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O músico fantasma

Era uma vez um músico muito bom mas muito ciumento, que ensinava seus discípulos menos do que sabia por que não queria concorrência. Ensinava apenas o básico para que os demais pudessem cantar, mas sem lhes mostrar os segredos fundamentais. Um bom dia, morreu de um ataque cardíaco fulminante e se tornou um fantasma, um Brahmarakshasa.

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Era uma vez um músico muito bom mas muito ciumento, que ensinava a seus discípulos menos do que sabia, pois não queria concorrência. Ensinava apenas o básico para que os demais pudessem cantar, mas sem lhes mostrar os segredos fundamentais.

Um bom dia, morreu de um ataque cardíaco fulminante e se tornou um fantasma, um brahmarakshasa. Como fantasma, ainda tinha afinidade pela música e acabou por se instalar sob uma árvore muito frondosa em Mayavaram, um vilarejo perto de Kumbhakonam, em Tamil Nadu.

Aquela árvore servia como umaespécie de entreposto para os viajantes, alguns dos quais faziam kīrtan. O fantasma tinha um certo apreço por esses kīrtans, embora não fossem lá muito bons em termos musicais.

Uma vez, apareceu naquele caminho um erudito do naḍasvāraṁ, o poderoso e tonitruante oboé típico do sul da Índia, usado nos templos, procissões e casamentos. Ele tinha um discípulo que estava tentando aprender, sem muito sucesso. Ora, quando você aprende a tocar o naḍasvāraṁ, o mundo treme, pois você faz um barulho infernal.

O rapaz passou a tarde toda tocando, para espanto do fantasma, que se dá conta que tem que procurar outro lugar para viver. Outro peregrino passou aquela noite embaixo da árvore. No meio da noite sente que uma voz o acorda. Ao olhar à sua volta, não vê ninguém. Pergunta quem está aí. Escuta uma voz que lhe diz:

“Sou um fantasma. Mas não tenha medo, eu vim para lhe ajudar. Apenas leve-me ao palácio de Tanjavore. Quero ir para lá para desfrutar da música. Eu vou me incorporar na princesa e não vou soltá-la. A família vai ficar desesperada. Aí você entra no jogo, me diz para sair do corpo dela, eu saio e o rei vai lhe encher de presentes. Você vai ficar rico”.

O peregrino achou que era uma ótima ideia. Cantando de alegria, subiu na sua carroça e seguiu o caminho, carregando o fantasma. Quando chegam no palácio, ouvem que a princessa canta muito desafinadamente, sem parar, pois está muito feliz de que vai casar em breve.

O fantasma se incorpora na princesa. A família fica muito preocupada. Nenhum yogi tântrico, conselheiro ou sábio consegue que o fantasma saia do corpo dela. O rei declara que quem conseguir libertar a princessa vai ser muito bem recompensado. O peregrinose apresenta, pede para exorcizar a princesa e expusa o fantasma.

“Eu não posso sair do corpo dela a menos que tenha um lugar para ir onde haja música”, diz o fantasma. O peregrino diz: “Vamos levar você para Trivandrum, para que você possa se incorporar na princesa de lá, pois naquele reino tem muita música boa”.

O fantasma vai para Trivandrum junto com o peregrino, mas só depois de arrancar dele a promessa de que nunca mais aparecerá por lá, sob pena de morrer. O brahmarakshasa chega no palácio e se incorpora na princessa que, a partir daquele momento, não para de cantar, como a outra. O problema é que ela canta tanto que ninguém a suporta e fica claro que desse jeito ela não vai arrumar um príncipe para casar.

Como na outra ocasião, todos tentam mas ninguém consegue. Alguém lembra que aconteceu uma situação similar em Tanjavur. O rei promete um tesouro valiosíssimo para quem livrar a moça do feitiço. A notícia chega aos ouvidos da esposa daquele peregrino que, para ganhar o tesouro, o obriga a ir até Trivandrum para desenfeitiçar a princesa.

Ele responde para a esposa: “O fantasma disse que iria me matar se fosse para Tanjavur!” Ela diz que tem um plano: “Leve o aprendiz de naḍasvāraṁ para que ele toque no palácio. O rapaz é tão ruim que ele vai expulsar com o barulho o fantasma da princesa”.

O peregrino e o aprendiz chegam no palácio, falam com o rei e se encontram com a princesa. Ele se dirige ao fantasma: “Vim desde Kumbhakonam. Vá para outro lugar. Deixe a princesa em paz!” Pede para o aprendiz começar a tocar. O barulho é tão infernal que o brahmarakshasa implora que ele pare. Promete que vai embora. E assim faz, sumindo para sempre. O peregrino dá umas rúpias ao músico, pega o tesouro e volta para casa, feliz.

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Swāmi Dayānanda Saraswatī (1930-2015) ensinou a sabedoria tradicional do Vedanta por cinco décadas, na Índia e em todo o mundo. Seu sucesso como professor é evidente no sucesso dos seus alunos: mais de 100 deles são agora Swāmis, altamente respeitados como estudiosos e professores.

Dentro da comunidade hindu, ele trabalhou para criar harmonia, fundando o Hindu Dharma Acharya Sabha, onde chefes de diferentes seitas podem se reunir para aprender uns com os outros.

Na comunidade religiosa maior, ele também fez grandes progressos em direção à cooperação, convocando o primeiro Congresso Mundial para a Preservação da Diversidade Religiosa.

No entanto, o trabalho de Swāmi Dayānanda não se limitou à comunidade religiosa. Ele é o fundador e um membro executivo ativo do All India Movement (AIM) for Seva.

Desde 2000, a AIM vem trazendo assistência médica, educação, alimentação e infraestrutura para as pessoas que vivem nas áreas mais remotas da Índia.

Havendo crescido em uma pequena vila rural, ele próprio entendeu os desafios particulares de acessar a ajuda enfrentada por pessoas de fora das cidades. Hoje, o AIM for Seva estima ter ajudado mais de dois milhões de pessoas necessitadas em todo o território indiano.

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2 respostas para “O músico fantasma”

  1. Moral da estória.Só há dois tipos de música, a boa e a ruim.A ruim nem tatu aguenta quanto mais fantasma…….

  2. Quem sabe se ele tivesse ensinado o melhor, feito sua parte por completo, deixado sua insegurança de lado e saber que cada um é um ser único neste universo e como ele, só ele…… quem sabe o universo teria retribuido de outra maneira….????? heheheheh isto é que é Karma – ação e é claro que tem a reação.
    Namaste!

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