Pensar com o corpo?
Os yogins da antiguidade descobriram que a matéria é consciência, que a consciência manifesta-se como matéria, na forma dos nomes e formas.
Assim, o Yoga quer pensar com o corpo: através da experimentação, os yogis da antiguidade descobriram que fazer exercícios físicos de forma ritual traz enormes conseqüências gnosiológicas.
O yogi busca a inteligência que está escondida no corpo, a consciência que está escondida no corpo: esse é o ponto de partida para poder achar a verdadeira identidade.
Esses exercícios chamam-se āsanas em sânscrito: são um conjunto de técnicas altamente instigantes e desafiadores, que podem exigir tudo no plano físico, mas que não são um fim em si mesmos.
Pode-se dedicar uma vida inteira aos āsanas, e nem por isso estará se fazendo Yoga. O que faz a diferença é a atitude que está por trás dos exercícios.
E, com a atitude correta, vem uma série de outras coisas: alinhamento, inteligência corporal, respiração consciente, despertar das experiências do corpo sutil, transformação do organismo, num processo que poderíamos chamar de alquimia corporal.
A construção de um corpo novo está vinculada com a iniciação, o novo nascimento do praticante. Constrói-se o corpo novo para perder a identificação com o ‘antigo’, vinculado a couraças de tensão muscular, saṁskāras ou latências mentais.
O Yoga quer dar um corpo novo ao praticante, que ele mesmo irá construir, célula por célula, fibra por fibra. Usando esse novo corpo como instrumento, ele poderá avançar a passos largos em direção à meta do Yoga. O único que se precisa ter é muita disposição e força de vontade.
Entretanto, é preciso ter muita consciência e saber exatamente o que você faz ao praticar āsana, e para que você pratica. Se não for assim, corre-se o risco de que o ego cresça em proporção direta ao aumento da força ou da flexibilidade.
O poder que dá o Yoga é para iluminar e situar o ego em seu devido lugar, mas pode ser usado erroneamente, como combustível para alimentá-lo.
Flexibilidade da coluna não é sinal de progresso no Yoga. Se fosse assim, os contorcionistas de circo seriam pessoas altamente espiritualizadas. E você sabe que nem sempre flexibilidade e espiritualidade vão juntas.
A sensação que se percebe ao fazer estes exercícios é como a que se tem depois de haver ficado durante muito tempo no escuro, e sair repentinamente à luz do dia.
A atenção se localiza apenas no momento presente: uma nova realidade se nos revela e novas sensações são descobertas. A conexão com a fonte da existência fica firmemente restabelecida. Quer experimentar?
॥ हरिः ॐ ॥
Observe igualmente estas recomendações
Se for iniciante, por favor aprenda a praticar āsana com um professor competente. Faça as adaptações que for necessário para praticar com segurança. Não force. Evite exagerar.
Estas dicas não substituem um professor de Yoga. São disponibilizadas apenas para que você, enquanto praticante, possa apreciar diferentes possibilidades e, se for o caso, aprimorar sua técnica e a sua relação pessoal com o Yoga.
Cultive a atentividade e a observação calma e consciente do corpo, da mente e das emoções ao fazer estes exercícios. Evite exagerar ou colocar sua saúde em risco. Obrigado. Boas práticas.
O autor não se responsabiliza pelo mal uso que possa ser feito destes textos. Obrigado pela compreensão e o cuidado consigo mesmo.॥ हरिः ॐ ॥
Leia também:
1) Elementos para Montar uma Prática de Yoga
2) Recomendações Importantes para Praticar
3) Como Montar uma Série Equilibrada de Āsana
4) How to Create a Practice that Works for You
॥ हरिः ॐ ॥ हरिः ॐ ॥ हरिः ॐ ॥ हरिः ॐ ॥
Pedro nasceu no Uruguai, 58 anos atrás. Conheceu o Yoga na adolescência e pratica desde então. Aprecia o o Yoga mais como uma visão do mundo que inclui um estilo de vida, do que uma simples prática. Escreveu e traduziu 10 livros sobre Yoga, além de editar as revistas Yoga Journal e Cadernos de Yoga e o site yoga.pro.br. Para continuar seu aprendizado, visita à Índia regularmente há mais de três décadas.
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Pensar com o corpo no jejum verbal inteligente
gratidao
Têm toda razão Pedro, é incrível o que os ásanas podem fazer por nós. Antigamente eu gostava de fazer ásanas pela dificuldade, hoje eu gosto de fazer e sentir o ásana… é inexplicável o bem estar que o corpo sente depois de uma aula de Hatha Yoga… existem ásanas tão simples, mas que são tão bons de executar! Estou decidido a re-construir meu corpo célula por célula! Tenho trabalhado muito minha atitude mental durante os ásanas, para mim essa é parte mais difícil!
Realmente existem algumas movimentações tão simples, mas q movimentam uma energia tão gostosa em nós!ñ pude deixar de perceber q aqui o Pedro fala no Yoga como forma de aniquilar o ego, já nos textos mais atuais desse site é transmitida uma ideia mais leve em relação ao ego.O Pedro mudou de ideia ou eu entendi errado?
Vim parar aqui por pura curiosidade e vejo que as horas passaram e eu nem percebi, pois me detive lendo os textos de Pedro Kupfer, que muito me impressionaram. A princípio pela seriedade, depois por uma série de coisas – todas interessantes – como passar o seu vasto conhecimento com clareza e simplicidade. Por enquanto, não tenho perguntas, pois seus textos já me esclareceram muitas coisas. Vou continuar vindo por aqui, Cida.