Nāḍīśuddhi, o nome deste exercício respiratório, significa “purificação das correntes da força vital”, pois ele promove a desintoxicação sutil, tanto do corpo vital, prāṇamayakośa, quanto das emoções e pensamentos.
Esta é uma variação do nāḍīśodhana, a respiração alternada, um dos mais importantes exercícios do Haṭhayoga.
Enquanto no nāḍīśodhana fazemos uma inspiração por uma narina, trocamos de lado, expiramos e inspiramos pela outra, nesta variação iremos inspirar sempre pela narina direita e expirar sempre pela esquerda, alternando o fluxo do ar com a retenção com os pulmões cheios e eventualmente, também com eles vazios.
A outra diferença é que neste prāṇāyāma iremos acrescentar a repetição mental do bījamantra Yam ou do bījamantra Ram à alternância das narinas.
Quantos ciclos devemos fazer?
Uma ótima maneira de iniciar é com 20 ciclos. Um ciclo completo de respiração alternada significa que você inspira por uma narina, retém o ar, exala pela outra, e retém sem ar. Se não tiver tempo para fazer 20, inicie com dez em cada prática.
O ritmo
Quando já tiver desenvolvido facilmente a mecânica do nāḍīśodhana, acrescente o ritmo, começando com a proporção 1:1:1:0. Nesse ritmo, cada fase tem a mesma duração que as demais.
Depois, se estiver se sentindo bem dentro dele, poderá passar para os ritmos 1:2:2:0 e 1:2:2:*. Nesses ritmos, a retenção com ar nos pulmões cheios e a expiração tem o dobro da duração da inspiração.
No primeiro caso, 1:2:2:0, não há retenção com os pulmões vazios. No segundo, 1:2:2:*, a retenção é livre.
Posteriormente, os de proporção 1:4:2:0 e 1:4:2:*, que são os mais potentes. Nesses casos, o tempo de retenção com os pulmões cheios é quatro vezes maior do que a inspiração.
O tempo de expiração é o dobro do tempo da inspiração. Na proporção 1:4:2:0 não há retenção vazia e na proporção 1:4:2:* essa retenção é livre.
Os bījamantras Yam ou Ram
A esses ritmos você poderá sempre associar a emissão mental do bījamantra Yam, correspondente ao anāhatacakra, na região do coração.
Se em algum momento sentir que perde o fôlego ou que fica ofegante, reduza proporcionalmente a duração de cada fase até achar o tempo ideal para a sua capacidade pulmonar.
As características do nāḍīśuddhi
Um detalhe: este respiratório precisa fazer-se sem forçar nada, sem fazer ruído, sem ressoar, sem perder o fôlego, sem cansar-se, sem mudar de posição, sem mover-se e sem oscilar.
Dentro do possível, o corpo deve permanecer firme como uma rocha.
Deve praticar-se apenas pela manhã, antes das 9:00h. Preferentemente, entre as 4:00 e as 6:00h.
Técnica do nāḍīśuddhi
Sentado no seu melhor āsana de meditação, inspire pela narina direita usando o bīja Yam pulsando no plexo cardíaco e concentrando-se nessa área.
Durante o kūṁbhaka, a retenção com os pulmões cheios, visualize a purificação dos canais da energia e continue a repetição mental do mantra, no ritmo que você escolheu. Depois exale vagarosamente pela narina esquerda, repetindo ainda o bīja Yam.
Assim você completa um ciclo. Reinicie inspirando pela narina direita e continue até completar 10 ou 20 ciclos.
Outra alternativa é fazer o mesmo exercício, concentrando-se no manipuracakra, na altura do plexo solar e fazer a contagem dos tempos com o bīja deste cakra.
Então você inspira pela fossa direita associando a contagem dos tempos ao bīja Ram, segura o ar durante continuando na repetição do mantra e exala pela esquerda sempre fazendo Ram mentalmente.
Em ambos os casos, a contagem do tempo com o mantra deve ser perfeitamente cadenciada, uniforme e regular.
Efeitos
Estas duas variações do nāḍīśuddhi prāṇāyāma trabalham o ar vital da região torácica (prāṇavāyu), purificam os canais da força vital e ainda somam os efeitos do nāḍīśodhāna prāṇāyāma.
Extraído do livro Guia de Meditação.
॥ हरिः ॐ ॥
Saiba mais sobre prāṇāyāma:
Características da Respiração Yogika
Temos outras práticas
em vídeo para você aqui
॥ हरिः ॐ ॥
Pedro nasceu no Uruguai, 58 anos atrás. Conheceu o Yoga na adolescência e pratica desde então. Aprecia o o Yoga mais como uma visão do mundo que inclui um estilo de vida, do que uma simples prática. Escreveu e traduziu 10 livros sobre Yoga, além de editar as revistas Yoga Journal e Cadernos de Yoga e o site yoga.pro.br. Para continuar seu aprendizado, visita à Índia regularmente há mais de três décadas.
Biografia completa | Artigos