O que significa ānanda?
Ānanda é um substantivo formado da raiz nand, “regozijar-se“, com o prefixo ā, que significa “completo“. Portanto, ānanda quer dizer “completa felicidade, ou plenitude“.
Qualquer coisa que seja completa deve ser livre de todas as limitações de tempo, espaço e qualidade. Uma vez que é infinita e indescritível, não é um mero estado mental, uma experiência, ou uma forma de alegria. Todas essas condições estão sujeitas a mudanças, enquanto a plenitude deve ser imutável.
Embora ānanda seja geralmente traduzida como “felicidade”, o uso comum da palavra “felicidade” para descrever experiências várias – sendo todas limitadas em sua natureza – prejudicou o seu uso como um sinônimo de ānanda ilimitado e não-qualificado.
A felicidade não é um experiência – nem mesmo uma extraordinária -, mas sim nossa natureza.
Plenitude é algo conhecido experiencialmente por todo mundo. Em um momento de alegria, o tempo e o espaço como que desaparecem.
Quando a pessoa que deseja vai-se, quando gostos e aversões são momentaneamente satisfeitos ou esquecidos, a divisão entre o individual e o total é resolvida e nos sentimos livres e completos.
Porque tais experiências de felicidade são todas relacionadas com objetos ou situações, tomo tais objetos com sendo a fonte de alegria que sinto, e concluo que eu os amo. Essa conclusão é baseada em erro.
Analisando um momento de alegria, o verdadeiro objeto de amor é descoberto. Percebo que um imutável sujeito desfruta a felicidade em todas as experiências: somente eu permaneço, enquanto tudo o mais muda. Se bem que o tempo passe, ānanda não muda.
Embora eu não o experiencie continuamente, quando ele ocorre é sempre o mesmo sentimento de alegria. Tampouco depende do ambiente ou da situação de vida daquele que o desfruta.
Mendigo e rei, ambos, experienciam a mesma plenitude. Finalmente, ānanda não está em um específico objeto, pois o que uma pessoa deseja é evitado por outra. O que busco em uma determinada época ou lugar, sob outras circunstâncias evito.
Assim, a felicidade realmente não tem nada a ver com objetos ou situações, mas apenas com o sujeito, Eu. O que mais amo é o Ser que brilha no momento da alegria quando a mente não está buscando, e está satisfeita.
Quando não nego minha natureza ilimitada, procurando em outra parte uma plenitude, descubro-a como sendo meu próprio ser. O Ser é a verdadeira fonte de felicidade, o ilimitado ānanda que busco.
॥ श्रीः ॥
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॥ हरिः ॐ ॥
Extraído do Informativo Vidyā Mandir de junho de 1991, do Vidyā Mandir, Centro de Estudos de Vedanta e Sânscrito, Rio de Janeiro. Traduzido por Heloísa Madeira e digitado por Cristiano Bezerra.
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॥ हरिः ॐ ॥
Swāmi Dayānanda Saraswatī (1930-2015) ensinou a sabedoria tradicional do Vedanta por cinco décadas, na Índia e em todo o mundo. Seu sucesso como professor é evidente no sucesso dos seus alunos: mais de 100 deles são agora Swāmis, altamente respeitados como estudiosos e professores.
Dentro da comunidade hindu, ele trabalhou para criar harmonia, fundando o Hindu Dharma Acharya Sabha, onde chefes de diferentes seitas podem se reunir para aprender uns com os outros.
Na comunidade religiosa maior, ele também fez grandes progressos em direção à cooperação, convocando o primeiro Congresso Mundial para a Preservação da Diversidade Religiosa.
No entanto, o trabalho de Swāmi Dayānanda não se limitou à comunidade religiosa. Ele é o fundador e um membro executivo ativo do All India Movement (AIM) for Seva.
Desde 2000, a AIM vem trazendo assistência médica, educação, alimentação e infraestrutura para as pessoas que vivem nas áreas mais remotas da Índia.
Havendo crescido em uma pequena vila rural, ele próprio entendeu os desafios particulares de acessar a ajuda enfrentada por pessoas de fora das cidades. Hoje, o AIM for Seva estima ter ajudado mais de dois milhões de pessoas necessitadas em todo o território indiano.