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O Teste do Guru

Se sete ou mais dos ítens desta lista forem descritivos do seu guru ou mestre espiritual, existe uma grande chance dele não ser tão iluminado quanto alega. Ainda, você corre o risco de estar se relacionando com alguém potencialmente nocivo.

· 7 minutos de leitura >

O teste do guru pode salvar vidas, literalmente. Verificamos com preocupação o aparecimento nos dias atuais de “líderes espirituais” com perfil despótico e sectário.

Esses falsos gurus podem ser um enorme perigo para a saúde mental e emocional daqueles que tiverem o infortúnio de cair em suas mãos. Para ajudar o leitor a dissipar dúvidas, elaboramos este teste, que você poderá aplicar se for o caso.

Esclarecemos aqui que o teste não foi elaborado tendo em consideração uma única pessoa, mas padrões de conduta que se repetem e que podem ser facilmente identificados.

Se sete ou mais dos ítens abaixo forem descritivos do seu guru ou “mestre” espiritual, existe uma grande chance dele não ser tão iluminado quanto alega. Ainda, você corre o risco de estar se relacionando com alguém potencialmente tóxico para você e para seu caminho.

O Teste do Guru

1) Alardeia da própria “iluminação”.

Os verdadeiros iluminados, via de regra, sequer mencionam o fato de serem iluminados. Isso é absolutamente desnecessário.

Os wannabes, aspirantes ou falsos mestres sim, acham que essa declaração seja necessária para que as pessoas os vejam como iluminados, já que não têm outra coisa para mostrar aos seus seguidores.

Celebrar a data de aniversário da própria “iluminação” ou criar rituais em torno desse suposto fato são maus sinais. A iluminação não é um evento que admita uma limitação desse tipo no tempo-espaço.

Falta de naturalidade no discurso, na linguagem gestual ou na maneira de expressar-se podem ser sinais de falta de realização pessoal nesse campo.

2) Fala mais sobre si mesmo do que sobre os caminhos que conduzem o estudante à libertação.

Este tipo de líder, não tendo grande coisa a ensinar, fica dando voltas em torno de alguma hipotética descrição de um estado de bem-aventurança que estaria “além da mente”, ao invés de se focar na maneira de lidar com ela, por pura ignorância sobre como fazer essa tarefa.

Se o “guru” em questão alega ter algo que você não tem, se alega possuir algum poder especial ou fizer alguma promessa no sentido de que você irá tornar-se no futuro algo que você não é agora, afaste-se dele.

3) Não suporta ser criticado.

Os falsos mestres odeiam ser criticados ou ter seu ensinamentos questionados. Eles não suportam questionamentos de “não iluminados” ou “pessoas de nível energético inferior”.

Frequentemente proíbem perguntas em palestras e fogem ao diálogo aberto. Perseguem e processam obsessivamente ex-alunos, para que estes calem sobre os seus abusos e atropelos.

4) É prepotente e age como se as leis não valessem para ele.

Algumas instituições são geridas como campos de concentração, onde as pessoas são controladas em seus mínimos movimentos, ao mesmo tempo em que extorquem quantiosos donativos.

Espionagem, emails vasculhados, privacidade invadida e conversas gravadas sem autorização são alguns dos elementos através dos quais este tipo de “mestre” manipula os seus seguidores. Por outro lado, um “círculo interno” cuida muito bem de impedir que informações inconvenientes vazem.

5) Não pratica o que prega.

Frequentemente, este tipo de líder deixa na mão e algum representante a incômoda tarefa de ensinar técnicas como āsana, prāṇāyāma, meditação e outras. Se, ainda a prática que ensina exigir esforço físico, é certo que ele não irá praticar pessoalmente, e nunca irá demonstrar, aquilo que faz parte do seu próprio ensinamento.

6) É fashion.

Falsos gurus se apresentam frequentemente de maneira excessivamente glamorosa, tanto em fotografias como ao vivo.

Tenha cuidado com “mestres” que distribuem fotografias próprias ou circulam vestidos de maneira exótica e à la mode. Sobre tudo, se forem ocidentais.

Desconfie de categorizações, níveis de discipulado, círculos internos, áreas VIP e divisões desse gênero entre alunos ou discípulos. Esse tipo de fragmentação é totalmente nociva e contrária à busca da liberdade.

7) Vive na opulência.

Não há nada de errado com a prosperidade. No entanto, quando recursos que não tiverem sido doados com a finalidade específica de sustentar o modo de vida do líder (coisa que nenhum falso mestre irá admitir, aliás), mas forem usados para esse fim, há algo de errado na situação.

Apesar de, muito frequentemente, falar sobre a importância de uma vida simples, falsos mestres gostam de luxo, carros e roupas caras, e só viajam em primeira classe, às custas alheias.

8) Encoraja ou permite o culto da própria personalidade.

Falsos mestres se alimentam da submissão dos seus seguidores, seja psicológica, seja físicamente. Quando isso acontece, os seguidores estão sujeitos a sofrer abusos de todo tipo.

Evite grupos nos quais o foco esteja mais na figura do líder do que no próprio ensinamento. Muito frequentemente, estes grupos não têm muito mais para oferecer além do culto ao mestre.

9) Exige devoção cega dos seus discípulos.

Afaste-se de um “mestre” que exiga adoração ou devoção cegas. Apreço e afeição reais pelo mestre vêm naturalmente com o tempo e o convívio, se for o caso. Nunca podem ser impostos no início de uma relação desse tipo.

10) Ministra cursos miraculosos e caros, que irão “mudar a sua vida”.

É muito improvável que você possa se iluminar num curso de fim de semana, por mais pomposo que seja o título. Desconfie de certificados pomposos, que somente visam a lhe obrigar a fazer mais cursos e gastar mais dinheiro.

11) Ensina o “segredo” da abundância ou do sucesso.

Um mestre espiritual não perde tempo com estas futilidades. Um mestre de verdade ensina a viver uma vida significativa e feliz. Isso não tem nada a ver com ficar rico rapidamente ou fazer sem trabalhar.

Nada contra a prosperidade, mas esse discurso não deve vir associado à espiritualidade, à religião ou ao Yoga, pois nada tem a ver com estes assuntos.

12) Apresenta sua instituição como sendo “sem fins lucrativos”.

Alguns falsos gurus governam com mão de ferro, muitas vezes através da presidência vitalícia, instituições que aparentemente não têm fins lucrativos, mas que são verdadeiras máquinas de gerar e lavar dinheiro.

Alguns desses “profetas” têm sérios problemas com o fisco, que se cuidam muito bem de mostrar.

13) Procura se rodear de pessoas jovens, ricas e bonitas.

Para realizar o objetivo listado no próximo ítem, os falsos mestres fazem propaganda entre pessoas jovens, que ainda não têm o espírito crítico devidamente amadurecido, e ao mesmo tempo escohem os mais belos para seu séquito.

Um mestre de verdade ensina a quem lhe pedir o autoconhecimento, independentemente da idade, a classe social ou a beleza física.

14) Usa sexualmente seus seguidores ou seguidoras.

Este é um dos aspectos mais assustadores e danosos da relação distorcida entre um falso mestre e seus discípulos ou discípulas, e acontece com muito mais frequência do que muitos admitem.

Alguns sujeitos desta categoria chegam a oferecer uma transação de sexo por iluminação, da maneira mais explícita.

o teste do guru

Bikram Choudhury é o cliché do falso guru criminoso: condenado em vários processos por abuso sexual e discriminação, fugiu dos EUA em 2016.

15) Faz com que os seguidores se sintam especiais.

Esse tipo de adulação do discípulo é uma maneira muito hábil de garantir a sua fidelidade cega e inquestionável ao “mestre”.

A pessoa passa a achar que faz parte do seleto grupo dos “eleitos” e, a partir daí, torna-se escrava do líder.

16) Gosta de encher linguiça.

Uma platéia devotadamente cega é capaz de ficar horas ouvindo o “iluminado” falando abobrinhas e sair do auditório extasiada com a “profundidade” do discurso.

Exerça o espírito crítico ao ouvir uma palestra ou aula gravada sobre algum método que supostamente conduza à iluminação.

17) Não se ocupa pessoalmente de escutar ou falar com seus discípulos.

Se o “mestre” não tem tempo para dedicar ao discípulo, ou se não mostrar nenhum tipo de interesse nele ou no diálogo com ele, isso é um péssimo sinal. Se você tiver que estudar o ensinamento dele através de livos, mal sinal também. Fuja!

18) Ostenta títulos pomposos.

O falso mestre não se contenta com ser apenas um “iluminado”: ele ainda sente a necessidade de usar títulos pomposos, que são vazios e, muitas vezes, falsos.

Fuja de “mestres” com currículos muito extensos ou que precisem de mais de uma linha abaixo do nome para colocar seus títulos.

Fuja daqueles que alegam liderança de organizações com nomes pomposos mas totalmente desconhecidas, como o camarada que alega ser o Presidente da Federação Integaláctica dos Profissionais do Sistema X, ou outras igualmente ridículas.

19) Alardeia haver resgatado algum conhecimento “milenar” ou criado algo “revolucionário”.

Falsos mestres tentam patentear nomes sânscritos, maneiras específicas de traçar algum símbolo sagrado ou alegam possuir propriedade intelectual de algum tipo de conhecimento, técnica ou sistema de meditação.

Se apresentam, assim, como proprietários exclusivos de algum aspecto da espiritualidade que, a rigor, não tem dono.

20) Alega pertencer a alguma linhagem “ancestral”.

Como em alguns círculos espirituais acredita-se que pertencer a uma linhagem seja essencial, frequentemente o falso mestre apresenta-se como o representante de alguma linhagem “tradicional”, que estaria conectada com alguma corrente de discipulado ancestral.

Se você não conseguir verificar essa conexão por outros meios, ou se o líder alegar que ele aprendeu por telepatia ou em sonhos com outro mestre famoso, porém desencarnado, fuja também!

21) Gosta de uniformes, sinais secretos e distintivos.

Alguns falsos profetas adoram obrigar seus seguidores a usarem uniformes, cores, classificações, distintivos e outros sinais de identificação, pois isso os faz se sentirem poderosos.

Assim, inventam coisas ridículas, como maneiras específicas de segurar uma xícara no bar da esquina, que servem como sinais de reconhecimento por parte de outros membros da seita que eventualmente estejam passando pelo lugar.

Esse tipo de líder tem, igualmente, fascínio por autoritarismo, paradas militares, condecorações, medalhas, armas, exércitos e outras baboseiras.

22) Admite a formação de uma hierarquia ao seu redor.

Falsos mestres adoram se cercar de pessoas que sirvam como um escudo, para evitar constrangimentos como o de não conseguir responder as perguntas de alguém que possa chegar perto.

Mestres verdadeiros permanecem sempre acessíveis.

23) Vê inimigos em toda parte.

A mania de perseguição de alguns mestres de mentira beira a paranóia. Andam armados, em carros blindados, ou tomam excessivos cuidados com a própria segurança. Afaste-se de pessoas desse tipo.

24) Têm um enorme contingente de ex-seguidores indignados.

Esta é uma indicação de que algo está muito errado com o “mestre” em questão. Um mestre de verdade ensina através da compaixão e do amor.

Esse tipo de metodologia, embora sem ser atraente para todas as pessoas, provavelmente tampouco irá despertar ódio ou indignação naqueles que não se sentem identificados com a proposta em questão.

A reação indignada de ex-alunos ou ex-discípulos só se explica quando essas pessoas sofreram abusos, ou ficaram com a sensação de terem entregado os melhores anos das suas vidas, ou todos seus recursos financeiros, ou a sua energia sexual, a um déspota abusivo e cruel.

Um mestre de verdade irá desencorajar qualquer aluno que tente colocá-lo num pedestal.

25) Age como um demente.

Se o seu “mestre” tem rompantes irracionais, ataques de fúria ou outras explosões que você possa considerar anormais ou patológicas, provavelmente é mesmo um esquizofrénico ou um psicótico que conseguiu estruturar a própria loucura.

Fuja dele. Lembre que a sabedoria é a arte do equilíbrio, e que um mestre deve ser o espelho desse equilíbrio.

॥ हरिः ॐ ॥

Se você achou útil o teste do guru, leia igualmente Teste: Estou numa Seita?

Mais sobre o perigo dos falsos gurus aqui: Abusos Sexuais no Yoga

O excelente website GuruMag, da jornalista Anke Richter, tem dossiers, informação verdadeira e relevante sobre muitos desses falsos gurus.

Leia também este ótimo texto de Matthew Remski: Recent Notes on Somatic Dominance in Yoga, Buddhism, and How to Know When You’re Doing It

॥ हरिः ॐ ॥

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Pedro nasceu no Uruguai, 58 anos atrás. Conheceu o Yoga na adolescência e pratica desde então. Aprecia o o Yoga mais como uma visão do mundo que inclui um estilo de vida, do que uma simples prática. Escreveu e traduziu 10 livros sobre Yoga, além de editar as revistas Yoga Journal e Cadernos de Yoga e o site yoga.pro.br. Para continuar seu aprendizado, visita à Índia regularmente há mais de três décadas.
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subhashita

Subhāshitas, Palavras de Sabedoria

Pedro Kupfer em Conheça, Literatura
  ·   1 minutos de leitura

39 respostas para “O Teste do Guru”

  1. Eu to pasmado com esta leitura, passei por isso, o cara era exatamente isso. Meu Deus

  2. Na verdade nós ocidentais temos a mania de usar o mestre ou o guru como se fosse alguém superior aos outros. Na Índia guru é o professor que ensina algo só isto. Mas nós aqui e como vivemos numa caixa com rótulos achamos que existe uma pessoa superior a mim.
    Eu nem professora gosto de ser chamada porque sou tão aluna como os alunos que estão nas minhas aulas.
    Parem de achar que tem de submeter a estes rótulos e a tudo o que pedem para fazer, yoga é liberdade de expressares-te, de víveres a tua experiência não a minha porque na verdade tu nem sabes se o que eu descrevo como a minha experiência é real.
    Obrigado pela tua partilha.

    1. Oi, Sandra. Na Índia ta cheio de seitona braba também. Algumas sendo denunciadas outras não. Não é coisa do ocidente não. Esse modelo vem de lá mesmo.

  3. Obrigado por compartilhar conosco sua experiência e clareza. Certamente muitos se identificaram com alguma abordagem desse tipo não só no yoga, é fato que ser crítico e lúcido nos ajuda nessa escolha; infelizmente alguns por carência ou ignorância são ludibriados por mestres/líderes sociopatas.

  4. Acredito que todos devíamos repensar a estrutura de valores emolduradas entorno do Yoga, são tempos confusos, onde a abstração chega a ser tão cegamente aceitável quanto na idade média.
    Terapias novas surgem a cada estalar de dedos, com promessas que vestem mais o Ego do que alicerça o espírito.
    Videntes que falam de vidas e vidas passadas sem ter seriedade mínima com o assunto.
    Cursos de Yoga caríssimos que são inacessíveis a grande parte da população, eu nasci Yogue neste país e tive muita dificuldade de me formar por conta dos valores exuberantes que são cobrados, e em algumas formações onde pedia bolsa ainda era dito que no momento certo surgiria dinheiro para o investimento.

    Cenário muito complicado, onde todos são mais vítimas de si do que seres mirabolantes. Vítimas da sua própria escassez, sensação disseminada em larga escala.

    Adquirir o conhecimento nunca fora tarefa das mais fáceis nestes e em outros tempo, cabe a nós ter preparo diário e minucioso para Curar os mares profundos de nosso ser e quem sabe aos poucos ir se conectando com alguma escola profunda do conhecimento.

    Gratidão pelo post amigo querido! Gratidão por este site e por todo o conhecimento que vocês nos trazem através deste! Ajudou-me muito nestes anos de estudo!

    Namaste

  5. Nossa, com esse texto consigo identificar Sathya Sai Baba, Nithyananda, Chico Xavier, Divaldo Franco, Helena Blavatsky, Robson Pinheiro e vários pastores que são tantos que levaria 1 ano pra citar todos

  6. a pessoa escreveu “Namaste” ou “gratidao” no fim das frases? fuja, sérios problemas ali.

  7. Obrigada Pedro por teus esclarecimentos sobre este assunto que é recorrente. Um pé atrás não faz mal a ninguém!
    Namaste ?

  8. Parabéns pelo texto Pedro
    Certeiro nas observações e nas escritas.
    Infelizmente aqui pelo Brasil continuo vendo muitas pessoas entregarem suas vidas e importantes decisões nas mãos e orientações de falsos mestres. com desagradáveis consequências para suas vidas pessoais. E quando acordam do pesadelo percebem que perderam anos importantes da vida por causas vazias, seguindo loucos egocêntricos. Os relatos que escuto, são de chorar, pela maldade e crueldade destes falsos gurus, sem responsabilidades.
    Acho que um próximo passo e montar um questionário e uma anamnese , com múltiplas escolhas para os “pseudos-gurus” e seus seguidores fazerem e marcarem as respostas .
    Acho que valeria a pena incluir perguntas do tipo:
    Meu guru ouve vozes ( ) sim ( ) não : de quem? ___________
    Meu guru vê pessoas , ou mestres do passado que o orientam? ( ) sim ( ) não : quem são? ___________
    Pois tem muitos professores “sem noções” e esquizofrênico se achando mestres..
    Mais uma vez valeu pelo texto Pedro
    Grande abraço amigo e Harih Om

  9. Conheci um auto intitulado “mestre” que era -e ainda é- DeMente desse jeitinho que está no artigo.

    1. Muito bem colocado este texto do Pedro!!! Adorei, mas o que o Marcos disse simplesmente foi de encontro ao que pensei em cada item do texto… Me tentei exatamente a figura de um tal mestre DeMente… Desculpem minha parte carnal de ironia…
      Namatê

  10. Parabéns pelo texto Pedro. Muito esclarecedor. Direto ao ponto !

  11. Sou uma curiosa há muitos anos e já pratiquei vários tipos de Yoga inclusive já participei em inúmeras actividades de desenvolvimento humano. De tudo o que experimentei até hoje foi a que mais me surpreendeu pela conduta duvidosa e o método em si.
    Conheci por uma amiga de longa data que se encontrava a tirar o curso de Yoga Samkhya e foi uma vitima na sua aparente inocência, o que mais surpreendeu-me foi a forma como ela desabafou e relatou coisas incrédulas e injustas, isto tudo curiosamente apenas depois de abandonar a escola, que é algo que ainda não sei a resposta mas gostava de saber.

    Como já aqui mencionado problemas em obter os diplomas, especialmente se não forem as pessoas mais devotas ,os mesmos serem só aptos para a escola da linhagem Samkhya necessitando de uma convalidação para serem livres.
    Tentativa de controlo da vida pessoal, seja por redes sociais, email , actividades que pratica, relações pessoais, não há propriamente um lugar para “impuros” .
    Obrigações que consideram que faz parte do trabalho, como por exemplo a publicidade gratuita nas redes sociais, tentativa de recrutar novas pessoas em base de determinadas características .
    Um “outsider” é visto como uma pessoa em fase de aprovação, e de possível desestabilização para o grupo caso toque em questões sensíveis.
    Obrigação total de ter uma conduta e passar uma imagem boa para o exterior, no entanto semelhante a algo como perder a própria personalidade sendo muito repetitivo e igual da parte de toda a gente.
    Promessa de uma carreira brilhante e lugar garantido, sendo totalmente uma miragem ou de baixo rendimento, apenas os mais devotos tem benefícios únicos.
    Não existem recibos durante a formação, nem como aluno, sendo considerado donativo e eliminando qualquer prova de fuga ao fisco, ou que a pessoa esteve presente e pagou.
    Subida gradual de mensalidades faz parte dos objectivos.
    Membros de hierarquia mais alta/antigos destacados nos centros para controlar os mais “novos”.
    Castigos que normalmente passam por obrigação em trabalhar mais horas e ter que se dedicar mais ao grupo.

    A figura de autoridade do mestre é reforçada de todas as formas com actividades e inúmeras imagens do mestre espalhadas logo na entrada do lugar, que é de predominância de membros jovens na faixa etária de 20 a 30 anos visivelmente devotos e submissos, inquestionáveis na prática. Pessoas que chamaram-me a atenção, e de cara senti que algo não estava bem. Muitos dedicam-se há muitos anos e nenhum conseguiu explicar realmente o motivo para tal devoção.

    Tentei manter-me aberta até ler alguns livros indicados pela escola como os principais do mestre o que deixou-me ainda mais surpresa. Uma linguagem esdrúxula, e uma postura defensiva e arrogante diante de assuntos sem qualquer relevância, no entanto considerados inaceitáveis pelo mestre.

    Na minha incansável busca para aprofundar o tema visto que sou jornalista acabei por deparar-me com este site, vejo que há opiniões na internet de ex-alunos/formadores que confirmam tudo aquilo que eu desconfiava e que já tinha-me sido relatado. Fiquei assustada ao ver como existem pessoas tão susceptíveis a qualquer ideia e movimento, desde que os façam se sentir acolhidos, independente do tema, forma e ensinamentos abordados. Tudo passa a ser verdade uma vez que sentem-se especiais e incluídos, principalmente o jovem ainda em formação, que diga-se de passagem, o público alvo da casa que é escolhido a dedo. Seja por aparência, de fácil manipulação(fraco psicologicamente), ser alguém com muito dinheiro ou pouco é meio convite para ser integrado, quem tem muito é bom porque é fácil deixar lá dinheiro, quem pouco tem pode começar a sua jornada com publicidade gratuita ao mestre e com mensalidades reduzidas.

    A imagem divulgada de ser uma escola de Yoga, com alguns ensinamentos ditos em prol do desenvolvimento humano é o marketing por trás do controle e lavagem mental, de que não existe nada além daquilo e que nada é mais importante do que a devoção ao mestre e ao movimento em si, afastando-se de tudo aquilo que não condiz com a prática, hobbies, família, relações amorosas, casamentos. Conduta que seria reconhecida como tipicamente advinda de uma seita, mas que como qualquer outra jamais se reconhece como tal.

    É realmente assustador como as pessoas, imediatamente respeitam uma imagem reflectida e dada como autoridade, aceitando verdades do mesmo sem questionar nada.
    A minha definição do Método Samkhya que nada mais passa de uma copia do método De Rose, que inclusivamente foi o dito “mestre” deste senhor, não passa de uma farsa.
    Em uma só palavra, Medo.

  12. A pessoa que escreveu isso aqui é um iluminado? se nao for entao nao posso crer em tudo que foi escrito. mas mesmo assim, eu acho que tudo isso que foi escrito aqui é útil para termos cautela com os falso gurus que sao na verdade milhares. vivemos numa época de falsos gurus, já era o tempo em que um buscador precisava ir até uma caverna numa montanha do himalaya para encontrar um mestre, hoje eles estao por aí, pedindo dinheiro, fingindo e manipulando as pessoas buscadoras da verdade, é um grande problema porque caso voce encontre um guru verdadeiro nao terá meios de saber se ele é realmente verdadeiro, mas parabéns pela iniciativa, é bom avisarmos quanto mais pessoas sobre esse assunto.
    ======
    O que seria, exatamente, ser “um iluminado”, Paulo? Pessoas que não sejam iluminadas não têm por acaso direito de ver o que está acontecendo à volta delas? Você acha que precisamos ser “iluminados” para sermos críveis?

    Namaste.

    Pedro Kupfer.

  13. Estava aqui relendo este texto e vi que cabe só mais uma contribuição: na verdade esses pseudomestres geralmente são psicopatas e não esquizofrênicos psicóticos. O esquizofrênico ainda mantém a capacidade de processamento de emoções morais ( compaixão, culpa, arrependimento etc, e essas emoções freiam a ação antiética em muitos casos).

    Mas no caso do psicopata (ou sociopata) essas emoções ou não se processam ou ocorrem de modo muito fraco (o que faz com que eles não tenha escrúpulos) : http://super.abril.com.br/ciencia/seu-amigo-psicopata-446474.shtml

    Hari Om!

  14. Esses caras deviam ir presos. É de virar o estômago. Agradecida pelo aviso. Namaste!

  15. Parabéns pelo texto!
    É sempre bom saber que existem professores que tem consciência e levam o yoga tão a sério.
    Obrigado pela seriedade do site e do seu trabalho!
    Um grande abraço,Daniel.

  16. Boa tarde meu xará!
    Não sou ainda praticante de Yoga, mas estou absolutamente convencido da eficácia e da abrangencia da prática para a saude fisica, mental e emocional (e por que não espiritual).
    Tenho procurado inúmeras fontes e me deparei com o seu sitio, muito bem elaborado e construido diga-se de passagem.
    Mergulhei em vários de seus artigos, sedento de informações por esta filosofia/prática que para um buscador como eu, parece ter caido do céu, de tão completa, mas confesso que me assustei com este seu artigo.
    Me parece que muitos dos comentários são direcionados ao ***, sobre cujo trabalho estou começando a me enterar, e me parece ser maravilhoso.
    Olhando de fora, esta atitude de criticar pesadamente o trabalho de outro indivíduo, como vi em alguns comentários seus e de outros por aqui, diminuem a sua própria profissão, dando a entender que trata-se de terra de ninguem, aonde ganha quem consegue gritar mais alto e destratar o oponente da maneira mais venal, nevrálgica.
    Uma atitude de compreensão com os que pensam diferente (e aí me refiro a qualquer área de conhecimento humano) é com certeza uma atitude mais inteligente, pois permite unir o melhor dos mundos. Espero não ter sido inconveniente em meus comentários. Saudações.
    ====
    Isso, Pedro, só vale quando há boas intenções desde todas as partes, e não apenas sede de poder, de manipular e de sugar o sangue dos demais, como é o caso desse senhor que você menciona. Como consta no início deste texto, estas questões não foram listadas levando em consideração um único indivíduo. O padrão dos falsos gurus se repete, independentemente do tempo e o lugar, e todos os que aspiram a sentar nesse trono seguem os mesmos procedimentos.
    Este tipo de texto é colocado no website à guisa de alerta para aqueles que estejam buscando Yoga e se arriscam, consequentemente, a cair nas redes desses falsos mestres. Estes, definitivamente, não são meus artigos favoritos, mas eles são necessários para alertar as pessoas sobre os perigos que podem achar no Yoga e na espiritualidade, onde há muitos lobos sob peles de cordeiro, infelizmente.
    Somos a favor da verdade e da liberdade. Nos posicionamos contra todo tipo de abuso e preconceito, contra a prepotência e o autoritarismo, contra a lavagem cerebral, a depressão e desorientação mental e a enorme réstia de problemas que estas seitas trazem para seus membros.
    Use seu bom-senso, entre lá, veja se é a sua praia, veja se há honestidade e boas intenções nessas pessoas. Use seu espírito crítico e bom-senso e, se não gostar do que encontrar lá, nós continuaremos de lado de cá. Porém, digo-lhe uma coisa: não deixe que essas pessoas destruam a sua família com aquelas propostas doentias sobre relacionamentos abertos. Namaste.
    Pedro Kupfer.

    1. Em verdade, esse artigo não fala a respeito de linhas de Yoga apenas. Fala sim de qualquer corrente espiritual fajuta. Eu msm ja pertenci a uma que não era ligada ao Yoga e possuia a maioria dessas característica acima. Isso se reproduz tbm entre os protestantes, espiritas, etc…
      Portanto não caia no erro de achar que esse artigo é um ataque a alguem específico e sim um alerta de um mal que pode existir em qualquer linha filosofica espititual ao redor do mundo.
      Abraços

  17. Olá,
    Quem gostou desse post também apreciará a tradução que fiz do artigo “The Trickster Guru” de Alan Watts. http://homemprimatacapitalismoselvagem.blogspot.com/2010/12/gurus-trapaceiros.html
    Ou, o próprio no original http://atiasrama.wordpress.com/2009/01/08/alan-watts-on-the-trickster-guru/
    Cheguei a me perguntar mais sobre esse assunto, o porquê desses auto proclamados “gurus” serem tão caricatos e repetirem as mesmas atitudes aqui e acolá.
    Não cheguei a uma resposta, como também não fico encucado mais com isso. Talvez: quem procura acha, e acha qualquer coisa. Por fim, o que podemos fazer? Denunciar, alertar?
    Tudo isso parece não adiantar. Tentando olhar pelo lado bom, esses gurus nos oferecem uma primeira prova para que compreendamos o sentido da palavra ilusão (maya).

  18. Esqueci de dizer… Recentemente tive contato com um material de um falso “mestre”, que atualmente em seus textos, sequer menciona a palavra Yoga, e tampouco faz referencia ao seu título de “mestre”, já que o dito cujo está mais do que queimado na comunidade yogika.
    No entanto, quando achei que o figurão tinha dado sinais de melhora, tive a confirmação de que estava apenas me iludindo com algo que não tem mais volta: agora esse senhor usa um ridiculo título nobiliárquico de alguém que pertence a uma ordem militar, e que nada tem a ver com a nossa tradição, nem com a comunidade yogika. Bom, confesso que dei muitas e boas risadas.
    Abraços!

  19. Pois é Pedrao, temos que nos vacinar contra certas figuras que estao andando por ai dizendo uma coisa e na verdade fazendo outra. Acho que tem mta gente que acredita que isso nao exista, mas ta cheio de charlatao no mercado. E o mais incrivel de tudo é a cegueira de seus “suditos”, que sequer usam o discernimento para poder avaliar certos principios que lhes sao passados. Enfim, ainda bem que nem todos sao assim, e valeu mais uma vez por compartilhar seu conhecimento, que sempre é valioso. Saudades meu amigo, fica na paz sempre!
    Namaste!

  20. Infelizmente me submeti, por ignorância e arrogância, a situações e experiências totalmente inadequadas a um espaço de crescimento espiritual.
    Não tinha a ver com Yoga propriamente e sim com o Zen. É realmente lamentável e muito doloroso para todos os envolvidos que pessoas disponham-se a usar esse “lugar de poder” em busca de satisfazer suas paixões, causando tanto sofrimento (tanto a ele mesmo quanto às pessoas a sua volta).
    Felizmente a situação foi enfrentada e tanto a conduta inadequada do monge quanto o espaço e o grupo foram dissolvidos, evitando assim, a continuidade dos abusos.
    Eu não tenho dúvidas: “conhece-te a ti mesmo”, dentre outras coisas, é o melhor maneira de se evitar abusos dos falsos(as)-iluminados(as) quanto para reconhecer um caminho e um mestre sincero.
    Desconfie sempre do mestre, do método ou de você mesmo quando um sentimento de “eu sou mais especial que os outros” começar a crescer. Bom texto.
    Muito obrigada,

  21. Pedro,
    só a título de contribuição sobre o tema: falsos mestres costumam iniciar alguns de seus livros com a frase: “não acredite”.
    É uma forma sutil de manipulação, que visa ganhar a confiança do leitor logo de início, induzindo o mesmo (o leitor) a realizar o seguinte raciocínio: “bom, se o autor está me alertando para desconfiar, é porque ele deve ser honesto, então provavelmente eu posso confiar nele”.
    Mas, o que o leitor incauto (geralmente adolescente ou jovem recém saído da adolescência) não percebe é que nenhum autor realmente sério começa um livro com a frase “não acredite”.
    Se o autor é sério ele pretende afirmar proposições que considera verdadeiras, então não precisa “alertar” o leitor para desconfiar de nada.
    A frase “não acredite” é um artifício de manipulação já manjado, que é utilizado por diversos autores e palestrantes picaretas.
    Abraço!

  22. Pedro, sou de Volta Redonda, te conheci atraves da minha prof.de Yoga; Silvana. Participei de um seminario, em que voce apresentou no Rio de Janeiro,em 2oo9. Gostei muito. Tenho lido seus textos. Gosto muito dos temas que sao abordados. Tenho aprendido muito. Obrigada!Namastê!

  23. Sentia já faz algum tempo uma vontade de escutar de você um posicionamento claro e com discernimento sobre essas questões, já que dizem que você passou por vários outros métodos.
    Basta ler um livro de algum destes “aparentes mestres” para ficar com o pé atrás, mas ter teu texto como referência tendo em conta tua história como praticante me da a certeza de que posso seguir confiando em meu discernimento.
    Gostaria de dizer que tenho alunos que agora são antigos alunos de aparentes mestres, e por mais que coloquem-se abertos para minha aula tem uma dificuldade imensa de aceitar certas propostas, e colocam-se resistentes.
    Normalmente são pessoas solitárias, mas não ao natural, são solitárias por terem um conhecimento errôneo sobre as coisas e as pessoas. E há ainda os que vem de vez em quando para aula, pois dizem que não conseguem praticar outro método de Yoga se não aquele abordado por seu antigo “aparente mestre”.
    Normalmente esses praticantes, estão confusos, intoxicados por má alimentação, e inocentemente equivocados. As sequelas ficam.
    Gracias, Pedro!

  24. Valeu Pedro pelo artigo, espero que mais pessoas possam ler e compreender a profundidade do conteúdo que o presente texto nos expressa! Parabéns pelo alerta.

  25. Mto bom, Pedro… É preciso sempre discernimento para separar o joio do trigo, e no yoga não seria diferente… a propósito, fiz o teste e meu professor não se enquadrou em nenhum tópico, heheheheheheheh

    Beijo grande, saudades !

  26. Um destes “mestres” têm alargado o seu domínio de actuação pelas Américas e Europa,incluindo Portugal (há já alguns anos), onde inteligentemente se associou a uma respeitada universidade,a Lusófona,creditando-lhe esta assim prestígio.
    Foi uma jogada inteligente,cimentada pela falta de noção e informação do que seja yoga. Há uns anos telefonei para uma das suas unidades para encomendar um livro que tenho tido dificuldade em arranjar de swami sivananda,cuja dita unidade publicitava on line.O livro nunca veio, mas convites em carta perfumada, em papel não sei das quantas e pararaparara, para frequentar o método não têm parado.
    É só jogadas manhosas. Entretanto tenho ouvido histórias perfeitamente enquadradas dentro do melhor estilo ariano,de pessoas maltratadas psicolôgicamente, porque cometeram a imprudência de frequentar as benditas unidades,sem estarem dentro dos moldes de beleza física ,e idade,engendrados pelo “mestre”.
    Mais extraordinârio ainda é o facto de pessoas que frequentam essas unidades,ouvirem estas e outras histórias e não se darem ao trabalho de averiguar onde estão metidas,continuando assim a propiciar o continum destas,e outras,atrocidades prepetuadas pelo “mestre”,pelos seus discípulos e pelo “seu método”.
    Estes “mestres” sequer acreditam naquilo que estam a “vender”, caso contrário evitariam as grandes contas kármicas que por ai vêm…,ou então estão mesmo esquizofrênicos,e acreditam na mentira que criaram, de tanto a repetir. E estes são os piores,caso de camisa de força.Ainda existe uma terceira possibilidade nesta equação,que é a de realmente gostarem muito de cá andar,como
    No caso desta histórinha abreviada: dois individuos perguntaram a um mestre quantas encarnações teriam de cumprir até a libertação, um deles, que cumpria tapas,asanas etc,teria ainda dez encarnações,pois o seu desejo por libertação estava a atrapalha-lo.Ouvindo a notícia ficou triste e desanimado.O outro que gostava de luxos,mulheres,jogo etc.,teria ainda pela frente 100 encarnações até a libertação. Ao ouvir a notícia não se conteve de alegria.

  27. Obrigada por compartilhar seus conhecimentos e experiências com gente. Namastê!

  28. Valeu pelo o alerta, sei que muita gente precisa, obrigada por eles! Namaste!

  29. Pedro querido,
    Gracias a Dios nos veremos pronto…
    Un fuerte abrazo,
    Julio.

  30. Pedro,
    Muito bom o texto.
    Esses “mestres” se aproveitam de pessoas fragilizadas, depressivas, desintegradas… Mentem tanto que acreditam na própria mentira. Fingem o tempo todo ser aquilo que não é. Hoje sei que o mestre está dentro de mim, e acompanho com respeito, discernimento e amorosidade os ensinamentos de pessoas queridas como você, a Laura, o professor Hermógenes… Assim como os indico para aqueles que querem se aprofundar no Yoga. Obrigada por tudo.
    Namastê!
    Linda.
    Maceió-AL.

  31. Pedro,
    Estou adorando ler seus textos. Você fala o que precisa, sem meias palavras e isso é muito bom.
    Realmente, tem muita gente mal intencionada no mundo, que acaba prejudicando outras muitas, carentes em busca de uma vida melhor.
    Muito obrigada por dividir seus conhecimentos e experiências.
    Um abraço desde Blumenau.
    Namastê!

  32. Eu sai duma dessas seitas, onde passei por experiências terríveis. Agora que olho para trás, ainda fico aterrorizada. Obrigada pelo esclarecimento!

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