O aprendizado é uma das formas da Deusa Sarasvati e deve ser visto com atenção e devoção, assim como o conhecimento transmitido. Ainda mais, um que seja milenar como o do Yoga. Há séculos o Yoga vem sendo transmitido de mestre a discípulos ? o param-para. A sabedoria de um ensinamento que flui de geração para geração, do Ganges ao São Francisco, ilimitadamente e acessível a todos. Parte desse conhecimento é o Shruti, ou seja, todo o conjunto literário recebido por intuição ou revelação pelos sábios da antiguidade ? os rishis. Outra parte é o Smrti, ou seja, toda a produção literária que veio após o Shruti, e remetem a memória e tradição da sabedoria milenar. O Yoga transcende a Índia, e se extende aos quatro pontos cardeais do planeta.
A busca por um satguru ou um professor inspira dezenas de almas inquietas à procura de respostas as suas perguntas e a um sentido para vida. Ao longo de nossa jornada como peregrinos do Ser, subimos e descemos montanhas, cruzamos oceanos pelos ares como Hanuman. Encontramos um professor aqui, um sábio ali ou um renunciante na caverna acolá. E, sedentes pelo saber, nos sentamos aos pés do mestre (aquele que detém um conhecimento) e bebericamos gota a gota de seu doce saber, amrta.
O estudo é um sadhana. Não para inflar o seu ego, mas para se despir dele. Por isso a postura de um estudante (seja ele do que for), seja esse um mero buscador ou já um professor, deve permanecer sempre a mesma. Como Ammaji costuma dizer, o discípulo deve manter a atitude de uma criança, que despida de tudo, nada sabe e tudo deseja aprender. Ou seja, se vamos diariamente a uma aula de Yoga, a atitude deve ser sempre a mesma, a de um iniciante a espera das primeiras instruções. Se vamos aprender uma escritura sagrada, a atitude deve ser mais humilde ainda, sobre isso Ammaji diz:
Filhos, somente uma atitude de ‘Não sou nada e não sei nada’ que irá ajudá-lo a alcançar a meta final. Apenas isso ajudará que a graça do Guru venha para você. Estude as escrituras com essa atitude, e você irá realmente compreendê-las. E mesmo depois de estudá-las, procure manter essa atitude ‘Eu não estudei nada, não sei nada’. Isso encaminhará você à meta. Busque permanecer como uma criança ao longo da vida e realmente aprenderá. Estude as escrituras com essa atitude.
O yogi ou yogini deve ser sempre um investigador do Ser antes de qualquer coisa, em todos os momentos e oportunidades, desde a nonagésima aula até uma simples conversa com a empregada. Nada deve passar despercebido, tudo importa, absolutamente tudo.. Enquanto existir a atitude de ‘isso eu já sei’, nada será aprendido, você permanecerá chafurdado na lama da ignorância egóica que impede sua flor de lótus de desabrochar em seu coração espiritual, o anahata chakra e transcender as limitações da consciência intelectual e elevar-lhes a altura do conhecimentos supremo além de Sahasrara.. Deve-se ficar atento para que não fiquemos egocêntricos, deixando de freqüentar aulas de outros professores porque achamos as aulas ruins ou que não vamos aprender nada de novo. Sempre temos algo de novo para aprender ou algo que temos que ouvir de novo, sempre. Você está prestando atenção neste momento?
O desejo imaculado do iniciante que deseja conhecimento do professor deve permanecer intacto enquanto vamos acumulando anos de prática e cursos. Isso não significa nada se você não vive em sadhana, sinceramente e humildemente. Pois não há dúvida de que se estamos aqui, ainda temos muito que aprender ou partilhar. Ammaji mas uma vez traz luz as nossas idéias quando diz que:
Você não pode absorver informações sobre algo que vai além das palavras e da mente, sobre algo incompreensível. Você pode obter informações sobre pessoas, objetos, lugares no mundo e como utilizar programas de computador, que são produtos do intelecto humano, mas não pode obter informações sobre a Consciência. Você só pode entender a Pura Consciência se deixar de lado o intelecto e a racionalização.
O conhecimento não é nosso. Enganam-se aqueles que crêem deter um conhecimento como sendo unicamente seu. Ele veio de algum lugar, ele veio da Sabedoria Infinita, da fonte da qual bebemos todos os dias, do néctar. Somos um veículo de transmissão de Brahman, portanto, devemos ser honestos e reconhecer esse fato. O conhecimento não é seu adquirido, ele nos é emprestado para nos ajudar a relembrar quem verdadeiramente somos, e esquecemos. E compartilhar. Somar. O conhecimento do outro deve ser somado ao seu, e não subtraído. Não a ninguém mais evoluído ou menos evoluído, existem apenas almas iluminadas tendo uma experiência terrestre para levá-los de volta a iluminação que já eram, e para tanto precisamos dos gurus, só eles podem dissipar o véu de maya que encobre e distancia nossos corações da Verdade Suprema.
A flor de lótus, o atman, está lá no escuro do lamaçal, o guru está na superfície vibrando às águas com sabedoria, chamando-lhe para a luz. Você vai preferir se retrair em avidya (pois já sabe o que está sendo dito), ou prefere crescer em direção ao Conhecimento Supremo, infinita sabedoria de Savitri e brilhar o brilho do reflexo dos ensinamentos anteriores e ser um eco, de tudo que vem sendo dito pelo rishis há milênios, e continuará sendo dito e continuará sendo dito… enquanto você estiver aqui para ouvir, através do coração e não pelas orelhas surdas e pomposas do Ego.
Aprendendo sempre, Na compaixão infinita da Amma.
Om shanti Om prema!
É algo como: Se visto, não é lembrado; Procurado, não encontrado;
Se alcançado, não pode ser tocado!
Que sublimes palavras. Ao ler este artigo sinto o desejo de ser também apenas um eco de todo o ensinamento transcendental do Yoga.