Brahman e mithyā, Absoluto e relativo: o que significam estas palavras? Quando olhamos para o universo, o que vemos? Formas e mais formas por todos os lados. Coisas e mais coisas, que usando substantivos e qualificamos através de adjetivos. O mundo é palavra e significado.
No Brahmajñānavālī, uma linda composição em 20 estrofes de Śrī Śaṅkarācārya, o incrível professor do século VIII, deu uma definição belíssima dessa peculiar relação entre o Ser e a manifestação:
Namarūpaḥ. O Universo é uma miríade de nomes e formas. Inteligência manifestada. O Absoluto é a origem, o fundamento; o Relativo é a manifestação, os miríades de nomes e formas.
“O Ser é Verdade, satyaṁ. O Universo é Relativo, mithyā. A crença da separação (jīvaḥ) não é mais que o Ser. Aquele através do qual esta Verdade é conhecida é o śāstra mais elevado. Assim clama o Vedānta”.
O Absoluto não tem atributos. As palavras que se usam para apontar para o Ilimitado não são o Ilimitado, nem são atributos dele. São apontadores que indicam o Absoluto.
Ouça o Brahmajñānāvalīmālā aqui
Você pode compreender o Ilimitado através da compreensão do Universo como um atributo circunstancial dele. O Ilimitado é manifestado na forma do Universo, transitoriamente. Existia antes, existe agora, existirá depois.
Antes, sem forma. Agora, nas formas visíveis. As que conhecemos e as que desconhecemos. Depois, sem forma novamente. O mundo é muito vasto, variado e múltiplo. Toda forma é forma do Ser. O tempo é Brahman.
O espaço é Brahman. Jagat, o Universo, como diz o verso de Śaṅkara, não precisa ser medido. Para nós, basta considerar esse Universo como o que conhecemos dele, desde a nossa experiência humana. Universo, para nós, é aquilo que experienciamos. E viver o que temos para viver, plenos e felizes.
Jagat é o que você é em termos de corpomente, é o que você vê, o que você ouve, o que você cheira, o que você sente e o que você toca. É a suma de todas as suas experiências sensoriais.
Este é o modelo dos cinco sentidos, dos cinco elementos, pañcabhūta: terra, água, fogo, ar e espaço. O espaço traz implícita a presença do tempo. Portanto, tempo e espaço são, perceptualmente, a mesma coisa.
O universo fenomênico inclui, através da presença do espaço, o tempo. E, através da presença do tempo, a do movimento, a da atividade. A pessoa do mundo adora o mundo.
Canta canções para o mundo, para o desfrute. Para o cantor, o mundo é real. Segundo Śaṅkarācārya ensina, Brahman é Satyam; o mundo é mithyā, Brahman é Realidade, o mundo é relativo.
Tocar o Absoluto
Quando você toca o colar, você toca o ouro. Quando você vê o colar, você vê o ouro. Quando você pesa o colar, você pesa o ouro. Tente tirar o peso do ouro do colar: quanto vai pesar o colar sem o ouro? A Verdade é simples. E a beleza da Verdade é que ela é o que é.
Quantas coisas há: um colar por um lado e um ouro pelo outro? Você pode escolher um sobre o outro? Só há ouro. O colar é relativo. O ouro é o que é. Ouro é a Realidade. Ouro é o Absoluto. O colar é o atributo circunstancial do ouro. A pulseira é outro atributo circunstancial do ouro. A pulseira é o relativo.
Nenhuma dessas formas, nenhum desses nomes, colar, pulseira, existe separado do material com o qual os objetos são feitos. Não há colar nem pulseira sem a presença do ouro. Viva feliz e calmamente, então, pois não há outra possibilidade a não ser a da entrega.
ॐ ॐ ॐ
ब्रह्मज्ञानावलीमाला
Brahmajñānāvalīmālā
सकृच्छ्रवणमात्रेण ब्रह्मज्ञानं यतो भवेत् ।
ब्रह्मज्ञानावलीमाला सर्वेषां मोक्षसिद्धये ॥
sakṛcchravaṇamātreṇa brahmajñānaṁ yato bhavet |
brahmajñānāvalīmālā sarveṣāṁ mokṣasiddhaye ||
Ouvindo apenas uma vez o texto chamado
Brahmajñānāvalīmālā, o conhecimento do Ilimitado
é alcançado, o que permite atingir mokṣa. ||
Sakṛcchravaṇamātreṇa = ouvir apenas uma vez.
Brahmajñānaṁ = conhecimento de si mesmo como ilimitado.
Brahmajñānāvalīmālā = guirlanda do conhecimento do Ilimitado.
Sarveṣāṁ = Brahman, o Ilimitado.
Mokṣasiddhi = atingir a libertação.
असङ्गोऽहमसङ्गोऽहमसङ्गोऽहं पुनः पुनः ।
सच्चिदानन्दरूपोऽहमहमेवाहमव्ययः ॥ १ ॥
asaṅgo’hamasaṅgo’hamasaṅgo’haṁ punaḥ punaḥ |
saccidānandarūpo’hamahamevāhamavyayaḥ || 1 ||
Sou desapegado, sou desapegado, sou desapegado,
purificado do apego. Minha natureza é saccidānanda.
Sou o próprio Ser, indestrutível e invariável. || 1 ||
Asaṅgaḥ = que não está condicionado ou amarrado por nada.
Punaḥ = puro, limpo, livre de impurezas.
Saccidānanda = realidade, consciência e plenitude.
Avyahaḥ = imperecedouro, que não tem fim.
नित्यशुद्धविमुक्तोऽहं निराकारोऽहमव्ययः ।
भूमानन्दस्वरूपोऽहमहमेवाहमव्ययः ॥ २ ॥
nityaśuddhavimukto’haṁ nirākāro’hamavyayaḥ |
bhūmānandasvarūpo’hamahamevāhamavyayaḥ || 2 ||
Sou eternamente puro. Sou eternamente livre, sem forma.
Sou indestrutível e invariável. Minha natureza é infinito ānanda.
Sou o próprio Ser, indestrutível e invariável. || 2 ||
Nityaśuddhavimukta = livre e perpetuamente puro (sem sofrimento ou condicionamentos).
Nirākāra = sem forma ou que transcende todas as formas.
Bhūmānanda = plenitude ilimitada.
Avyahaḥ = imperecedouro, que não tem fim.
नित्योऽहं निरवद्योऽहं निराकारोऽहमच्युतः ।
परमानन्दरूपोऽहमहमेवाहमव्ययः ॥ ३ ॥
nityo’haṁ niravadyo’haṁ nirākāro’hamacyutaḥ |
paramānandarūpo’hamahamevāhamavyayaḥ || 3 ||
Sou eterno, livre de imperfeições. Não tenho forma.
Sou indestrutível, invariável: minha natureza é suprema plenitude.
Sou o próprio Ser, indestrutível e invariável. || 3 ||
Niravadya = sem defeitos ou imperfeições.
Nirākāra = sem forma ou limitação.
Paramānanda = felicidade suprema.
Avyahaḥ = imperecedouro, que não tem fim.
शुद्धचैतन्यरूपोऽहमात्मारामोऽहमेव च ।
अखण्डानन्दरूपोऽहमहमेवाहमव्ययः ॥ ४ ॥
śuddhacaitanyarūpo’hamātmārāmo’hameva ca |
akhaṇḍānandarūpo’hamahamevāhamavyayaḥ || 4 ||
Sou pura consciência, pura inteligência.
Regozijo-me em Ātmarāma, o Ser que sou.
Minha forma é plenitude infinita, akhaṇḍānanda.Sou o próprio Ser, indestrutível e invariável. || 4 ||
Śuddhacaitanya = plena consciência.
Ātmarāma = regozijo (rāma) no próprio ser, Ātma.
Akhaṇḍānanda = plenitude infinita.
Avyahaḥ = imperecedouro, que não tem fim.
प्रत्यक्चैतन्यरूपोऽहं शान्तोऽहं प्रकृतेः परः ।
शाश्वतानन्दरूपोऽहमहमेवाहमव्ययः ॥ ५ ॥
pratyakcaitanyarūpo’haṁ śānto’haṁ prakṛteḥ paraḥ |
śāśvatānandarūpo’hamahamevāhamavyayaḥ || 5 ||
Minha forma é a consciência interior. Sou a calma que
transcende a natureza. Minha forma é plenitude eterna.
Sou o próprio Ser, indestrutível e invariável. || 5 ||
Pratyakcaitanya = a consciência interior.
Śāntaḥ = calma, paz.
Prakṛti paraḥ = que transcende a natureza.
Śāśvatānanda = constante felicidade, plenitude permanente.
तत्त्वातीतः परात्माहं मध्यातीतः परः शिवः ।
मायातीतः परंज्योतिः अहमेवाहमव्ययः ॥ ६ ॥
tattvātītaḥ parātmāhaṁ madhyātītaḥ paraḥ śivaḥ |
māyātītaḥ paraṁjyotiḥ ahamevāhamavyayaḥ || 6 ||
Sou o Ser mais elevado que transcende os tattvas.
Sou sempre auspicioso, além do que há no meio.
Sou a luz suprema que transcende as aparências.
Sou o próprio Ser, indestrutível e invariável. || 6 ||
Tattvātītaḥ = que está mais além dos tattvas, as manifestações da natureza.
Parātmā = o Ser Ilimitado.
Madhyātītaḥ = o que está além do “meio” (madhya), i.e., o lugar onde a vida acontece.
Māyātītaḥ = que transcende o aparente, māyā.
Paraṁjyotiḥ = a luz suprema, i.e., a inteligência ilimitada.
नानारूपव्यतीतोऽहं चिदाकारोऽहमच्युतः ।
सुखरूपस्वरूपोऽहमहमेवाहमव्ययः ॥ ७॥
nānārūpavyatīto’haṁ cidākāro’hamacyutaḥ |
sukharūpasvarūpo’hamahamevāhamavyayaḥ || 7 ||
Estou além das formas. Minha natureza é a plena consciência.
Nunca estou sujeito a declínio. Minha natureza é a felicidade.
Sou o próprio Ser, indestrutível e invariável. || 7 ||
Nanarūpa = as miríades de nomes e formas da natureza manifestada.
Vyatitaḥ = que transcendeu, que deixou para trás, que abandonou.
Cidākāraḥ = a forma da consciência.
Sukharūpa = a forma da felicidade.
मायातत्कार्यदेहादि मम नास्त्येव सर्वदा ।
स्वप्रकाशैकरूपोऽहमहमेवाहमव्ययः ॥ ८ ॥
māyātatkāryadehādi mama nāstyeva sarvadā |
svaprakāśaikarūpo’hamahamevāhamavyayaḥ || 8 ||
Para mim, nunca há nem māyā nem seus efeitos, como o corpo.
Minha natureza é imutável e autoefulgente, Una.
Sou o próprio Ser, indestrutível e invariável. || 8 ||
Māyātatkārya = o aparente e seus desdobramentos.
Dehādi = o corpo “e outros”.
Mama nāstyeva sarvadā = para mim não há nunca.
Svaprakāśa = luz que brilha por si mesma.
गुणत्रयव्यतीतोऽहं ब्रह्मादीनां च साक्ष्यहम् ।
अनन्तानन्दरूपोऽहमहमेवाहमव्ययः ॥ ९ ॥
guṇatrayavyatīto’haṁ brahmādīnāṁ ca sākṣyaham |
anantānandarūpo’hamahamevāhamavyayaḥ || 9 ||
Transcendo o guṇatraya. Sou a testemunha de Brahmā
e os demais deuses. Minha natureza é plenitude ilimitada.
Sou o próprio Ser, indestrutível e invariável. || 9 ||
Guṇatrayavyatītaḥ = que transcende as três forças constituintes da natureza.
Brahmādīnāṁ = Brahmā, o criador, e os demais deuses.
Anantānandarūpaḥ = a forma da plenitude ilimitada (anata = infinito).
Avyahaḥ = imperecedouro, que não tem fim.
अन्तर्यामिस्वरूपोऽहं कूटस्थः सर्वगोऽस्म्यहम् ।
परमात्मस्वरूपोऽहमहमेवाहमव्ययः ॥ १० ॥
antaryāmisvarūpo’haṁ kūṭasthaḥ sarvago’smyaham |
paramātmasvarūpo’hamahamevāhamavyayaḥ || 10 ||
Sou aquele que rege no interior, antaryāmi.
Sou imutável, ilimitado. Sou o supremo.
Sou o próprio Ser, indestrutível e invariável. || 10 ||
Antaryāmi = aquele que comanda internamente, Īśvara.
Kūṭasthaḥ = imutável, consciência presente em todos (kūṭa = osso frontal).
Sarvagaḥ = onipresente, ilimitado, que está em tudo.
Paramātma = “Ātma supremo”, Brahman, o Ilimitado.
Avyahaḥ = imperecedouro, que não tem fim.
निष्कलोऽहं निष्क्रियोऽहं सर्वात्माद्यः सनातनः ।
अपरोक्षस्वरूपोऽहमहमेवाहमव्ययः ॥ ११ ॥
niṣkalo’haṁ niṣkriyo’haṁ sarvātmādyaḥ sanātanaḥ |
aparokṣasvarūpo’hamahamevāhamavyayaḥ || 11 ||
Sou indivisível. Não ajo. Sou o Ser em tudo. Sou o primordial.
Sou o antigo, o eterno. Sou aquele que é percebido diretamente.
Sou o próprio Ser, indestrutível e invariável. || 11 ||
Niṣkalaḥ = indivisível, que não pode ser fracionado.
Sarvātma = o Ser que está em tudo e em todos.
Aparokṣa = percepção direta de si mesmo.
Avyahaḥ = imperecedouro, que não tem fim.
द्वन्द्वादिसाक्षिरूपोऽहमचलोऽहं सनातनः ।
सर्वसाक्षिस्वरूपोऽहमहमेवाहमव्ययः ॥ १२ ॥
dvandvādisākṣirūpo’hamacalo’haṁ sanātanaḥ |
sarvasākṣisvarūpo’hamahamevāhamavyayaḥ || 12 ||
Sou a testemunha dos opostos. Sou imutável.
Sou eterno. Sou a testemunha de tudo.
Sou o próprio Ser, indestrutível e invariável. || 12 ||
Dvandvādisākṣi = a testemunha dos diferentes pares de opostos.
Acalaḥ = que não se move, imutável.
Sarvasākṣi = a testemunha de tudo o que acontece.
Avyahaḥ = imperecedouro, que não tem fim.
प्रज्ञानघन एवाहं विज्ञानघन एव च ।
अकर्ताहमभोक्ताहमहमेवाहमव्ययः ॥ १३ ॥
prajñānaghana evāhaṁ vijñānaghana eva ca |
akartāhamabhoktāhamahamevāhamavyayaḥ || 13 ||
Sou apenas consciência e conhecimento pleno.
Não sou o agente das ações nem quem as desfruta.
Sou o próprio Ser, indestrutível e invariável. || 13 ||
Prajñānaghana = nada além de inteligência/consciência.
Vijñānaghana = nada além de conhecimento.
Kartaḥ = agente das ações; akartāham = não sou o agente das ações.
Bhoktaḥ = o desfrutador; abhoktāham = não sou o desfrutador das ações.
निराधारस्वरूपोऽहं सर्वाधारोऽहमेव च ।
आप्तकामस्वरूपोऽहमहमेवाहमव्ययः ॥ १४ ॥
nirādhārasvarūpo’haṁ sarvādhāro’hameva ca |
āptakāmasvarūpo’hamahamevāhamavyayaḥ || 14 ||
Não tenho suporte e sou quem tudo sustenta.
Não tenho desejos para serem preenchidos.
Sou o próprio Ser, indestrutível e invariável. || 14 ||
Nirādhāraḥ = sem suporte, sem alicerce.
Sarvādhāraḥ = o suporte de tudo e de todos.
Āptakāma = desejos a serem preenchidos.
Avyahaḥ = imperecedouro, que não tem fim.
तापत्रयविनिर्मुक्तः देहत्रयविलक्षणः ।
अवस्थात्रयसाक्ष्यस्मि अहमेवाहमव्ययः ॥ १५ ॥
tāpatrayavinirmuktaḥ dehatrayavilakṣaṇaḥ |
avasthātrayasākṣyasmi ahamevāhamavyayaḥ || 15 ||
Sou livre dos três tipos de aflição. Sou diferente dos três corpos.
Sou a testemunha dos três estados de experiência.
Sou o próprio Ser, indestrutível e invariável. || 15 ||
Tāpatraya = os três tipos de aflição, também chamados aśāntitraya.
Vinirmuktaḥ = sem, livre de.
Dehatrayavilakṣaṇaḥ = diferente dos três corpos (denso, sutil e causal).
Avasthātraya = os três estados de experiência: vigília, sono e sonho.
दृग्दृश्यौ द्वौ पदार्थौ स्तः परस्परविलक्षणौ ।
दृग्ब्रह्म दृश्यं मायेति सर्ववेदान्तडिण्डिमः ॥ १६ ॥
dṛgdṛśyau dvau padārthau staḥ parasparavilakṣaṇau |
dṛgbrahma dṛśyaṁ māyeti sarvavedāntaḍiṇḍimaḥ || 16 ||
Há dois princípios: o que vê e o que é visto.
O que vê é Brahman; o que é visto é māyā.
Essa a quintessência que o Vedānta proclama. || 16 ||
Dṛgdṛśyaḥ = o que vê (Brahman) e o que é visto (māyā).
Dvaḥ padārthaḥ = duas realidades, dois objetos, duas coisas.
Parasparavilakṣaṇa = diferentes entre si.
Sarvavedānta = a quintessência do Vedānta, a totalidade do Vedānta.
Ḍiṇḍimaḥ = clamor, rugido, rufar de um tambor.
अहं साक्षीति यो विद्याद्विविच्यैवं पुनः पुनः ।
स एव मुक्तः स विद्वानिति वेदान्तडिण्डिमः ॥ १७ ॥
ahaṁ sākṣīti yo vidyād vivicyaivaṁ punaḥ punaḥ |
sa eva muktaḥ sa vidvāniti vedāntaḍiṇḍimaḥ || 17 ||
Aquele que reconhece, após a repetida contemplação,
ser apenas a testemunha, somente ele é liberto.
Ele é o sábio iluminado. Assim clama o Vedānta. || 17 ||
Ahaṁ sākṣī = sou a testemunha.
Vivic = discernir, determinar (a diferença entre Ātma e anātma)
Punaḥ punaḥ = repetidas vezes.
Sa eva muktaḥ = apenas ele é liberto.
Vidvān = sábio, iluminado.
Iti vedāntaḍiṇḍimaḥ = assim ruge o Vedānta.
घटकुड्यादिकं सर्वं मृत्तिकामात्रमेव च ।
तद्वद्ब्रह्म जगत्सर्वमिति वेदान्तडिण्डिमः ॥ १८ ॥
ghaṭakuḍyādikaṁ sarvaṁ mṛttikāmātrameva ca |
tadvadbrahma jagatsarvamiti vedāntaḍiṇḍimaḥ || 18 ||
O pote, o muro e outros objetos são apenas argila.
Similarmente, o universo inteiro nada é além
de Brahman. Assim clama o Vedānta. || 18 ||
Ghaṭakuḍyādikaṁ = o pote, a taipa (pau-a-pique) e demais.
Mṛttikāmātrameva = feito somente de argila.
Tadvadbrahma = apenas o Ser.
Jagatsarvam = todo o universo.
ब्रह्म सत्यं जगन्मिथ्या जीवो ब्रह्मैव नापरः ।
अनेन वेद्यं सच्छास्त्रमिति वेदान्तडिण्डिमः ॥ १९ ॥
brahma satyaṁ jaganmithyā jīvo brahmaiva nāparaḥ |
anena vedyaṁ sacchāstramiti vedāntaḍiṇḍimaḥ || 19 ||
O Ser é Verdade, satyaṁ. O Universo é Relativo, mithyā.
A individualidade nada mais é do que o próprio Ser.
Esta compreensão sem falhas é o śāstra real.
Assim clama o Vedānta. || 19 ||
Brahma satyaṁ = o Ilimitado é satyam, real.
Jaganmithyā = o universo é mithyā, aparente.
Jīvaḥ brahmaiva nāparaḥ = jīva, o indivíduo não é senão (nāparaḥ) o Ilimitado apenas.
Vedyaṁ = aquilo que é compreendido. Anena = livre de falhas ou defeitos.
Sat śāstram = o śāstra real, o śāstra mais elevado.
Anena vedyaṁ sacchāstram = o que isto revela é o śāstra mais elevado.
अन्तर्ज्योतिर्बहिर्ज्योतिः प्रत्यग्ज्योतिः परात्परः ।
ज्योतिर्ज्योतिः स्वयंज्योतिरात्मज्योतिः शिवोऽस्म्यहम् ॥ २० ॥
antarjyotirbahirjyotiḥ pratyagjyotiḥ parātparaḥ |
jyotirjyotiḥ svayaṁjyotirātmajyotiḥ śivo’smyaham || 20 ||
Sou o auspicioso, a luz interior e a luz exterior.
Sou a luz interna, mais alta que o mais elevado.
Sou a luz das luzes, autoefulgente, a luz que é o Ser. || 20 ||
Antarjyotiḥ = luz interior, o Ilimitado, o não-manifestado (Brahman).
Bahirjyotiḥ = luz exterior, o mundo manifestado.
Pratyagjyotiḥ = a luz interior, o Ser. Parātparaḥ = mais elevado que o mais elevado.
Jyotirjyotiḥ = a luz das luzes. Svayaṁjyotiḥ = luz que brilha por si mesma.
Ātmajyotiḥ = a luz do Ser. Śiva = o benéfico, o auspicioso.
इति श्रीमत्परमहंसपरिव्राजकाचार्यस्य
श्रीगोविन्दभगवत्पूज्यपादशिष्यस्य
श्रीमच्छङ्करभगवतः कृतौ
ब्रह्मज्ञानावलीमाला सम्पूर्णा ॥
iti śrīmatparamahaṁsaparivrājakācāryasya
śrīgovindabhagavatpūjyapādaśiṣyasya
śrīmacchaṅkarabhagavataḥ kṛtau
brahmajñānāvalīmālā sampūrṇā ||
Aqui completa-se o Brahmajñānāvalīmālā, composto
pelo dileto discípulo de Śrī Govinda Bhagavatpāda,
Śrīmad Śaṅkarācārya Bhavagān.
ॐ
Conheça também aqui o
Ekaślokī, Verso Único de Śaṅkara
Pedro nasceu no Uruguai, 58 anos atrás. Conheceu o Yoga na adolescência e pratica desde então. Aprecia o o Yoga mais como uma visão do mundo que inclui um estilo de vida, do que uma simples prática. Escreveu e traduziu 10 livros sobre Yoga, além de editar as revistas Yoga Journal e Cadernos de Yoga e o site yoga.pro.br. Para continuar seu aprendizado, visita à Índia regularmente há mais de três décadas.
Biografia completa | Artigos
Obrigado, Pedro, por expressar os conhecimentos tão antigos e preciosos de uma forma aberta, simples e direta. Namastê!