Enquanto um estilo de vida integrado, o Yoga inclui padrões morais (tradicionalmente chamados “virtudes”) que qualquer ser humano razoável acharia, em princípio, aceitáveis. Alguns destes padrões, conhecidos em sânscrito como yamas ou “disciplinas”, estão codificados no primeiro dos oito “membros” do caminho de Patanjali. De acordo com o Yoga-Sūtra de Patanjali, esta categoria é composta de cinco virtudes: não violência (ahimsâ), veracidade (satya), não roubo (asteya), castidade (brahmacharya) e desapego (aparigraha).
Em outras escrituras importantes do Yoga, mais princípios morais são mencionados, como gentileza, compaixão, generosidade, paciência, auxílio, perdão, pureza, e assim por diante. São virtudes que nos conectam com um bom caráter e que se manifestam, no mais alto grau, na vida dos grandes mestres de Yoga.
Assim, parece apropriado que os professores de Yoga de hoje se esforcem para conduzir suas vidas de acordo com os princípios morais do Yoga, especialmente porque o professor de Yoga possui uma grande responsabilidade para com os seus alunos, devendo ser esperado que espelhem os altos padrões morais defendidos pelo Yoga. Ao mesmo tempo, devemos reconhecer a complexidade da sociedade contemporânea, sendo necessário adaptar, da maneira apropriada, os padrões morais destinados originalmente para as condições da Índia pré-moderna. Além disso, precisamos levar em conta a crise ambiental que se aproxima, adotando uma estilo de vida sustentável.
As diretrizes a seguir são propostas como uma razoável adaptação para a situação moderna, mas que reconhecem, apropriadamente, a sabedoria contida na herança do Yoga.
1. Professores de Yoga entendem e valorizam o fato que ensinar Yoga é um esforço nobre e dignificante que os conecta a uma longa linhagem de professores ilustres.
2. Professores de Yoga se comprometem em praticar o Yoga como um estilo de vida, adotando os princípios morais fundamentais do Yoga e tornando seus estilos de vida ambientalmente sustentáveis (“Yoga Verde”).
3. Professores de Yoga se comprometem em manter padrões impecáveis de competência profissional e integridade.
4. Professores de Yoga dedicam-se ao estudo e prática, completa e contínua, do Yoga, em particular os aspectos teóricos e práticos do ramo de Yoga que estão ensinando.
5. Professores de Yoga se comprometem em evitar o vício em substâncias químicas e, se por alguma razão, sucumbirem a dependência química, concordam em parar de ensinar até que estejam livres do vício de drogas e/ou álcool. Farão, então, tudo a seu alcance para permanecerem livres, incluindo serem totalmente comprometidos com um grupo de apoio.
6. Professores de Yoga adotam o ideal de veracidade, principalmente quando lidando com estudantes e outras pessoas, o que inclui atuar de maneira consistente com o seu treinamento e experiência, relevante para as aulas de Yoga que ministra.
7. Professores de Yoga se comprometem em promover o bem estar físico, emocional, mental e espiritual de seus estudantes.
8. Professores de Yoga, especialmente os que ensinam Hatha-Yoga, se absterão de dar conselhos médicos ou conselhos que possam ser interpretados desta forma, a menos que possuam a qualificação médica necessária.
9. Professores de Yoga estão abertos para ensinarem a qualquer estudante, sem levar em consideração raça, nacionalidade, gênero, orientação sexual e situação social ou financeira.
10. Professores de Yoga aceitam estudantes com deficiência física, com a condição de possuírem a habilidade de ensiná-los apropriadamente.
11. Professores de Yoga concordam em tratar seus estudantes com respeito.
12. Professores de Yoga nunca imporão suas próprias opiniões para os estudantes e valorizarão o fato de que cada indivíduo tem direito a sua visão de mundo, idéias e crenças. Ao mesmo tempo, professores de Yoga devem comunicar a seus estudantes que o Yoga procura gerar uma transformação profunda na personalidade, nas atitudes e nas idéias humanas. Se um estudante não está aberto a mudanças ou se as opiniões do estudante impedem a comunicação dos ensinamentos do Yoga, então o professor é livre para desobrigar-se a ensinar aquele indivíduo e, se possível, deve encontrar um caminho amigável para desfazer o relacionamento aluno-professor.
13. Professores de Yoga concordam em evitar qualquer forma de assédio sexual aos alunos.
14. Professores de Yoga, desejosos em começarem um relacionamento sexual em consenso mútuo com um aluno ou ex-aluno, antes de qualquer atitude, devem procurar o conselho imediato de seus colegas professores, para assegurar a suficiente clareza sobre suas intenções.
15. Professores de Yoga farão todo o possível para não tirar proveito da confiança e a da potencial dependência de seus alunos. Ao contrário, se esforçarão em encorajar seus alunos a encontrarem grande liberdade interior.
16. Professores de Yoga reconhecem a importância do contexto apropriado para ensinar e concordam em evitar ensinar de uma maneira negligente, incluindo a observação do decoro apropriado dentro e fora da sala de aula.
17. Professores de Yoga esforçam-se para praticar a tolerância para com outros professores, escolas e tradições do Yoga. Se houver a necessidade de fazer alguma crítica, ela deve ser feita com clareza e baseada em fatos.
Estes preceitos éticos não estão completos e o fato de uma determinada atitude não estar especificada, não indica algo sobre a natureza ética ou não ética da atitude. Professores de Yoga sempre se esforçam em respeitar e, visando o melhor para suas habilidades, adotam o código de conduta yogue tradicional, assim como as leis existentes em seus países ou estados.
Para uma descrição mais detalhada dos ensinamentos sobre os instruções morais do Yoga, veja Yoga Morality (2007), de Georg Feuerstein.
Traduzido por Rogério Maniezi, de www.traditionalyogastudies.com. O nome original do artigo é Ethical Guidelines for Yoga Teachers.
Reproduzido com autorização do autor.
Nesse Universo Líquido que Bauhman muito bem nos coloca, no impériodo efêmero em que vivemos, a virtude dos gregos antigos se perdeu para o antropocentrismo líquido pós moderno, o professor de yoga (ou o instrutor) deve ser porto seguro e farol para seus alunos e estudantes.
A instruções de patanjalim, entre outros códigos de yamas e niyamas, serviam de linha mestre de conduta humana na qualidade de educador, onde no professor de yoga eram depostidadas confiança, entrega e uma indescritível aliança na busca do SER através da real compreensao do Eu.
A lanterna que ilumina esse caminho de autoconhecimento num ânimo de antropofilia, é o professor, seguido por toda a sua linhagem, seus preceitos, estudos e dialéticas de ensino. Sem isso, não existe professor e não se trata de yoga. :O)
HariOm.
Esse é um desabafo. Admiro muito o Yoga, esta prática que faz maravilhas para a mente e o corpo. Por isso, resolvi trabalhar em uma academia de Yoga. Procurava um ambiente que promovesse paz e saúde, além de trabalhar com pessoas tranquilas. Surpreendentemente, não encontrei. Deixo bem claro que não citarei nomes de professores, nem da academia. Não quero prejudicar a empresa, pois acho que ela não é a única com as características que citarei. Também sei que muitos criticam uma famosa rede de escolas que possui filiais em todo o Brasil, mas a escola a qual me refiro é outra, menor, aceita por meios de comunicação variados e que forma professores anualmente. Para começar, a aparência da escola é ?zen?: imagens de deuses indianos, incenso, almofadas no chão… Mas quem trabalha lá vê, principalmente, ganância. Fiquei triste de ver alguns professores fazendo do Yoga uma máquina de dinheiro ? não penso que é indigno ganhar dinheiro, mas acho que honestidade e compromisso com o que se ensina é fundamental. Como ensinar aos seus alunos o desapego e, ao mesmo tempo, explorar um empregado pagando o mínimo e fazendo-o trabalhar ao máximo? Ou comprar produtos por um valor e vender pelo dobro? Falar mal de outros professores ?concorrentes? então, eu via sempre. Principalmente para os possíveis clientes da academia, para que estes escolham a ?melhor?. Além disso vi professores em formação que agiam de forma parecida: vegetarianos de boca para fora que comiam carne escondidos, aqueles que prejudicavam outros professores para roubar seus alunos… Grande parte dos professores formados lá são despreparados. O que me preocupa é que muitos destes trabalham em academias espalhadas pela cidade. Me desiludi com essa experiência, o que me fez ficar desconfiada das escolas de Yoga em geral. Acho que deveria ter maior regulamentação dos cursos, um tempo de formação maior, e maior compromisso com a filosofia da yoga, mais aprofundamento. De tempos em tempos fico sabendo de alguma coisa como professores de Yoga que são extremamente violentos, ou promíscuos ou até usuários de drogas. E o pior, já nem me surpreendo tanto como deveria. Peço por professores de Yoga que realmente pratiquem Yoga, mesmo longe dos alunos. Será que é pedir demais?
Concordo plenamente, conheço uma “escola” de yoga em Florianópolis, cuja “professora” e proprietária do curso, forma alunos de forma amadora e despreparada. A começar pelo próprio material de apoio que não passa de um “copia e cola” emporcalhado, de um português vexaminoso, extraído de sites bem conhecidos pela internet tais como Wikipédia e não devo, mas irei mencionar mesmo assim: este site.
Sem “contar” os incomensuráveis erros de datilografia e português. Como se não bastasse, neste lugar é vendido o discurso – dentro do curso de yoga – de como alcançar o sucesso e a felicidade voltando-se para o que se pretende conquistar no futuro (com o processo de Coach oferecido pela própria instrutora) que é de uma INCOERÊNCIA tendo em vista o princípio do yoga de viver plenamente o presente sem se preocupar com o que passou, e com o que virá.
Tal princípio, fora muitas vezes mencionado durante as aulas neste curso, e muitas vezes pude registrar uma retórica incoerente, acima de tudo hipócrita e vazia. Uma retórica burra. Além da falta de ética profissional. Mas o que pretendo é alertar as pessoas, para que não caiam nesse papo furado de formação de instrutores. Pois esta professora, em particular, vale-se da falta de regulamentação desse tipo de atividade, para lucrar e fazer disso seu principal meio de subsistência.
E tem pelo menos uns 7 que sempre caem. O contrato e o certificado do curso é de natureza suspeita. E é difícil denunciar pelos motivos expostos. Enfim, que se dê cada vez menos lugar à hipocrisia e que, cada vez mais se abra o caminho para ética.
Gostaria de fazer uma ressalva sobre o que escrevi anteriormente. Gostaria de advertir às pessoas interessadas que procurem um curso de formação de yoga com professores renomados, diferentemente do exemplo real contido no texto que escrevi, pois aquele curso de “formação e aprofundamento em tal yoga” é sim, papo furado.
Muito oportuna a publicação deste código de ética. A missão de todo professor de Yoga consciente é realmente nobre.
Não obstante tanta nobreza, gostaria de ressaltar que aquilo tão estudado e pregado por nós professores, nos foi dado como missão.
Portanto o significado espiritual de se lecionar uma matéria é ter de repetí-la à exaustão, para que nós mesmos professores em PRIMEIRO LUGAR nos obriguemos DIARIAMENTE, a escutar tais mensagens.
Laura Ferrari – São Paulo SP
O código de ética moral é a alma do yogi. Georg Feuerstein, já fez tal citação sobre a importância do código de ética na vida do Yogui em tempos passados, o mestre Derose, em suas publicações fez uma ótima síntese e resumo dos preceitos morais, Hermógenes ensina em seus livros a base disto que é importante para aquele que é um yogi dia-à-dia, um exemplo de tal pessoa que incorpora os códigos e ética é o Mestre-Professor Pedro Kupfer,que no meu ponto de vista é um ensinamento vivo que transparece esta forma de viver aos seus alunos… Om namah Shivaya!