Conheça, Yoga Clássico

Sādhana é Acertar o Alvo

Este texto é a continuação do nosso artigo "Sua prática de Haṭha Yoga". O tema da texto anterior foi a construção do sādhana pessoal. Dentro desse tema ainda, este artigo versa sobre a importância de mantermos o foco no objetivo dessa prática individual e, ao mesmo tempo, aponta alguns caminhos para relacionar-se da melhor maneira com essas técnicas.

· 12 minutos de leitura >
sādhana

Este texto é a continuação do artigo Sua Prática de Hatha Yoga. O tema daquele texto foi a construção do sādhana pessoal.

Dentro desse tema ainda, este texto versa sobre a importância de mantermos o foco no objetivo dessa prática individual e, ao mesmo tempo, aponta alguns caminhos para relacionar-se da melhor maneira com essas técnicas.

A palavra sādhana, que habitualmente traduzimos como prática pessoal, deriva da arte da guerra, dhanuśāstra, e quer dizer “ir direto ao alvo”. Em sua acepção original, obviamente, o termo se referia a uma flecha ou lança que acertasse seu objetivo.

O uso da palavra se estendeu à espiritualidade: no Ṛgveda, sādhana designa, da mesma forma, aquilo que nos guia para um objetivo ou, todavia, um ritual ou propiciação que atinge seu propósito.

Sādhana também significa fazer algo com perfeição e ainda, livrar-se de uma doença ou feitiço. Esse último sentido é especialmente importante para um praticante de Yoga, já a a prática pessoal deveria nos auxiliar no processo de nos livrar dos condicionamentos, que poderiam ser vistos, metaforicamente, como feitiços que ofuscam a compreensão e o bom-senso.

O termo sādhana, então, designa a prática pessoal. Em alguns contextos, esse termo se refere ao conjunto das práticas de Yoga, incluindo a implementação dos yamas e niyamas, as práticas de āsana, prāāyāma, mudrās e concentração, dentre outras.

sādhana

Noutros contextos, ela se refere apenas à meditação. Para o propósito deste texto, escolheremos a primeira acepção.

Todos já ouvimos falar da capital importância da prática pessoal no Yoga. Porém, acontece que, muitas vezes, praticamos conscienciosamente, mas sem ter muito claro o tal do alvo para o qual deveríamos apontar com essa prática.

Qual é meu alvo? Para onde devo mirar?

Havendo esclarecido a definição de sādhana, resta-nos definir o objetivo. O erro humano básico, inato e congênito, é que a pessoa é vista, através dos seus próprios olhos, como sendo incompleta ou deficiente.

Isso é o que deve ser combatido: moka, então, é livrar-se desse erro. O curioso é que essa equivocação, que poderia ser definida como ignorância existencial, assume muitas formas diferentes, e isso nos confunde.

Acertar o alvo na prática, então, é escolher corretamente uma prática que de fato possa facilitar esse processo chamado moka.

O paradoxo, que já colocamos mais de uma vez em textos anteriores nesta publicação, é que as ações, sejam de tipo que for, não podem nos proporcionar liberdade. Liberdade, neste contexto, não é o fruto de alguma ação, mas o fruto do autoconhecimento.

A ignorância é o alvo do yogi, já que ela é a causa do sofrimento. O sofrimento é o resultado do desejo de ser diferente do que se é que, por sua vez, é o resultado da ignorância existencial. O yogi deve aceitar o fato de que a ignorância precisa ser removida.

O Haṭha Yoga, a prática de āsanas, prāāyāma e meditação, ou o Karma Yoga, visto como agir desapegado e consciente, não removem a ignorância por si mesmos.

Se não houver conhecimento envolvido nas ações, elas, sozinhas, não irão produzir liberdade. Então, para que a prática de Haṭha Yoga renda seus devidos frutos, ela precisa ser fecundada pelo autoconhecimento.

Noutras palavras, poderíamos definir a prática como um momento de reflexão no qual aplicamos os valores e o ensinamento sobre aquilo que somos.

Um sādhana sem a devida reflexão, certamente irá produzir efeitos psicofísicos positivos como a melhora na qualidade do sono, o aumento da capacidade respiratória, e o bem-estar geral. Mas esses são efeitos colaterais insignificantes, se comparados com o objeto que é moka.

Nas palavras de Swāmi Dayānanda: “Você não pode apagar um incêndio usando gasolina, só por que a gasolina é líquida como a água.

Concluir que por ser um líquido, ela pode apagar o fogo, é equivocado. O fogo vai gostar desse alimento e o incêndio vai continuar, pior do que antes.

Não podemos nem devemos, então, realizar mais ações na esperança de que elas nos livrem da ignorância. Isso seria tão tolo como tentar apagar o incêndio jogando combustível nele. O único fator capaz de remover a ignorância, portanto, é o conhecimento.” Conclusão: meu alvo é me livrar da ignorância. É para isso que pratico.

Quem se liberta?

Esta pergunta deve ser igualmente respondida para esclarecer o propósito da prática pessoal. O Ser, sendo ilimitado, não precisa de liberdade: ele já é a liberdade da ilimitação. O Ser não precisa “alcançar” a plenitude: ele já é a plenitude. Então, não há moka para o Ser: ele já é moka.

O corpo físico, por sua vez, é um veículo. Independentemente de o usuário do corpo ter ou não ter moka, o corpo segue sua própria agenda e vence pontualmente no seu prazo de validade, apesar de que alguns praticantes têm a ilusão de que um corpo de yogi seja algo especial, diferente dos demais corpos humanos.

Findo o prazo de validade, o corpo físico se desintegra. Isso significa que não há iluminação para o corpo material, independentemente do fato de que alguns poucos yogis conseguem uma longevidade superior ao século de vida, como foram os recentes casos dos mestres Kṛṣṇamacharya e Indra Devī.

“Meu mestre é jovem e bonito”

Uma longa vida num corpo físico, por dilatada que seja, não pode ser confundida com eternidade. Se moka é livrar-se do senso de ser limitado, em moka nos conhecemos como o Ser, que é intrinsecamente livre das limitações espaço-temporais.

Obviamente, não estamos falando de eternidade no sentido físico, já que o que é eterno ou ilimitado não está condicionado pelo tempo-espaço.

Assim como há gente que acredita no paraíso, também há praticantes que assumem como verdadeiro o mito de que alguns yogis teriam a capacidade de viver por milênios no mesmo corpo físico.

Uma vez, ao comentar com alguém que meu mestre, Swāmi Dayānanda, aos seus 80 anos de idade é diabético, tem uma cardiopatia e não enxerga muito bem, a pessoa me respondeu: “ah, mas eu não queria um mestre que ficasse doente!”

Ou seja, esta pessoa desde aquela ilusão de que os iluminados não adoecem e ainda, tinha a crença de que saúde e realização pessoal devem andam necessariamente juntas.

Assim, descartou aí mesmo a possibilidade de aprender com um ancião muito sábio (com uma rara lucidez, e que ainda faz ótimas piadas!), julgando a qualidade do professor pela saúde do seu corpo físico.

Concluir isto é como cair naquela velha armadilha da política brasileira sobre o candidato jovem e bonito.

A pessoa que escolhe seu próprio mestre pela saúde ou aparência física corre o risco de ter confiscada sua “poupança espiritual”, com aconteceu com o dinheiro dos que votaram (e ainda, a poupança dos que não votamos!) naquele ex-caçador de marajás.

Então, por mais que usemos metaforicamente a expressão “iluminar o corpo”, a verdade é que não há iluminação para ele. Que mais nos resta, na lista dos candidatos a moka dentro do complexo corpomente, uma vez descartados o Ser e o corpo material?

O que sobra são os corpos sutil e causal, sūkma e karaa śarīra. Para esses sim, há moka. Então, moka é a libertação desses dois corpos, o sutil e o causal.

O corpo sutil é aquela associação de inteligência, ego, mente, vitalidade e órgãos sensoriais e de ação, ānendriyas e karmendriyas. O corpo causal é aquele que determina os nascimentos e traz o registro dos prārabdha karmas, os karmas que devem ser trabalhados a cada encarnação.

Liberdade é, neste contexto, eliminar o senso de limitação que mencionamos acima. Nada mais. É um processo gnosiológico, que não envolve nenhuma outra mudança física ou energética.

O sādhana é para os corpos sutil e causal

Cada um de nós tem uma diferente combinação de karmas que vai determinar um tipo diferente de corpo e uma série de processos aos quais esse corpo estará sujeito.

Cada nascimento, em cada lugar, determina a exposição a diferentes elementos: nascer ou (escolher) viver num lugar frio ou quente, seco ou úmido, determina o tipo de relação que iremos ter com a natureza.

Cada situação pontual responde a um tipo específico de karma. Agora, você e eu nascemos nestes corpos que chamamos nossos.

Diz um Śāstra que, dentre os diversos nascimentos, o mais difícil de se obter é o humano, pois a conjunção das diferentes combinações que produzem este tipo de nascimento são raras e preciosas.

Esse já seria um motivo para não desperdiçar o tempo que nos é dado nesta vida. Outro motivo é o bom-senso. A ideia de não desperdiçar a vida inclui, evidentemente, a correta escolha da nossa prática pessoal.

Definido então o propósito da prática, já temos em mãos elementos suficientes para perceber que uma prática que esteja centrada unicamente no corpo poderá, de fato, prolongar a nossa longevidade e nos dar mais saúde.

Se assumirmos como correta a constatação de que não há libertação para corpo material, então, a prática deveria incluir bastante mais do que apenas posturas e relaxamento, já que um sādhana unilateral desse tipo nunca irá nos levar a moka.

Portanto, precisamos olhar para aquilo que chamamos de prática pessoal de Yoga desde uma perspectiva mais ampla, embora essa não seja a visão preponderante nos dias atuais, em que muita, mas muita gente, pensa que Yoga seja apenas a prática dos āsanas e, no máximo, o relaxamento.

Dentre a miríade de técnicas que compõem a aljava de recursos do Yoga, destacam-se, para o hahayogi, o āsana, o prāāyāma, as mudrās e as técnicas de concentração e meditação.

Um lugar central, embora nem sempre evidente, é ocupado pelas atitudes, yamas e niyamas, que fazem parte do código de conduta dos yogis.

Técnicas auxiliares a elas são os mantras invocatórios, que servem como molduras inicial e final para a prática, os bandhas, dṣṭis e visualizações.

Outros recursos importantes, aplicados fora da sala de práticas, são a dieta vegetariana e um estilo de vida em que o princípio áureo da não-violência esteja sempre presente.

Isso inclui atitudes como o consumo consciente, a dedicação de alguns momentos do dia a ações centradas no bem-estar coletivo e outras que fazem parte da cultura do Yoga.

Estratégia

Uma vez estabelecido o propósito inicial e definido o objetivo final, falta-nos dizer ainda uma palavra sobre a forma de agir durante o sādhana.

A forma de praticar, considerando que as ações sozinhas não produzem a liberdade que estou buscando, deve incluir uma atitude interior, bem como realizar um processo que consta de três fases, conforme ensinado na Bṛhadāraṇyakopaniṣad: śravaṇam, manaṇam e nididhyāsanam.

Destas três, a primeira é aquela na qual nos expomos ao ensinamento das Upaniṣads que indicam que eu já sou a plenitude que estou buscando, conforme indica a grande sentença védica tat tvam’asi, “tu és Isso”.

Essas afirmações védicas que apontam para a natureza do Ser devem ser aprendidas de um professor. Quando nos expomos ao conhecimento, o professor torna-se um veículo para ele, já que o ensinamento é transmitido por ele. Por isso, ele não pode ser obtido apenas por livros.

Śravanam, diferentemente de estudar por livros, em que há certas ações envolvidas, não envolve esforço da parte do estudante, assim como não há esforço, quando nossos olhos enxergam bem, em observar os objetos que nos rodeiam. Śravanam quer dizer literalmente “escutar [o ensinamento das Upaniṣads]”.

No entanto, se persistir alguma dúvida, eu não terei a visão de mim mesmo como alguém pleno, assim como, se houver alguma dúvida sobre se um cabo elétrico está ligado à rede, não o tocarei, pois não quero correr o risco de levar um choque.

Manaṇam é, então, esse processo através qual elimino todas as dúvidas, pois não posso passar para a próxima etapa, a contemplação, nididhyāsana, se não souber sobre o quê meditar. Manaṇam pode ser traduzido como “questionamento [para esclarecer as dúvidas]”.

Por sua vez, esta terceira etapa que é a contemplação serve para sedimentar o conhecimento e a visão em mim.

Dessa última fase, o primeiro passo é upāsana, a meditação sobre os valores, que me permite preparar o terreno, por assim dizer, para fazer posteriormente as contemplações yogikas propriamente ditas.

Nididhyāsana quer dizer “reflexão [sobre que já se sabe de si mesmo]”. A prática de Haṭha Yoga inteira entra neste último momento do processo, e é desde esta perspectiva que deve ser olhada.

Noutras palavras, toda a qualquer prática de Haṭha Yoga, do āsana ao yoganidrā, do prāāyāma à mudrā, são, ou deveriam ser, formas de reflexão sobre aquilo que já se conhece sobre si mesmo, nididhyāsana.

Isso significa, dentre outras coisas, que não é recomendável praticar sem estudar, assim como não é recomendável estudar sem praticar.

A Viṣṇu Purāṇa é um antigo texto que compara o estudo e a prática com os nossos dois olhos. Sem ambos os olhos abertos, não é possível se ter uma visão cabal da realidade, uma vez que se perde a profundidade:

“Do estudo deve-se passar ao Yoga. Do Yoga deve-se passar ao estudo. Pela perfeição no estudo e no Yoga, a Consciência Suprema se manifesta. O estudo é um dos olhos com que se percebe o Ser. O Yoga é o outro.” VI:6.2.

Para aqueles que acham que o Vedānta é apenas uma “filosofia teórica” que sofreu uma espécie de casamento forçado com o Haṭha Yoga, cabe lembrar da importância dada por exemplo, no Dayānanda Ashram, de Rishikesh, uma das instituições mais tradicionais de ensino de Vedānta, às prática de Haṭha Yoga.

Nesse instituição, as práticas de prāāyāma e a meditação, conduzidas pelo próprio Swāmijī cedo pela manhã, bem como às práticas de āsana e relaxamento, ministradas diariamente por professores de Haṭha Yoga, fazem parte da rotina do Āśram.

Essas técnicas são essenciais para ajudar os estudantes no processo de compreensão do ensinamento, uma vez que elas possibilitam que o corpo permaneça sentado com conforto nas longas horas de estudo, além, é claro, de manter a pessoa focada, com mais saúde e melhor disposta para receber o ensinamento.

Se essas técnicas não fossem importantes, como afirmam alguns “yogis de sofá”, não estariam tão presentes no cotidiano desse mosteiro, que é um dos mais tradicionais para o ensino do Vedānta na Índia. Feitas estas precisões, passemos então aos aspectos práticos da construção do sādhana pessoal.

Reflexão na prática?

Que significa fazer nididhyāsana ao praticar? Seria por ventura “pensar na vida” enquanto se pratica? Significa deixar a mente vagar por assuntos “profundos” enquanto realizamos nossos respiratórios ou mantras?

O yogi exerce o nididhyāsana na prática da mesma forma que qualquer ser humano naturalmente se extasia perante a natureza, a imensidão do firmamento, o nascimento de uma criança ou ao completar uma cura.

A Śvetaśvatara Upaniad começa colocando estas questões:

“Qual é a nossa origem? De onde nascemos? Por que vivemos?” Essas perguntas estabelecem o início de toda jornada pelo autoconhecimento. A contemplação é um elemento fundamental da condição humana. Basicamente, refletimos porque somos humanos.

Percebemos o corpo desde dentro dele. No nididhyāsana, o corpo não é visto como um objeto qualquer, mas como o lugar no qual acontece a vida, uma expressão de Samaṣṭi, o Todo. Na visão não-dualista, o físico é a corporificarão do Ser, e não existe sem ele.

O corpo humano não é uma máquina feita de matéria inconsciente animada pela mente, mas uma realidade vital animada pela presença do Ser que, aliás, está em todos os aspectos da criação.

Como Ser corporificado, esta estrutura física, viva e consciente, se vincula com o mundo. Tocar é ser tocado. Abraçar outra pessoa é ser abraçado por ela.

O abraço não é o contato físico de dois corpos, mas o encontro de dois seres vivos. E, quando dois seres se encontram, não há duas dualidades corpo-mente tocando-se. Se você vive como Ser no corpo vivo, não há dualidade corpo-mente.

A separação surge quando olhamos para a vida desde a identificação com os desejos e aversões do ego. O Ser não é limitado por tempo ou espaço. O corpo, por seu lado, sim, tem evidentemente limitações.

Essas limitações são dinâmicas e têm seu próprio ritmo, pautado pelos processos de crescimento, aprendizado, fortalecimento, maturidade, doença, envelhecimento e morte física.

As práticas do Yoga aprofundam a “relação” (se podemos falar numa), entre o Ser e o corpo, no sentido que, ao ampliar e enriquecer a mobilidade física e respiratória fica mais fácil compreender a si mesmo como alguém que não se restringe à experiência corpórea.

Aumentar a mobilidade não é algo que apenas acontece no espaço físico ou vital; a expansão do corpo é o próprio espaço físico, crescendo.

Sabemos que as experiências, prazerosas ou não, ficam alojadas de forma dinâmica nos tecidos corporais e na mente subconsciente.

O medo de repetir as experiências vinculadas com dor o sofrimento restringe os movimentos físicos, respiratórios e energéticos, criando padrões de tensão crônica.

A prática de āsana e prāāyāma, dentre outros benefícios, pode ajudar a dissolver essas couraças e apagar esses registros dos nossos ossos, músculos e nervos.

Essa qualidade da prática cria uma nova visão, através da qual permanecemos em contato com essa pessoa simples e tranquila que somos.

Ao praticar, deixamos de lado todas as tarefas cotidianas. A prática acontece num espaço reduzido: basicamente, um pequeno tapete estendido no chão. Não há nenhum deslocamento físico para além desses limites.

No entanto, dentro desse espaço, investigamos com o corpo todas as direções possíveis, observando conscientemente os padrões respiratórios e de mobilidade, e as eventuais dificuldades ou facilidades.

Observando esses padrões, identificamos possíveis bloqueios ou cicatrizes e reconhecemos os sinais que as experiências passadas deixaram impressas no corpo.

Respiramos através do fácil e do difícil e reconstruímos a visão de nós mesmos como entidade vivente, plena e simples, nascida pela presença do Ser.

Desta forma, investigando conscientemente movimento, permanência, respiração e auto-observação, eliminamos todos os obstáculos que os hábitos inconscientes e as experiências passadas impõem à nossa espacialidade e, conseqüentemente, à nossa mente.

A prática, assim, cumpre seu propósito como um momento para a reflexão sobre aquilo que somos. Boas práticas.

॥ हरिः ॐ ॥

Website | + posts

Pedro nasceu no Uruguai, 58 anos atrás. Conheceu o Yoga na adolescência e pratica desde então. Aprecia o o Yoga mais como uma visão do mundo que inclui um estilo de vida, do que uma simples prática. Escreveu e traduziu 10 livros sobre Yoga, além de editar as revistas Yoga Journal e Cadernos de Yoga e o site yoga.pro.br. Para continuar seu aprendizado, visita à Índia regularmente há mais de três décadas.
Biografia completa | Artigos

subhashita

Subhāshitas, Palavras de Sabedoria

Pedro Kupfer em Conheça, Literatura
  ·   1 minutos de leitura

17 respostas para “Sādhana é Acertar o Alvo”

  1. Olá Pedro, gosto bastante dos assuntos que vc aborda e da forma como escreve. Se possível, gostaria que falasse um pouco mais da seguinte questão: Porque algumas pessoas bondosas e ou com nível de consciência elevado adoecem fisicamente? Enquanto estamos no corpo, não seria ele(o corpo) um reflexo do nosso mundo íntimo ou do nosso nível consciencial?
    Eu sei que vc falou um pouco sobre isso, e sei que esse questionamento pode parecer de alguém muito ignorante, sei lá… mas eu desejo compreender melhor essa relação corpo mente e espírito, se você puder me ajudar…

    Com Gratidão

    Sirley B. S. Amaducci

  2. “Como Ser corporificado, esta estrutura física, viva e consciente, se vincula com o mundo. Tocar é ser tocado. Abraçar outra pessoa é ser abraçado por ela. O abraço não é o contato físico de dois corpos, mas o encontro de dois seres vivos. E, quando dois seres se encontram, não há duas dualidades corpo-mente tocando-se. Se você vive como Ser no corpo vivo, não há dualidade corpo-mente.”
    Que texto Pedro!
    Gratidão

  3. Salve Pedro, bom ter seus textos regulares publicados pois alem de servir de fonte inspiradora para repassar e multiplicar aos alunos, também nos dá uma direçao, como uma seta, para que não nos percamos nesse mar de escritos e sobrescritos no manto do Yoga.

  4. Muito bem pontuado a importância da prática fecundada pelo autoconhecimento Pedro, assim como a importância do professor. Sabe, há uns anos atrás entrei de curiosa numa prática orientada por uma colega, na qual não tinha o estudo.
    O objetivo era mesmo dar apenas um alongamento e um aquecimento corporal, porém, as posturas não ficaram apenas “vazias” sem o objetivo de moksa, mas também perigosas, no ponto em que a condução não respeitava os movimentos com a respiração tampouco alinhamentos, pois ela apenas estava repetindo movimentos que aprendeu em alguma escola.
    Ou seja, as vezes, nem os efeitos colaterais bons que uma prática sem o objetivo de moksa pode trazer é alcançado. Apesar do foco do texto ser o objetivo da prática individual, lembrei disso justamente porque sem prática pessoal- e estudo- não se deve ensinar…
    E obrigada por pontuar o caminho de shravanam, mananam e nididhyasanam, me orientou mais na preparação de minhas aulas. Sempre bom passar por aqui e colher essas inspirações. Ah, esse site é demais, já devo ter falado isso, mas depois de ler esse texto tive que repetir!
    Muito obrigada Pedro!
    Namaste Hari Om.

  5. Pedro,
    tem pensado em escrever em espanhol. Sí, en español, sé que mucha gente agradecería tu gran conocimiento. Muchos saludos.
    Namaste.
    ==============
    Hola Giorgio,

    No escribo en español pues me cuesta mucho. Hace tiempo que  el castellano es mi tercera lengua, después del portugués y el inglés. Lo hablo poco y me equivoco bastante. Aparte, ya he pensado en escibir en otras lenguas en este website, pero ya está consagrado como un site en portugués y no sé si sería adecuado cambiar éso después de tanto tiempo. Gracias de todos modos por la sugerencia.
    Abrazo.
    Pedro.

  6. Querido Pedro,
    Não esta na hora de compilar todos esses textos e formalizar um livro? Nós que estudamos e vivenciamos o Yoga ficaríamos felizes em ter seu conhecimento amplo e belo mais acessível eu creio!
    Um grande beijo e muita admiração pelo seu belo trabalho!

  7. Alô Pedro.
    Ainda vejo mais um contexto na pratica de hatha (no que toca ao fisico denso). Sendo o corpo “um aglomerado de átomos” tratar dele, purifica-lo, é um serviço planetario, pois vamos entrega-lo da melhor forma possivel,ao a que em alguns ambientes é chamado de reservatorio atmico planetario.
    Estou-me a lembrar de alguns yogis cujos corpos, após a desencarnação, irradiavam um halo de luz, noutros exalavam aromas, e por aí vai.
    Obrigado por mais essa partilha de conhecimentos: são injecções de inspiração que venho aqui tomar.
    Agora totalmente ao lado do assunto: e essa do Andy Irons ter contraido dengue aqui em Peniche? A comunidade surfistica aqui da terrinha está louca com esse boato (nunca se ouviu falar de dengue em Portugal).
    Boas ondas e tubos tão ocos como a minha cabeça (em meditaçao, claro) 🙂
    Harih Om!

  8. Belo texto – por aí seguimos “mirando” Pedrito, mas como tu deves bem saber.. há momentos em que a visão fica opaca, o alvo móvel, as mãos tremem e até a corda do arco pode arrebentar – vide o nosso querido Arjuna:)
    Shanti & Prem!

  9. Se o \\\’\\\’Ser, sendo ilimitado, não precisa de liberdade: ele já é a liberdade da ilimitação\\\’\\\’ e \\\’\\\’Não podemos nem devemos, então, realizar mais ações na esperança de que elas nos livrem da ignorância\\\’\\\’, como posso remover a ignorância se o autoconhecimento não se dá sem ação? Que sentido tem o sadhana, \\\’\\\’prática pessoal (que) deveria nos auxiliar no processo de nos livrar dos condicionamentos\\\’\\\’, se toda ação é inútil para \\\’\\\’ir direto ao alvo\\\’\\\’?
    Saudações socráticas.
    Om shanti.
    =============
    Caro socrático,
    Neste contexto, conhecer não é realizar uma ação. O fazer traz experiências. É um processo diferente do processo do conhecer, para o qual a única coisa que preciso é ficar de ouvidos e mente abertos.
    Abraços,
    Pedro Kupfer.
     

    1. Conforme entendi, caro socrático e caro Pedro, conhecer é como olhar no espelho o Self. Quanto mais limpo o espelho, melhor se vê. Desta forma, quanto mais limpo o espelho de nossa prática, de nosso caminho, de nosso Sádhana, melhor veremos o Self.
      Rabindranáth Tagore definiu Sádhana (ele escreveu um livro com este nome, sobre isto) como caminho. Assim sendo, Sádhana seria o caminho para melhor ver o Self. Por isso, caro socrático, conhecer não é realizar uma ação, pois o Self já está lá.
      Conhecer mais é simplesmente um outro momento no tempo, um outro acontecimento. Mas não é um acontecimento qualquer. Conhecer mesmo, no sentido de remover avidya, no sentido de remover A ignorância, é O ACONTECIMENTO! É o samadhi, é a realização do yoga. Entende?
      PS.: Pedro, corrija-me se falei alguma besteira, se me expressei mal, se desvirtuei a escolástica hindu, se desvirtuei Vedanta. Espero ter me expressado bem. Fique na paz e concordo com a sugestão de que você deveria por em livro essas seus maravilhosos comentários sobre o Vedanta e sobre Yoga.
      Abraços,
      Matheus.

  10. Simplesmente um obrigada pela forma como partilhas este ensinamento!
    Namastê.

  11. Oi Pedro,
    Obrigada por compartilhar seu precioso conhecimento neste texto que inspira e serve de lembrete sobre o real propósito do nosso sadhana.
    Namastê!
    Abs.

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *