O mais importante de todos os sons sagrados do Yoga é o mantra Om. Se diz que ele contém o conhecimento dos Vedas e se considera o corpo sonoro do Ilimitado, Śābda Brahman.
O Om é o som do infinito e a semente que ‘fecunda’ os outros mantras. O som é formado pelo ditongo das vogais a e u, e a nasalização, representada pela letra m.
Por isso é que, às vezes, aparece grafado Aum. Essas três letras correspondem, segundo a Maitrāyaṇīyopaniṣad, aos três estados de consciência: vigília, sono e sonho:
“Este Ātman é o mantra eterno Om, os seus três sons, a, u e m, são os três primeiros estados de consciência, e estes três estados são os três sons.” (VIII).
“O pranāva, o mantra Oṁ, é a jóia principal entre os outros mantras; o pranāva é a ponte para atingir os outros mantras; todos os mantras recebem seu poder do pranāva; a natureza do pranāva é Śābda Brahman (o Ilimitado).
“Escutar o mantra Om é como escutar o próprio Brahman, o Ser. Pronunciar o mantra Om é como transportar-se à residência do Brahman. A visão do mantra Om é como a visão da própria forma. A contemplação do mantra Om é como atingir a forma de Brahman”. Mantrayoga Saṁhitā, 73.
Na Índia, o mantra Om está em todas partes. Hindus de todas as etnias, castas e idades conhecem perfeitamente o seu significado. Ele ecoa desde a noite das idades em todos os templos e comunidades ao longo do subcontinente.
॥ हरिः ॐ ॥
Faca aqui a meditação no mantra Oṁ
Técnica do Mantra Oṁ: cinco dicas
Como fazer a vocalização correta?
1. O mantra se faz numa exalação, em ritmo regular. Após a exalação vem uma inspiração nasal. Não deve haver tremor na voz ao repetir o mantra. Permita que o ar flua e permita-se fluir junto com ele.
2. A nota musical em que se emite o som não interessa em absoluto. É aquela que resultar mais natural para você. Quando houver mais pessoas junto, na medida do possível, devemos buscar o mesmo tom.
3. O Om começa com a boca aberta, emitindo um som mais parecido com um a, mantendo a língua colada no fundo da boca e a garganta relaxada.
O som nasce no centro do crânio, se projeta para frente e vibra na garganta e no peito.
Após alguns segundos de vocalização, a língua deve recolher-se para trás. Assim, aquele som similar ao a, se transforma numa espécie de o aberto, que vai fechando progressiva-mente.
No final, sem fechar a boca, a língua bloqueia a passagem de ar pela garganta e o som se transforma em um m, que em verdade não é exatamente um ṁ, mas uma nasalização.
Esta nasalização se chama anunāsika em sânscrito, que significa literalmente com o nariz, e deriva da palavra nāsika, nariz. Mais claro, impossível. Em verdade, o mantra poderia grafar-se Aoõ.
Neste ponto, o ar sai pelas narinas e o som vibra com mais intensidade no crânio. Todo o processo leva algo perto dos três segundos. O mantra tem tres elementos: A+U+Ṁ=Oṁ. A cada um desses três elementos corresponde um mātra ou unidade de medida. Essa unidade de medida, o mātra, dura um pouco menos de um segundo.
4. Aconselhamos que você treine colocando uma mão no peito e a outra na testa para perceber como a vibração vai subindo conforme o mantra evolui.
Porém, se você prestar atenção à vibração que acontece durante a vocalização, perceberá que ao emitir a letra o inicial (que começa como um a, não esqueça), a nasalização do m já está contida nela. Ou seja, é um som que se faz com o nariz, e não uma letra m.
Ao perseverar na vocalização, você sentirá nitidamente que a vibração se origina no centro da cabeça e vai expandindo até abranger o tórax e o resto do corpo. resumindo, o Oṁ começa com a boca aberta e termina com ela entreaberta.
5. Com Oṁ “vamos” até o Ilimitado. Coloco “vamos” entre aspas pois, em verdade, para chegar ao Ilimitado não precisamos sair do lugar onde estamos.
O Ilimitado, Brahman, é a nossa própria natureza. É o que nos sustenta, é a razão da nossa existência. É o que nós mesmos somos. É a fonte de toda felicidade.
Tal como uma aranha alcança a liberdade do espaço por meio de seu fio, assim também o homem em contemplação alcança a liberdade por meio do Oṁ.
Essa técnica é uma das mais antigas e eficazes que existem no Yoga. Estimula o ājñacakra, na região do intercílio, sede de manas, o pensamento, e buddhi, a inteligência.
Aqui vimos especificamente a utilização deste mantra como dhāraṇī, suporte para concentração.
Extraído do Guia de Meditação.
॥ हरिः ॐ ॥
Saiba mais:
Pedro nasceu no Uruguai, 58 anos atrás. Conheceu o Yoga na adolescência e pratica desde então. Aprecia o o Yoga mais como uma visão do mundo que inclui um estilo de vida, do que uma simples prática. Escreveu e traduziu 10 livros sobre Yoga, além de editar as revistas Yoga Journal e Cadernos de Yoga e o site yoga.pro.br. Para continuar seu aprendizado, visita à Índia regularmente há mais de três décadas.
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