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Ser um Sadhu

Sadhu, que se traduz como "boa pessoa", é um termo que designa alguém confiável, cuja mente não provoca qualquer temor. É uma pessoa simples, cuja vida é um grupo valores; de gentileza e da honestidade. Ser um sadhu realmente significa ser uma pessoa cuja mente está resolvida em relação à própria vida. Essa pessoa pode ser de qualquer ordem de vida: pai, empresário, monge, etc.

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Em sânscrito a palavra para a renúncia é sannyasa. Aquele que é um renunciante é chamado sannyasi. Geralmente a vida de renúncia é associada a uma vida de austeridade, de abnegação ou de monasticismo. A Bhagavadgita (5-3) define um sannyasi da seguinte maneira:

jñeyah sa nityasannyāsi yo na nd dvesti na kanksati
nirdvandvo hi mahābāho sukham bandhātpramucyate

“A pessoa que não odeia nem deseja (qualquer coisa)
deve ser conhecida sempre como um renunciante (
sannyasi),
ó Arjuna, aquele que está livre dos opostos (gostos e aversões)
é liberado sem esforço da escravidão.”

Assim, a palavra sannyasi designa uma pessoa que pode lidar com seus sentimentos no mundo, uma pessoa, que independentemente da situação que viva, é capaz de manter o equilíbrio.

Outra palavra para um renunciante é sadhu, que se traduz como “boa pessoa”, é um termo que designa alguém confiável, cuja mente não provoca qualquer temor. É uma pessoa simples, cuja vida é um grupo valores; de gentileza e da honestidade.

Ser um sadhu realmente significa ser uma pessoa cuja mente está resolvida em relação à própria vida. Essa pessoa pode ser de qualquer ordem de vida: pai, empresário, monge, etc.

A atitude de alguém perante a vida é a base para ser um sadhu.

Na Índia, a tradição do monasticismo é simbolizada por um tecido laranja, e, geralmente, alguém que tenha a tendência de ser monge usa a cor laranja.

O laranja simboliza os primeiros raios do sol nascente ao amanhecer – os raios que eliminam as trevas, isto é, a cor laranja representa o conhecimento, o dissipador da ignorância. O laranja também é a cor do fogo simbolizando a queima dos problemas que caracterizam a vida humana.

Estes problemas são conhecidos como karma, que pode ser bom ou ruim e que ligam uma pessoa a uma vida de servidão. Assim, a cor laranja representa jñanam, o autoconhecimento.

Ao longo da história tem havido aqueles que realmente possuem as qualidades associadas com o tecido e aqueles que não as têm. No Bhaja Govindam, o autor nos adverte sobre uma pessoa cujo comportamento é mithyāchara, incoerente enquanto à natureza do manto que está vestindo:

“Um asceta com tranças emaranhadas ou
com a cabeça raspada, ou aquele cujos pêlos
são retirados um a um ou um trajando vestes ocre,
iludidos que são, embora vendo, não enxergam.
Realmente estes diferentes disfarces ou roupagens
servem somente ao propósito de encher a barriga.”

Como alternativa, existem pessoas que não usam as vestes, mas que tem esse conhecimento e os valores associados. Um sadhu é alguém cuja mente é sadhu, que tem sadhu buddhi, e que vive uma vida simples, sem conflitos pessoais.

Tradicionalmente, se uma pessoa escolhe a vida de um monge, ela é absolvida dos deveres habituais na sociedade. Na Índia, um monge que busca entender a verdade é apoiado pela comunidade. Também é conhecido como bikshu, mendicante.

Geralmente há dois estilos de vida associado a ser um monge: o da abelha, ou seja, de alguém que anda de um lugar para o outro e que recebe seu alimento a partir de fontes diferentes; e o da píton, ou seja, uma pessoa que se senta em um lugar e aceita qualquer alimento que chega até ele.

No momento que recebe o pano açafrão, das mãos do seu professor, o sadhu é convidado a dizer o abhaya mantra, um voto em que ele promete não causar dano a nenhuma criatura.

Seu voto é o de não ferir nem ser ferido mas vive num mundo onde é muito fácil ferir ou ser ferido. O entendimento que está envolvido, a fim de alguém se comprometer com a vida de não-violência, é o que realmente conta para ser um sadhu.

Oṁ tat sat.


Traduzido por Humberto Meneghin: http://www.yogaemvoga.blogspot.com/.

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Swāmi Dayānanda Saraswatī (1930-2015) ensinou a sabedoria tradicional do Vedanta por cinco décadas, na Índia e em todo o mundo. Seu sucesso como professor é evidente no sucesso dos seus alunos: mais de 100 deles são agora Swāmis, altamente respeitados como estudiosos e professores.

Dentro da comunidade hindu, ele trabalhou para criar harmonia, fundando o Hindu Dharma Acharya Sabha, onde chefes de diferentes seitas podem se reunir para aprender uns com os outros.

Na comunidade religiosa maior, ele também fez grandes progressos em direção à cooperação, convocando o primeiro Congresso Mundial para a Preservação da Diversidade Religiosa.

No entanto, o trabalho de Swāmi Dayānanda não se limitou à comunidade religiosa. Ele é o fundador e um membro executivo ativo do All India Movement (AIM) for Seva.

Desde 2000, a AIM vem trazendo assistência médica, educação, alimentação e infraestrutura para as pessoas que vivem nas áreas mais remotas da Índia.

Havendo crescido em uma pequena vila rural, ele próprio entendeu os desafios particulares de acessar a ajuda enfrentada por pessoas de fora das cidades. Hoje, o AIM for Seva estima ter ajudado mais de dois milhões de pessoas necessitadas em todo o território indiano.

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5 respostas para “Ser um Sadhu”

  1. e pelo que tenho lido e bem difícil ser alguém do templo mas vale bastante a pena lembra dos motivos de se viver bem a não violência pois como praticam está doutrina também acreditam em uma força maior que sua compreensão física mas não espiritual que os protegem e que dão forças para continuarem vivos e na mais tranquila das paz em seu proprio corpo e podendo passar está energia para sua moradia e convívio, por isso penso porque não pensarmos como eles então procurar uma maneira melhor de se confraternisar e buscar uma manera melhor de viver e de se relacionar com Deus não para perder mas para agradecer . : Jefferson SouSa Batista

  2. As escolas de yoga hindu em geral desencorajam a total renúncia de desejos entre pessoas que vivem no mundo, especialmente pais e mães de família. Geralmente o caminho da renúncia total é considerado sinuoso, cheio de altos e baixos, vivendo no mundo e tentando forçá-lo gera confusão e frustrações.
    O ego deve morrer, e junto com ele os desejos, por isso pode-se neglenciar suas obrigações em manter a família com dignidade por exemplo. Mas ainda assim renúncia é algo essencial para praticamente todas as religiões indianas. Pessoas do mundo ainda a praticam mesmo no meio das demandas e confusão do dia-a-dia.
    Por exemplo, no casamento os noivos devem se sacrificar um pelo outro, os pais pelos filhos, os filhos se sacrificam e oferecem seu serviço e devoção aos pais, ao guru, à comunidade etc etc. Isso é chamado de “Jiva Yajña”, sacrifício do indivíduo. E toda a virtude gerada é oferecida para Deus.
    O indivíduo espera assim alcançar um balança cármica positiva e purificar a natureza egóica negativa, possibilitando alcançar total renúncia e salvação mais facilmente em nascimentos futuros, devido as impressõe mentais (Samskaras) geradas pela prática cotidiana. Isso é Karma Yoga, yoga das ações.

  3. Sempre me perguntei como o ser humano inserido na Babilônia (grandes metrópoles), poderia atingir a iluminação. Somos cobrados pela sociedade, família e por nós mesmos, fruto de convenções e modelos de vida inseridos desde nossa infância.
    Ao analisar e estudar a vida de alguns iluminados, percebo que os mesmos, renunciaram ao mundo e se isolaram para obter esse autoconhecimento. Como silenciar a mente com tantos estímulos e cobranças? Quem vislumbrou um caminho, comparta conosco!
    Um grande abraço e fiquem com Deus!
    Joan Pablo.

    1.  
      Joan,
      boa provocação a sua. Nos grandes centros, onde as tensões de todo tipo são uma constante, torna-se missão quase impossível atingir um certo grau de “iluminação”. Mas, percebo que da busca por harmonia no meio dessa turbulência se pode conseguir um bom entendimento e melhoramento, sem dispensar períodos de descanso, meditação e reposição em ambientes afastados destes lugares.
      Namastê.
      Patrick Carvalho.

    2. Prezado Joan,Budha afirmou que todos somos um Budha….como ele alcançou a liberação…você, eu todos podemos…(e ele tinha mulher e filho…e muito dinheiro….o que é também um problema, como a falta dele)penso que o “mundo atual” não é diferente do mundo de Budha..pois Budha não falava do “exterior” mas sim do interior , do universo interior.E é no universo interior que o “problema” se instala…se acumula…e por mais que esteja em uma “grande metrópole..só conseguira se relacionar com o SEU circulo de convivência..não é…?assim como Budha…temos uma capacidade limitada de envolvimento com o outro..mesmo vivendo em uma MEGALÓPOLE..memso Budha empreendeu muito esforço no caminho..a ponto de voltar atrás e admitir o “caminho do meio”…e rever seu método de busca…e..morreu de indisposição intestinal..!!portano meu irmão a “liberação espiritual” é toda sua..aqui ou como fala a música do Djavam…em seu “pedaço de Saigon”….!!Acredito que “liberação..iluminação..são possíveis sim..em qualquer situação…se buscadas com determinação….afinal tudo não é MAYA??Grande abraço..!!!

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