Uma vez, o rei Viśvāmitra fez uma caçada numa densa floresta ao pé do Himalaia. No fim da jornada, tanto ele quanto sua tropa estavam na mais absoluta exaustão, quase morrendo de fome e de sede.
Andando por uma trilha, chegaram na caverna do grande sábio Vasiṣṭha, não longe da atual cidade sagrada de Rishikesh, e a ele pediram refúgio, água e alimento.
O sábio yogin os recebeu com todas as honras. Quando o rei lhe explicou a situação de penúria da tropa, o yogi apenas invocou Kāmadhenu, a vaca cósmica que satisfaz os desejos que, num piscar de olhos, lhes serviu um lauto jantar, com as mais finas iguarias e as mais deliciosas bebidas.
Evidentemente, tanto Viśvāmitra quanto seus soldados ficaram impressionados com os poderes desta vaca maravilhosa, que simboliza os infinitos poderes do Yoga.
A ambição de Visvamitra
Após o banquete, o rei se aproximou de Vasiṣṭha e lhe disse: “Ó venerável sábio, estou muito impressionado e satisfeito com a sua vaca mágica. Porém, pergunto-lhe:
“Por que deveria você ficar com ela, sendo que aqui em sua ermida vivem poucas pessoas e eu preciso alimentar milhares de súbditos todo dia no meu reino? Quero comprá-la. Ofereço-lhe milhares de vacas no lugar dela”.
Tendo ouvido pacientemente o que o rei propunha, o sábio respondeu-lhe com um sorriso: “Esta não é uma vaca normal. Ela é uma dádiva que recebem somente os conhecedores de Brahman, o Ser.
“Mesmo se você me oferecesse o reino inteiro, não poderia aceitar sua proposta. Kāmadhenu não pode ser comprada, vendida ou doada”.
Vendo que não conseguiria realizar seu plano, o rei Visvamitra teve uma explosao de raiva: “Ó sábio, não esqueça que o rei aqui sou eu. Você me insultou ao recusar minha proposta. Vou levar a vaca à força”.
“Tente, se puder”, respondeu o sábio. Viśvāmitra ordenou que seus soldados prendessem Kāmadhenu mas esta, respondendo a um pedido de Vasiṣṭha, materializou uma hoste de guerreiros celestais que venceram facilmente a tropa do rei.
Cheio de ira, o rei se enfrentou ao yogin, brandindo a sua espada. Este, apenas murmurando um mantra de proteção, desarmou e venceu o rei. Depois, compassivamente, o perdoou e deixou partir.
Mesmo tendo sido perdoado, o rei não conseguiu engolir a afronta e voltou para o palácio se remoendo de raiva e indignação.
No caminho, pensou que não iria desistir de possuir a vaca sagrada: “Até hoje eu achava que as únicas coisas que valiam a pena eram o poder e as riquezas”.
“Agora me dou conta que há coisas muito mais importantes, e que não há nada mais valioso que o conhecimento da Verdade.
“Todos os poderes do universo respondem ao comando do yogi Vasiṣṭha. Quero esse mesmo poder para mim! E quero que ele pague pela afronta!”
॥ हरिः ॐ ॥
Conheça aqui e aqui o āsana que leva o nome do rei Visvamitra, que através da prática de Yoga tornou-se um grande sábio.
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॥ हरिः ॐ ॥
Pedro nasceu no Uruguai, 58 anos atrás. Conheceu o Yoga na adolescência e pratica desde então. Aprecia o o Yoga mais como uma visão do mundo que inclui um estilo de vida, do que uma simples prática. Escreveu e traduziu 10 livros sobre Yoga, além de editar as revistas Yoga Journal e Cadernos de Yoga e o site yoga.pro.br. Para continuar seu aprendizado, visita à Índia regularmente há mais de três décadas.
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Humm 🙂
Mais uma histórinha “edificante”.
Será que o rei Vishvamitra vai conseguir alcançar os seus desejos?
Que saudades Pedro!
Um Abraço apertado.
Namaste!
Claudia
Épa não se faz isto…cortar a história quando o pico da emoção ia no auge… :))) Pedro,vá, depressa escreve o resto da histórinha :))) Saudações de Portugal
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Zé,
esta história é bem longa. Ela vai ser contada em cinco partes diferentes. Aguarde, por favor…
Namaste!
Pedro.