Outro dia veio parar às minhas mãos um livro que li em tempos idos. A curiosidade fez-me voltar a folheá-lo.
O livro contém uma “cronologia” semelhante a esta, que apresenta uma teoria assaz curiosa sobre o Yoga:
Cronologia Histórica do Yoga Antigo
Divisão |
Yoga Antigo |
Yoga Moderno |
|||
Tendência |
Sāṅkhya |
Vedānta |
|||
Período |
Yoga Pré-Clássico |
Yoga Clássico |
Yoga Medieval |
Yoga Moderno | |
Época |
+ 5000 anos | s. III a.C. | s. VIII d.C. | s. XI d.C. | s. XX |
Mestre |
Śiva | Patañjali | Śaṅkara |
Gorakṣa |
Aurobindo |
Literatura | Upaniṣads | Yogasūtra | Vivekacūḍamaṇī | Haṭhayoga | |
Fonte |
Śruti |
Smṛti |
Segundo esta cronologia o Yoga antigo, “pré-clássico”, teria como fonte o Śruti, aquilo que foi revelado aos antigos sábios védicos, os ṛṣis.
A literatura base atribuída a este Yoga antigo (pré-clássico) são as Upaniṣads.
E, na opinião do autor deste livro, um Yoga antigo assente no Śruti e nas Upaniṣads é a antítese do Vedānta, e absolutamente incompatível com este.
Mas afinal, o que são as Upanishads? Segundo o famoso dicionário Sânscrito – Inglês de Sir Monier Williams (p. 201, coluna esq.), Upaniṣad significa aproximar-se, sentar-se aos pés de alguém para ouvir as suas palavras.
Ou seja, sentar-se aos pés do mestre. Ali diz-se ainda que o seu objectivo é a revelação do significado secreto dos Vedas que são vistos como a fonte do Sāṅkhya e Vedānta.
No entanto, segundo esta cronologia, o Vedānta estaria associado apenas ao Yoga contemporâneo, o que, como já se começou a demonstrar, não corresponde à realidade.
Vejamos agora o que é Śruti. Segundo MW (pag. 1101, coluna à direita), Śruti é aquilo que foi ouvido ou comunicado desde o início, conhecimento sagrado transmitido de geração em geração pelos brāhmaṇas, os Vedas.
Os Vedas são os tratados onde assenta a tradição védica, conhecida como sanatana dharma, o dharma eterno (o que normalmente se identifica com o Hinduísmo).
Os Vedas estão divididos em duas grandes partes: o karmakanda e o jñānakaṇḍa.
A primeira parte, karmakaṇḍa, lida com a acção (karma) prescrita para os diferentes objectivos humanos (puruṣārtha) e a ética.
Esta é a parte mais extensa. A segunda parte dos Vedas, jñānakaṇḍa, é a menor e versa sobre jñāna, o autoconhecimento.
É na parte final dos Vedas que encontramos as primeiras Upaniṣads, e é a esta parte dos Vedas que o yogí mais se dedica.
E quem se debruça sobre o estudo da parte final dos Vedas? O Vedānta.
Vedānta significa literalmente a parte final (anta) dos Vedas (veda + anta). [Não se fiem em mim 🙂 Consultem o amigo MW (p. 1017, coluna à esquerda)].
A verdade é que quem quer adquirir o conhecimento das Upaniṣads, do Yoga antigo, pré-clássico, ouve, estuda, reflecte e medita Vedānta, que é o mesmo que dizer Jñānayoga.
Isto não significa que apenas o Jñānayoga seja relevante. Todos os Yogas tradicionais são importantes e obrigatórios para todos os praticantes.
Não se pode excluir nenhum, ou escolher um em detrimento do outro se se quiser, em segurança e confortavelmente, chegar ao objectivo.
E todo yogin, mais tarde ou mais cedo, se cruza com esta verdade ao longo do seu caminho.
Conclui-se, assim, que o autor da cronologia lavra em confusão ao qualificar o Vedānta como ‘grave deformação do Yoga’.
Por um lado, desenvolve uma teoria de incompatibilidade entre os diferentes darśanas do sanatana dharma (o dharma védico) que vai contra toda a tradição de ensino indiana.
Os darśanas não são, nem poderiam ser, incompatíveis porque se debruçam sobre aspectos diferentes do Universo. Os darśanas são complementares! E sobre isso existe abundante literatura.
Por outro lado, o Vedānta é qualificado depreciativamente como “espiritualista”, em contraposição à linha seguida pelo autor, qualificada como “naturalista”.
Ora, eu aprendi e aprendo Vedānta com o Swāmi Dayānanda. Swāmi Dayānanda aprendeu com seu mestre e assim segue até Śaṅkarācārya e antes dele.
A importância de um mestre vivo de quem o discípulo possa receber o conhecimento é tão importante na tradição que o mantra de invocação da paz do Ṛgveda termina assim:
Que Brahman me proteja. Que proteja o professor.
Que Brahman me proteja. Que proteja o professor.
Que haja paz, paz, paz.
O estranho é que nós, “espiritualistas”, aprendemos com pessoas de carne e osso e o autor “naturalista” aprendeu com um mestre, em sonhos.
Ao que parece não havia ninguém vivo com competência para o ensinar? O tal “mestre” aparecia ao autor em sonhos e a alguns motoristas de táxi :).
Curioso é, ainda, que o autor afirme que o Yoga que ele criou é o melhor e mais completo do mundo. Porém este Yoga de marca registada é uma das diversas modalidades de Haṭhayoga que hoje existem.
Se entrar numa sala de aula e o professor mandar fazer shirshásana (ficar de cabeça para baixo), paścimottānāsana (flexão sentada com as pernas esticadas) ou qualquer posição semelhante que não seja sentada, já sabe que está a fazer Haṭhayoga.
Existem hoje várias modalidades de Haṭhayoga . Algumas adoptaram os nomes de mestres e outras não, mas em ambos os casos um professor competente e honesto irá confirmar que aquela é uma modalidade de Haṭhayoga.
Mas não é este o caso do nosso autor que também aqui se lança numa guerra de distinção entre o seu método e o Haṭhayoga.
E entre essas importantes diferenças ficamos a saber que o seu método tem como público alvo “intelectuais, artistas, escritores, cientistas, jornalistas, empresários, executivos, profissionais liberais, universitários e desportistas, na maioria adultos jovens entre 16 e 50 anos, na sua maioria homens e com nível cultural superior e médio”.
Já o Haṭhayoga seria praticado por “alternativos, espiritualistas, idosos, enfermos, nervosos, gestantes e senhoras donas de casa, na sua maioria acima dos 50 anos, mulheres e com nível cultural médio e básico”.
O preconceito salta destas palavras do autor, sem necessidade de se fazer mais comentários.
Aos sem casta, pobres, idosos, mulheres e iletrados, em meu nome e de todos os professores sérios convido-vos a praticarem, estudarem e assumirem a tradição cultural do Yoga. Ela também é para vós!
A verdade, satya, está no início da aprendizagem do Yoga. Satya não significa apenas falar a verdade, mas também não deixar a não verdade impune. Hoje, este é o meu satyavrata, o meu voto de verdade com muita compaixão.
No Yoga, como em tudo na vida, é preciso ter um olhar crítico. Às vezes permanecemos presos a determinadas concepções ou relações, porque julgamos que são o melhor que podemos encontrar e que não existem alternativas.
Elas existem sempre! E se existiram para mim, existirão certamente para outros. Deixo-vos este pensamento do Swāmi Cinmāyānanda:
“Vá devagar. Não há pressa. Não acredite cegamente. Questione cada declaração.
“O seu pensamento independente e entendimento são de importância fundamental. Só então o conhecimento poderá revelar quem somos.”
Oṁ asato ma sadgamaya
tamaso ma jyotirgamaya
mṛtyorma amṛtam gamaya
Oṁ śāntiḥ śāntiḥ śāntiḥ
‘Que eu seja levado (pelo conhecimento) do irreal para o real; da escuridão (da ignorância) para a luz (do conhecimento); da morte (sentido de limitação) para a imortalidade (a libertação). Que haja paz, paz, paz.’
॥ हरिः ॐ ॥
Perfeito texto. Deu para reconhecer a obra citada e digo que infelizmente muitos praticantes de yoga iniciantes acabam tendo esse ensinamento como o primeiro.
Iniciei na escola deste equivocado autor e graças ao punyam consegui enxergar que algo estava errado.
Atualmente outros professores andam causando confusão na mente dos alunos, inclusive um de Vedanta, que infelizmente está muito famoso. Está passando a ideia de que existe uma separação entre Yoga e Vedanta, sendo que Yoga é o estilo de vida e Vedanta mostra o objetivo desta vida de Yoga.
Mas tudo está na ordem de Isvara. Que possamos acolher a dualidade e agradecer por termos clareza na mente para identificar esses erros.
Olá. Recentemente li um livro que tinha as afirmações mencionadas acima, entre outras, e algo me inquietou por dentro, pois tinha lido outros livros antes deste. Um colega comentou abaixo que deveríamos esquecer esse tema, mas acho difícil. Acredito que o melhor seja continuarmos estudando para dialogar com os opostos no dia que for necessário, tendo as informações corretas.
Foi tentando entender a PEC 241/2016 (que estabelece teto para gastos públicos) e a ocupação de escolas o Paraná, que iniciei o processo de questionar o que estava lendo, pois li opiniões diferentes sobre estes fatos. Voltando ao livro, os fatos históricos até foram interessantes, mas ao reler com esse propósito de questionar, comecei a captar as palavras que ao longo do texto constroem uma ideia e desconstroem outra. A conclusão foi parecida com as dos demais comentários que estão aqui.
Eu ainda não sei explicar porque esse ponto de vista me incomoda. Talvez seja o klesha da aversão de manifestando. Talvez seja porque eu discorde da conclusão. Talvez seja no esforço que foi feito para desqualificar outras modalidades que me fazem bem. Talvez seja o autor dizendo que o que ele faz é melhor do que eu faço, ao invés de ser outra alternativa. O que tenho feito é estudar bastante para encaixar as peças usando fontes diferentes, e ter embasamento para diagnosticar que é valido o que este livro invalida. E até o momento não encontrei texto antigo que foque em estética e corografia de asanas, como o este livro informa.
Uma coisa que preciso estudar mais é a origem das diferentes modalidades de yoga. Ter diferentes modalidades significam que o praticante só fazia esta modalidade? Eu acho que não. Acho que os textos podem estar separados, mas as praticas se complementavam. Hoje também é assim, não é? A gente junta asana com mantra, com rezo, com ação, com estudo, com reflexão, porque sentimos que está tudo junto, que é complementar.
Outra coisa é entender a informação que o yoga das upanishads é exclusivamente naturalista, sendo que os vedas são cheios de rituais para adoração e agrado a deuses. Isso não é ser espiritualista?
Mas uma coisa que consta no livro e eu já tinha visto em outros textos é o fato de que antigamente as pessoas que seguiam uma linha de pensamento defendiam este ponto de vista ou o seu guru com unhas e dentes, inflexíveis a outros pontos de vista. E que esse comportamento acontecia também entre os darshanas. Estamos vendo então a repetição deste comportamento. Mas a pergunta que fica é: esse tipo de comportamento é valido hoje? Eu acho que não. Na minha opinião, pelo fato de antigamente a transmissão ser exclusivamente oral, então se envolver com outros pontos de vista poderia gerar misturas de quem falou o que. Mas a partir do momento que temos textos escritos, então podemos ver outros pontos de vista sem perder um deles pelo esquecimento.
Teve um guru, Pathabi Jois ou Iyengar, que disse ter focado no trabalho corporal porque o ocidental precisava disso. Já tem estudos que explicam porque modalidades que forçam o físico fazem sucesso atualmente no ocidente. Logo a justificativa guru é viável. O que vejo como grande causador de conflito neste caso que debatemos foi a criação de uma prática corporal que atende as necessidades atuais, mas com a venda da ideia de que era assim passado, e que as demais práticas não são válidas/ são deturpações. Por mais que eu conclua que isso é produto do ego, só me incomodo por causa do meu ego também, caso contrário eu ignoraria.
Olá. Recentemente li um livro que tinha as afirmações mencionadas acima, entre outras, e algo me inquietou por dentro, pois tinha lido outros livros antes deste. Um colega comentou abaixo que deveríamos esquecer esse tema, mas acho difícil. Acredito que o melhor seja continuarmos estudando para dialogar com os opostos no dia que for necessário, tendo as informações corretas.
Foi tentando entender a PEC 241/2016 (que estabelece teto para gastos públicos) e a ocupação de escolas o Paraná, que iniciei o processo de questionar o que estava lendo, pois li opiniões diferentes sobre estes fatos. Voltando ao livro, os fatos históricos até foram interessantes, mas ao reler com esse propósito de questionar, comecei a captar as palavras que ao longo do texto constroem uma ideia e desconstroem outra. A conclusão foi parecida com as dos demais comentários que estão aqui.
Eu ainda não sei explicar porque esse ponto de vista me incomoda. Talvez seja o klesha da aversão de manifestando. Talvez seja porque eu discorde da conclusão. Talvez seja no esforço que foi feito para desqualificar outras modalidades que me fazem bem. Talvez seja o autor dizendo que o que ele faz é melhor do que eu faço, ao invés de ser outra alternativa. O que tenho feito é estudar bastante para encaixar as peças usando fontes diferentes, e ter embasamento para diagnosticar que é valido o que este livro invalida. E até o momento não encontrei texto antigo que foque em estética e corografia de asanas, como o este livro informa.
Uma coisa que preciso estudar mais é a origem das diferentes modalidades de yoga. Ter diferentes modalidades significam que o praticante só fazia esta modalidade? Eu acho que não. Acho que os textos podem estar separados, mas as praticas se complementavam. Hoje também é assim, não é? A gente junta asana com mantra, com rezo, com ação, com estudo, com reflexão, porque sentimos que está tudo junto, que é complementar.
Outra coisa é entender a informação que o yoga das upanishads é exclusivamente naturalista, sendo que os vedas são cheios de rituais para adoração e agrado a deuses. Isso não é ser espiritualista?
Mas uma coisa que consta no livro e eu já tinha visto em outros textos é o fato de que antigamente as pessoas que seguiam uma linha de pensamento defendiam este ponto de vista ou o seu guru com unhas e dentes, inflexíveis a outros pontos de vista. E que esse comportamento acontecia também entre os darshanas. Estamos vendo então a repetição deste comportamento. Mas a pergunta que fica é: esse tipo de comportamento é valido hoje? Eu acho que não. Na minha opinião, pelo fato de antigamente a transmissão ser exclusivamente oral, então se envolver com outros pontos de vista poderia gerar misturas de quem falou o que. Mas a partir do momento que temos textos escritos, então podemos ver outros pontos de vista sem perder um deles pelo esquecimento.
Teve um guru, Pathabi Jois ou Iyengar, que disse ter focado no trabalho corporal porque o ocidental precisava disso. Já tem estudos que explicam porque modalidades que forçam o físico fazem sucesso atualmente no ocidente. Logo a justificativa guru é viável. O que vejo como grande causador de conflito neste caso que debatemos foi a criação de uma prática corporal que atende as necessidades atuais, mas com a venda da ideia de que era assim passado, e que as demais práticas não são válidas/ são deturpações. Por mais que eu conclua que isso é produto do ego, só me incomodo por causa do meu ego também, caso contrário eu ignoraria.
Miguel Homem.
Homem! Satya, veracidade! Não deixar a não-verdade impune! Corretíssimo o conceito e interpretação de Satya.
Espiritualista? Então o meu lado espiritual me fez abandonar de vez esta “escola”, porque meu lado intuicional me levou para um Yoga, O YOGA.
Que bom, pois não precisei que me mostrassem. Pior se precisasse e fosse tarde. Antes tarde do que nunca no entanto. Acolhamos sempre aqueles que procuram a verdade. Perdoai a todos!
Compaixão por todos.
Flávio Vitor.
Parabéns Miguel! Artigo providencial! Confesso que foi através do marketing do tal mestre mequetrefe que cheguei ao Yoga, ou melhor, aquilo que me vendiam com Yoga “Antigo”, e que acabou mudando radicalmente a minha vida. Será que se não tivesse caído na rede charlatã eu estaria hoje completamente envolvido com Yoga (Hatha Yoga tradicional) e Vedanta? Hoje sou professor de Yoga e amo minha profissão, mas talvez pudesse ainda estar vivendo como o arquiteto frustrado de outrora…É por isso que aceito a atitude daqueles que tentam mostrar o lado positivo da experiência de ter sido enganado pela $eita. Entretanto, não concordo em fazer vista grossa para as mentiras institucionalizadas desse tal método. Muita gente rompe com a rede, mas pensa que o conhecimento absorvido lá (prática e teoria) é correto, e mesmo estando fora da $eita continuam espalhando erros absurdos como o quadro desmascarado neste artigo. Outro dia vi um cartaz com a chamada: “Aulas de Hatha Yôga”, assim mesmo com o circunflexo no ô… Então, é muito válido esclarecer, mas sem ofender, esses enganos que a praga da rede semeou e continua semeando. Ao tornar público artigos como esse, possibilitamos que alguma vítima da $eita tenha acesso ao texto, e se tiver sorte, ao ler fique com a pulga do disconfiômetro atrás da orelha, abrindo caminho pra liberdade.
Ao Miguel, desejo que ele continue no seu satyavrata e que novos artigos como este venham trazer a luz do discernimento para aqueles que estão nas trevas da matrix. Harih Om!
Namastê!
Parabéns pelo texto esclarecedor, entretanto, concordo com um dos comentários que nos sugere esquecermos este Mestre. Para não ser repetitiva, gostaria de acrescentar que apesar dele ter, aparentemente, adoecido do seu próprio ego precisamos reconhecer que prestou um grande favor a muitas pessoas: colocou-as em contato com o ioga. Me sentia muito irada quando percebi que, ao frequentar aquela rede, estava submetendo-me a um processo de lavagem cerebral. Mas, com o tempo, comecei a lembrar de que este autor em diversas vezes escreve que se não estamos dispostos a seguir suas regras, devemos deixar a rede. Assim, muitas e muitas pessoas fizeram e procuraram outras escolas. Para algumas pessoas, de ego extremamente cristalizado, o contato com o ioga só pode se dar através de uma escola como aquela. A maioria dos alunos vêm de academias e também a grande maioria acaba encontrando o caminho verdadeiro do ioga. Neste caminho verdadeiro, provavelmente cabe o perdão a nós mesmos por termos atraídos para nós uma prática tão estranha e sectária e cabe àquele Mestre, no mínimo o esquecimento. Nesta luta contra o ego, os riscos e as dificuldades pregadas por ele podem ter sido suas próprias armadilhas. Isto me parece ser uma grande pena e perda para o ioga mas acima de tudo para ele mesmo. A paz.
Essa passagem tem tanto de genial como de hilária, ri muito!
“O estranho é que nós, espiritualistas, aprendemos com pessoas de carne e osso e o autor naturalista aprendeu com um mestre, em sonhos. Ao que parece não havia ninguém vivo com competência para o ensinar? O tal mestre aparecia ao autor em sonhos e a alguns motoristas de táxi :).”
Caríssimo colega:
Entendo perfeitamente sua inquietação com relação ao autor do livro, mas no seu lugar não faria o que não somente você, mas diversos professores e instrutores de Yoga fazem, que é propaganda gratuita para ele, divulgando seus livros com forte conteúdo indutor e hipnótico.
Por melhor que seja a intenção, por favor jamais – JAMAIS!!! – publique parte dessa obra equivocadíssima. Talvez ainda não perceba, mas o que este senhor pode esperar a seu favor é que pessoas de bem como você saiam por aí reproduzindo de alguma forma seus disparates.
Por favor, deixemos que ele se recolha em nosso esquecimento! É o que podemos fazer de melhor! O caminho para a evoloução está na busca pela paz, pelo belo e pelo puro, Satchidananda! Isso inclui o perdão e o amor incondicional, inclusive por pessoas de baixa evolução como este senhor, que optou pelo caminho negro.
Ainda assim o livre arbítrio dele deve ser respeitado, mesmo que ele desrespeite o livre arbítrio dos seus seguidores, “mentalmente dopados” e incapazes de perceber isso. Essas pessoas talvez precisem mais do que muita gente, do nosso amor e carinho. Solicito veementemente que não propague mais sua obra, que sequer pronuncie seu nome.
Somente assim poderemos impedir que sua discordia reverbere por aí… Não devemos contribuir com esse “mantra” para o universo. Desejemos que eles acordem e encontrem a felicidade! Tenhamos mais tato e inteligência para alertar nossos próximos! Basta dizer a todos que yoga é uma coisa só, e que fazer divisões e obrigar pessoas a ler qualquer coisa para praticá-lo NÃO É YOGA.
É uma outra coisa que nem sei que nome que tem… Divulguemos o yoga como algo não segregário, elementar, pleno, que não inspira nenhum praticante a fazer nenhuma crítica ou atribuir características pejorativas às demais linhas, ou aos demais seres.
Divulguemos que qualquer linha séria de yoga, que use seqüência de posturas em pleno século XXI, há de ser declaradamente proveniente do Hatha Yoga, e que o que existia lá atrás nada mais era do que meditação.
Num belo dia esse conhecimento foi sistematizado por Patanjali com o nome de Yoga, mas seguramente muito mais atrás do que os 5.000 anos aos quais alguns autores atribuem sua origem, o mesmo conhecimento já existia com outro nome, em outros lugares, desde que o homem desenvolveu sua inteligência.
Para que toda a espécie humana tenha passado a desenvolver seu racicínio, algum de nossos antecedentes pré-históricos teve que desenvolver seu percepção e se iluminar para contagiar os demais.
HARI OM!
QUE POSSAMOS TODOS CONHECER A MAGNITUDE DE BRAHMAN!
Foi diagnosticado recentemente que esse mestre sobre o qual vós falais, sofre de uma doença raríssima que ataca o cérebro: Síndrome de Shiva.
Êste pseudo mestre eu conheço bem, começou muitos anos atrás até bem intencionado acho, porém deturpou sua visão, o ego em vez de ser dissolvido cresceu, e como bem disse sem um mestre autentico se perdeu e leva centenas com ele. Cego guiando cegos. Mas, para quem é estudioso da matéria, e lê livros sérios percebe logo o professor que tem. Tem um método bom, porém com conteudo ruim. Hiper valoriza os ásanas, proibe leituras que não as indicadas, etc. Porém existe de fato um Yoga tantrico aqui no Rio, com todo o arsenal tântrico, voltado para terapia e o auto conhecimento com técnicas que pouco havia lido antes ministrado por um mestre realizado e formado por um mestre com certificado de qualidade, fundador do Vidya Mandir, centro de estudos de Vedanta. É o professor Paulo Murilo Rosas. Vale apena conhecer e estudar lá.
Parabéns Miguel pela sua satyavrata. É realmente lamentável a confusão acerca do Yoga, mas muito esclarecedor o seu texto.
Olá Miguel, muito legal esse artigo. Conheço esse livro do qual você fala, já o li, e confesso que fiquei muito confuso. Bom, escrevo para parabeniza-lo pelo artigo, por buscar explicar porque o que livro fala não condiz com a realidade, já que quase tudo que esse autor do referido livro fala representa uma visão tendenciosa e totalmente equivocada… Já fiz parte dessa escola de Yoga, se é que podemos chamar assim, seria melhor chamar de seita; e só sai dela quando comecei a ler textos como o seu. Namastê!