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Liberdade

Defino a liberdade de uma forma dupla: a liberdade do passado e a liberdade da liberdade do conceito de passado, presente e futuro. Estes são dois tipos de liberdade. A liberdade do passado se refere a sua própria vida passada, ou seja, nesta vida, a sua infância e assim por diante.

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– Swamiji, o que é liberdade?

– Eu defino a liberdade de uma forma dupla: a liberdade do passado e a liberdade da liberdade do conceito de passado, presente e futuro. Estes são dois tipos de liberdade.

A liberdade do passado se refere a sua própria vida passada, ou seja, nesta vida, a sua infância e assim por diante. O passado de todos tem os seus próprios problemas e esses problemas afetam a pessoa no presente.

O que eu enfrento agora, neste momento, não é visto objetivamente, pois é sempre reprimido, condicionado, imbuído de preconceito e distorcido pelo meu próprio passado.

A liberdade desse passado significa a liberdade do meu passado psicológico. A liberdade do passado psicológico de alguém é uma liberdade relativa, descrito na Gita como a liberdade da pressão dos próprios gostos e desgostos. Há também uma liberdade derradeira, a chamada liberação ou moksha.

Liberdade é algo sempre indesejável, pois para estar sob a influência do passado isto não é muito desejável, porque você perde o presente. Todo o sofrimento, mágoa e dor são devidos ao
passado, porque o presente, que se torna o passado, também causa dor e você fica sujeito a mais sofrimento. Então a dor obtida se torna mais dor e o que é triste se torna mais triste. É assim que é.

Há também a liberdade de ser pequeno, de ser um indivíduo, de ser um mortal que está sujeito a doenças e a morte. Aqui, também, há uma escravidão, uma dependência, na qual há um sentimento de imperfeição e inadequação em termos de tempo, lugar, força e conhecimento – todos os quais formam a personalidade que é essencialmente muito centrada, visto que o complexo corpo-mente-sentido é considerado como sendo o Ser, “Eu”.

Esta escravidão é a escravidão básica; e isto é algo do qual eu quero ficar livre. Estando sob a forma de dor e, portanto, indesejável, eu não aceito isso.

A liberdade definitiva deve ser necessariamente centrada no “eu”, já que eu sou o único que está vinculado e também aquele que tem que ser livre. Essa liberdade também já está intrínseca ao Ser ou ela não está lá de modo algum. Se ela é intrínseca ao Ser, então a escravidão nasce da auto-ignorância ou erro. A remoção da ignorância e por meio dela também o erro, é a liberdade, moksha.

O Vedanta diz que o Ser já é livre, aqui e agora, e que sempre foi livre. Por isso, o Ser que já está livre é reconhecido como ele realmente é, ou seja, eu sou livre. E, sendo idêntico à Brahman, a causa de toda criação, eu sou tudo, eu sou o todo. E este conhecimento particular é o que se entende por liberdade, moksha.

Para quem tem este conhecimento, não há mais nascimento, o qual é uma extensão da liberdade que é o conhecimento. Não há unidade entre o indivíduo e o Senhor. Que eu sou o todo é um fato, e esta é a verdade do indivíduo. Também é a verdade do Senhor. O Senhor pode dizer: “Eu sou o todo”, e o indivíduo pode dizer a mesma coisa, porque ambos são Brahman.

E esta visão, adquirida através do conhecimento, é a única liberdade real. Om Tat Sat!



Traduzido por Humberto Meneghin: http://www.yogaemvoga.blogspot.com/.


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Swāmi Dayānanda Saraswatī (1930-2015) ensinou a sabedoria tradicional do Vedanta por cinco décadas, na Índia e em todo o mundo. Seu sucesso como professor é evidente no sucesso dos seus alunos: mais de 100 deles são agora Swāmis, altamente respeitados como estudiosos e professores.

Dentro da comunidade hindu, ele trabalhou para criar harmonia, fundando o Hindu Dharma Acharya Sabha, onde chefes de diferentes seitas podem se reunir para aprender uns com os outros.

Na comunidade religiosa maior, ele também fez grandes progressos em direção à cooperação, convocando o primeiro Congresso Mundial para a Preservação da Diversidade Religiosa.

No entanto, o trabalho de Swāmi Dayānanda não se limitou à comunidade religiosa. Ele é o fundador e um membro executivo ativo do All India Movement (AIM) for Seva.

Desde 2000, a AIM vem trazendo assistência médica, educação, alimentação e infraestrutura para as pessoas que vivem nas áreas mais remotas da Índia.

Havendo crescido em uma pequena vila rural, ele próprio entendeu os desafios particulares de acessar a ajuda enfrentada por pessoas de fora das cidades. Hoje, o AIM for Seva estima ter ajudado mais de dois milhões de pessoas necessitadas em todo o território indiano.

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Subhāshitas, Palavras de Sabedoria

Pedro Kupfer em Conheça, Literatura
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