Qual é o vínculo entre o Yoga e a religião hindu?
O Yoga não é uma religião no sentido convencional, mas uma espiritualidade, um esoterismo e um misticismo.
Não obstante, quando examinamos com atenção o Hinduísmo, o Budismo, o Jainismo e o Sikhismo, vemos que o Yoga, via de regra, não se vincula apenas às cosmologias, mas também às crenças e práticas religiosas dessas tradições.
Esse fato se erigiu em obstáculo para muitos dentre os que praticam o Yoga no Ocidente, que nem dispõem de informações seguras acerca dessas tradições nem, muitas vezes, se sentem à vontade dentro da sua própria tradição religiosa, seja ela o Cristianismo ou o Judaísmo.
Em particular, esses praticantes se assustam com o grande número de divindades dos panteões hindu, budista e jainista, e ficam a se perguntar de que modo essas divindades se relacionam com a prática do Yoga propriamente dito e com a doutrina do não-dualismo (advaita) que caracteriza a maioria das formas de Yoga.
Os estudantes de tendência monoteísta podem até sentir-se ameaçados de sucumbir ao politeísmo, que é considerado pecado na tradição judaico-cristã.
Uma vez que o livro A Tradição do Yoga trata sobretudo do Yoga no Hinduísmo, proponho-me agora a fazer uma breve apresentação dos deuses e deusas dessa tradição, que são mencionados freqüentemente nos textos sobre Yoga, quer nos escritos em sânscrito, quer nos escritos em línguas populares.
Os jainas, em sua maioria, conservaram as mesmas divindades, e muitas dentre elas também integram o enorme panteão budista.
As várias divindades são invocadas e adoradas como manifestações ou personificações da Realidade suprema, e, aos olhos de seus adoradores, são, cada uma delas, essa Realidade suprema.
Os adoradores do deus Śiva, por exemplo, afirmam que Śiva é absolutamente transcendente, sem forma e sem qualidades (nirguṇa), mas, para poder adorá-lo, atribuem a esse Ser não-qualificado certas características ou qualidades (guṇa) antropomórficas, como a bondade, a beleza, o poder e a misericórdia.
Em relação a Śiva, todas as outras divindades são consideradas seres elevados que residem nos diversos mundos (loka) celestiais. Na terminologia cristã, são arcanjos ou anjos.
Entre os devotos de Viṣṇu, a situação é inversa. Para eles, Viṣṇu é a Divindade suprema, e todas as outras divindades – Śiva inclusive – são meros devas, “seres luminosos”, cujo status é equivalente ao dos anjos nas tradições judaica, cristã e islâmica.
Desde a época mais antiga, as divindades eram consideradas sob três pontos de vista: o material (ādhibhautika), o psíquico (ādhyātmika) e o espiritual (ādhidaivika).
O deus védico Agni, por exemplo, significa o fogo do sacrifício propriamente dito, o fogo interior do sacrificante (relacionado ao poder da serpente, ou kuṇḍalinīśakti) e ao fogo divino, ou Luz Transcendente.
Sempre que pensamos numa divindade, temos de ter em mente os três aspectos que não podem ser separados, pois constituem uma só e a mesma Realidade.
Até agora, a maioria dos estudiosos só levou em conta o primeiro aspecto, e isso fez com que considerassem (e às vezes desprezassem) a espiritualidade vêdica como mero “naturalismo”.
Um exame mais atento, porém, nos mostra que os videntes e sábios vêdicos eram profundos conhecedores do simbolismo e hábeis no uso da linguagem metafórica.
A falha não está na comunicação simbólica deles, mas na nossa capacidade (ou incapacidade) de compreendê-la.
Desde a Era Védica, os “teólogos” da Índia falam de trinta e três divindades, embora muitas mais sejam mencionadas nos textos sagrados e adoradas na prática.
Falaremos agora apenas de um pequeno grupo de divindades especialmente associadas ao Yoga.
Comecemos com Śiva (“O Benigno”), já mencionado no Ṛgveda (1.114; 2.33). É ele o ponto focal do Śaivismo, isto é, da tradição śaiva de culto e teologia.
É por excelência a divindade dos yogins e é muitas vezes representado como um yogin, de cabelos compridos e emaranhados, corpo coberto de cinzas e levando consigo uma guirlanda de crânios – sinais da mais perfeita renúncia.
Nos seus cabelos está o crescente lunar, símbolo da visão e do conhecimento místico. Seus três olhos são o Sol, a Lua e o fogo, e revelam-lhe todas as coisas do passado, do presente e do futuro.
O olho central, ou “terceiro olho”, localizado na testa, está ligado ao fogo cósmico; um único olhar desse olho tem o poder de transformar em cinzas todo o Universo.
A serpente enrolada em torno de seu pescoço simboliza a misteriosa energia da kuṇḍalinī.
O rio Gaṅgā (Ganges) que jorra do topo da cabeça de Shiva é um símbolo da purificação perpétua, o meio que Śiva usa para conferir aos devotos a dádiva da libertação espiritual.
A pele de tigre sobre a qual ele se senta representa o poder (śakti), e seus quatro braços expressam o perfeito e absoluto controle que ele tem sobre os quatro pontos cardeais.
O tridente representa as três qualidades (guṇas) primárias da Natureza, a saber, sattva, rajas e tamas. O animal que lhe é associado é o touro Nandi (“o Alegre”), símbolo da energia sexual que Śiva dominou por completo.
O leão que figura em muitas imagens desse deus representa a gula e a voracidade, também dominadas por Śiva.
Śiva é associado desde os primórdios a Rudrā (“o Uivador”), divindade especialmente ligada ao elemento ar e às diversas manifestações deste (isto é, o vento, a tempestade, o trovão e o raio, mas também a energia vital, a respiração, etc.).
Mas Rudrā também é compreendido como um grande médico, e essa mesma função medicinal é sugerida pelo nome Śiva.
No Hinduísmo tardio, Śiva tornou-se o aspecto destrutivo ou “transformador” da famosa “trindade” (trimurti), cujos dois outros membros são Viṣṇu (que representa o princípio de conservação) e Brahmā (que simboliza o princípio criador). Śiva, como tal, é muitas vezes chamado de Hara (“Eliminador”).
Segundo as representações típicas, reside no Monte Kailása com sua divina esposa Pārvatī (“a que reside na montanha”).
Muitos Tantras o apresentam como o primeiro mestre do conhecimento esotérico. Na qualidade de Realidade suprema, os shaivas invocam-no como Maheśvara (“Grande Senhor”, de maha, “grande”, e Īśvara, “Senhor”).
Como aquele que concede a alegria e a serenidade, é chamado Śaṅkara; como sede e fonte de todas as delícias, é denominado Śambhu. É chamado também pelos nomes de Paśupati (“Senhor dos animais”), Īśana (“Soberano”) e, não menos importante, Mahādeva (“Grande Deus”).
Outro símbolo tipicamente associado a Śiva e que tem muitos outros aspectos é o liṅgaṁ. Essa palavra costuma ser traduzida por “falo”, mas significa literalmente “sinal” e representa o princípio da criatividade considerado em si mesmo.
O linga (que às vezes se escreve “lingam” em inglês) é o âmago criativo da existência cósmica (prakriti), indivisível e eficiente. O pólo que o complementa é o princípio feminino yoni (“útero”, “fonte”).
Juntos, esses dois princípios tecem a tapeçaria do espaço-tempo. Alguns śaivas – especialmente os Liṅgāyatas – usam o Śivaliṅgaṁ como amuleto.
No ambiente tántrico, representações do linga feitas de pedra ou metal e colocadas em gamelas que representam yoni lembram os praticantes da natureza bipolar de toda a existência manifestada: o mundo é uma interação entre Śivae Pārvatī (Śakti), ou entre Consciência e Energia.
Viṣṇu (“O Que Está Presente em Todas as Coisas”) é o foco da adoração dos vaiṣṇavas. O Vaiṣṇavismo tem suas raízes nos tempos vêdicos, uma vez que Vishnu já é mencionado no Ṛgveda (p. exemplo. 1.23; 154; 8.12; 29).
Dentre os seus outros nomes, os mais importantes são Hari (“Eliminador”), Nārāyaṇa (“Morada dos humanos”) e Vāsudeva (“Deus de [todas as] coisas”).
Segundo a mitologia, entre os períodos sucessivos de recriação do mundo, Viṣṇu permanece em estado informe sobre a serpente cósmica Śeṣa (ou Ananta), que flutua no oceano infinito da existência não-manifesta.
Viṣṇu, como Śiva, é muitas vezes representado com quatro braços, que significam a sua Onipresença e Onipotência.
Entre seus atributos incluem-se a concha (símbolo da Criação), o disco (que representa o Intelecto ou Espírito Universal), o lótus (que representa o Universo), o arco e as flechas (que simbolizam o sentido do ego e os sentidos exteriores), a maça (que significa a força vital), o cacho de cabelos dourados que caem sobre o lado esquerdo do peito (que representa o âmago da Natureza), a carruagem (símbolo da mente como princípio da ação) e a cor preta ou azul-escura da pele (que sugere a extensão infinita do éter/espaço, o primeiro dos cinco elementos).
Afirma-se que Viṣṇuencarnou-se várias vezes para restabelecer a ordem moral (dharma) na Terra. Suas dez encarnações (avatára, “descida”) são as seguintes:
1. Matsya (“Peixe”) encarnou-se com o propósito específico de salvar Manu Satyavrata, progenitor da raça humana, durante o dilúvio que inaugurou o presente ciclo da Humanidade.
2. Kūrma (“Tartaruga”) tomou forma a partir da infinitude de Vishnu para recuperar vários tesouros perdidos durante o dilúvio, especialmente o elixir da vida.
Tanto as divindades (deva ou sura) quanto as contradivindades (asura) colaboraram para bater o oceano como se bate o leite para tirar manteiga, usando a serpente cósmica (Ananta) como corda e Maṇḍāra, a montanha cósmica, como vara de bater.
Kūrma serviu como pivô para a vara. Com isso, todos os tesouros perdidos foram recuperados, restabelecendo-se assim a ordem e o equilíbrio universais.
3. Varāha (“Javali”) nasceu com a missão de destruir o demônio Hiraṅyākṣa (“Olhos de Ouro”), que havia inundado a Terra inteira.
4. Nārasiṁha (“Homem-Leão”) se manifestou a fim de destruir o maligno imperador Hiraṅyakaṣipu (“Vestimenta de Ouro”), que havia tentado, sem conseguir, matar o seu filho Prahlāda, grande devoto de Viṣṇu.
Em virtude de uma dádiva que lhe tinha sido concedida pelo próprio deus Brahmá, Hiranyakashipu não poderia ser morto nem de dia nem à noite, nem por um homem, um animal ou uma divindade, nem do lado de fora nem do lado de dentro de dentro das muralhas do seu palácio.
Por isso, Narasimha surgiu no crepúsculo, sob a forma de um ser humano com cabeça de leão, e dentro de um pilar. Com suas garras dilacerou o corpo do rei e o destruiu.
5. Vamāṇa (“O Anão”) encarnou-se especificamente para vencer o demoníaco Bali, que havia usurpado o lugar das divindades e obtido o domínio sobre o Universo.
Vamāṇa pediu a Bali que lhe desse o quanto de terra que lhe fosse possível tanspor com três passos. Achando graça do pedido, o demoníaco imperador o atendeu.
Vamāṇa deu dois passos e transpôs com eles toda a criação; com o terceiro passo, plantou o pé sobre a cabeça de Bali, empurrando-o para os mundos infernais.
Como Bali tinha algumas virtudes, Vamāṇa concedeu-lhe o império sobre o mundo inferior. Os três passos de Viṣṇu são mencionados já no Ṛgveda (p. exemplo., 1.23.17-18, 20).
6. Paraṣurāma (“Rāma com o Machado”) foi uma encarnação guerreira. Destruiu vinte e uma vezes a casta guerreira, o que é indício de um forte conflito entre os kṣatriyas e os brāhmaṇas numa época muito recuada.
7. Rāma (“O Escuro” ou “O Agradável”), também chamado Rāmacandra, foi o soberano justo e sábio de Ayodhyá e um contemporâneo mais jovem de Paraśurāma.
A história de sua vida nos é relatada pela epopéia Rāmāyāṇa. Sua esposa Sītā (“Sulco [de arado]”), freqüentemente identificada à deusa Lakṣmī (“Bom Sinal”), simboliza o princípio da fidelidade conjugal, do amor e da devoção.
Foi raptada pelo rei-demônio Rāvaṇa, cujo reino talvez se localizasse no atual Śrī Laṅkā (Ceilão), e resgatada pelo semideus Hanumān, de cabeça de macaco, que representa o princípio do serviço fiel.
8. Kṛṣṇa (“O que Puxa”) é o Deus-homem, cujos ensinamentos estão registrados na Bhagavadgītā e em muitas outras partes da epopéia Mahabhārata.
A morte de Kṛṣṇa deu início à kaliyuga, a era de trevas na qual ainda estamos e cuja duração total é calculada em alguns milhares de anos.
9. Buddha (“O Desperto”) nasceu para desorientar os malfeitores e os demônios.
Algumas autoridades não crêem que esse avatāra tenha sido Gautama, o Buddha, mas é praticamente impossível duvidar de que era a ele que se referiam os brāhmaṇas que formularam a doutrina das dez encarnações.
10. Kalki (“O Vil”, “O Humilde”) é o avatāra que ainda não veio. Várias Purāṇas o representam montado num cavalo branco e empunhando uma espada de fogo.
Sua tarefa será a de destruir esse mundo (yuga) e fundar a nova Era de Ouro, ou Era da Verdade (satyayuga).
Brahmā é o mais abstrato dos deuses da trindade hindu, e por isso não chegou a empolgar a imaginação dos brahmánas. É simplesmente o Criador do mundo.
É preciso distingui-lo cuidadosamente de Brahman, que o nome da Realidade transcendente não-dual.
As pessoas que não se filiam às grandes comunidades religiosas, como as dos śaivas e vaiṣṇavas, costumam ser chamadas de smārtas, isto é, partidários do Smṛti (textos não revelados, mas que decorrem diretamente das escrituras sagradas por dedução ou interpretação).
O deus Gaṇeśa (“Senhor dos exércitos”), de cabeça de elefante, é intimamente ligado a Śiva.
Gaṇeśa é chamado também por muitos outros nomes, entre os quais Gaṇapati que tem o mesmo sentido) e Viṇāyaka (“Comandante”) (1).
Em 1995, Gaṇeśa chegou às manchetes do New York Times e de vários outros grandes jornais do mundo inteiro em virtude do fenômeno que foi chamado de “milagre do leite” (kṣīracamatkāra).
No dia 21 de setembro daquele ano, um hindu comum de Nova Délhi sonhou que Gaṇeśa estava com vontade de tomar leite.
Ao levantar-se de manhã, foi incontinenti para o templo mais próximo e, com permissão do sacerdote, ofereceu à imagem do deus uma colherada de leite.
Para surpresa sua e do sacerdote, o leite desapareceu. Em poucas horas, a notícia havia chegado a todo o país, e dezenas de milhões de hindus devotos dirigiam-se aos templos.
Ao que parece, um número incontável de outras pessoas – inclusive alguns céticos estupefactos – testemunharam de novo o milagre em vários locais sagrados e em outros menos sagrados (como os “santinhos” de Gaṇeśa colados no painel dos automóveis, por exemplo).
Em vinte e quatro horas, o milagre acabou tão repentinamente quanto havia começado.
Seja qual for a nossa opinião acerca desse fenômeno, ele nos dá a oportunidade de comentar o simbolismo da oferenda do leite.
Na remota era védica, costumava-se misturar leite ao fabuloso caldo de soma antes de vertê-lo no fogo sagrado para propiciar as divindades ou de o sacerdote bebê-lo para ver facilitada a sua comunhão com os seres celestes.
Em épocas posteriores, o sacrifício do soma passou a ser compreendido e praticado tão-somente de maneira metafórica. O soma tornou-se o néctar da imortalidade gerado dentro do próprio corpo humano através da concentração intensa.
O leite, enquanto produto da vaca sagrada, é cheio de associações simbólicas.
Gaṇeśa está particularmente ligado ao simbolismo da força vital (prāṇa) e da energia serpentina (kuṇḍalinī), a qual, quando sobe plenamente até atingir o centro psicoespiritual localizado no topo da cabeça, faz com que o elixir ambrosíaco irrigue todo o corpo do yogin.
Dentre as várias divindades femininas, temos de destacar Durgā (“A que é difícil de atravessar”), que representa a energia cósmica de destruição, em particular a que destrói ou anula o ego (ahaṅkāra), o qual se interpõe no caminho do crescimento espiritual e da suprema libertação.
Durgā só é mãe protetora para os que seguem a via da autotranscendência; todos os demais são objeto da sua ira.
Kālī, personificação da ira de Durgā, faz parte de um grupo de dez grandes deusas chamadas “Grandes Sabedorias” (mahāvidyās).
As outras são Tárá, Tripurāsundarī, Bhuvaneśvarī, Chinnamastā, Bhairavī, Dhāmvatí, Bagalámukhí, Mátangí e Kamalá. Dentre elas, Chinnamastá (“a de cabeça cortada”) tem importância especial no Yoga.
Em sua representação típica, essa deusa feroz aparece nua e envergando uma guirlanda de crânios ao redor do toco do pescoço, do qual jorram duas correntes de sangue. Segura a cabeça cortada na mão esquerda.
Vários mitos procuram explicar o estranho estado dessa deusa, mas todos concordam em que ela cortou a própria cabeça para dar de comer a suas duas servas, chamadas Dākinī e Varniṇī ou Jayā e Vijayā.
Numa interpretação yogika, esse sacrifício primordial da Mãe Divina representa o sacrifício das correntes da esquerda e da direita – īḍā e piṅgalā -, que têm de ser sacrificadas para permitir o livre fluxo da energia psicoespiritual pelo canal central (śuṣumnānāḍī).
A cabeça – símbolo da mente – tem de ser cortada, isto é, transcendida, para que a iluminação possa ser alcançada. Esse simbolismo yogiko é sugerido por um outro nome da mesma deusa: Śuṣumṇeśvara Bhāsiṇī, que significa “A que brilha com o som do canal central”.
O aspecto benigno do Supremo na sua forma feminina é destacado na deusa Lakṣmī, cujo nome é derivado de lakshman (“sinal”) e significa “Boa Sina” ou “Boa Fortuna”.
A deusa Lalitā Tripurāsundarī (“Linda Beleza da Tripla Cidade”), do sul da Índia, expressa o mesmo aspecto de Deus.
Ela é descrita como benévola (saumya) e bela (saundārya), e não como terrível (ugra) e horrenda (ghora). Mas, como Lakṣmī e Lalitā são concebidas como expressões da Realidade suprema, também incluem necessariamente o aspecto destrutivo desta.
Do nosso ponto de vista, que é extremamente limitado, Deus não é nem só positivo nem exclusivamente negativo, mas transcende todas essas categorias.
O mais importante texto hindu que exalta a Divindade sob o seu aspecto feminino é o volumoso Śrīmad Devī Bhāgavatam, correspondente śākta da Bhāgavata Purāṇa dos vaiṣṇavas.
O Śrīmad Devī Bhāgavatam foi datado de um período que vai do século VII ao século XII (2). Nele, a grande Deusa é apresentada como a essência eterna do Universo.
(1) Dois livros excelentes sobre Gaṇeśa: John A. Grimes, Gaṇapati: Song of the Self (Albany, N.Y.: State University of New York Press, 1995), e Satguru Sivaya Subramuniyaswami, Loving Gaṇeśa: Hinduism’s Endearing Elephant-Faced God (Kapaa, Havaí: Himalayan Academy, 1996).
(2) O Śrīmad Devī Bhāgavatam provavelmente foi composto um ou dois séculos depois da Bhāgavata Purāṇa, que é datado do século X d.C.
O Devī Mahātmya, citado na íntegra no Śrīmad Devī Bhāgavatam, é um texto mais antigo dedicado ao tema da adoração da Deusa e foi datado, com ressalvas, do século VI d.C.
॥ हरिः ॐ ॥

Copyright © 2001 Georg Feuerstein, Yoga Research and Education Center. Extraído do livro A Tradição do Yoga (traduzido por Marcelo Brandão Cipolla), Editora Pensamento, São Paulo, e digitado por Cristiano Bezerra. Visite o site de Georg Feuerstein aqui.
॥ हरिः ॐ ॥