Conheça, Sociedade

Porno Yoga

O fim da picada: mistura de Yoga e pornografia promovida pela revista Playboy para vender seus hipersexualizados “produtos”. Essa iniciativa visa, assim como as ações das outras multinacionais que tentam associar sua imagem ao Yoga, o claro e excuso objetivo de lucrar com nosso estilo de vida.

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O observador atento da relação entre a mídia e o Yoga, na onda de popularidade crescente que este vive atualmente, já viu de tudo: Yoga e vinho, Yoga nu, Yoga para cavalos e cachorros, Yoga para acrobatas, Star Wars Yoga, etc. Enfim, Yoga deturpado em todas as suas formas. Essa enxurrada de atropelos e distorções pode provocar um efeito anestesiante na nossa comunidade, que já não se espanta mais com a próxima palhaçada new age ou invenção sectária.

Essa insensibilidade é similar ao marasmo que campa na nossa sociedade perante a infindável lista de escândalos do presente governo que, infelizmente, não escandalizam mais ninguém, nem terminam em punição para os envolvidos. Lá se foi o tempo em que Collor, o “caçador de marajás”, foi defenstrado da Presidência por causa de um Fiat Elba recebido como favor de corrupção.

Hoje em dia nossos políticos roubam bilhões nos níveis federal, estadual e até municipal, e isso não mais produz espanto ou indignação. Estamos anestesiados. Marx errou: o ópio do povo não é a religião, mas a política mequetrefe praticada pelos que governam este belo país atualmente.

Yoga + erotismo = $$$

Volto ao assunto do título: na onda da popularização do Yoga, multinacionais como Adidas, Puma e Nissan estão lutando para extrair seu quinhão de lucro, o que não surpreende. Agora, o que ninguém esperava, e que pode deixar muitos espantados, é a mistura de Yoga e pornografia, promovida pela revista Playboy para vender seus hipersexualizados “produtos”. Essa iniciativa visa, como as estratégias promovidas pelas demais multinacionais, o mesmo objetivo: lucrar com as nossas saudações ao sol e estilo de vida.

Nessa guerra pelo dinheiro, vale até usar até o chumbo grosso da apelação mais vil: a pornografia pura e dura associada à prática de ásana. Vai ser difícil aquele guru da mentira ou o criador da próxima palhaçada caírem mais baixo do que isto. Este é o fundo do poço, o fim da picada, mesmo. Não lembro de ter visto nada parecido nestes mais de 30 anos de convívio com todas as formas de Yoga, fidedignas e não fidedignas. O Porno Yoga deixou as demais distorções no chinelo. Tudo pelo lucro.


O corpo como objeto.

Aquela velha desculpa de que é melhor aceitar quaisquer práticas de ásana como sendo Yoga (pois quanto mais Yoga, mesmo deturpado, melhor para todos), não cola mais, nem pode ser mais aceita sem ressalvas. Na leitura de Yoga que a revista Playboy faz, o corpo da “instrutora” é um commodity, um mero objeto usado para excitar os sentidos dos “clientes” da publicação. Ninguém vai praticar em casa seguindo as ”instruções” contidas nestes vídeos. A Playboy não pode ser tão cínica como para afirmar isto.

Você consegue aceitar isso numa boa? Que significado tem, para você, seu próprio corpo? Você consegue perceber essa objetificação do corpo humano neste anúncio de meias cujo público-alvo somos os(as) praticantes de Yoga? Aqui, eu vejo o corpo da moça como um objeto, e o Yoga como um produto que se associa a esse objeto, para vender meias. Isso está certo?

Se aceitarmos isto como sendo Yoga, o que nos reserva o futuro? Já temos Playboy Yoga e Adidas Yoga. Qual vai ser o próximo passo? Monsanto Yoga? Petrobras Yoga? Disney Yoga? Globo Yoga? Quem vai ser o próximo capitalista demente a querer apropriar-se do Yoga?

Em tempo, coloco aqui que não tenho nada pessoal contra a beleza do corpo nu, ou contra a sensualidade ou contra a celebração dessa beleza e dessa sensualidade. Pelo contário. Porém, creio que cada expressão deste tipo deve acontecer dentro de seu devido contexto. Qual é a diferença entre usar um corpo nu para vender pneus de caminhão e usar um corpo nu para vender meias? Ambos são igualmente degradantes para a mulher, no sentido de que reduzem o corpo, que é, per se, sagrado, e sua beleza e sensualidade, ao prosaico uso de um instrumento mercantil.

[Um aparte: você reparou no absurdo do produto que está sendo publicitado? Meias antiderrapantes para praticar Yoga? Onde se viu? Yoga se pratica, e sempre se praticou, de pés descalços. Aliás, exatamente o oposto do que se vê na foto acima: o corpo coberto (em caso de clima frio ou estarmos na Índia), e os pés descalços. Enfim…]

Yogis nus, lá e cá.

Um sadhu fazer Yoga sem roupa numa montanha sagrada da Índia e muito diferente de uma coelhinha da Playboy fazer demonstrações com direito a caras e bocas (essa parte estou imaginando, pois não assisti o vídeo para cujo link aponta a imagem abaixo no site da Playboy, embora seja certo que haja caras, bocas e muitas outras partes expostas do corpo da modelo).

O yogi nu da Índia não tira a roupa com a intenção de apelar ou despertar o desejo sexual em si mesmo ou nos demais. Pelo contrário: ele desnuda seu corpo como un sinal externo de desapego, que acompanha uma série de outras atitudes desapegadas em relação à sociedade e a si mesmo. Esse desapego, bem compreendido, é um passo importante no processo de moka, no qual o praticante deve se desvencilhar daquilo que não tem valor para si.

Isto não significa que todos os praticantes devamos tirar a roupa ou praticar o nudismo. A maneira em que interpretamos o desapego está em função do tipo de prática que precisamos fazer. Existem práticas tamásicas, rajásicas ou sáttvicas, de acordo com a necessidade de cada praticante. Porém, não há prática do Yoga erótico ou pornográfico, como quer a tal publicação. Yoga, associado a esse tipo de conteúdo é o oposto do Yoga e do que ele propõe.

Agora, vejamos um caso de nudez humana, bem usada para publicitar uma boa causa. Eis um grupo de professores de Yoga numa campanha da PETA (“Povo pelo Tratamento Ético dos Animais”) para não usarmos artigos de couro, considerando os direitos dos animais. “Prefirimos andar NUS do que usar couro”, diz a frase abaixo, em inglês. O leitor amigo saberá perceber a diferença entre a duvidosa intenção das imagens acima e a intenção inequívoca desta que vem a seguir. Aqui não há apelo nem uso do corpo como um objeto para vender algo.

O Yoga na sociedade de consumo.

A sociedade de consumo reduz tudo a dois tipos de produto: os que dão lucro e os que não. Por enquanto, o Yoga vende bem, ao que parece. A sexualização do Yoga, sua associação com o erotismo e a pornografia, é mais um capítulo que degrada e afasta aquilo que hoje se conhece como Yoga, do Yoga de raíz, o original. O problema da pornografia é que ela mostra tudo, menos o essencial. O yogi busca ver o essencial, como bem sabemos.

Yoga como distração ou entretenimento não é Yoga. Yoga é uma ferramenta para a liberdade. Não tem, nunca teve, a pretensão de entreter ou divertir ninguém. Se você olhar com cuidado, verá que a sociedade destina os maiores pagamentos aos maiores “distraidores”: atores, políticos, rock stars, “celebridades” e falsos gurus. O Yoga sempre esteve à margem desses acontecimentos, tanto no seu lugar de origem, quanto aqui em Ocidente. Até agora.

O autor destas linhas não considera que o Yoga deva receber algum tipo de tratamento especial na sociedade de consumo. O fato de não gostar da mercantilização e o uso questionável que se faz atualmente da imagem do Yoga está inserido num contexto maior. Pessoalmente, não gosto da comercialização do Yoga assim como tampouco gosto da comercialização da arte, do erotismo e de todas as manifestações culturais. Essa extrema comercialização é ruim para todos nós, para a nossa cultura e para o mundo. Só isso.

Assim sendo, penso que o praticante consciente não deve dar força nem ficar calado perante esse tipo de distorção. Afundamos cada vez mais na kali yuga, a era do egoísmo e dos conflitos. Salve-se quem puder. Salve o Yoga, quem puder. Porém, antes de declararmos a morte do Yoga por choque de capitalismo, pensemos o que podemos fazer para tirá-lo da UTI onde se encontra agora.

Namaste!

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Pedro nasceu no Uruguai, 58 anos atrás. Conheceu o Yoga na adolescência e pratica desde então. Aprecia o o Yoga mais como uma visão do mundo que inclui um estilo de vida, do que uma simples prática. Escreveu e traduziu 10 livros sobre Yoga, além de editar as revistas Yoga Journal e Cadernos de Yoga e o site yoga.pro.br. Para continuar seu aprendizado, visita à Índia regularmente há mais de três décadas.
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subhashita

Subhāshitas, Palavras de Sabedoria

Pedro Kupfer em Conheça, Literatura
  ·   1 minutos de leitura

24 respostas para “Porno Yoga”

  1. Não importa o que as pessoas digam. Porno Yoga nunca será Yoga. Afinal, o Yoga promove corpo e mente saudável. Aqueles que se entregam à pornografia e ao fetichismo não estão com a mente saudável. Pornografia é lixo para as nossas mentes. Logo, são coisas opostas. Fazer da prática de Yoga pornografia é o mesmo que uma atriz pornô colocar a roupa de uma freira, aquela roupa não faz dela uma freira, é apenas uma fantasia.

  2. Engraçado que nos seus primórdios, os atores também eram vistos como personagens que levavam as pessoas a libertação através da catarse! E agora entraram pro saco dos distraídores de entretenimento da Kali yuga!!! rsrs .
    Entendi a intenção do seu parágrafo Pedro, mas tive de fazer essa observação a fim de não serem vistos com as mesmas lentes capitalistas do yoga e se tornarem somente atores de entretenimento, de peças comerciais, novelas, celebridades, etc, ou seja, nós atores não somos todos distraídores de entretenimento da Kali yuga, viu?
    O fato , é que também “sofremos” essa distorção e banalização capitalista. Ainda mais que o ator é aquele que leva o espectador ao auto-conhecimento, como num espelho, e ao mesmo tempo pode se afastar desse reflexo, exercitando aí uma -consciência testemunha-,ao observar sua vida de fora.
    E essa reflexão dada pelo ator, leva o espectador ao crescimento, ou seja, libertando-o. Grata pelo discernimento do texto. Evoé!
    Hari Om!
    Beijo.
    Pati.

  3. Caríssimo Pedro, Parabéns pelo seu excelente texto. Como você sabe, administro aulas de Yoga há 53 anos, e sinto uma enorme tristeza de ver não só a banalização das práticas da yoga, como também a a ausência dos princípios éticos e morais contidos em Yama e Niyama.
    Além disso, infelizmente podemos observar que dentro da própria comunidade yogue existem pessoas que administram cursos ditos “Tantra” e que pretendem passar esse conhecimento como sendo o verdadeiro caminho do yogue.
    Mas, na verdade são práticas que objetivam unicamente uma liberação sexual coletiva e muitas vezes objetivando lucro. Tive oportunidade de atender pessoas que se machucaram bastante com determinados ” gurus tantras”.
    Por essa razão admiro e elogio sua explanação, e acredito que quanto mais publicações esclarecendo este tema, será muito esclarecedor para as pessoas que buscam a yoga na hora de escolher um instrutor.
    OM SHANTI OM

  4. Parabéns pelo texto, traz uma visão muito importante. Quando achamos que não temos preconceitos e respeitamos as mulheres (ou negros, ou pobres, enfim qualquer grupo com menos voz) um texto como este nos lembra que ainda falta muito….
    Apenas discordo do uso do termo, Kali Yuga – idade das trevas-, quando tratar de problemas que enfrentamos como humanidade. Sem romantizar o passado você verá que estamos sim é saindo da idade das trevas:
    – Condições de higiene pessoal e esgoto globalizadas,
    – Energia elétrica globalizada e barata,
    – Fibra ótica,
    – Telecomunicações em velocidade nunca antes experimentada,
    – Ultrassom, ressonância magnética,
    – distâncias físicas e de comunicação encurtadas e acessíveis (viagens de avião, skype, etc)
    – Já descobrimos a evolução e portanto respondemos de onde viemos (nenhuma sociedade pré Darwin conseguiu responder isso, nem a suposta sociedade que criou o Yoga)
    – Descobertas em neurociência e ciência comportamental,
    – descobertas dos mecanismos fisiológicos e na medicina,
    Enfim não sei como nem porque alguns ainda interpretam nossos tempos como trevas ou Kali Yuga. Só por que a garota está vendendo a beleza dela e tem gente a fim de comprar? É verdade que por trás disto há a subjugação das mulheres, as desigualdades, etc… mas alguns milhares de anos atrás ela seria forçada a fazer sexo com machos dominantes e mais fortes que ela. Teria uns 7 filhos, e (provavelmente) morreria sem experimentar a velhice. Isso sim era Kali Yuga.

    =====================
    Caro Pedro,

    Pode ser que olhando para alguns lugares do planeta possamos imaginar que a Kali Yuga já passou, mas isso só será uma realidade quando for de fato global: quando civis deixem de morrer na Ucrânia, na Palestina, no Afeganistão ou no Irã. Quando não se roubem mais meninas na Nigéria.
    Quando não haja mais escravos. Quando não haja mais terrorismo. Quando a diferença entre os ricos e os pobres nos países em desenvolvimento não seja tão obscena. Quando esses avanços da ciência que você lista estejam disponíveis para todos os humanos e não apenas para uma ínfima parcela da população. Quando as pessoas precisem viver sem medo.

    Namaste!

    Pedro Kupfer.
     

    1. Entendo seu ponto de vista mas acho que os exemplos citados e a “sempre presente” citação à Kali Yuga acabam tirando a importância das mudanças históricas vividas e dos avanços no nosso auto conhecimento proporcionada por elas.
      Como achar que Kali Yuga pode continuar igual antes e depois de caras como Darwin, Newton, Einstein ou Skinner?Não costumo citar escrituras mas esta idéia do fim de Kali Yuga e que vivemos já o início de Dwapara Yuga está no livro do Yukteswar.
      Não me recordo bem do livro mas ele, que estudava astrologia védica, apontava alguns erros de cálculos em alguns manuais que acabaram propagando este visão de uma Kali Yuga gigantesca. Vale a pena ler: http://www.amazon.com/The-Holy-Science-Swami-Yukteswar/dp/161427455X

  5. Por favor, não misture yoga com política. Política requer muito estudo, tempo, trabalho, assim como a yoga. E pelo que tenho lido em diferentes publicações, de diferentes autores e autoras, sempre que alguém que não é da área da política se atreve, acaba falando bobagem. É como se eu, como praticante de yoga uma vez por semana, me metesse a escrever como se fosse uma guru.
    Respeito muito seu trabalho na área da yoga, ninguém é perfeito, então por favor, continue sendo coerente. Não é em um parágrafo que dá pra explicar as mudanças que o país passou nesses últimos anos. Porém, dizer que Collor foi crucificado por causa de um carro é tão fictício quanto as capas de revistas que prometem perda de peso (significativa) com dez minutos de exercícios por dia.
    Namastê.

    =======================

    Obrigado por me negar o direito de falar sobre política, e o profundo esclarecimento à respeito, Cristiane. Não sabia que o cidadão comum não tem direito de se expressar a respeito do tema. Agradeço pelo seu compassivo julgamento de me colocar na categoria das pessoas que falam bobagens.

    Penso que sua posição em relação à política e a quem tem direito de falar sobre ela, seja igual à da pessoa que acha que somente os críticos de arte podem dizer se uma obra de arte é  válida ou não.
    Posso estar certo ou errado, e o leitor pode concordar ou discordar comigo, mas achava que tinha o direito de me expressar. Vejo que, segundo você, esse direito não é meu. Obrigado por esclarecer também que se ficar calado, serei coerente. Valeu.

    Namaste para você também.

    Pedro Kupfer.

    ========================
     
    PS. Quero ainda deixar claro que este texto foi escrito antes dos protestos de 2013, quando muita gente tão ignorante quanto este autor sobre o profundo tema da política, queixando-se de barriga cheia e sem motivo algum, resolveu finamente sair às ruas protestar contra a corrupção, a roubalheira desenfreada e a impunidade dos ilibados políticos que nos governam.

    >>>>> Essa insensibilidade é similar ao marasmo que campa na nossa sociedade perante a infindável lista de escândalos do presente governo que, infelizmente, não escandalizam mais ninguém, nem terminam em punição para os envolvidos. Lá se foi o tempo em que Collor, o “caçador de marajás”, foi defenstrado da Presidência por causa de um Fiat Elba recebido como favor de corrupção.
    >>>>> Hoje em dia nossos políticos roubam bilhões nos níveis federal, estadual e até municipal, e isso não mais produz espanto ou indignação. Estamos anestesiados. Marx errou: o ópio do povo não é a religião, mas a política mequetrefe praticada pelos que governam este belo país atualmente.

  6. Comecei a dar instruções de Yoga recentemente… a turma, inicialmente de uns 25 alunos, é, agora de umas dez alunas.
    Tive, então, que fazer a minha primeira escolha como instrutora: “Vou ensinar Yoga puro, Hatha Yoga, no meu caso, como está descrito em vários textos de mestres consagrados e seguir Patanjali? Ou vou dar o meu jeitinho e talvez agradar meus aluninhos?”
    Senti-me mais segura em seguir as instruções clássicas de Hatha yoga. Quem se identificar, fica e evolui. O yoga não é o único caminho de união e de desenvolvimento pessoal, na minha opinião.
    Não precisamos nos preocupar e tentar “salvá-lo”. Cinco mil anos e tanto de história já estão bem definidos. É só seguir a risca as instruções! Adoro seus textos, professor.
    Namastê!
    Puja Ananya
    (Andrea Attis)

  7. Pedro, Namastê!

    Quanto mais chamarmos a atenção para esse tipo de mídia, mais ela se fortalecerá!
    Eles devem ter adorado esse espaço aqui no seu site.
    Cuidado com as armadilhas amigo…

    bjs

    1. Sinto em descorda Valéria, acho que não devemos nos calar diante do caos, pois quem cala consente! É papel do yogue se pronunciar sim! Pedro como sempre sabendo nos representar. _/\_

  8. Querido Pedro,
    Parabéns pelo texto! Conforme comentamos, esse assunto está pegando fogo entre os leitores da Yoga Journal americana depois que a professora Judith Lasater enviou uma carta questionando este exato anúncio das meias que você postou.
    Muitos posts interessantes defenderam lados opostos dessa questão. Para mim ainda é difícil saber até onde a vulgarizacão do Yoga pode trazer alunos devotos e responsáveis (como a Madonna, que de maneira bem banal aproximou muita gente que considero seríssima para a prática) ou se tudo é parte da banalização geral que deixa os praticantes mais anestesiados, as corporações mais poderosas, e as mulheres mais desvalorizadas e oprimidas.
    Aqui vão os links do debate em inglês (não é propaganda, não ganhamos nada com esses clicks!):
    yogajournal.com/lifestyle/3058 blogs.yogajournal.com/yogadiary/2010/08
    Namaste!

  9. Pois é, caro Pedro,
    Está ficando um pandang generalizado. Mas isso é detalhe. O foco da nossa atenção/energia tem de estar nos “mestres” que utilizando o Yoga pintam o que podem nas meninas/meninos destruindo suas cabecinhas e corpinhos para seu belo prazer.
    Não tem isso de etica profissional, tem mesmo é de gritar esses nomes aos quatro ventos (e à policia quando for o caso) se o mestre/professor/amigo for yoguin nao existe playboy que chegue ao aluno/praticante/iniciante.
    Aqui em Portugal ainda nao existem “dissidentes” (eta palavrinha com conotaçao feia) existe sim,ainda mais agora que os brasileiros estao acordando para certos tipos de mestres/yoga, um mercado imenso, com porta de entrada para toda a Europa, para os mestres/dissidentes que perderam a credibilidade e encontram nesta zona do globo uma legião de desinformados prontos a papar tudo o que lhes for VENDIDO(a preços exorbitantes) com o nome de Yoga. Esta, no meu darshan, é que e a verdadeira pornografia.
    Já vai longo o desabafo, não chateio mais : )
    Boas ondas Pedro, ad astra.
    Zé.

  10. “Prejudice dwells in the eye of the beholder”.
    ========
    Caro William,
    É fácil dizer isso, “o preconceito está no olho de quem vê”. Aqui, creio, o tema não orbita em torno de algum preconceito e sim na percepção que a sociedade tem do que seja e o que não seja Yoga, bem como do significado do corpo nu, notadamente o feminino, e a mercantilização do mesmo, com a desculpa disso ser “Yoga”.
    Namaste!
    Pedro Kupfer.

  11. Concordo com tudo Pedro, sacanagem isso né?
    Deturpa a imagem do Yoga… Mas, gostei da loirinha, não vou mentir.
    Libera o link; libera!

  12. Puxa Pedro,
    Libera o link pra gente ver as fotos da loirinha…
    Show, demais!
    Abraço.

  13. Nào sei não… com o faro que eu tenho, se entra uma aluna com esse perfil na minha turma, eu chamo para conversar… sei lá… onde foi que ela aprendeu tudo o que sabe? Por que as práticas espirituais acabaram tão vulgarizadas?
    Vale a velha frase: é muito cacique para pouco indio… tem “mestre” sobrando, e faltando “aluno de verdade”… tem momentos que o professor tem, sim, que chamar um aluno para conversar… é o que eu penso!
    NAMASTE!

  14. Pedro,
    Gostei de lhe “ouvir”, pois foi isso que aconteceu, lhe vi e lhe ouvi nesse texto. As vezes vejo uma passividade em nome do não-julgamento que me questiono muito. Em nome do “não-julgamento” muitas vezes existe uma inércia, o receio de ser julgado…
    Penso que aí também há uma distorção… Não trata-se de julgar e sim de conhecimento e atitude. O direito de se indignar com algumas coisas! Vejo você, o Bruno, o Vicente e tantos outros que ainda não conheço não ficarem calados que penso, ufa! ainda bem, eles praticam o que me ensinam!
    Beijo Pedroji e obrigada!
    Obs: Pedro, me sinto meio nenê no meio de gente grande… 🙂

  15. É a engrenagem funcionando: coopta-se o que parece ser uma boa oportunidade de negócio, refina-se (processamento) para que possa haver um produto formatado e vendável – ou seja, eliminá-se o conteúdo e cria-se um espaço publicitário para a Coca-Cola – associando-se saúde com veneno. O mercado é um buraco negro que engole até a luz. Mas o Yoga existe e resiste à milênios, antes, durante e depois desse “deus” mercado.
    Um abraço, Pedro.
    Namaste!

  16. É Pedroji,
    quanto mais o “Yoga” vende, mais a Tradição é posta de lado! Enfim, realmente, é muito difícil se acomodar perante esse tipo de aberração! O que mais me conforta é que o Yoga em si não vai se perder nunca!
    Om tat sat!

  17. É terrivel tudo isso que acontece. Mais é muito bom saber que tem pessoas como você e todos que deixaram suas críticas, que estão de olhos abertos e fortes na luta , para que a verdadeira essência do Yoga não acabe.
    Que essas pessoas inconscientes, que estão “no automático”, só querendo vender e ganhar a qualquer custo, recebam uma luz e possam refletir mais sobre suas atitudes e aprender a respeitar e conhecer os verdadeiros valores da vida!
    Grato pelo texto.
    Namaste!

  18. Pedrão!
    Que “pérola”! Posso copiar para o blog? Avisa para o pessoal que lá tem mais!
    http://www.issoeyoga.blogspot.com
    Abração!
    Bruno.
    ===============================
    Fala Bruno!
    Claro que pode! Os textos estão para isso mesmo: serem divulgados!
    Namaste!
    Pedro.

  19. Pedro,
    Esta matéria chega em bom momento. É preciso separar o joio do trigo, o problema nem é o público que está sendo seduzido por esta insanidade, mas sim os próprios yogis que não conseguem enxergar esta desconstrução atual.
    Tenho visto muitos professores de Yoga propagando o corpinho sarado e usando o “yoga lifestyle” apenas como acessório de marketing… É comum escutar professores dizerem que não podem dar aulas de meditação, ou que não podem ensinar mantras em academias, porque os alunos “não gostam”, porque a aula esvazia.
    E eu fico pensando se é pura incompetência (provavelmente na prática pessoal desses professores estes “detalhes” também não entram) ou se para um mundo de aparências desenvolveu-se um Fitness Yoga de aparências, que seria correlato, feito para satisfazer os desejos de quem não objetiva tirar o véu. Neste caso seria papel dos yogis revelar o que não cabe ou não ser revelado?
    O Yoga, de qualquer forma, restará intacto, e aberto a todo aquele que quiser ver. Como em tantos outros caminhos de evolução, o que você recebe do Yoga é o equivalente ao tamanho da sua entrega. Muito grata por compartilhar!
    Namaste!

  20. A vulgarizaçao está em todos os setores, lembram quando as propagandas de cigarro vendiam aquele espírito aventureiro? Até no surf, já são raros aqueles surfistas de alma, pois virou mais uma moda! Na capoeira, que hoje é apenas luta, as academias nunca abordam questoes espirituais envolvidas! A solução está em compartilhar o conhecimento! Para que as pessoas possam entender o verdadeiro significado do Yoga.
    “Há apenas um conhecimento! e Ele é eterno, sem começo ou fim. Nada é tao real quanto Ele. A diversidade que vemos no mundo resulta das limitações sensoriais. Quando essas limitações são ultrapassadas, entao apenas o conhecimento permanece, nada mais! ”
    Ensinamentos de Shiva sobre Hatha Yoga.

  21. Oi Pedro,
    mais uma óptima reflexão, agradeço. O Yoga já serve para vender de tudo, e vender a todos há bastante tempo. O mundo corporativo em geral nunca teve nenhum pudor em usar a imagem do yoga (saúde, serenidade, paz, etc) para vender os seus produtos.
    Desde filmes e revistas, passando por seguros ed todo tipo, colchões de dormir, produtos bancários variados, automóveis, viagens, spas, etc, etc. Só quem parece ter vergonha de utilizar a imagem do yoga são os os yogins. Mas até talvez nem tanto.
    Na realidade, no mundo dos yogins faz-se o mesmo. Aliás, está em franco desaparecimento a separação entre o mundo corporativo e o do yogins, já que quase todos têm ou trabalham para empresas (embora a maioria bastante pequena e até idealistas).
    E não é só aqui no ocidente contemporâneo. Na índia também se vende muito yoga. Ou melhor, a imagem do yoga. Perante muitas coisas que tenho visto pergunto-me se até a paz, a liberdade, a felicidade e a felicidade não serão um mero produto comercial!
    Nós, os yogins, também vendemos o yoga, o “nosso” estilo de vida. E muitas vezes não sei o que vem primeiro, ideal ou profissão-comércio. Vivemos para o yoga, ou vivemos dele? E reflectir sobre isto faz-me questionar: será que o yoga é nosso?
    Nós yogins, praticantes e professores de yoga somos donos do yoga? Temos algum direito especial sobre essa palavra ou sua imagem?

  22. Atualmente o corpo humano é cada vez mais utilizado, através da pornografia, para vender produtos. O próprio corpo tornou-se um produto.
    Pessoalmente, não tenho nada contra o erotismo, mas apenas quando está inserido em seus contexto específico.
    Uma mulher nua é, em minha opinião, uma obra de arte divina, mas a partir do momento em que é utilizada para comercializar algo que, essencialmente, não possui nenhuma relação erótica, torna-se pornografia enrustida, disfarçada, estratégia publicitária das mais sórdidas.
    Parabéns pelo texto.

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