correta, ver com clareza (Pramana). Esta visão correta é aquela que desejamos desenvolver. Mas como saber o que é verdadeiro e o que é falso?

Três caminhos para obter conhecimento correto: O Yoga descreve três caminhos para obter conhecimento correto (Yoga Sutra 1.7). Só conhecer estes três caminhos não significa que se saiba o que é verdade automaticamente, mas pode ser um bom começo. Os três caminhos para obter informação correta são:

 

1- Percepção ou experiência direta (pratyaksha): O conhecimento ou informação vem da experiência direta, como por exemplo, ver por si mesmo.

 

2- Deduzir ou inferir (anumana): Do próprio processo de raciocínio, do pensar através de um processo e chegar a uma conclusão.

 

3- Informação escrita ou oral (agamah): Oriunda de uma instrução verbal de alguém respeitado, que é considerado uma fonte confiável, ou um texto ou escritura confiável.

Busque a convergência

da experiência, dedução e ensinamentos.

O que fazer:

Esteja atento à percepção correta: É um processo contínuo de observar os caminhos nos quais obtemos conclusões sobre os objetos do dia a dia e atividades ao nosso redor, assim como verdades espirituais.

 

· Esteja atento a um padrão de pensamento, seja uma opinião, uma crença ou uma observação. Pergunte a si mesmo como você sabe que é uma percepção verdadeira, exata ou correta.

 

· Qual dos três caminhos de conhecimento é predominante nesta opinião, crença ou observação?

 

· Você sabe que é verdade por causa da experiência direta, inferência ou por instruções orais ou escritas de outras pessoas?

 

· Como os três caminhos de conhecimento interagem um com o outro em uma dada situação? Eles concordam ou discordam entre si?

 

· Por qual dos meios de conhecimento você se guiará ou agirá de acordo, em uma certa situação?

 

O objetivo do Yoga é, no final das contas, ver a Verdade totalmente clara. Assim, o processo de identificar os meios de conhecimento verdadeiro do não verdadeiro é muito importante.

Quando experiência,

raciocínio e ensinamento concordam,

então você sabe,

e sabe que sabe.

Busque a convergência dos três meios de conhecimento: Enquanto seguimos pelo caminho, veremos a convergência da experiência direta, inferência e do testemunho de outros que já trilharam o caminho. Quando todos os três meios de conhecimento parecerem concordar sobre um dado assunto, temos uma indicação muito boa de que estamos na direção certa. Olhar para os pontos de convergência da experiência, inferência e ensinamento pode ser uma prática muito auxiliadora no caminho espiritual.

Este Pensamento É Influenciado Por Qual das Cinco Cores?

Cinco tipos de cores: Estas cores ou kleshas são de cinco tipos. Os kleshas podem ser entendidos de um modo prático, que se aplica a nosso processo mais denso de pensamento, e de uma modo muito sutil. Este artigo aborda principalmente os meios mais básicos de observação dos kleshas. O aprofundamento acontece com a prática de meditações profundas (Veja Yoga Sutra, 1.5 e 2.3).

Pergunte a si mesmo literalmente:

‘Como este pensamento está colorido?’

Os cinco kleshas ou cores estão descritos abaixo e são detalhados adiante:

1- Avidya, ignorância, esquecimento espiritual, velado

2- Asmita, associado com o egotismo

3- Raga, simpatia ou atração por

4- Dvesha, aversão ou repulsão

5- Abhinivesha, resistência à perda, medo

 

Esta definição das cinco cores (kleshas) pode parecer mais filosofia do que prática, mas dê especial atenção a atração (raga) e aversão (dvesha) ao ler sua descrição. Perceberá rapidamente como este processo é prático, como parte da meditação e da vida.

Testemunhando pensamentos no dia-a-dia: Lembre, não estamos falando de um tipo especial de pensamento. Falamos dos típicos pensamentos comuns do dia-a-dia, ou memórias, que naturalmente surgem na meditação. Nesta seção, é descrito o modo como os pensamentos comuns são coloridos. É mais fácil começar observando as cores da atração e da aversão. Gradualmente, as outras cores também se tornarão óbvias.

Pergunte a si mesmo literalmente:

‘Este pensamento é feito de esquecimento, nebuloso?’

‘Este é colorido sobre o eu, ou é sobre mim?’

‘Este é sobre atração ou aversão?’

‘Este é medo da perda ou de não obter?’

1) Avidya, esquecimento espiritual, ignorância, velado:

Vidya é com conhecimento: Vidya significa conhecimento, especificamente o conhecimento da Verdade. Não é o mero conhecimento mental, mas a realização espiritual que está além da mente. Quando o ‘A’ é colocado na frente de Vidya, formando Avidya, o ‘A’ significa sem.

Avidya é sem conhecimento: Assim, Avidya significa sem Verdade ou sem conhecimento. É a primeira forma de esquecimento da Realidade espiritual. Não é apenas um padrão de pensamento em seu sentido convencional. Pontualmente, é o território extremo da perda de contato com a Realidade de ser o oceano de União, ou Consciência pura.

Veja também Yoga Sutras 2.1-2.9, particularmente o sutra 2.5 sobre os quatro tipos de avidya ou ignorância.

Significado de ignorância: Avidya é normalmente traduzido como ignorância, uma boa palavra, contanto que tenhamos em mente a sutileza de seu significado. Não é uma questão de ganhar mais conhecimento, como ir para a escola e receber um diploma. Ao contrário, ignorância é algo que é removido, como remover nuvens que obscurecem a visão. Então, com a ignorância (ou nuvens) removida, vemos o conhecimento, ou Vidya, claramente.

 

Até mesmo na língua portuguesa este princípio está na palavra ignorância. Perceba que a palavra contém a raiz de ignorar, que é uma habilidade que não é necessariamente negativa. A habilidade de ignorar permite a habilidade de focar. Imagine que você está em um restaurante lotado, tendo uma conversa com um amigo. Ouvir seu amigo significa prestar atenção ao que ele diz, ao mesmo tempo em que se ignora as outras conversas paralelas. Entretanto, no caminho da Auto-realização, queremos tirar o véu da ignorância, para não mais ignorar e ver com clareza.

Avidya é confundir um com o outro:

Temporário ? Eterno

Impuro ? Puro

Doloroso ? Prazeroso

Não-ser ? Ser

 

Avidya é o solo para as outras cores: Avidya é como a fábrica, como uma tela sobre a qual um filme pode ser projetado. É o terreno no qual nascem as outras quatro cores descritas a seguir. Avidya (ignorância) é, de certa forma, como cometer um erro, no qual uma coisa é confundida com outra. Suas quatro formas principais são:

· Ver o temporário como eterno: Por exemplo, pensar que a terra e a lua são permanentes, ou se comportar como se nossas posses fossem permanentemente nossas, esquecendo que tudo um dia terá um fim e que nossa assim chamada posse é somente relativa.

 

· Confundindo o impuro com o puro: Por exemplo, acreditar que nossos pensamentos, emoções, opiniões ou motivos em relação a nos mesmos, alguma pessoa ou situação são puramente bons, saudáveis e espirituais, quando na verdade são uma mistura de tendências e inclinações.

 

· Confundindo o doloroso como sendo prazeroso: Por exemplo, em nossa vida social, familiar e ambiente cultural, há muitas ações que parecem prazerosas naquele momento, para somente depois serem percebidas como dolorosas.

 

· Pensar que o não-ser é o Ser: Por exemplo, podemos conceber que nossa nação, nome, corpo, profissão ou tendências profundas são ‘quem eu sou’, confundindo-os com quem eu realmente sou no nível mais profundo, o nível de nosso Eu eterno.

Tanto em grande quanto em pequena escala: A medida que refletimos sobre estas formas de Avidya, perceberemos que se aplicam tanto a grandes escalas quanto as menores, tal como a impermanência do planeta Terra ou do objeto que está em nossa mão. A mesma abrangência se aplica para os outros tipos de Avidya.

Em primeiro lugar, Avidya nos confunde: Em relação a padrões de pensamentos individuais, é Avidya (esquecimento espiritual) que primeiro permite que nós embaracemos com o pensamento. Se no momento em que o pensamento surge, há também o completo despertar espiritual (Vidya) ou Verdade, então, simplesmente, não há espaço para nós envolvermos com o egotismo, atração, aversão ou medo. Há somente o despertar espiritual, ao mesmo tempo em que ocorre um fluxo de impressões que não tem força para influenciar a atenção. Testemunhar Avidya (esquecimento espiritual) em relação aos pensamentos é a prática.

2) Asmita, associar-se com o egotismo:

A natureza do egotismo: Asmita é a forma mais refinada de individualidade. Não é ‘eu sou’, como quando dizemos ‘sou um homem ou mulher’, ou ‘eu sou uma pessoa deste ou daquele país’. É o egotismo que não empregou qualquer destas identidades.

 

Veja Yoga Sutras 2.1-2.9, em especial o sutra 2.6 sobre a natureza do egotismo ou ego.

 

O erro de pensar assim é sobre mim mesmo: Entretanto, quando vemos o egotismo ou Asmita como uma cor, um klesha, vemos que um tipo de erro foi feito. O erro é que o padrão de pensamento do objeto é falsamente associado com o egotismo (Asmita) e assim dizemos que o padrão de pensamento é um padrão de pensamento klishta, ou um klishta vritti.

A imagem na mente não é neutra: Imagine um pensamento que não é colorido pelo egotismo. Tal pensamento descolorido não teria a habilidade de distrair sua mente durante a meditação, nem controlar suas ações. Na verdade, há muitos padrões de pensamentos neutros. Por exemplo, encontramos muitas pessoas na vida diária a quem podemos reconhecer, mas com quem nunca nos reunimos e por quem a memória em nossa mente não é colorida com atração e nem aversão. Simplesmente significa que a imagem destas pessoas está armazenada em nossa mente, mas são neutras, não coloridas.

Descolorindo seus pensamentos: Imagine como seria bom se você pudesse regular este processo de colorir pensamentos. Se houvesse uma atração ou aversão, poderia descolorir, internamente, ficando livre ou atenuando o controle que ela tem sobre você. Isto é realizado como parte do processo de meditação, e não apenas melhora nosso relacionamento com o mundo, mas também purifica a mente, o que permite experimentar a meditação profunda.

Veja Yoga Sutras 1.5-1.11 e 2.1-2.9 sobre descolorir pensamentos.

O egotismo é necessário para as outras cores: Em relação a padrões de pensamentos individuais, a cor do egotismo é necessária para que a atração, a aversão e o medo tenham alguma força. Assim, o egotismo em si é visto como um processo de colorir os pensamentos. A prática é testemunhar este Asmita (egotismo) e o como ele se relaciona com os padrões de pensamentos.

3) Raga, atrair ou trazer para si:

Uma vez que tenha ocorrido o esquecimento básico chamado Avidya e o surgimento da individualidade chamada Asmita, então existe o potencial para o apego, ou Raga.

Não que ‘eu’ seja apegado.

Mais apropriadamente, o pensamento é colorido.

Então o ‘Eu’ se identifica com o pensamento.

Apego é um obstáculo, mas não é ruim: Raga não é uma questão moral. Não é ‘ruim’ que haja apego. Aparentemente, ele faz parte do universo e da constituição de todas as criaturas vivas, incluindo os humanos.

Grau da cor: Nos complicamos com o apego devido ao grau de sua cor. Se a cor torna-se forte o bastante para nos controlar, sem restrições, então podemos chamá-lo de vício ou neurose, em um sentido psicológico.

Obtendo o domínio: Nas práticas espirituais, queremos obter o domínio sobre o apego. Na meditação, queremos estar aptos a abandonar o apego para que possamos experimentar a Verdade que é profunda, ou que está do outro lado dos apegos.

Apego é um hábito natural da mente: Entretanto, no processo de testemunhar, queremos estar atentos aos vários caminhos pelos quais a mente se torna normalmente apegada. Ver o apego como uma ação natural da mente, torna mais fácil aceitar o apego, sem a sensação de que algo esteja errado com a mente. O hábito da mente de se apegar pode se tornar divertido, fazendo-nos sorrir, enquanto nos tornamos mais livre do apego.

Testemunhar é necessário para a meditação: Em relação a pensamentos individuais, o apego é uma das duas cores mais facilmente visíveis, juntamente com a aversão. Testemunhar apegos e aversões é uma aptidão necessária para desenvolver para a meditação. A habilidade de por de parte o fluxo de pensamentos, é baseada em fundamentos sólidos da ação de testemunhar e de rotular pensamentos individuais como sendo coloridos com apego.

4) Dvesha, aversão ou repulsa:

Aversão é uma forma de apego: A aversão é um tipo de apego. É o que estamos tentado tirar mentalmente do caminho, mas este tirar é também uma forma de conexão, assim como muitos apegos são uma forma de atrair em nossa direção.

Aversão é apenas outro forma de apego.

A aversão é uma parte natural da mente: Dvesha parece ser uma parte natural do processo universal, a medida que construímos um equilíbrio mental precário entre as muitas atrações e aversões.

A aversão é tanto exterior quanto sutil: É importante lembrar que a aversão pode ser muito sutil, e que esta sutileza será revelada em meditação profunda. Entretanto, também é muito visível no nível mais superficial e é neste nível que podemos começar o processo de testemunhar nossas aversões.

 

Pode ser mais fácil perceber a aversão do que o apego: Em relação a padrões de pensamentos individuais, a aversão e o apego são as duas cores mais facilmente visíveis. Na verdade, a aversão pode ser mais fácil de perceber do que o apego, pois nela há com freqüência uma resposta emocional, como raiva, irritação ou ansiedade. Tais respostas emocionais podem ser brandas ou fortes. Por causa desses tipos de respostas, que se vitalizam através das sensações do corpo físico, este aspecto da ação de testemunhar pode ser facilmente executado na vida diária e nos momentos de meditação.

Atenuando as cores: Atente para o processo de atenuar as cores na próxima seção. Para seguir este processo de atenuação, primeiro é necessário estar ciente das cores, tais como aversão e apego. Gradualmente, através do processo de atenuação, podemos realmente nos tornar testemunhas do fluxo inteiro do processo de pensamento, o que nos prepara para a meditação profunda.

5) Abhinivesha, resistência a perda, medo:

Uma vez que se estabeleça o equilíbrio entre as muitas atrações e aversões, junto com o egotismo e a ignorância espiritual, surge um desejo inato de manter as coisas exatamente do jeito que estão.

A resistência à perda do delicado equilíbrio

entre as falsas identidades

é chamado de medo da morte destas identidades.

Medo de mudar: Existem resistência e medo que surgem com a possibilidade de perder a situação atual. É como o medo da morte, apesar de não significar exatamente a morte do corpo físico. Com freqüência, este medo não é experimentado conscientemente. É comum para uma pessoa iniciante na meditação dizer, ‘Mas eu não tenho medo!’ Então, após algum tempo, surge um medo sutil, enquanto se torna mais ciente dos seus processos internos.

O medo é natural: Não é uma questão de tentar criar medo nas pessoas, mas uma parte natural do processo de afinar o espesso cobertor de padrões de pensamentos coloridos, onde se testemunha o pôr de parte de nossos tão queridos e inconscientes apegos e aversões. Quando a meditação é praticada com gentileza e sistematicamente, este medo é visto como menor que um obstáculo.

O que fazer:

Permita que fluxos de pensamentos individuais fluam: Um dos melhores meios de obter um bom entendimento de como testemunhar os kleshas (cores), é sentar em silencio e intencionalmente permitir que os fluxos de pensamentos individuais surjam. Não significa pensar ou se preocupar. É um experimento no qual intencionalmente se permite que uma imagem surja. É mais fácil fazer com o que parece ser impressões insignificantes.

Por exemplo, imagine uma fruta e perceba o que surge na mente. Um maça pode surgir na mente e você simplesmente percebe ‘Atração’ se você gostar ou se estiver atraído pela maça. Pode não ser uma cor forte, mas talvez perceba que há alguma cor. Pode pensar em uma pêra, e perceber que há uma leve ‘aversão’ porquê você não gosta de pêras.

 

Experiências com as cores: Permita que muitas imagens semelhantes surjam. Uma das coisas que tenho feito com freqüência é pegar 10 ou 15 pequenas pedras na mão e pedir que uma pessoa escolha uma que goste. Então, peço que a pessoa escolha outra pela qual sente pouca atração (poucas pessoas dirão que não gostam de uma das pedras). É um experimento muito simples que demonstra o modo como nascem a atração e a aversão. Inicialmente é fácil fazer experiências com a ação de testemunhar os pensamentos se há somente cores leves, uma pequena atração ou aversão.

Podemos fazer este experimento com facilidade, com muito dos objetos que surgem no campo da mente, vindos do inconsciente. Também podemos fazê-lo facilmente, observando o mundo ao nosso redor. Perceba os incontáveis caminhos nos quais sua atenção é atraída para um objeto ou uma pessoa, mas delicadamente, ou com força, se afasta de outros objetos ou pessoas.

Mesmo sendo um pouco difícil de fazer, perceba os incontáveis objetos que vê todos os dias, para os quais não há resposta de nenhum tipo. São exemplos de impressões neutras no campo da mente.

Gradualmente testemunhe cores fortes: De um modo semelhante, observar deste modo gradativamente vai tornando mais fácil testemunhar atrações e aversões mais fortes. Quando pudermos começar o processo de testemunhar os tipos de cores, então podemos iniciar o processo de atenuação das cores, que é apresentado na próxima seção.

Em Qual dos Quatro Estágios Está Este Padrão de Pensamento?

Reduza as cores sistematicamente: Estas cores (kleshas) podem ser: 1) ativa, 2) isolada, 3) atenuada, ou 4) dormente. Queremos estar aptos a observar e testemunhar estes estágios para que possamos sistematicamente reduzir as cores. Então, os padrões de pensamentos não serão mais obstáculos a meditação profunda, sendo este o objetivo.

Veja também Yoga Sutra 2.4 sobre os quatro estágios das cores.

Revisão: Para clareza, vamos recordar rapidamente o que foi dito até agora, em relação a testemunhar um pensamento:

· Qual é seu estado mental normal? (perturbado, entorpecido, distraído …)

· E sobre as três qualidades ou gunas? (pesado, ativo, iluminado)

· É pensamento correto, incorreto, fantasia, memória ou sono?

· O pensamento é colorido ou sem cor? (e em que grau)

· Como as cinco cores estão afetando os pensamentos? (ignorância, egotismo, apego, aversão, medo)

Não é tão complicado: Esperançosamente, quando se lê os cinco itens acima, começa a parecer que o processo de rotular e testemunhar não é tão complicado assim. Na verdade, é fácil observar todos num instante, e a rotulação interna leva só uns poucos segundos, ficando mais fácil com a prática.

Quatro estágios de cores: Agora, queremos saber o que fazer com estas cores, que normalmente são obstáculos à meditação e a realização espiritual, e que com freqüência causam problemas em nossas vidas externas, isto é, no mundo com outras pessoas, situações e circunstâncias. O ponto de partida é observar qual é o estado atual das cores:

1. Ativo, acordado (udaram): O padrão de pensamento está ativo na superfície da mente, ou se manifestando externamente através de ações físicas, pelos instrumentos da ação, chamados karmendriyas, o que inclui mover, agarrar e falar? Estes padrões de pensamentos e ações podem ser suaves, extremos ou uma combinação. Entretanto, de qualquer modo, são ativos.

 

2. Distanciado, separado, cortado (vicchinna): O padrão de pensamento está menos ativo no momento, devido a um distanciamento ou separação. Experimentamos isto com freqüência quando o objeto de nosso desejo não está fisicamente em nossa presença. A atração ou aversão ainda existem, mas não em uma forma ativa como se o objeto estivesse bem na nossa frente. É como se tivéssemos esquecido sobre o objeto neste momento. Na verdade ainda é colorido, mas não ativo e nem atenuado.

 

3. Atenuado, enfraquecido (tanu): O padrão de pensamento não foi apenas interrompido, mas foi enfraquecido ou atenuado de fato? Algumas vezes podemos pensar que um padrão de hábitos profundos foi atenuado, mas na realidade não foi enfraquecido. Quando não estamos na presença do objeto de apego ou aversão, esta separação pode parecer uma atenuação, quando apenas não está visível no momento. Esta é uma das principais armadilhas na mudança de hábitos ou condicionamentos da mente. Primeiro, é verdade que precisamos obter alguma separação do estágio ativo, indo para o estágio distanciado, mas depois é essencial começar a atenuar o poder das cores do padrão de pensamento.

 

4. Dormente, latente, semente (prasupta): O padrão de pensamento está em uma forma dormente ou latente, como se fosse uma semente, que não está germinando no momento, mas que pode crescer com as circunstâncias corretas? O padrão de pensamento pode estar temporariamente em um estado dormente, como quando dormimos, ou quando a mente está distraída. Entretanto, quando outro processo de pensamento aparece, ou alguma imagem visual ou auditiva surge através dos olhos e ouvidos, o padrão de pensamento é despertado novamente com todas as suas cores.

Eventualmente, a semente do pensamento colorido
pode ser queimada no fogo da meditação.
Uma semente torrada não pode mais germinar.

Para onde tudo isto leva?: Através do processo de meditação do Yoga, os padrões de pensamentos são gradualmente enfraquecidos, podendo na maioria das vezes permanecer no estado dormente. Então, na meditação profunda, a ‘semente’ dormente pode eventualmente ser queimada e uma semente queimada não pode mais germinar. Assim, ficamos livres daquele padrão de pensamento previamente colorido.

Por exemplo: Um exemplo ajudará a entender o modo como estes quatro estágios trabalham em conjunto. Usaremos o exemplo físico de quatro pessoas, em relação a fumar cigarros, pois é um exemplo muito claro. Os princípios não se aplicam apenas a objetos como cigarros, mas também a pessoas, opiniões, conceitos, crenças, pensamentos e emoções.

· Pessoa A: Nunca fumou e nunca sentiu qualquer desejo de fumar. Quando a Pessoa A vê um cigarro, reconhece o que é. Há uma impressão na memória em chitta, mas é completamente neutro ? é apenas uma questão de reconhecimento. Não é colorido; é aklishta. (O pensamento sobre cigarro pode ser colorido por aversão, se a pessoa fica ofendida por alguém estar fumando, mas este é um exemplo diferente).

 

· Pessoa B: Fumou por muitos anos, mas parou a alguns anos atrás. Ocasionalmente ainda diz, ‘Eu mataria por um cigarro!’ mas não fuma por razões de saúde. Sua impressão profunda sobre cigarro permanece colorida, e está agindo ativamente no estado inconsciente, consciente e desperto. De vez em quando, a impressão sobre cigarros pode não estar ativa quando está dormindo, ou fazendo outra atividade que distraia. Entretanto, no nível latente, a impressão ainda está muito colorida em uma forma potencial.

 

· Pessoa C: Fumou por vários anos, mas então parou à muitos anos. Sempre diz, ‘Oh, não, não quero um cigarro. Nunca penso em voltar a fumar’. Ao mesmo tempo seus gestos e linguagem corporal revelam algo diferente. Pode haver impressões mentais de apego muito coloridas, mas que não possuem permissão para ir para a superfície da consciência. Há uma separação do padrão de pensamento, mas a cor não foi atenuada de fato, muito embora vá para uma forma latente durante o sono, ou quando a mente está distraída. Este tipo de bloqueio de cores não é o que se pretende na ciência do Yoga.

 

· Pessoa D: Fumou por muitos anos, mas parou vários anos atrás. Após algum tempo de luta com a fase de separação ou ruptura (Vicchinna), ela senta para meditar com este desejo, permite que o despertar do apego aconteça, gentilmente se abstém de ser seduzida pelas impressões, e observa a cor desbotar gradualmente. Durante este processo, os padrões de pensamentos algumas vezes ficam ativos, algumas vezes separados e algumas vezes temporariamente dormentes. Entretanto, agora é como se a pessoa fosse um não fumante. O desejo retornou para a forma de semente ou foi completamente eliminado, não apenas quando dorme, ou quando a mente está distraída, mas também na presença de cigarros no mundo exterior.

 

O que fazer:

 

Perceba o estágio dos pensamentos individuais: É preciso observar com freqüência o processo de pensamento de um modo gentil, sem julgar, percebendo o estágio da cor dos padrões de pensamentos. Pode ser divertido e não apenas um trabalho difícil. É engraçado a facilidade e rapidez com que a mente vagueia internamente e pelos sentidos, procurando e reagindo aos objetos de desejo.

 

Há muitos pensamentos viajando no fluxo da mente, e muitos são coloridos. É assim que a mente funciona; não é bom nem ruim. Pela observação dos padrões de pensamentos coloridos, entendendo sua natureza ao rotulá-los, podemos de forma gradativa nos tornar testemunhas do processo inteiro, e, a seguir, ficarmos livres das cores. Então, as percepções espirituais podem vir com mais facilidade para a superfície da consciência, tanto na vida quanto na meditação.

Diga para sua mente de forma literal:

‘Este pensamento colorido vai gerar somente
dor e sofrimento. Deixe-o ir embora, mente’.

Treine a mente sobre as cores: Algo extremamente importante para atenuar as cores de um padrão de pensamento colorido, é treinar a mente que esta cor irá trazer somente problemas.

O que significa treinar a mente que ‘Isto é inútil!’ (Visto na próxima seção). Este treinamento simples é o início da atenuação da cor. O processo inicia com a observação, e depois passa para a atenuação. É parecido com treinar uma criança pequena. Inicia-se rotulando e dizendo o que é útil e inútil. Perceba que não é um julgamento moral do que é bom ou mal. É mais como dizer se é mais útil ir para a direita ou para a esquerda durante uma viagem.

Freqüentemente, estamos presos em um círculo: Na vida com freqüência percebemos que os padrões de pensamentos coloridos se movem do estágio ativo para o separado, e depois voltam para ativo. Ficam em círculo nestes dois estágios. Ou estes dois estágios estão ativamente gerando desafios, ou podemos nos distanciar deles, como se tirássemos férias.

Quebre o círculo: Entretanto, é possível que nunca possamos atenua-los de verdade e nem diminuir as cores para a forma de semente, enquanto estivermos presos neste círculo. É importante estar ciente desta possibilidade, para que possamos intencionalmente insistir no processo de enfraquecer a intensidade da cor.

 

 

A atenuação mais profunda e poderosa,

surge na imobilidade e silêncio da meditação.

 

A meditação atenua a cor: É onde a meditação pode ter valor imenso, ao livrar-nos das impressões profundas. Sentamos em silêncio, focamos a mente, intencionalmente permitimos que o processo cíclico inicie, bem na frente de nossa atenção. Gradualmente as cores enfraquecem, e podemos experimentar o silêncio profundo e fazer um contato importante com os aspectos espirituais da meditação.

Treinarei Minha Mente Sobre o Que é Útil e Inútil?

Deseja treinar sua mente?: Lembre que no início deste artigo, falamos de pensamentos negativos como um exemplo de como rotular pensamentos. Usaremos um exemplo simples, dizendo internamente ‘Negativo’ para rotular tal pensamento.

Treine a mente:

‘Mente, isto não é útil!’

‘Mente, isto é útil!’

Agora, o próximo passo do processo é avaliar se os pensamentos são Úteis ou Inúteis. Por sua vez, levanta a questão se iremos ou não desenvolver este pensamento ou se vamos permitir ou não que ele se torne uma ação. Podemos perguntar, por exemplo: ‘Devo ou não fazer isto?’, ‘Devo fornecer energia a isto, ou deixar ir embora?’

Um seqüência simples pode ser assim:

1. ‘Este pensamento é colorido. É aversão, na forma branda’.

2. ‘Não estou vendo claramente. Preciso ver com mais clareza’.

3. ‘Mente, isto não é útil’.

4. ‘Não vou agir orientado por isto. Mente, precisamos olhar mais de perto e nos abster de fazer qualquer ação por enquanto’.

Ou assim:

1. ‘Este pensamento é colorido. É apego e muito forte’.

2. ‘A mente está fantasiando, mas posso ver com clareza’.

3. ‘O pensamento tem alguma qualidade pura, sattvica’.

4. ‘Pode ser colorido, mas na verdade é Útil e serve à outros’.

5. ‘Vou fazer isto, mas mente, lembre-se de fazer para os outros’.

Ou, sendo silencioso na meditação:

1. ‘É colorido. Já explorei antes e lidei com ele’.

2. ‘Mente, no momento, isto é Inútil’.

3. ‘Não se ocupe com isto neste momento. Deixe ir’.

4. ‘Mente, foque na imobilidade além de todos estes pensamentos.’

Desenvolva a mais elevada função da mente: A avaliação dos pensamentos como Úteis ou Inúteis vem do uso de uma função da mente chamada buddhi, que é o aspecto da mente mais importante para ser desenvolvido. Na maioria das vezes, é óbvio se um pensamento é Útil ou Inútil. Entretanto, perceber isto conscientemente é uma parte muito importante do treinamento da mente.

Diga para sua mente literalmente:

‘Útil!’ ou ‘Inútil!’

Converse consigo mesmo: Diga para sua mente literalmente -‘Útil’ ou ‘Inútil’. Isto é feito silenciosamente, não em voz alta. É mais ou menos como treinar uma criança pequena. É feito com muito amor, mas com uma instrução bem clara da realidade de ser Útil ou Inútil.

 

Dizer que um pensamento é Inútil torna mais fácil deixá-lo ir, sem que ele se transforme em um longo fluxo de pensamentos Inúteis. Também fica mais fácil que o pensamento não se transforme em ações, que acontecem apenas por hábito.

Desenvolva os pensamentos úteis: Se um pensamento é útil é mais fácil desenvolvê-lo e, se for apropriado, materializa-lo numa ação no mundo exterior. Desta forma, mais pensamentos Úteis são desenvolvidos, enquanto mais pensamentos Inúteis são abandonados. Isto é um parte muito útil do processo de estabilizar e purificar a mente, que conduz para o estágio da meditação avançada e samadhi.

Rotular é aplicável a todos os tipos de pensamentos: Na prática, rotular pensamentos como Úteis ou Inúteis se aplica a todos os tipo de testemunhar que são descritos neste artigo.

Como Isto Está Relacionado com as Quatro Funções da Mente?

Todas as práticas de testemunhar descritas neste artigo acontecem no campo das Quatro Funções da Mente. Quanto mais os aspectos individuais são rotulados e testemunhados, mais veremos a elegante simplicidade do processo interno das quatros funções.

· Manas: impulsor das ações e dos sentidos; processo mental e sensorial

· Chitta: arquivo de impressões latentes, memórias

· Ahamkara: eu-faço ou ego (apesar de não egotista)

· Buddhi: conhecer, decidir, julgar, discriminar

Testemunhe conscientemente

as Quatro Funções da Mente

enquanto estão funcionando.

De onde os pensamentos vêm?: Na ação consciente de testemunhar as Quatro Funções da Mente, pergunte a si mesmo: ‘De onde surgiu este pensamento, emoção, sensação, imagem ou impressão?’ Não é uma questão de história de vida ou psicodinâmica, mas logística. Onde estava situado este padrão de pensamento um momento atrás, logo antes de surgir? Você verá que surgiu do local onde estava descansando, o reservatório no campo da mente denominado chitta na ciência do Yoga. Não importa que pensamento surja, é sempre verdade que ele aflora de chitta.

Então por que você deve perguntar a si mesmo de onde o pensamento vem, se a resposta é sempre a mesma? Isto é parte do auto-treinamento para se tornar uma testemunha do processo. Além disto, permite que você mantenha alguma distância do pensamento em si. Permite que se veja com clareza, instantaneamente, no momento, que ‘Este pensamento não é o que eu sou! Eu sou diferente de meus pensamentos! Eu sou aquele que é a testemunha de todos estes padrões de pensamentos!’

Como este pensamento me influenciou?: Dai, permita que seja colocada a questão, a reflexão, ‘Como fui envolvido por este padrão de pensamento? Como fui confundido por ele, ao pensar que ele é o que eu sou? Ele tem algo a ver comigo? Por que este padrão de pensamento não é neutro? Por que não é uma simples memória?’

Aprenda a ver o engano da idéia

de que o pensamento tenha algo

a ver com você, o eu real.

Você verá o agente colorido, aquele que pega o padrão de pensamento, que de outra forma seria neutro, uma simples memória, e o transforma em algo mais, em uma falsa identidade de ‘quem eu sou’. Verá a ação de ahamkara, o ego.

Um caso de erro de identidade: Veja que um erro foi feito ? o erro do ego pensar que este padrão de pensamento tem algo a ver comigo. Quando esta compreensão surge, significa que a função da mente chamada buddhi está vendo com clareza, e o manas, ou mente, está muito mais livre destes padrões de pensamentos, e não apenas reagindo automaticamente pelo hábito ou resposta condicionada.

Uma prática muito elevada: Testemunhar a interação das Quatro Funções da Mente é uma prática muito elevada no caminho da Auto-Realização. Como há apenas quatro funções para testemunhar, há também uma simplicidade. Inicialmente, não é fácil de ser feito, mas realmente existe uma simplicidade. Cem por cento dos processos da mente envolvem somente estas quatro funções. Ao se tornar testemunha destes quatro processos, automaticamente se caminha na direção da realização do Ser ou Atman, visto que é a posição mais elevada de onde a ação de testemunhar acontece.

Como Isto se Relaciona aos Níveis de Consciência?

Para entender a relação entre a ação de testemunhar e os níveis de consciência, veja estes dois artigos:

· Om and the 7 Levels of Consciousness (OM e os 7 Níveis de Consciência )

· 4 Levels and 3 Domains of Consciousness (4 Níveis e 3 Domínios da Consciência )

Nível latente de consciência: Quando os padrões de pensamentos coloridos (klishta vrittis) estão na forma latente ou dormente, residem no terceiro nível de consciência (ver abaixo). Este é o nível chamado Prajna, que é também o Sono Profundo, Subconsciente, ou nível Causal.

 

AUM

 

Sânscrito

Estados de Consciência

Níveis de Consciência

Níveis de Realidade

A

Vaishvanara

Acordado

Consciente

Denso

U

Taijasa

Sonho

Inconsciente

Sutil

M

Prajna

Sono

Subconsciente

Causal

Silêncio

Turiya / quarto

Turiya / quarto

Consciência / Eu / Atman

Realidade Absoluta

Os pensamentos que estão em forma de semente
acordam e emergem pelos níveis da mente,

induzindo a pensamentos, emoções, ações e fala.

Níveis sutis de consciência: Quando os padrões de pensamentos começam a se agitar, iniciam uma interação no nível Taijasa, que também é o Sonho, Inconsciente ou Sutil. Na verdade o padrão não se deslocou para outro lugar, apenas o estado de consciência mudou; simplesmente se tornaram ativos, apesar de não serem percebidos conscientemente no estado acordado.

Níveis grosseiros de consciência: Quando o padrão de pensamento avança pela fronteira entre consciente e inconsciente, estão sendo vividos na nível Vaishvanara, Acordado, Consciente, Grosseiro. Agora o padrão de pensamento pode começar a induzir ações e fala, assim como pensamentos. Obviamente, uma pessoa pode estar em estado consciente e não estar conscientemente ciente do processo de pensamento que está dirigindo suas ações. É assim que nosso processo inconsciente nos controla, sendo este um dos motivos porquê queremos nos tornar conscientes.

Não bloqueie os níveis de consciência: Algumas vezes, é fácil pensar que se simplesmente bloquearmos os níveis profundos, podemos sentar em estado desperto e experimentar a meditação profunda. Pode trazer tranqüilidade, mas não trará meditação profunda. O Silêncio profundo, Eu, Atman, ou Realidade Absoluta está abaixo, ou além destes níveis e dos padrões de pensamentos coloridos. Então, é essencial aprender como retirar o véu para o nível profundo.

Três companheiros:

Foco, Expansão e Desapego

Três partes para retirar o véu: Para retirar o véu, há três princípios ou aspectos da prática que trabalham em conjunto:

1- Foco: A mente é treinada para ser capaz de prestar atenção e não ser atraída aleatoriamente, sejam estas distrações o surgimento espontâneo de impressões durante a meditação ou estímulos externos.

 

2- Expansão: A habilidade de focar é acompanhada por uma disposição para expandir a área consciente sobre o que é normalmente inconsciente, incluindo o centro da consciência.

 

3- Desapego: A habilidade de permanecer imperturbável, não afetado e não envolvido com os pensamentos e as impressões da mente, é o ingrediente chave que deve estar presente com o foco e a expansão.

Com estas três habilidades, é possível testemunhar o campo da consciência e iniciar a jornada além.

Onde Isto se Encaixa Com as Outras Práticas de Yoga?

Corpo, respiração e mente: É muito útil trabalhar com os aspectos mais grosseiros do corpo, respiração e mente, para estar melhor preparado para fazer a prática de testemunhar, o que não significa que não se possa iniciar imediatamente as práticas de rotulação e testemunho. Entretanto, as práticas básicas são bastante benéficas, pois se o corpo está desconfortável, a respiração irregular e a mente perturbada, a prática de testemunhar pode ser uma sessão de aflição, ao invés de observações pacíficas e contemplativas.

 

Leia também Seven Skills to Cultivate for Meditation (Sete Habilidades para Desenvolver para a Meditação).

 

 

Testemunhar a mente

conduz para além do processo da mente,

através da meditação profunda.

A prática de testemunhar prepara para as práticas de meditação profunda, onde conscientemente, intencionalmente, deliberadamente, se permite que a atenção vá para o espaço além de todos os processos mentais. Teoricamente, pode-se ir diretamente para este espaço, contornando todo o trabalho com o corpo, a respiração, a mente e a prática de testemunhar. Entretanto, ir diretamente é muito difícil e pode não ser a melhor abordagem para a maioria dos buscadores.

Local da ação de testemunhar na prática: Uma maneira simples de descrever graficamente a localização relativa desta prática de testemunhar pode ser assim:

Práticas básicas > Testemunhar > Meditação Profunda

 

 

Ser capaz de testemunhar o processo de pensamento significa, em primeiro lugar, ter a mente um pouco estável. A habilidade de testemunhar é então desenvolvida, que por sua vez conduz à meditação profunda.

Testemunhar na Meditação

 

Discriminação na meditação: No final das contas, o local de onde todos estes pensamentos e aspectos da mente podem ser testemunhados é o Eu, o Atman. Em Yoga, o processo é descrito como a distinção entre Purusha e Prakriti (traduzido aproximadamente como consciência e matéria).

 

 

Um ensinamento universal:

Conheça a si mesmo!

Viaje do mero eu

para o Verdadeiro Eu.

Conheça a si mesmo: Não importa qual modelo filosófico seja seguido, este processo de rotular e testemunhar os processos e padrões de pensamentos é uma prática profundamente útil no caminho para a Iluminação. É a parte mais importante da sabedoria perene que sugere que você ‘Conheça a Si Mesmo’ para seguir na jornada espiritual. É a jornada do simples eu para o Verdadeiro Eu.

Testemunhar é uma habilidade essencial: A habilidade de testemunhar os pensamentos individuais e o fluxo inteiro de pensamentos é uma das habilidades importantes na prática de meditação. Assim a meditação pode se tornar o estado elevado de samadhi. Significa que a mente está verdadeiramente apta à focar sem ser distraída. Então, este foco (concentração correta chamada ekagra) e a qualidade de ser imperturbável pelo pensamentos (desapego ou vairagya) pode permitir uma abertura natural de caminhos entre os níveis de consciência, e a expansão para Aquilo que está além.

Paciência e prática: Fazer este processo de rotular e testemunhar requer paciência e prática. Como a maioria das coisas, pode parecer difícil a primeira vista, mas na verdade é fácil de ser feito.

Traduzido pelo yogi florianopolitano Rogério Maniezi, do original Witnessing Your Thoughts in Yoga Practice, de Swami Jnaneshvara Bharati, disponível em www.swamij.com. Se quiser entrar em contato com o tradutor, o email do Rogério é rogmani@uol.com.br.

Artigo relacionado neste website:
· Yoga Sutra, Sete Chaves para Praticar.

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Pedro Kupfer em Conheça, Literatura
  ·   1 minutos de leitura

3 respostas para “Testemunhando seus Pensamentos em Práticas de Yoga”

  1. Sensacional! O tema nunca fora tão belamente explicado 🙂 Harih Om!

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